BUSCA DA MELHORIA PRODUTIVA COM AUXÍLIO DE ALGUMAS DAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE: ESTUDO DE CASO REALIZADO EM UMA INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO.

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( ) A utilização do princípio de Pareto permite a definição de prioridades na correção de defeitos de fabricação de determinado produto.

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Transcrição:

BUSCA DA MELHORIA PRODUTIVA COM AUXÍLIO DE ALGUMAS DAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE: ESTUDO DE CASO REALIZADO EM UMA INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO. DENISSON DOS SANTOS BATISTA (UFS ) denissonbatista@hotmail.com JULIANA VILANOVA GOIS (UFS ) julinda_90@hotmail.com RESUMO A busca pela melhoria nos processos é uma tarefa constante nas mais diversas áreas de produção, seja de bens ou serviços. A indústria têxtil e de confecção, apesar de ser uma das mais importantes do país, sofre com muitos problemas eem suas plantas e a aplicação das denominadas ferramentas da qualidade podem auxiliar na identificação das principais causas de problemas no processo produtivo. Este artigo busca aplicar algumas destas ferramentas da qualidade em uma indústria têxtil e de confecção a fim de identificar e minimizar os problemas na linha de produção da empresa através de visitas e entrevistas com funcionários dos mais diferentes níveis hierárquicos e setores. Palavras-chaves: ferramentas da qualidade, melhoria produtiva, indústria de confecção

1. Introdução A indústria têxtil e de confecção possui comprovada importância em diversos países, notadamente nos emergentes. No Brasil essa importância pode ser observada através de diversos índices socioeconômicos e, segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte [SEBRAE/RN] (2013), a indústria têxtil e de confecção brasileira pode ser comparada aos melhores e maiores produtores mundiais, estando colocada em 8º lugar dentre os maiores produtores de têxteis e em 7º na produção de confeccionados. Diante desta importância a busca pela implantação de uma gestão de qualidade tem se tornando cada vez mais comum nestas indústrias. Acompanhando a tendência nacional, o estado de Sergipe possui um considerável número de indústrias de confecção e, apesar dos esforços de algumas delas, é possível perceber problemas que afetam de maneira direta a produtividade. Para identificar os principais problemas das indústrias de confecção, utilizou-se algumas das denominadas ferramentas da qualidade em uma indústria de confecção do estado. A indústria em estudo tem sede no estado de São Paulo e filiais nos estados da Paraíba e Sergipe. No estado de Sergipe está instalada no Distrito Industrial de Aracaju (D.I.A.) e no município de São Cristóvão, sendo esta última o local específico do estudo. Diferentemente da instalação da capital sergipana, cuja produção se restringe a camisas de algodão e poliéster, na planta de São Cristóvão são produzidas calças e bermudas que usam o jeans como matéria-prima. Cerca de 300 funcionários estão envolvidos de forma direta na produção mensal de aproximadamente 30 mil peças por mês. O objetivo geral deste artigo é aplicar algumas ferramentas da qualidade para melhorar o processo produtivo da indústria em estudo. Os objetivos específicos são: a identificação dos principais problemas que afetam o processo produtivo; a busca dos principais fatores que conduzem a tais problemas e a sugestão de medidas para mitigar os problemas identificados com o auxílio das ferramentas da qualidade. 2

2. Desenvolvimento As ferramentas da Qualidade são frequentemente usadas como suporte ao desenvolvimento da qualidade ou ao apoio à decisão na análise de determinado problema. (MIGUEL, 2006). Geralmente essas ferramentas são utilizadas em conjunto. Dentre as principais ferramentas, foram utilizadas para este trabalho o diagrama de Pareto, o diagrama de Ishikawa e o Brainstorming. 2.1. Gráfico de Pareto O gráfico de Pareto estabelece uma importante relação de causas e efeitos na resolução de um problema, tornando-se uma importante ferramenta de qualidade para o nosso estudo. A teoria afirma que um número pequeno de causas é responsável pela maior parte dos problemas que acontecem na empresa, enquanto um número grande de causas impacta de forma mínima. A teoria é baseada na relação de 80/20, onde 80% das consequências advêm de 20% das causas (MIGUEL, 2006). Apesar da relação entre causa e problema nem sempre corresponder a esta porcentagem, a teoria mostra que existe uma grande discrepância entre a quantidade de causas para um problema e a verdadeira importância de cada uma delas. Dessa forma, o diagrama de Pareto sugere atenção aos elementos críticos do processo, identificando quais aspectos merecem prioridade. Além disso, permite classificar os elementos do processo segundo sua importância da contribuição da importância de cada um deles no processo inteiro. (MIGUEL, 2006). Para construção do gráfico é necessária a ordenação das causas de forma decrescente de acordo com sua frequência. As causas estarão posicionadas no eixo das abscissas, enquanto as frequências estarão posicionadas no eixo das ordenadas, sendo possível observar também 3

nesse eixo a porcentagem acumulada dos defeitos (este será o principal objetivo do estudo do gráfico). Figura 1: Exemplo de gráfico de Pareto Fonte: http://exceltotal.com/diagrama-de-pareto-en-excel/ Através desse exemplo é possível visualizar que os problemas que correspondem a maior parte do percentual de desvios encontram-se no canto esquerdo. Neste exemplo acima, se somarmos as frequências dos problemas 1 e 2 teremos 80% da porcentagem acumulada dos defeitos, tornando fácil a visualização de quais os principais problemas a serem combatidos. 2.2. Diagrama de Ishikawa O diagrama causa-efeito, também conhecido como gráfico de espinha de peixe, ou diagrama de Ishikawa destina-se a analisar os fatores de influencia (causas) sobre um determinado problema (efeito). Seu esquema de representação é semelhante à uma espinha de peixe: o eixo principal representa um fluxo básico de dados e as espinha caracterizam elementos que confluem para esse fluxo fundamental. (MIGUEL, 2006). Essa estrutura pode ser utilizada também eliminar causas que influenciam negativamente o processo ou para intensificar elementos que afetem de forma positiva um conjunto de operações. O diagrama de Ishikawa é formado agrupando as causas em 6M : (mão-de-obra, método, matéria-prima, máquinas, medida e meio-ambiente). As causas para o problema são 4

determinadas a partir de um brainstorming. É feita a análise do problema e identificação das principais causas, para assim, focar na correção do problema. Figura 2: Exemplo de diagrama de Ishikawa Fonte: http://www.esalq.usp.br/qualidade/ishikawa/pag1.htm 2.3. Brainstorming Como o próprio nome já diz Brainstorming é uma tempestade de ideias. O Brainstorming não possui objetivo imediato de resolver um problema, mas propõe ideias através da livre sugestão de todos os participantes. Consiste em pensamentos e ideias que cada membro de um grupo de discussão expõe sem restrições e democraticamente. (MIGUEL, 2006). É formado por um grupo de pessoas, do qual é definido um líder que irá conduzir o processo. A 1ª etapa consiste na elaboração de ideias de todos os componentes do grupo, de forma que cada uma dessas ideias é anotada pelo líder. Todos devem dar suas sugestões de forma que não haja julgamento ou preconceito com nenhuma ideia que seja exprimida, por mais asneira que possa parecer. Deve ser estimulada a expressão de ideias sem muitos detalhes ou espaço para interpretações de forma que seja anotado no papel o máximo de ideias que for possível. As sugestões vão sendo analisadas, eliminadas, associadas, fundidas, agregadas; enfim, refinadas. As regras ressaltam a preocupação em priorizar soluções para a organização, ao invés de privilegiar os próprios indivíduos. (PALADINI, 2006). Passada esta fase, parte-se para a 2ª etapa que consiste na análise das ideias. As sugestões são discutidas no que diz respeito à viabilidade, custo, tempo gasto para ser implementada, e todos outros aspectos que possam torna-las mais adequadas ou menos, para a solução que se deseja encontrar. Nessa etapa ocorre o agrupamento de ideias semelhantes e a eliminação das impossíveis ou com menor importância, e o desenvolvimento das ideias já expostas, de forma 5

a melhorar seu conteúdo. As ideias são selecionadas e os componentes do grupo fazem a ordenação das melhores ideias, de acordo com a avaliação de cada um, procurando assim encontrar o denominador comum para a solução do problema. 3. Metodologia Na busca dos resultados objetivados, diferentes técnicas e estratégias foram utilizadas em um estudo de caso na empresa apresentada. É importante o entendimento de que o estudo intensivo de um caso permite a descoberta de relações que não seriam encontradas de outra forma (CAMPOMAR, 1991). As informações acerca dos principais problemas enfrentados na empresa foram obtidas através de entrevista a uma amostra representativa dos funcionários da empresa. Essas informações foram organizadas e analisadas segundo o esquema mostrado na Figura 1. Figura 3: Esquema da metodologia aplicada Entrevistas Organização dos Dados Gráfico de Pareto Avaliação das Causas Brainstorming Diagrama de Ishikawa Fonte:Elaborada pelos autores 3.1 Entrevistas, Organização dos Dados e Gráfico de Pareto Como já citado anteriormente, uma amostra representativa do quadro de funcionários da empresa foi entrevistada para obtenção de dados acerca dos principais problemas da indústria em estudo. Esta estratégia foi considerada a mais adequada diante da inexistência de um banco de dados e da grande dificuldade de coleta de informações utilizando outros métodos. Após aplicação da entrevista entre 40 funcionários (entre eles, membros da direção) os dados foram organizados e podem ser observados na Tabela 1. 6

Tabela 1: Razões para os problemas da indústria RAZÃO APONTADA FREQUÊNCIA Desmotivação dos trabalhadores 20 Falha na manutenção das máquinas 12 Layout inadequado 4 Falhas de Planejamento 3 Qualidade da matéria-prima 1 TOTAL 40 Fonte:Elaborada pelos autores Após coleta e organização dos dados, e diante da clara impossibilidade de atuação imediata em todas as razões coletadas, fez-se necessário restringir as análises em um número menor de razões, desde que esse número representasse a maior parte das respostas apontadas pelos entrevistados. Para escolher quais razões analisar, foi aplicada o Diagrama de Pareto, umas das mais importantes ferramentas da qualidade e já mencionada neste artigo. A Tabela 2 mostra os dados necessários para construção do gráfico, enquanto a Figura 2 mostra a aplicação desta ferramenta para o caso em estudo. Tabela 2: Dados para a construção do Gráfico de Pareto RAZÃO APONTADA FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ACUMULADA Desmotivação dos trabalhadores 50,0% 50,0% Falha na manutenção das máquinas 30,0% 80,0% Layout inadequado 10,0% 90,0% Falhas de planejamento 7,5% 97,5% Qualidade da matéria-prima 2,5% 100,0% TOTAL 100,0% 7

Figura 4: Gráfico de Pareto Fonte:Elaborada pelos autores A partir a aplicação do gráfico de Paretto e do diagrama de Causa e Efeito, foi possível obter alguns resultados com a pesquisa. Primeiramente no Gráfico de Paretto notou-se que 80% dos entrevistados apontam a insatisfação dos funcionários e a falta de manutenção como as principais causas de refugo e retrabalho nas linhas de produção da empresa, sendo os outros 20% referentes à qualidade da matéria prima, planejamento da empresa e ao layout das maquinas. A partir dessas informações, viu-se a necessidade de utilizar o diagrama de causa e efeito em cima dos dois principais problemas apontados: Insatisfação dos funcionários e falta de manutenção das máquinas. Os diagramas de Causa e Efeito podem ser observados na Figura 3 e na Figura 4. 8

Figura 3: Diagrama de Causa e Efeito (Desmotivação dos Funcionários) Material Falta de EPI Poucos Funcionários Mão de obra Meio ambiente Calor Máquinas Obsoletas Máquina Segurança Desmotivação dos Funcionários Fonte:Elaborada pelos autores Figura 5: Diagrama de Causa e Efeito (Manutenção das Máquinas) Método Material Funcionários não treinados Máquinas Obsoletas Máquina Falta de peças Falta de funcionário Mão de obra Manutenção das Máquinas Fonte:Elaborada pelos autores 9

4. Resultados O objetivo do artigo foi ressaltar a importância da aplicação das Ferramentas da Qualidade na análise e melhoria de processos. Por meio de um estudo de caso aplicado na indústria foi analisadas e aplicadas às ferramentas de qualidade para tentar identificar as falhas nas linhas de produção que estariam gerando refugo e retrabalho. Os diagramas mostraram diversas possíveis causas para a ocorrência dessas falhas, através do brainstorm percebeu-se que as principais causas seriam o calor (ambiente termicamente inadequado) e máquinas obsoletas, para os problemas de insatisfação de funcionários e falta de manutenção das máquinas respectivamente. Segundo os dados levantados, essas seriam as principais causas de refugo e retrabalho na empresa em estudo. Assim como objetivado no início deste artigo, as principais causas foram identificadas com o auxílio das ferramentas e, com o adequado tratamento das informações, é possível notar as melhorias no processo produtivo. 5. Conclusões Com a utilização das ferramentas de qualidade fica evidenciado que é bastante viável a sua utilização e que pode trazer resultados satisfatórios para a empresa. São processos relativamente simples e que podem ser utilizados em diversos setores e de diversas formas. A aplicação dessas ferramentas na empresa em estudo foi capaz de identificar diversos modos de falhas e causas para os problemas listados pelos funcionários entrevistados. Essas informações podem ser amplamente utilizadas para reduzir o retrabalho e o refugo nas linhas de produção da indústria. Sendo perceptível que o auxilio e a opinião de funcionários dos mais diversos cargos hierárquicos pode contribuir para a melhoria da organização como um todo e não somente para o beneficio da própria organização. 6. Referências 10

CAMPOMAR, Marcos Cortez. Do uso de estudo de caso em pesquisas para dissertações e teses em administração. Revista de Administração, São Paulo, v. 26, n. 3, p. 95-97, julho/setembro 1991. MARLY, M. C. et.. al. Gestão de Qualidade: Teoria e Casos, Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. MIGUEL, P. A. C. Qualidade: Enfoques e Ferramentas, São Paulo: Artliber, 2006. ORTIZ, M. Diagrama de Pareto em Excel, Disponível em < http://exceltotal.com/diagrama-de-pareto-en-excel/ >. Acesso em 10 de abril de 2013 PALADINI, E. P. Gestão de Qualidade: Teoria e Prática, 2.ed., São Paulo: Atlas, 2006. REYES, A. E. L.; VICINO S. R. Diagrama de Ishikawa, Disponível em < http://www.esalq.usp.br/qualidade/ishikawa/pag1.htm >. Acesso em 10 de abril de 2013 SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Portal SEBRAE. Disponível em: <http://portal.rn.sebrae.com.br/pagina.php?id=82>. Acesso em: 6 abr. 2013. SIQUEIRA, J. Ferramentas da Criatividade: Brainstorming, Disponível em < http://criatividade.files.wordpress.com/2007/02/brainstorming.pdf >. Acesso em 10 de abril de 2013. 11