Tratamento Estatístico de Dados em Física Experimental. Prof. Zwinglio Guimarães 2 o semestre de 2016 Tópico 1 Revisão e nomenclatura

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Transcrição:

Tratamento Estatístico de Dados em Física Experimental Prof. Zwinglio Guimarães 2 o semestre de 2016 Tópico 1 Revisão e nomenclatura

Tratamento Estatístico de Dados em Física Experimental 2 o Semetre 2016 Professor: Zwinglio Guimarães Departamento de Física Aplicada Sala 221 Ed. Basílio Jafet Monitor: Leonardo Werneck Departamento de Física Matemática Plantão de dúvidas Segunda-feira, 16:00 às 17:00, com o professor (sala 221 Ed. Basílio Jafet) Agendar horário para atendimento com o monitor Dúvidas também podem ser enviadas pelo STOA

TEFE 2 o Semetre 2016 Bibliografia Textos redigidos por professores do IFUSP Apostila de MEFE 2015 (ler os capítulos 1 e 2 para a 2 a aula) Outros textos disponíveis no STOA Livros Texto sobre termos usados em metrologia (ler para a 2 a aula) Recomendação INC-1 (1980) sobre Incertezas Experimentais Otaviano A. M. Helene & Vito R. Vanin, Tratamento Estatístico de Dados em Física Experimental, Ed. Edgard Blücher (Livro de referência da disciplina) José Henrique Vuolo, Fundamentos da Teoria de Erros, Ed. Edgard Blücher

TEFE 2 o Semetre 2016 Bibliografia suplementar Guias disponibilizados pelo INMETRO (link no STOA) GUM Guia para Expressão da Incerteza de Medições VIM Vocabulário Internacional de Metrologia Artigos O. Helene et al., O que é uma medida?, Rev. Brasileira de Ensino de Física v. 13 (1991) p. 12. P. L. Junior e F. L. da Silveira, Sobre as incertezas do tipo A e B e sua propagação sem derivadas: uma contribuição para a incorporação da metrologia contemporânea aos laboratórios de física básica superior, Rev. Brasileira de Ensino de Física v. 33 (2011) p. 2303.

Avaliações e critérios de aprovação Exercícios feitos em aula ( ) Trabalho com apresentação de seminário ( ) Provas individuais ( e ) Haverá uma prova extra (que substituirá a menor nota) A média final (M) é calculada por: = + + + o denominador depende dos desempenhos notáveis: =, ( ) +, ( )

Revisão de conceitos fundamentais sobre análise de dados Algarismos significativos Erro e Incerteza. Origens e tipos de erros: Erros devidos a efeitos aleatórios e sistemáticos Precisão, veracidade, exatidão Procedimentos para a avaliação da incerteza: Desvio-padrão e Desvio-padrão da média; Incerteza devida a efeitos sistemáticos; Combinação de fontes de incerteza Propagação de incertezas Análise gráfica Conceito de redução de dados

Alguns conceitos sobre medições Resultados experimentais sempre estão sujeitos a erros De acordo com o efeito das fontes de erros em uma série de medições eles são classificados em aleatórios ou sistemáticos: Erros aleatórios são aqueles que afetam de maneira diferente cada um dos dados medidos Provocam a variação dos valores obtidos em medições repetidas Seu efeito pode ser reduzido aumentando-se o número de dados Erros sistemáticos são aqueles que afetam de maneira igual todos os dados medidos Seu efeito não depende do número de dados medidos A possibilidade de haver erros é que dá origem à incerteza

Erros O erro (ε) de uma medição é a diferença entre o valor medido ( ) e o valor verdadeiro do mensurando ( 0 ): O erro pode ser devido a diversos efeitos e toda medição está sujeita a erros. O erro corresponde à soma do erro aleatório ( ) com o sistemático ( ):

Erros aleatórios e sistemáticos: 4 possibilidades

Erros aleatórios e sistemáticos: 4 possibilidades Erros sistemáticos GRANDES Erros sistemáticos pequenos Erros aleatórios GRANDES Erros aleatórios pequenos

Termos úteis para qualificar medições Segundo o VIM (Vocabulário Internacional de Medições): Precisão (precision): grau de concordância entre os valores obtidos em medições repetidas Está relacionada apenas com os erros aleatórios Veracidade (trueness): grau de concordância entre a média de infinitas medições repetidas e um valor de referência Está relacionada apenas com os erros sistemáticos Exatidão (accuracy) indica o grau de concordância entre o valor de uma medição e um valor de referência Está relacionada tanto com os erros aleatórios quanto sistemáticos Os algarismos significativos são úteis para se transmitir toda (e somente) as informações relevantes obtidas no experimento

Na nomenclatura do VIM: Veracidade Precisão

Incerteza De acordo com o GUM, A incerteza do resultado de uma medição caracteriza a dispersão dos valores que podem ser razoavelmente atribuídos ao mensurando Embora seja importante fornecer a incerteza-padrão do resultado, é preciso ter em mente que há uma probabilidade considerável (cerca de 1/3) de que o módulo do erro seja maior do que a incerteza-padrão. Por esse motivo, na hora de avaliar o intervalo valores razoáveis do mensurando normalmente se considera um intervalo com algumas vezes (geralmente 3) a incertezapadrão.

Combinação de incertezas A incerteza-padrão do resultado final precisa considerar as contribuições devidas aos erros aleatórios e sistemáticos e é dada por: é o desvio-padrão da média (incerteza na média devida ao efeito dos erros aleatórios) é a incerteza sistemática residual

Lei geral de propagação de incertezas: = + + = (,, ) +2 cov x, y + Com dados estatisticamente independentes (covariâncias iguais a 0): = + +

Experimento dos balões Duas formas equivalentes de se visualizar os dados

A interpretação do desvio-padrão da amostra como a incerteza de cada um dos dados

Histogramas: acelerações de queda obtidas no 20 experimento a=9.756 de (0.011) queda m/s 2, s = 0.087 m/s 2 a de um corpo 18 16 14 Freqüência absoluta 12 10 8 6 4 2 0 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 10 10.1 Aceleração da queda (m/s 2 ) - Experimental (N=66)

valores representativos 20 a=9.756 (0.011) m/s 2, s a = 0.087 m/s 2 18 16 14 Freqüência absoluta 12 10 8 6 4 2 0 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 10 10.1 Aceleração da queda (m/s 2 ) - Experimental (N=66)

20 a=9.756 (0.011) m/s 2, s a = 0.087 m/s 2 20 Simulado - - N = 100 66 67 68 69 70 18 18 16 16 Freqüência absoluta 14 12 10 8 6 Freqüência absoluta 14 12 10 8 6 4 4 2 2 0 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 10 10.1 Aceleração da queda (m/s 2 ) - Experimental (N=66) 0 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 10 10.1 Aceleração da queda (m/s 2 )

Passando as escalas verticais para Freqüência relativa a=9.756 (0.011) m/s 2, s a = 0.087 m/s 2 Simulado -- - N = = 50000 100 0.25 0.25 Freqüência relativa 0.2 0.15 0.1 Freqüência relativa 0.2 0.15 0.1 0.05 0.05 0 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 10 10.1 Aceleração da queda (m/s 2 ) - Experimental (N=66) 0 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 10 10.1 Aceleração da queda (m/s 2 )

Mudando a largura do canal da simulação para 0,01 m/s 2 a=9.756 (0.011) m/s 2, s a = 0.087 m/s 2 Simulado - N = 50000 0.25 0.25 Freqüência relativa 0.2 0.15 0.1 Freqüência relativa 0.2 0.15 0.1 0.05 0.05 0 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 10 10.1 Aceleração da queda (m/s 2 ) - Experimental (N=66) 0 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 10 10.1 Aceleração da queda (m/s 2 )

Passando as escalas verticais para Densidade de freqüência 6 a=9.756 (0.011) m/s 2, s a = 0.087 m/s 2 6 Simulado - N = 50000 Densidade de Freqüência (m/s 2 ) -1 5 4 3 2 1 Densidade de Freqüência (m/s 2 ) -1 5 4 3 2 1 0 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 10 10.1 0 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 10 10.1 Aceleração da queda (m/s 2 ) - Experimental (N=66) Aceleração da queda (m/s 2 )