Procº de insolvência n.º 452/14.1 T8AMT Insolvente: PADRÕES NATURAIS CONTRUÇÃO, COMPRA E VENDA, LIMITADA. Comarca do Porto Este Instância Central Secção de Comércio Juiz 2 AMARANTE RELATÓRIO O presente RELATÓRIO, é elaborado nos termos do disposto no artigo 155.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A Nota Introdutória: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos seguintes locais: Na morada fixada à insolvente, correspondente à sua sede, sita na Rua Edifício Romariz, n.º 210, freguesia de Meinedo, concelho de Lousada, e onde se verificou que a morada corresponde à casa particular do filho do legal representante da empresa, Sr. Manuel Fernando Ribeiro Pires; Deslocação à última sede da insolvente, sita na Rua 5 de Outubro, n.º 555, em Boim, Lousada; Deslocação ao local em que estão implantados os imóveis apreendidos, onde foram localizados, identificados e fotografados os bens apreendidos; Pesquisas informativas nos serviços públicos: finanças e conservatórias, tendo-se requerido informações complementares ao Serviço de Finanças de Lousada; Solicitou-se certidão fiscal comprovativa da (in) existência de dívidas fiscais, bem como da (in) existência de bens sujeitos a registo; - 1 -
Pesquisas informativas no site www.portaldasfinancas.gov.pt, onde foram consultados os elementos relativos à insolvente, com recurso às passwords facultadas pelo legal representante da empresa. Contou-se com a colaboração do Ilustre mandatário da insolvente, Dr. Miguel Machado Mendes, e do seu legal representante, Sr. Manuel Fernando Ribeiro Pires. Levantaram-se as reclamações de créditos apresentadas em âmbito de PER, as quais nos foram entregues pelo Sr. Dr. José Vidal. Previamente à diligência de arrolamento e apreensão de bens foram efectuadas pesquisas matriciais, prediais e automóveis, de bens sujeitos a registo, cujo resultado confirma as informações já prestadas, no que respeita à titularidade de bens em nome da insolvente e sua identificação. Salienta-se que, aquando da diligência de arrolamento e apreensão de bens, na qual esteve presente o legal representante da empresa, Sr. Manuel Fernando Ribeiro Pires, foram prestadas as seguintes informações: O estabelecimento encontra-se encerrado, sem laboração, desde finais de Janeiro/princípios de Fevereiro de 2014; À data do seu encerramento, a empresa já não tinha trabalhadores ao seu serviço, tendo sido emitidos todos os documentos necessários para o Subsídio de Desemprego e Fundo de Garantia Salarial; A empresa não era possuidora de máquinas de construção, apenas detinha um escritório que funcionava a título gratuito nas instalações de outra empresa (morada da última sede social), conforme verificamos; A sociedade é proprietária de seis imóveis, constantes e melhor discriminados no anexo 1 ao presente relatório (auto de arrolamento e apreensão de bens); A sociedade era detentora de um veículo automóvel, mas que foi objecto de venda no ano de 2012; - 2 -
O TOC da insolvente foi devidamente identificado, tendo sido fornecidas as passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social. Como acima referido, pelo legal representante da insolvente foi fornecida a identificação do TOC da insolvente (Gabinete de contabilidade João e Albertina Contabilidade, Lda. ) e foram entregues todos os documentos contabilísticos e fiscais solicitados e fornecidas as passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social, o que permitiu à signatária ter acesso à informação contabilística e fiscal da empresa. In casu, foram efectuadas as análises e verificações contabilísticas tão exaustivas quanto possível, atendendo à exiguidade do tempo disponível, sendo certo que os elementos necessários foram entregues e analisados com a celeridade necessária. Sendo a finalidade do presente Relatório a apreciação do estado económicofinanceiro da insolvente, tendo em vista uma apreciação de continuidade ou liquidação da empresa, os dados recolhidos permitem-nos apresentar este documento à Assembleia de Credores para votação dos itens legais em apreço. B Identificação e situação actual da empresa insolvente: B.1. Identificação da empresa: Certidão permanente com o Código de Acesso n.º 4641-5233-4585 Nome: Natureza Jurídica: PADRÕES NATURAIS CONSTRUÇÃO, COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS, LDA. Sociedade por quotas. - 3 -
Localização e sede: Rua Edifício Romariz, n.º 210 4620-397 Lousada NIF e CAE: Matrícula: 507 887 336 e 41200-R3, respectivamente. Conservatória do Registo Predial/Comercial de Peso da Régua, com o NIF já indicado. Capital Social: 10.000,00. Sócios e quotas: MANUEL FERNANDO RIBEIRO PIRES, titular de uma quota com o valor nominal de 7.500,00. FLÁVIO MIGUEL ALVES PIRES, titular de uma quota com o valor nominal de 2.500,00. Gerência: FLÁVIO MIGUEL ALVES PIRES (Designado em 20-12-2010) NIPC: 226 212 335 MANUEL FERNANDO RIBEIRO PIRES NIPC: 142 769 118 Objecto social: Construção e compra e venda de imóveis. Forma de obrigar a sociedade: Com a intervenção de um gerente. Início Actividade: de 09 de Outubro de 2006-4 -
B.2. Situação actual da empresa: O presente processo iniciou-se com requerimento apresentado pela própria sociedade, a qual reconhecendo a sua frágil situação económica, requereu, em 02 de Junho de 2014, ao extinto Tribunal Judicial da Comarca de Lousada, a possibilidade de recuperar da sua situação económica difícil, sob a égide do Processo Especial de Revitalização, o qual se iniciou com a nomeação do Administrador Judicial Provisório, Dr. José Vidal, em 04 de Junho de 2014. Todavia, revelaram-se infrutíferas as negociações conducentes à recuperação dos créditos em dívida junto dos seus credores, pelo que veio a ser decretada a sua insolvência, por douta sentença proferida em 21 de Novembro de 2014, entretanto já transitada em julgado. Com a inviabilização das negociações no âmbito do PROCESSO ESPECIAL DE REVITALIZAÇÃO, e consequente decretamento da insolvência da empresa, a sua actividade operacional terminou, não desenvolvendo desde então qualquer escopo laboral, e consequentemente encontra-se sem actividade, não tendo trabalhadores ao seu serviço. Como já referido, a insolvente é proprietária de um conjunto de imóveis, melhor discriminados e identificados no anexo um, mas que resumidamente correspondem a: - Três terrenos para construção no Lugar de São Domingos, Peso da Régua, sendo que num deles se enconhtra implantado um edificio inacabado; - Três frações autónomas na Urb. Quinta de São Domingos, Peso da Régua. - 5 -
C Dos itens a que se refere o artigo 155º do CIRE: Ponto um Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1, do artigo 24º do CIRE: A empresa insolvente tem contabilidade organizada e em dia, obedecendo a todas as regras do POC e do SNC e ainda às exigências fiscais na matéria. Os elementos contabilísticos que nos foram fornecidos estão de acordo com a realidade da empresa. Requeridas informações adicionais ao serviço de finanças competente, até ao momento não foram estas rececionadas. A requerente iniciou a sua actividade em 2006, tendo-se dedicado à actividade de construção e compra e venda de imóveis, focando o seu mercado principalmente na região norte do distrito do Porto. De referir que a empresa nunca construiu nenhum edifício, limitando-se à compra e venda de imóveis, sendo as obras a efectuar nesses imóveis adjudicadas a empresas terceiras, através de contratos de sub-empreitadas. Pelo legal representante da insolvente foram fornecidas as passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social, bem como a identificação e contactos do TOC, o que nos permitiu consultar toda a documentação contabilística e fiscal, nomeadamente a referente aos anos de 2010, 2011, 2012 e 2013. Dessa análise retiramos algumas conclusões pertinentes para o que aqui interessa, pelo que abaixo se indicam os valores do volume de negócios da - 6 -
requerente/insolvente e os resultados líquidos dos referidos anos, o que nos permite também verificar a sua evolução: Anos Volume de Negócios Resultados Líquidos 2010 454.815,20 379.058,19 (Outros rendimentos) 2011 119.500,00 (292.802,39 ) 2012 742.000,00 (170.609,67 ) 2013 0,00 0,00 Verificamos que apenas no ano de 2012 o volume de negócios é mais substancial, ao que não é alheio o facto da gerência da insolvente se ter apercebido da difícil situação económico financeira da empresa, e da possibilidade de daí resultar uma muito provável insolvência; no ano de 2013 a insolvente não apresenta quaisquer valores, quer em termos de volume de negócios, quer em termos de resultados, o que já de si evidenciava um provável encerramento do seu giro comercial, tanto mais que o seu último ano de prestação de contas se refere ao ano de 2012, mostrando sinais claros da situação deficitária em que a empresa já então se encontrava. Por conseguinte, no que respeita aos resultados líquidos apurados, verificamos que com excepção do ano de 2010 são todos negativos (2011 e 2012), o que evidencia o débil estado financeiro que a sociedade atravessa, sem possibilidade de recuperação, por confronto aos encargos financeiros que suportava junto do credor hipotecário e, consequentemente, o não término das obras, que gerou a impossibilidade de sobrevivência da empresa. Finalmente, nas dívidas a terceiros, verificou-se a seguinte evolução: Anos Dividas a terceiros 2010 2.024.283,49 2011 2.588.983,36 2012 2.826.141,14-7 -
2013 Na IES apresentada 0,00, que não corresponde à realidade da empresa. Assim, é notório um acréscimo substancial do passivo da empresa, em comparação com o volume de negócios e os resultados líquidos obtidos nos anos assinalados, o que, evidentemente, manifesta o grau de dificuldade e incapacidade de suster o sufoco financeiro que a sociedade vinha sentindo, sendo este mais evidente no ano de 2012. Ou seja, Contribuiu em grande medida para a situação de insolvência que a sociedade atravessa, a crise hoje bem evidente no sector da construção civil, o que determinou e criou efeitos nefastos neste tipo de empresas, que, com o colapso sentido e vivido pelo nosso sistema macro económico nacional nestes últimos tempos, acarretou e catapultou o incumprimento das obrigações estabelecidas na maior parte do sector empresarial. Assim, num sector afetado por uma crise cada vez mais profunda, não resta outra alternativa que não a confirmação do seu estado de insolvência, e o consequente encerramento definitivo do estabelecimento comercial. * Foram relacionadas, reclamadas e provisoriamente reconhecidas, dívidas no montante de 3.467.438,13, não tendo ainda terminado o prazo para apresentação de reclamações de créditos; os créditos encontram-se distribuídos essencialmente por fornecedores, instituições bancárias, trabalhadores, credores particulares (incumprimento de contratos promessa de compra e venda) e credores públicos. As dívidas à AUTORIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA são no montante de 10.862,91, respeitantes a IMI, IRS, CUSTAS E COIMAS, sendo que a dívida ao Instituto - 8 -
de Segurança Social, I.P. é no valor de 32.331,20, referente a quotizações e contribuições. Como se compreende e resulta do acima exposto, a sociedade não possui, na nossa opinião, qualquer possibilidade de manutenção ou viabilidade, atenta a ausência de actividade, a inexistência de fundo de maneio, bem como a inexistência de trabalhadores ao seu serviço. Na verdade, a insolvente apresenta em 2012 um resultado líquido negativo de (170.609,67 ), dívidas a terceiros no montante de 2.826.141,14, para um capital social de 10.000,00, pelo que está, inclusive, sob a alçada do disposto no artigo 35º do C.S.C., sendo de concluir que se encontra incondicional e irreversivelmente em estado de insolvência. Ponto dois Análise do estado da contabilidade da devedora e opinião sobre os documentos de prestação de contas da insolvente: Os elementos contabilísticos que nos foram exibidos, estão de acordo com a realidade da insolvente, e confirmam todos os dados constantes do processo, nomeadamente volume de negócios, activo, passivo e resultados transitados dos vários exercícios. Analisada a certidão comercial junta aos autos e consultados os elementos fiscais entregues, constatamos que a insolvente não cumpriu, até ao momento, todas as suas obrigações declarativas fiscais, sendo que o último ano de prestação de contas se refere ao ano de 2012. Ponto três Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência: - 9 -
De acordo com o acima exposto e com a percepção recolhida, e tendo em atenção as análises efectuadas, não nos parece que a empresa tenha viabilidade económica ou financeira. Como já vimos acima, a empresa está de facto encerrada e sem actividade. Não tem negócios em curso, não tem trabalhadores ao seu serviço, não tem fundo de maneio nem possibilidade de o vir a obter, pelo que existe da parte de todos os envolvidos, a certeza de que a empresa não reúne quaisquer condições de viabilidade. Assim, tendo em atenção todas as condicionantes supra referidas, e também a situação concreta da insolvente, são nulas as possibilidades ou mesmo perspectivas de manutenção em actividade da empresa devedora, no todo ou em parte, pelo que se nos afigura impossível a proposta de qualquer plano de insolvência. A única solução que nos parece adequada será a manutenção do seu encerramento, tornando-o definitivo. Em conclusão: - A insolvência deu-se por motivos de mercado (impossibilidade de conclusão das obras e consequentemente da sua comercialização, facto a que não foi alheio o término do financiamento bancário por parte do credor hipotecário Caixa Geral de Depósitos, S.A.); - A actividade laboral da insolvente cessou, no início de Fevereiro de 2014, não tendo presentemente trabalhadores ao seu serviço; - Não foram detetadas alterações substanciais dos elementos patrimoniais da empresa, conforme anexo 1 ao presente relatório; - Dos elementos disponíveis e analisados nada indica uma situação de insolvência dolosa; - 10 -
- O gerente mostrou-se colaborante com a signatária e com o processo, não evidenciando qualquer atitude de ocultação de elementos ou informações. D Solução proposta: Face ao exposto, propõe-se: Manutenção do encerramento da empresa, sendo essa uma situação já pré-existente; Liquidação do activo apreendido pelo valor de avaliação que vier a ser obtido, e com respeito pelos itens legais na matéria; Notificação do serviço de finanças, a efetuar pelo Tribunal, para o encerramento oficioso, nos termos do disposto no artigo 65º, n.º 3 do CIRE. E Anexos juntos: Um Inventário; Dois Lista provisória de créditos. P.D. A Administradora da Insolvência, - 11 -