Intervenção do Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, por ocasião da Cerimónia de Batismo do NRP Setúbal.

Transcrição

1 João Gomes Cravinho Ministro da Defesa Nacional Intervenção do Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, por ocasião da Cerimónia de Batismo do NRP Setúbal. West Sea Estaleiros, Viana do Castelo, 6 de fevereiro de

2 O batismo deste novo Navio da República Portuguesa, de nome Setúbal, nesta bela cidade de Viana do Castelo, é um momento de grande orgulho para o país. Temos um novo navio, uma nova guarnição e temos por isso capacidade regenerada. Esta é uma cerimónia de enorme tradição, conforme referiu o Sr. Almirante CEMA, uma cerimónia de grande simbolismo, uma cerimónia que marca o início de uma nova etapa, não só para o navio e respetiva guarnição, mas para todos os portugueses. Muitos parabéns à Marinha, muitos parabéns aos estaleiros de Viana do Castelo, muitos parabéns à West Sea e à Edisoft e a todos os trabalhadores que ajudaram a construir este navio e muitos parabéns às demais entidades envolvidas neste projeto de construção dos Navios de Patrulha Oceânico. A partir destes estaleiros, construiu-se uma parte muito significativa da força naval portuguesa durante o século XX. É com grande satisfação que hoje testemunhamos o renovado dinamismo que se faz sentir nestas instalações históricas. E é com esperança renovada no futuro da indústria naval portuguesa que hoje participamos na entrega de mais um navio fundamental para a Marinha. 2

3 Quero sublinhar de forma muito vincada a importância, para a soberania do nosso país, que atribuímos ao desenvolvimento dos meios técnicos e humanos da indústria naval portuguesa. Para o nosso país, é fundamental dotar as nossas Forças Armadas dos meios essenciais à sua ação. Mas é também crucial dotar o país de capacidade autónoma de desenvolvimento desses meios. Tal como pude presenciar no Alfeite, também em Viana do Castelo, se estão a dar passos importantes na valorização das históricas capacidades nacionais nesta indústria. A conclusão do contrato para a entrega, atempada e dentro dos orçamentos, de mais um NPO é um sinal que nos permite otimismo na reposição dos meios da Marinha portuguesa. Capacitar a Marinha de forma equilibrada e tecnologicamente atualizada é uma prioridade constante nos nossos horizontes. A renovação da esquadra é urgente e é necessária. E está prevista na proposta de Lei de Programação Militar, em tramitação no Parlamento. Desta recuperação depende a missão da nossa Marinha e dela depende a capacidade de o Estado português exercer a sua autoridade no Mar. 3

4 Quero sublinhar que considero muito importante que o país e os portugueses entendam as responsabilidades que recaem sobre a Marinha e sobre os meios que tem ao seu dispor. Todos os dias as mulheres e os homens da Marinha cumprem a sua missão fundamental, em domínios essenciais como a busca e salvamento, a vigilância, a fiscalização e afirmação nacional nos espaços marítimos sob soberania, jurisdição ou responsabilidade nacional, contribuindo para que todos nós possamos utilizar o nosso mar de uma forma sustentável, próspera e segura. Quero por isso deixar um agradecimento especial aos cerca de 260 militares empenhados, neste preciso momento, na garantia da salvaguarda da vida humana no mar. São eles que dão corpo ao exercício da nossa soberania. A recente operação conjunta da Marinha e da Força Aérea, em apoio à Polícia Judiciária, no combate ao tráfico de estupefacientes nas nossas águas territoriais, ilustra bem as responsabilidades que recaem sobre a Defesa Nacional. Este é apenas um exemplo das exigências que Portugal enfrenta no exercício da soberania em todo o seu território, incluindo a vastíssima área marítima que, confirmando-se a extensão da plataforma continental portuguesa, passará a ser 40 vezes superior ao seu território terrestre. 4

5 Minhas senhoras e meus senhores, Temos manifesta urgência na construção dos novos Navios de Patrulha Oceânica. A sua capacidade de interoperabilidade é o grande elemento diferenciador destes equipamentos, tornando-os particularmente adequados ao amplo leque de funções que a Marinha realiza hoje. Nestes poucos meses em que estou em funções, tenho trabalhado para que se transforme em realidade o reforço dos meios disponíveis para as nossas Forças Armadas. A nova Lei de Programação Militar, em discussão na Assembleia da República, prevê a construção de seis novos equipamentos desta classe. Irei agora aprofundar o diálogo com todos os partidos que não votaram contra a LPM na generalidade. Estou aberto a sugestões e não tenho a pretensão de dizer que a Lei é perfeita, mas as adaptações terão sempre de respeitar o desenho geral, a coerência e o equilíbrio daquilo que foi proposto. O desenho da LPM vai marcar as Forças Armadas para um horizonte longo, que vai muito para além dos 12 anos da duração da Lei, e, portanto, desejável que tenha o respaldo o mais alargado possível na AR. 5

6 A modernização da Esquadra naval portuguesa corresponde aos desígnios de termos uma Marinha capacitada, comprometida e atenta às suas responsabilidades. Só uma Marinha devidamente equipada pode corresponder ao contributo que ela deve dar para a segurança nacional e internacional. A aquisição destes navios contribui de forma muito relevante para a manutenção do prestígio da Marinha portuguesa e para a segurança das suas guarnições. Temos obrigação de dotar o nosso país dos meios necessários para responder às responsabilidades decorrentes da sua localização geográfica e dos compromissos internacionais que assume no âmbito da ONU, da NATO e da UE. Temos um importante contributo a dar na segurança do Atlântico são claras e os investimentos previstos visam responder às necessidades de contribuir para que o Atlântico permaneça um espaço de paz e de navegação tranquila. A par disso, a nossa Cooperação no Domínio da Defesa tem colocado um enfoque decisivo no domínio marítimo. Temos procurado contribuir, sempre que solicitado, para reforçar as capacidades de exercício de 6

7 soberania marítima por parte dos nossos parceiros no Atlântico Sul. Há poucas semanas despedi-me da NRP Álvares Cabral que partiu para mais uma Iniciativa Mar Aberto, centrada no reforço da segurança no Golfo da Guiné. Estou certo que em breve também a NPR Setúbal estará em plenas funções nestas e noutras localizações geográficas. Termino, como não poderia deixar de ser, dirigindo-me ao comandante e respetiva guarnição do NPR Setúbal. Estou certo que o desafio de conhecer este novo meio naval constitui motivo de grande orgulho e motivação para cada um de vós. Estou também plenamente confiante que saberão cuidar deste investimento que os portugueses vos confiam e que levarão a cabo a missão que vos é confiada com o brio, o zelo e o espírito de missão, que tão bem caracteriza a forma de atuar da nossa Marinha. Desejo a todos as maiores felicidades a bordo deste magnífico navio. Muitos Parabéns a todos. 7