EFEITO DA FARINHA DE SEMENTE DE ABÓBORA Cucurbita máxima, L. NO METABOLISMO LIPÍDICO E GLICÍDICO DE RATOS WISTAR MACHOS HIPERCOLESTEROLÊMICOS



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4 EFEITO DA FARINHA DE SEMENTE DE ABÓBORA Cucurbita máxima, L. NO METABOLISMO LIPÍDICO E GLICÍDICO DE RATOS WISTAR MACHOS HIPERCOLESTEROLÊMICOS GONÇALVES, Edileia¹ PEREIRA, Francine Martins² francine@fag.edu.br RESUMO INTRODUÇÃO O colesterol está presente nos alimentos, com exceção dos vegetais, e cumpre papel de precursor para a síntese de ácidos biliares, da vitamina D e de hormônios. Aproximadamente 70% do colesterol do organismo humano é proveniente da síntese biológica, e apenas 30% é fornecido pela dieta. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da farinha de semente de abóbora no metabolismo glicídico e lipídico de ratos. METODOLOGIA para o experimento utilizou se 40 ratos Wistar,onde foram divididos em 8 caixas com cinco animais em cada. Durante 20 dias foi ofertado ração banhada em óleo usado para indução da hipercolesterolemia, em seguida,por 25 dias ofertou-se ração com banha mais a farinha de semente de abobora para verificar seu efeitos no organismo.o sacrifício deu-se através de uma guilhotina, onde já se coletou o sangue para os devidos exames, onde foi utilizado o kit de teste enzimático não colorimétrico. RESULTADOS E DISCUSSÃO - Foi comparado o grupo farinha com o grupo hipercolesterolêmico utilizando o teste t para amostras não paramétricas, onde observou-se diminuição do colesterol LDL, porém para as demais variáveis, notou-se que não houve efeito significativo, entretanto os níveis de colesterol VLDL e TGS apresentaram um aumento. CONSIDERAÇÕES FINAIS - Com o estudo, foi possível concluir que as fibras quando adicionadas a alimentação de ratos Wistar, foram capazes de reduzir o LDL colesterol. Mas em relação aos valores do colesterol total, HDL e glicemia não foi observada alteração significativa. PALAVRAS CHAVE Colesterol. Fibras. Ratos Wistar. i INTRODUÇÃO O colesterol é uma substância que pertence ao grupo dos lipídios. Colesterol é um álcool orgânico com características semelhantes às gorduras. Está presente nos alimentos, com exceção dos vegetais, e cumpre papel de precursor para a síntese de ácidos biliares, da vitamina D e de hormônios (cortisol, aldosterona, testosterona, progesterona, estradiol). Aproximadamente 70% do colesterol do organismo humano é proveniente da síntese

5 biológica (endógeno) e apenas 30% é fornecido pela dieta (exógeno) (BRAGAGNOLO, 2001). Os ácidos graxos saturados que aumentam o colesterol plasmático e são considerados hipercolesterolêmicos e os mais perigosos são os mirístico encontrado nas gorduras animais, láurico presente no óleo de coco e o palmítico no azeite-de-dendê. Os ácidos graxos insaturados se dividem em poliinsaturado (ômega-3 e ômega-6) são naturalmente benéficos, pois seu maior efeito é de aumentar o numero de receptores de LDL, assim diminuindo o risco de doenças cardíacas e monoinsaturado (ômega 9) que diminui o colesterol total e o LDL colesterol, possui efeito antitrombótico e inibi a agregação plaquetária (CUPPARI, 2002). Estudos envolvendo estes fármacos demonstraram que as estatinas são as mais eficazes em diminuir os níveis de colesterol total (18 a 25%), LDL colesterol (25 a 55%), consideravelmente os níveis de triglicerídeos (10 a 15%) e aumentam os níveis de HDL colesterol (5 a 10%). Atualmente estão no mercado seis estatinas para o controle do colesterol: atorvastatina, fluvastatina, lovastatina, pravastatina, rosuvastatina e sinvastatina (FIEGENBAUM e HUTZ, 2006). Estão relacionados como sendo potentes inibidores competitivos da enzima 3-hidroxi- 3-metilglutaril coenzima a redutase (HMG CoA redutase),a enzima que reduz a velocidade na biossíntese do colesterol. Estudos com lovastatina (Mevacor), sinvastatina (Zocor) e pravastatina (Pracachol) verificou- se que há diminuição nos níveis sanguíneos de colesterol reduzindo assim o risco de doenças cardiovasculares (CRAIG e STITZEL, 2008). A fibra alimentar (FA) assim como as estatinas diminui o colesterol do sangue, além de outras funções como o retardo do esvaziamento gástrico, interfere no metabolismo dos lipídios e dos carboidratos e na fisiologia do trato gastrointestinal, além de garantir sensação de saciedade e absorção mais lenta dos nutrientes, por ser capaz de realizar todas essas funções é caracterizada como alimento funcional. A portaria n 398 de 30/04/1999 da Secretária de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde define que alimento funcional é todo aquele alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, quando consumida na dieta usual, produz efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica (PIMENTEL, et al. 2005). Pesquisas realizadas nos últimos 25 anos revelaram que os efeitos das fibras no trato gastrointestinal tem grande importância metabólica, que podem resultar em redução do risco de doenças cardiovasculares, de alguns tipos de câncer e de diabetes mellitus (tipo 2) (CUPPARI, 2002).

6 A recomendação diária de fibras feito pelo Instituto Nacional do Câncer é de 25 a 35 g/dia, 10 a 13 g/1000 kcal (SILVA, et al. 2003). Porém quando consumida em excesso pode interferir com a absorção de cálcio e zinco, principalmente em crianças e idosos (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 1998). A FA é de origem vegetal, composta de polissacarídeos e substâncias associadas, que quando ingeridos não há quebra, ou seja, não ocorre o processo de digestão e absorção. (CUPPARI, 2002). As fibras são caracterizadas quanto a sua capacidade de retenção de substancias moleculares ou minerais, formação de gel, viscosidade, solubilidade em água. (PIMENTEL, et al. 2005). Dentre as várias fontes alimentares ricas em fibra, pode-se citar a semente da abóbora. A abóbora pertence à ordem Cucurbitales, família Cucurbitaceae e espécie Cucurbita, sendo consumida, preferencialmente, em seu estado maduro. Estudos realizados em animais não evidenciaram o efeito tóxico desse tipo de semente (CERQUEIRA, et al. 2008). A FA contribui positivamente para a saúde, o alto teor de fibra presente na farinha de semente de abóbora e considerando a falta de dados sobre o estudo comparativo do aproveitamento nutricional da fibra alimentar da semente de abóbora no organismo, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da farinha de semente de abóbora no metabolismo glicídico e lipídico de ratos. METODOLOGIA O experimento deu-se do dia 13/08/12 até 02/09/12 para indução da hipercolesterolemia e do dia 03/09/12 até 27/09/12 ofertando farinha de semente de abóbora, onde no ultimo dia ocorreu o sacrifício dos animais. Ao todo foram utilizados 30 ratos Wistar machos e 10 fêmeas de 90 dias de idade aproximadamente provenientes do biotério da Faculdade Assis Gurgacz. Eram mantidos em 8 caixas com maravalha contendo 5 animais em cada, limpos 3 vezes por semana durante 7 semanas e pesados semanalmente. Foram divididos em 3 grupos sendo: grupo controle, grupo hipercolesterolêmico e grupo hipercolesterolêmico mais farinha de semente de abobora. Para a indução da hipercolesterolemia foi usado ração banhada em óleo vegetal usado, com a proporção de 200g de ração/200ml de gordura por 15, durante 20 dias. Após esse período o grupo induzido a hipercolesterolemia recebera juntamente com a ração e banha na

7 proporção de 1kg de ração/100g de banha divididos em duas caixas, mais a farinha de semente de abobora. A farinha de semente de abóbora foi adquirida comercialmente em lojas de vendas de produtos naturais. Eram ofertados 3 vezes na semana, onde cada animal recebia 0,2g durante 25 dias. Para o sacrifício dos animais foi utilizado uma guilhotina para decapitação, onde os animais eram pegos um por um, após o sangue era depositado em um tubo para coleta de sangue com K³EDTA (solução anticoagulante para uso em hematologia ) não siliconado com a ajuda de um funil e levado para a centrífuga por 15 para separar as hemácias do plasma, em seguida o plasma era retido com ajuda de uma seringa e transferido para um tubo de microcentrifuga. Para avaliar os resultados foram verificados o peso corporal, HDL, LDL, VLDL, colesterol total, glicemia e triglicerídeos analisando se ocorreu alterações nos níveis plasmáticos através de exames bioquímicos e do peso total. Para verificar a glicemia foi usado Contour TS monitor de glicemia e tiras de teste do fabricante BAYER, onde uma gota de plasma coletado era depositado na fita para a verificação. Para verificar colesterol total, triglicerídeos e HDL colesterol foi utilizado os kits para teste enzimático e colorimétrico para determinação em soro e/ou plasma da marca Bioliquid da empresa Laborclin, seguindo os procedimentos descritos na bula e os cálculos (absorbância da amostra/absorbância padrão x 200) para colesterol total e triglicerídeos e para HDL colesterol (absorbância do sobrenadante/absorbância padrão x 50 x 1,1) onde sobrenante é o líquido retirado do plasma após centrifugação para separar a gordura. Para LDL colesterol (HDL+LDL+VLDL) e VLDL colesterol (TG/5) onde TG é triglicerídeo. Os valores de absorbância eram dados pelo espectofotômetro com comprimento de onda de 500. Foi comparado o grupo farinha com o grupo hipercolesterolêmico utilizando o teste t para amostras não paramétricas. RESULTADOS E DISCUSSÃO O objetivo do trabalho foi analisar os efeitos da ingestão da farinha de semente de abóbora no metabolismo glicídico (glicose) e lipídico (LDL, HDL, VLDL, colesterol total) e peso corporal total.

8 Onde se observou diminuição do colesterol LDL, porém para as demais variáveis, notou-se que não houve efeito significativo, entretanto os níveis de colesterol VLDL e TGS apresentaram um aumento, conforme figura 1. Sham Farinha 250 200 ** valores mg/dl 150 100 50 * ** 0 colesterol total HDL LDL VLDL TGS glicemia Figura 1: Efeito da administração de farinha de abóbora em ratos Wistar machos hipercolesterolêmicos. Os valores para as variáveis colesterol total, HDL, LDL, VLDL, TGS e glicemia são expressos em mg/dl. * p< 0,05; p< 0,01. HDL: lipoproteína de alta densidade, LDL: lipoproteína de baixa densidade; VLDL: lipoproteína de densidade intermediária; TGS: triglicérides. Através dos resultados obtidos, podemos observar que os ratos, os quais estavam sendo alimentados com a dieta hipercolesterolêmica mais farinha de semente de abobora, não apresentaram diferença significativa nos níveis de colesterol total, glicemia e HDL. Em relação aos resultados analisados para os níveis de VLDL e triglicerídeos, observa-se que estes aumentaram significativamente (p<0,05) no grupo hipercolesterolêmico mais farinha de semente de abobora, comparados ao grupo hipercolesterolêmico. A diminuição dos níveis de colesterol analisada com o uso das fibras nas dietas muitas vezes não é suficiente para a normalização da colesterolemia e requer grandes quantidades, que são pouco toleradas (CUPPARI, 2002). Segundo Fernandes (2006), o mecanismo de ação das fibras solúveis é baseado em sua ação de retirar ácidos biliares no duodeno, levando a excreção fecal de ácidos biliares nas fezes, diminuindo a quantidade que chega ao fígado pela via hepática. Esse aumento de excreção leva à maior conversão do colesterol hepático em ácidos biliares, diminuindo a concentração intra-hepática de colesterol, o que explica a redução das concentrações séricas

9 de lipídios no experimento. Uma das consequências da redução do colesterol intracelular é o aumento do receptores LDL (VLDL) do fígado. A ingestão de ácidos graxos ômega-3 causa redução nos níveis de colesterol plasmático, que apesar de não muito bem esclarecida, parece estar relacionada com a diminuição da síntese de VLDL (COZZOLINO, 2012). No estudo de Ribeiro Jorge et al (1998) foram avaliados o efeito do suco da berinjela sobre os lipídios plasmáticos, o colesterol tecidual e a peroxidação lipídica em coelhos hipercolesterolêmicos. Nos animais hipercolesterolêmicos alimentados com ração acrescida de colesterol, gordura de babaçu e suco de berinjela, observou-se redução significante do colesterol total plasmático em 19% quando comparado ao grupo hipercolesterolêmico, que fez uso da mesma ração suprimindo-se o suco de berinjela. Os níveis de VLDL-C e HDL-C não apresentaram modificações significantes: o colesterol LDL foi reduzido em 29% e os triglicerídeos, em 38%. Houve redução do peso corpóreo que foi interpretado como consequência do teor de fibras solúveis encontrado na berinjela. De acordo com Piedade et al (2003), investigando o efeito da ingestão do resíduo do abacaxizeiro no nível do colesterol total, colesterol HDL e colesterol LDL em ratos em comparação com a pectina cítrica, observaram que o tratamento com a pectina foi mais efetivo na redução do colesterol total do que o tratamento com o resíduo. A concentração plasmática do colesterol HDL foi aumentada em quase todas as dietas, com exceção da dieta com 25% de pectina, que reduziu a concentração aos 15 dias; aos 30 dias, esta se manteve igual ao da dieta-controle; as dietas do resíduo proporcionaram redução e manutenção do teor do colesterol HDL aos 45 dias, quando comparadas à dieta-controle. O colesterol LDL foi reduzido em todos os tratamentos, principalmente naqueles das dietas contendo pectina. Como foi verificado no presente trabalho os níveis de VLDL e TGS encontram-se aumentados por que o VLDL é uma lipoproteína rica em TGs (triglicerídeos). Contém uma porcentagem significativa de TGs e menores concentrações de fosfolipídios e colesterol. Algumas investigações confirmam os níveis baixos de hipertrigliceridemia e lipoproteínas de alta densidade (HDL) em obesos, mas a influência da obesidade nos níveis de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) ainda é controversa. Contudo, trabalhos apoiados no National Health And Nutrition Examination Survey, confirmaram as alterações do perfil lipídico encontradas anteriormente, (aumento dos triglicerídeos e diminuição de HDL) além de incremento do colesterol total, em particular a custa de LDL em jovens e de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL) em idosos, demonstrando de maneira inequívoca a

10 importância do diagnostico e do tratamento da obesidade e distúrbios lipídicos. (CUPPARI 2002). O peso corporal dos ratos alimentados com ração mais farinha de semente de abobora, pode-se observar que houve aumento significativo, conforme figura 2. Peso corporal total (g) 400 300 200 100 0 Sham *** Semente Figura 2: Efeito da administração de farinha de abóbora sobre o peso corporal total de ratos Wistar hipercolesterolêmicos. *** p< 0,0001. Por meio dos resultados obtidos, podemos observar que os ratos, alimentados com dieta hipercolesterolêmica mais farinha de semente de abobora tiveram aumento do peso corporal total significativo (***p<0,0001) em relação ao grupo hipercolesterolêmico, deve-se ao fato de que a ração tenha ficado mais apetitiva com a adição de banha, visto que as gorduras dão mais paladar aos alimentos. Segundo Akiyama et al.(1996), ratos alimentados com dieta hiperenergética com alto teor de gorduras podem desenvolver obesidade. Neste estudo, embora o consumo energético semanal tenha sido semelhante para os dois grupos avaliados, observa-se que os animais do grupo farinha tiveram maior ganho de peso quando comparados aos animais do grupo hipercolesterolêmico, como reflexo de um consumo maior de energia ao longo das sete semanas de experimento. Com base nesses dados, pode-se afirmar que o maior ganho de peso dos animais do grupo farinha foi causado pela maior ingestão energética proporcionada pela dieta hiperlipídica. Duarte et al. (2006), constataram que, mesmo sem alterar a quantidade diária de ração ingerida, a dieta hiperlipídica promoveu obesidade, fato que também se observou neste estudo. Outro estudo de Fam et al. mostrou que uma dieta hiperlipídica causou diminuição na sensibilidade da leptina. Esses dados podem ajudar a explicar os resultados, pois uma reduzida sensibilidade à leptina, mesmo com níveis maiores desse hormônio, poderia

11 justificar o ganho de peso dos animais, tendo em vista que uma das ações da leptina é a indução dos mediadores anorexígenos. Assim, com menor atividade de leptina, possivelmente devido a uma falha nessas vias reguladoras, o comportamento da alimentação não seria reduzido proporcionalmente ao aumento do tecido adiposo, como usualmente acontece em condições normais. A gordura dietética é uma fonte de energia principal, é essencial para o crescimento e desenvolvimento, e fornece ácidos gordos essenciais necessários para manter a estrutura da membrana celular e para a síntese de prostaglandinas. Além disso, os auxiliares de gordura no interior da absorção de vitaminas solúveis em gordura e outros fitoquímicos (MATTES, 1998). Gordura nos alimentos tem várias funções durante os processos de cozimento. Suas propriedades de transferência de calor permitem um rápido aquecimento e obtenção de temperaturas muito altas. Altas temperaturas alcançadas pela fritura e gordura de fritura profunda criar muitos escurecimento componentes (por exemplo, reação de Maillard) gosto que têm atributos sensoriais positivos. (MATTES, 1998) Em contrapartida com o presente experimento, no estudo de Fietz e Salgado, 1997 houve redução no ganho de peso dos animais com o aumento dos níveis de pectina de alta metoxilação (HMP), pectina de baixa metoxilação (LMP) e celulose. Pode-se observar também que a dieta padrão foi o tratamento que proporcionou o maior ganho de peso nos animais. O consumo alimentar dos animais foi maior nas acrescidas de resíduo do abacaxizeiro do que com dietas de pectina, não havendo diferença significativa em relação à dieta controle nos diferentes níveis de concentração e duração do ensaio de 15 e 30 dias. (PIEDADE e CANNIATI-BRAZACA, 2003). A dieta hipercalórica aumentou significativamente o peso relativo dos tecidos adiposos marron (localizada na área subescapular), brancos (depósito de triglicérides) epedidimal e retroperitoneal. (BERNARDES, et al, 2004). O excesso de ingestão calórica parece ser o resultado da hiperfagia (período de superalimentação). (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2002). Portanto, o conteúdo de lipídeos da dieta está relacionado com o aumento dos estoques corporais, devido a hiperfagia, em consequência da baixa saciação promovida em indivíduos obesos, eleva a palatabilidade e alta densidade calórica. (SILVA e MURA, 2010). CONSIDERAÇÕES FINAIS

12 Com os dados obtidos neste estudo, foi possível concluir que as fibras alimentares da farinha de semente de abobora quando adicionadas a alimentação de ratos Wistar, foram capazes de influenciar na redução do LDL colesterol. Decorrente ao tempo de experimentação utilizado, não foi observada alteração significativa dos valores plasmáticos de colesterol total, HDL e glicemia no grupo que recebeu a dieta hipercolesterolêmica mais farinha de semente de abobora, no entanto o grupo apresentaram elevação nos níveis de VLDL e Triglicérides. Esses parâmetros são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, sugerindo que as fibras alimentares de diferentes fontes nas condições da experimentação, representa um tratamento alternativo e de baixo custo para a hipercolesterolemia, apresentam um fator positivo para sua redução. Sobre a farinha de semente de abobora faz-se necessário um aprofundamento maior sobre seus benefícios. REFERENCIAS AKIYAMA, T; TACHIBANA, I; SHIROHARA, H; WATANABE, N; OTSUKI, M; HIGH- FAT; hypercaloric diet induces obesity, glucose intolerance and hyperlipidaemia in normal adult male wistar rat. Diab Res Clin Pract. 1996; 31(1-3):27-35. BERNARDES, D.; MANZONI, M. S. J.; SOUZA, C. P.; TENÓRIO, N.; DÂMASO, A. R. Efeitos da dieta hiperlipídica e do treinamento de natação sobre o metabolismo de recuperação ao exercício em ratos. Rev. Bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.18, n.2, p.191-200, abr./jun. 2004. BRAGAGNOLO, N. Aspectos comparativos entre carnes segundo a composição de ácidos graxos e teor de colesterol. Campinas, SP, 2001. CERQUEIRA, P. M.; FREITAS, M. C. J.; PUMAR, M.; SANTAGELO, S.B. Efeito da farinha de semente de abóbora (cucurbita maxima, l.) sobre o metabolismo glicídico e lipídico em ratos. Rev. Nutr., Campinas, v. 21 n. 2: p.129-136, mar./abr. 2008. COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de Nutrientes. 4 ed. Barueri, SP: Manole, 2012. CRAIG, C. R.; STITZEL, R. E. Farmacologia moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan s.a., 2008. CUPPARI, L. Guia de Nutrição Clínica do Adulto. Barueri: Manole, 2002. DEL-VECHIO, G.; CORRÊA, A. D.; ABREU, C. M. P.; SANTOS, C. D. Efeito do tratamento térmico em sementes de abóboras (cucurbita spp.) sobre os níveis de fatores antinutricionais e/ou tóxicos. Ciênc. Agrotec., Lavras, v. 29, n. 2, p. 369-376, mar./abr. 2005.

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14 alimentícios obtidos de resíduos de frutas tropicais. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, v.15, n. 2: 58-65, 2008. ¹ Graduanda do Curso de Nutrição da Faculdade Assis Gurgacz FAG ² Bióloga. Dr a em Ciências Farmacêuticas. Docente da Faculdade Assis Gurgacz - FAG