1 A utilização da bandagem funcional no tratamento da entorse de tornozelo Jôse Ewellyn Vieira de Araújo Brito 1 Ewellyn.fisio@hotmail.com Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-graduação em Fisioterapia Traumato-ortopédica com ênfase em Terapia Manual Faculdade Ávila Resumo A entorse de tornozelo caracteriza-se pelo estiramento ou ruptura de vários tecidos, rupturas ligamentares incompletas grau I ou completas nos graus II e III, respectivamente, afrouxamento capsular e instabilidade articular. As deformações produzidas por um estiramento excessivo dos tecidos ocorrem no compartimento lateral da perna, atingindo, principalmente, os músculos fibulares curto e longo. Com esse estiramento, podem ocorrer situações como alteração da capacidade proprioceptiva pela lesão e pela instabilidade articular. E em todos os casos, o tratamento fisioterapêutico é baseado na recuperação da amplitude de movimento (ADM), fortalecimento muscular e treinamento proprioceptivo. O presente estudo apresenta como forma principal de tratamento fisioterapêutico o uso de bandagens, pois se trata de uma maneira menos invasiva, apresentando resultados eficientes. O estudo se constitui de uma pesquisa bibliográfica, buscando na literatura embasamento teórica para um melhor entendimento da doença e tratamento. Palavras-chave: Entorse; Tornozelo; Bandagem. 1. Introdução O tornozelo é uma complexa estrutura que envolve várias articulações de membros inferiores. A compreensão da sua anatomia funcional e da sua biomecânica é o primeiro passo na identificação dos fatores etiológicos da entorse. De acordo com Moreira (2008) o reconhecimento do mecanismo lesionado e dos fatores de risco, são determinantes para o esclarecimento diagnóstico, tratamento apropriado, e para a implementação de medidas preventivas, sabendo-se que o complexo ligamentar lateral é o mais frequentemente atingido. Entretanto, vários estudos mostram uma simples entorse de tornozelo frequentemente está associada a lesões ligamentares. O diagnóstico exato da lesão tem grande importância na orientação do tratamento a ser instituído, que dependerá, entre outras coisas, da gravidade da lesão, do número de ligamentos lesados, da presença de instabilidade, da atividade do paciente e de suas necessidades funcionais (VOLPON, 1998). O entorse pode estar associado a uma lesão parcial ou completa dos ligamentos, bem como a uma lesão da cápsula articular, membrana sinovial, cartilagem articular, etc. Frequentemente acontece no traumatismo indireto em inversão e planti-flexão, comprometendo o ligamento fibular (lig. Fibutalar anterior, fibutalar posterior e fibulocalcaneano), que, por sua vez, pode resultar em lesão do tipo estável ou instável (ruptura total dos três componentes do ligamento fibular). O diagnóstico clinico é obtido através de avaliação clinica, observando assim sinais e sintomas como: edema,dor,hematoma,tumefação e o exame radiográfico. Pode ser necessário 1 Pós-graduando em Ortopedia e traumatologia com ênfase em terapias manuais 2 Orientadora: Fisioterapia, Especialista em Metodologia do Esino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde
2 para diferenciar uma entorse simples de uma fratura não desviada de fíbula e se a estabilidade do tornozelo é duvidosa, está indicada radiografia sob estresse sob anestesia local ou geral para excluir uma ruptura do ligamento lateral. Frequentemente, a força que produz a lesão ao ligamento é tão grande que outros ligamentos e estruturas ao redor da articulação também podem ser lesionados. Em casos de lesão em múltiplos ligamentos, o reparo ou a reconstrução cirúrgica pode ser necessário para corrigir a instabilidade (PRENTICE, 2007). Segundo Pacheco (2005), a entorse é considerada a lesão de maior ocorrência na articulação do tornozelo. A aplicação de bandagem refere-se a aplicação de algum tipo de fita protetora que adere a pele de determinada articulação ou membro, tendo como principal função fornecer apoio e proteção aos tecidos moles sem limitar suas funções desnecessariamente. Pode ser aplicada antes ou depois da ocorrência de lesões, seja nas etapas iniciais ou mais avançadas do tratamento, no estágio final no caso de atletas, têm por função auxiliar o esportista ao retorno de suas atividades. (SILVA JR, 1999). Bandagem funcional é a imobilização realizada com materiais menos rígido que o gesso, permitindo maior possibilidade de movimento, a correta aplicação da técnica relaxa a musculatura, trata as articulações diminuindo as pressões sobre elas e com isso acelera o processo de melhora do paciente e alivia a dor. A pesquisa consiste de uma revisão de literatura que buscou enfatizar a anatomia do complexo tornozelo e os recursos e medidas de avaliação, que o fisioterapeuta dispõe para o tratamento pois, atualmente há poucos trabalhos mostrando a utilização da bandagem funcional no tratamento da entorse de tornozelo. 2. Anatomia 2.1. Anatomia e Biomecânica do Tornozelo e Pé O complexo tornozelo-pé: estruturas anatômicas muito complexas que consiste de 28 ossos irregularmente moldados, 34 articulações sendo 30 classificadas como articulações sinoviais, mais de 100 ligamentos e 30 músculos agindo no seguimento. O complexo tornozelo-pé pode fornecer outras funções, como: controle e estabilização da perna sobre o pé plantado, elevação do pé, como ficar nas pontas dos pés, subir e saltar: amortecimento de choques ao andar, correr ou aterrissar em um salto. (RUSSO, 2003). O tarso (tornozelo) é a região proximal do pé e é formado por sete ossos társicos. Entre eles estão o tálus (=osso do tonozelo) e o calcâneo (=calcanhar), localizados na parte posterior do pé.o calcâneo é o maior e mais forte osso társico.os ossos tarsicos anteriores são o cubóide (=em forma de cubo) o navicular (=semelhante a um pequeno barco) três ossos cuneiformes (=em forma de cunha),chamados de primeiro (medial),segundo (intermédio) e terceiro (lateral) cuneiformes. As articulações entre os ossos társicos são chamadas de articulações intertársicas. O tálus, o mais superior dos ossos társicos, é o único osso do pé que se articula com a tíbia e a fíbula. Ele se articula, pelo, lado medial, com o maléolo medial da tíbia e, pelo lado lateral, com maléolo lateral da fíbula. Essas articulações formam a articulação talocrural (do tornozelo). Durante a marcha, o tálus transmite, aproximadamente, metade do peso do corpo para o calcâneo. O restante é transmitido para os outros ossos társicos. Os ossos do pé são dispostos de tal forma que há a formação de dois arcos. Os arcos permitem que o pé suporte o peso do corporal, entre os tecidos moles e rígidos do pé, geram a alavanca
necessária para a marcha. Os arcos não são rígidos; eles são distendidos quando se aplica peso e voltam à posição inicial quando o peso é retirado, ajudando assim a suportar impactos. Normalmente, os arcos estão completamente formados quando a criança atinge a idade de 12 ou 13 anos. De acordo com quem afirma Tortora (2002), os ossos que compõe os arcos são mantidos em suas posições pela ação de ligamentos e tendões. Se estão enfraquecidos, a altura da parte medial do arco longitudinal pode diminuir ou cair. O pé humano constitui a base de apoio e propulsão para a marcha, sendo considerado um amortecedor dinâmico capaz de suportar, sem lesões, as cargas fisiológicas nele impostas. Esta capacidade se deve ao arranjo anatômico dos ossos, ligamentos e músculos, e dinamicamente, a adequada cinemática das diferentes articulações. Os movimentos dos pés são responsáveis pela absorção dos impactos, manutenção do equilíbrio e distribuição das forças. (VIANNA, 2006). A tíbia e a fíbula formam a estrutura esquelética da perna. Esses dois ossos são mantidos juntos por uma membrana interóssea ao longo do corpo dos ossos, por ligamentos tibiofibulares anteriores e póstero-inferiores fortes que mantêm a articulação tibiofibular distal unida e por uma cápsula forte que envolve a articulação tibiofibular proximal. Esses ossos não rodam em torno um do outro como fazem o rádio e a ulna no membro superior, mais há um leve movimento entre os dois que permite maior movimento das articulações do tornozelo. Assim como outra articulação sinovial, o tornozelo possui uma cápsula articular, que recobre a articulação, com intuito de proteção e melhor agregação de vários componentes da articulação. Esta mesma cápsula está intimamente ligada a vários ligamentos (figura 1 e 2). Os dois principais grupos podem ser separadamente classificados em mediais e laterais. (RUSSO, 2003). De acordo com Whiting (1998), os ossos do pé se distribuem de maneira a formar dois arcos primários: o arco longitudinal, que vai do calcâneo até as extremidades distais dos metatarsos, e o arco transverso, que se estende de um lado para o outro através do pé. O arco longitudinal é dividido em uma porção medial que inclui o calcâneo, o talo, a navicular, três cuneiformes e os três metatarsos mais mediais. A porção medial é muito mais achatada e entra em contato com o solo ao ser adotado a postura ereta. O arco transverso é formado pelo cubóide, pelos cuneiformes e bases dos metatarsos. Durante a sustentação do peso corporal, os arcos são comprimidos para absorver e distribuir a carga. A integridade dos arcos e sua capacidade de absorver as cargas são mantidas pelas articulações firmemente encaixadas entre os ossos do pé, pela ação da musculatura intrínseca do pé, pela força dos ligamentos plantares e pela aponeurose plantar (fáscia plantar). Os músculos que atuam nesta articulação tem relação origem - inserção com a perna e o pé, com exceção do gastrocnêmio, que tem ligações com o fêmur, sendo um músculo biarticular. Existem três grupos musculares a serem destacados do tornozelo: anterior, lateral e posterior. O grupo anterior consta dos músculos: tibial anterior, extensor longo do hálux e extensor longo dos dedos. O grupo lateral consta dos músculos: fibular longo, fibular curto. O grupo posterior consta dos músculos: tibial posterior, flexor longo dos dedos e flexor longo do hálux. (RUSSO, 2003). Os movimentos do pé e tornozelo ocorrem pela combinação das articulações talocrural, subtalar e transversa do tarso. A junção do tálus com o calcâneo forma a articulação subtalar, enquanto que a articulação transversa do tarso é formada pela união do calcâneo com o cubóide e do tálus com o navicular (PERRIN, 2008). 3
4 Figura 1 Vista medial do tornozelo http://brazilphysiotherapy.blogspot.com.br/2011/07/entorse-de-tornozelo.html Figura 2 Vista lateral do tornozelo Fonte: http://brazilphysiotherapy.blogspot.com.br/2011/07/entorse-de-tornozelo.html
5 2.2. Mecanismo da Lesão O mecanismo de trauma mais comum nas lesões de entorses de tornozelos é a chamada entorse por inversão, que apesar do nome, consiste de mais de dois movimentos no mecanismo de lesão, a flexão plantar e a supinação e obviamente a inversão. Com menos frequência mais com maior gravidade temos outro tipo, a entorse por eversão que é a combinação dos movimentos de dorsiflexão, pronação e eversão. (RUSSO, 2003). Como resultado de sua instabilidade antômica relativa e de sua função de apoio, a articulação do tornozelo é lesionada com frequência. A articulação do tornozelo é formada pela participação da tíbia, da fíbula e do talo. O corpo talar possui um formato de cunha, com sua porção anterior sendo mais larga que sua porção posterior. Essa irregularidade contribui diretamente para a estabilidade posicional da articulação. Na dorsiflexão, a parte mais larga se encaixa como uma cunha entre os maléolos, proporcionando estabilidade à articulação. A porção estreita do talo, porém, se movimenta entre os maléolos em flexão plantar, permite a translação e a inclinação do talo e resulta em instabilidade lateral. (WHITING, 1998). A maior incidência de lesões na face lateral do tornozelo ocorre devido ao fato desta região possuir ligamentos menos fortes e espessos quando comparados aos ligamentos da região medial. Um outro fato que proporciona uma maior incidência do mecanismo de inversão deve-se ao posicionamento anatômico do maléolo tibial e do maléolo fibular. A fíbula está mais distal em relação à tíbia na articulação talocrural e com isso, a fíbula limita a eversão. Por sua vez, a tíbia (maléolo tibial) é mais curta e não limita a inversão, fato que favorece o mecanismo da lesão em inversão Mecanismo de lesão é um movimento da tíbia para os lados, para trás, para frente ou girando enquanto o pé está firmemente fixo na superfície. Pisar em um buraco, pisar fora do meio fio, ou perder o equilíbrio calçando saltos altos são os outros exemplos de como o tornozelo pode sofrer uma entorse. Os fatores determinantes na lesão do tornozelo, como na maioria das lesões, são a posição da articulação por ocasião da lesão; a magnitude, a direção e a velocidade das forças aplicadas; a resistência proporcionada pelas estruturas articulares, (SILVA Leandro de Almeida, 2007). De acordo com Pacheco (2005), a intensidade do trauma as entorses de tornozelo podem ser classificadas em: a) Grau I ou leve: A integridade de quase todas as fibras ligamentares é mantida. Encontra-se pequena reação vasomotora, caracterizada, geralmente, pelo edema. Há presença de dor leve na fase aguda. b) Grau II ou moderado: Há presença de hematoma e edema de maior dimensão, devido a uma maior lesão vascular. Pelo teste de gaveta anterior, verifica-se pequena instabilidade quando a articulação é submetida ao exame sob estresse. Existe presença de quadro álgico e inflamatório maior que no grau I, e, desta maneira, o apoio e a marcha são dificultados, retornando somente após a regressão desses sintomas. Nesse grau ocorre ruptura parcial dos ligamentos. c) Grau III ou grave: Apresenta-se com dor intensa, há grande área de ruptura de vasos mostrando edema importante, hematoma de grande extensão e ainda, tumefação na articulação do tornozelo. Ocorre instabilidade radiológica por estresse de grande abertura, e pode haver avulsões ósseas. Conforme o mesmo autor, esta lesão (entorse de tornozelo) caracteriza-se pelo estiramento ou ruptura de vários tecidos, rupturas ligamentares incompletas ou completas nos graus II e III, respectivamente, afrouxamento capsular e instabilidade articular. As deformações produzidas por um estiramento excessivo dos tecidos ocorrem no compartimento lateral da perna, atingindo, principalmente, os músculos fibulares curto e longo. Com esse estiramento, podem ocorrer situações como alteração da capacidade proprioceptiva pela lesão e pela instabilidade articular.
6 Segundo Moreira (2008), as estruturas mais susceptíveis são os ligamentos estabilizadores laterais. O protótipo lesional de uma entorse externa da tíbio-társica ocorre após uma queda em desequilíbrio, ou sobre um corpo irregular, com inversão da TT em flexão plantar do pé, afetando primeiramente o ligamento peroneoastragaliano anterior (PAA), e seguidamente o ligamento peroneocalcaneo (PC) que atua com limitador secundário, raras vezes é atingindo o ligamento peroneoastragaliano posterior (PAP). Quando a magnitude do impacto traumático vence a barreira ligamentar, atinge posteriormente as estruturas músculo-tendinosas, especificamente os tendões peroneais nas entorses externas. As entorses internas resultam geralmente de um movimento em eversão ou valgo puro, sendo mais raras, dada a estrutura morfofuncional do ligamento deltóide. O protótipo lesional de uma entorse externa da tíbio-társica ocorre após uma queda em desequilíbrio, ou sobre um corpo irregular, com inversão da TT em flexão plantar do pé, afetando primeiramente o ligamento peroneoastragaliano anterior (PAA), e seguidamente o ligamento peroneocalcaneo (PC) que atua com limitador secundário, raras vezes é atingindo o ligamento peroneoastragaliano posterior (PAP). Quando a magnitude do impacto traumático vence a barreira ligamentar, atinge posteriormente as estruturas músculo-tendinosas, especificamente os tendões peroneais nas entorses externas. As entorses internas resultam geralmente de um movimento em eversão ou valgo puro, sendo mais raras, dada a estrutura morfofuncional do ligamento deltóide. Os movimentos articulares envolvidos comumente nas lesões do tornozelo-pé são desencadeados ao caminhar sobre superfícies irregulares, pisar em buracos, rodar o tornozelo durante uma Manobra de corte ou aterrar sobre o pé de outro jogador ao descer de um salto nos eventos desportivos. As lesões resultantes variam de fratura-luxação a dano ligamentar (entorse). Na maioria dos primeiro por causa de sua orientação no momento de suportara carga e sua fraqueza inerente. O ligamento calcaneofibular é o próximo a ser lesado, seguido pela falha rara do ligamento talofibular posterior, (WHITING, 1998). Figura 3 Mecanismo de lesão da entorse de tornozelo em inversão e flexão plantar Fonte: http://www.msd-brazil.com De acordo com Prentice (2007), os principais objetivos na fase inicial da reabilitação do tornozelo são: reduzir o edema, a hemorragia e a dor, além de proteger o ligamento já em
7 recuperação. A exemplo de todas as lesões musculoesqueléticas agudas, os esforços de tratamento inicial devem ser direcionados para limitar o edema. Isso talvez seja mais real nas entorses do tornozelo de que em qualquer outra lesão. O controle do edema inicial é a medida mais importante a ser adotada durante todo o processo de reabilitação. O controle inicial inclui gelo, compressão, elevação, repouso e proteção. 2.3. Tipos de Imobilização A imobilização de um seguimento corpório é tida como o repouso local, contínuo e rígido, utilizada em casos de lesões como fraturas, luxações, traumas musculares, manipulações cirúrgicas e outras enfermidades. As alterações induzidas pela imobilização de um segmento não se limitam apenas ao músculo, pois comumente são observados transtornos de inervação, circulação, atrofia óssea, alterações ligamentares, aumento de tecido conjuntivo, edema, rigidez articular, alterações morfométricas e histológicas das fibras musculares. (CARVALHO, 2008). Conforme Moreira (2008), no tratamento funcional são aplicadas órteses estabilizadoras e material plástico termomoldável (tipo Aircast ou Malléoloc), ou recorre-se a banda adesivas de contenção, vulgo ligadura funcional, taping ou strapping. Têm de proporcionar uma eficaz imobilização do retropé durante o período de cicatrização ligamentar. O tempo de contenção é variado, mas situa-se habitualmente entre as 3-6 semanas. Reconhecendo o perigo de cicatrização anormal, temos sempre de sensibilizar o doente para o uso rigoroso destes durante a fase inicial. A órtese tipo Walker ou Walking boot é uma alternativa com popularidade crescente, que assegura uma limitação mais eficaz no plano sagital. Tem indicação para as lesões grau I-II, particularmente em idosos e doentes com excesso ponderal. As imobilizações ocorrem de várias formas, dependendo de seu prepósito, segue abaixo algumas: a) Bandagem Funcional: são instrumento terapêutico muito utilizado pelos Fisioterapeutas de todo o mundo. São essenciais para a reabilitação, melhoram a atividade esportiva e competitiva dentro de uma amplitude articular normal. A circulação se torna melhor através do movimento, o edema é controlado, permitindo que continue o condicionamento e fortalecimento corporal freqüentemente perdido durante a inatividade pós-lesão, manutenção da habilidade e reação freqüentemente devido a fatores inibitórios (dor, medo de lesar novamente). (SALGADO, 2002). b) Bota Gessada: a imobilização rígida com bota gessada acarreta efeitos indesejáveis (MOREIRA, 2008). Conforme Lima (2207), embora seja bem estabelecido que a atrofia muscular é caracterizada pela diminuição do conteúdo protéico, do diâmetro da fibra, da produção de força muscular e pela fadiga, os mecanismos celulares e moleculares envolvidos na instalação da atrofia muscular por desuso não estão totalmente determinadas. No entanto, sabe-se que a instalação da atrofia por desuso inicia-se com a redução da tensão muscular, o que há reflete tanto na síntese quanto na degradação protéica, sendo os mecanismos relacionados à proteólise mais conhecidos do que os envolvidos na diminuição da síntese protéica. 2.4. Bandagem Funcional A bandagem funcional tem sido utilizada de várias formas como técnica de tratamento, mas somente nos últimos 20 anos tem sido usadas, principalmente, com uma prática da fisioterapia. Desde que Jenny McConnell (1986), começou a aplicar clinicamente as técnicas de bandagem à quantidade de evidências que comprovam sua eficácia tem crescido substancialmente.
8 A técnica produz seus efeitos por meio de mecanismo neurofisiológico e biomecânicos. E é imprescindível que o fisioterapeuta que usa essa técnica conheça esses mecanismos, pois tem como objetivo alterar determinados parâmetros de aplicação e distribuição de forças para prevenir a sobrecarga do tecido. Por ser confeccionada de acordo com a necessidade e moldes de cada indivíduo, permite movimentos funcionais à articulação, devido ao fato de não ser rígida, mas sempre limitando graus lesivos. O método funciona através de estímulos gerados pela força criativa da bandagem que provocam reações curativas na região lesionada (SILVA, 1999). De acordo com Brizzio (2009), a bandagem ativa as terminações nervosas de acordo com a forma de aplicação e faz com que o cérebro responda ao estímulo trazendo melhora à área lesionada e diminuindo a dor, isso ocorre porque a pressão exercida nos receptores, senovias e neurológicos, é aliviada através das ondulações que a bandagem promove elevando a pele, melhorando a circulação sanguínea e permitindo que o sistema linfático flua mais livremente. A bandagem fica aplicada por um período de três a cinco dias, podendo ser substituída por uma hora. O número de trocas depende do tempo de uso, que varia de acordo com a gravidade da lesão e a reação de cada organismo. Com o objetivo de promover apoio e proteção aos tecidos moles do tornozelo, inibindo ações específicas, mas sem limitar suas funções fisiológicas, a bandagem funcional pode ser utilizada para prevenir a ocorrência de lesões, para o tratamento de lesões graves e para o retorno a atividade (BONALDO, 2005) Conforme Silva, (1999) a bandagem tem como funções corrigir a função do músculo, melhorar a circulação linfática e sanguínea, aliviar dores e diminuir subluxação das articulações. Prevenir amplitudes de movimentos extremas e reduzir o movimento anormal do tornozelo são os papéis mais óbvio da bandagem funcional do tornozelo. Em indivíduos normais a bandagem foi demostrada reduzir o extremo de movimentos depois de 15 minutos de corrida sobre um percurso de 8. Já Laughman (1980) e Smith (2004), usou uma bandagem antipronação para reduzir a dor da tendionopatia de Aquileu e aumentar a distância da corrida sem dor. Antes Vincenzino (2000), realizou um estudo que mostrou que a bandagem low dye com seis reverso manteve uma altura navicular vertical aumentada depois de 10 minutos de corrida. Ozer (2009), avaliaram o efeito da bandagem funcional durante testes de equilíbrio, salto e de coordenação entre indivíduos saudáveis e encontraram resultados que concordam com a indicação deste recurso em atividades dinâmicas. A bandagem funcional baseia-se no princípio de promover o apoio e proteção aos tecidos moles do tornozelo, inibindo ações específicas, sem limitar suas funções fisiológicas. Esta proteção oferece também maior estabilização das articulações e pode ser utilizada tanto antes, como após a ocorrência de lesões. A aplicação de bandagem funcional, através da esparadrapagem, refere-se à colocação de um tipo de fita protetora que adere à pele de determinada articulação ou membro (SILVA JUNIOR, 1999, BRUNO FILHO, 2004). No passado, permitia-se que os pacientes simplesmente retornassem a suas atividades normais assim que a dor fosse suficientemente baixa. Entretanto, o processo de reabilitação deve incluir a progressão gradativa das atividades funcionais que aumentem lentamente o estresse sobre o ligamento. É comum que algum tipo de suporte seja utilizado inicialmente. Parece que a bandagem para o tornozelo oferece um efeito estabilizador nos casos de instabilidade sem interferir no desempenho motor. McCluskey e colaboradores sugerem o uso da bandagem de tornozelo e também bandagem que prende o calçado ao pé para que o tornozelo e o calçado atuem como uma unidade. (PRENTICE, 2007).
9 Figura 4 Bandagem funcional de tornozelo Fonte: http://physioclem.blogspot.com.br/2011/06/fisioterapia-tratamento-do-entorse-da_8267.html É importante ressaltar que a área onde será aplicada a bandagem deve estar adequadamente limpa, depilada e seca para evitar possíveis efeitos de irritação pelo contato da fita adesiva sobre a pele. Após retirar a bandagem, a pele deve ser examinada em busca de cortes, bolhas ou sinais de reação alérgica, casos em que a aplicação da fita pode ser contra-indicada (PERRIN, 2008). 3. Metodologia O presente estudou adotou o método descritivo em uma revisão bibliográfica seguindo os critérios institucionais da Universidade Ávila da cidade de Goiânia-GO foi selecionado artigos publicados nas seguintes bases de dados: LILACS, MEDLINE e SCIELO entre os anos de 2005 á 2011, trabalhos monográficos e livros dos anos 1993 á 2009. As palavras utilizadas em pesquisa de banco de dados na internet foram: Entorse, Tornozelo e Bandagem. A busca ocorreu no período de 01 de Setembro de 2012 a 29 de Janeiro de 2013, onde selecionei os artigos pertinentes, no qual foram pesquisadas referências bibliográficas de cada trabalho científico procurando novas referências que fossem importantes e úteis ao presente estudo. 4. Resultados e Discussão A entorse é considerada a lesão de maior ocorrência na articulação do tornozelo PACHECO, 2005. Entretanto, vários estudos mostram uma simples entorse de tornozelo frequentemente está associada a lesões ligamentares. O diagnóstico exato da lesão tem grande importância na orientação do tratamento a ser instituído, que dependerá, entre outras coisas, da gravidade da
10 lesão, do número de ligamentos lesados, da presença de instabilidade, da atividade do paciente e de suas necessidades funcionais (VOLPON, 1998). Essa lesão ligamentar acarreta cascatas de eventos inflamatórios que levam aos sinais clássicos de dor, rubor, calor, edema e perda funcional do tornozelo e pé. A avaliação criteriosa das estruturas que compõem o complexo tornozelo-pé é de fundamental importância para saber que estruturas foram lesionadas, bem como o grau da lesão. Portanto,os principais objetivos do uso da bandagem funcional são: corrigir a biomecânica das articulações e dos tecidos; comprimir uma lesão recente para reduzir o edema; limitar os movimentos articulares não desejados; facilitar o processo de cicatrização sem causar novas lesões; proteger ou dar suporte às estruturas lesionadas em uma posição funcional durante a prática de exercícios de reabilitação e alongamento. Segundo Salgado (2002), relata que as bandagens funcionais, são ferramentas essenciais na reabilitação de atletas, promove uma rápida recuperação e evita a perda da função do atleta pois promove um retorno precoce a atividade ou competição esportiva dentro de uma amplitude cuidadosa, com a área lesada protegidas por eventual lesões futuras e lesões compensatórias. A bandagem é uma técnica designada para manutenção da amplitude de movimento, fortalecimento muscular e resistência muscular, que pode ser aplicada através de variados métodos na prevenção, tratamento e reabilitação de lesões. Os efeitos terapêuticos da bandagem, como minimizar a dor, prevenir lesões e fornecer proteção e suporte articular, têm sido amplamente relatados. No entanto, seus mecanismos de ação não são bem conhecidos, assim como suas técnicas de aplicação são vagamente definidas. A efetividade das várias técnicas de bandagem é relatada na literatura de entorses de tornozelos, melhora da propriocepção do tornozelo, controle da dor de pacientes e recrutamento muscular. Embora as bandagens sejam amplamente utilizadas na clínica e os seus benefícios defendidos na literatura, devem considerar que: (a) as técnicas de aplicação da bandagem são variáveis e em geral pouco padronizadas, (b) as ferramentas para avaliação dos benefícios são contestáveis e (c) os estudos para avaliação dos mecanismos são ainda pouco conclusivos. O objetivo geral deste estudo compreende avaliar os benefícios e os mecanismos de ação proporcionados pela aplicação de bandagem. É importante ressaltar que a bandagem, logo que aplicada, tem efeito por tempo determinado e tudo depende do local de aplicação e qual atividade está sendo exigida com a aplicabilidade desta bandagem. Assim sendo, salientamos para futuras pesquisas que venham reproduzir a metodologia deste estudo, que não é possível afirmar que o efeito proprioceptivo será mantido por períodos longos, como na prática esportiva, pois a fita perde sua propriedade restritiva. Recomendamos a aplicabilidade correta da fita e a execução do teste imediatamente. 5. Conclusão Assim, o mecanismo da fita adesiva de tornozelo, com base neste estudo e por outros aqui referenciados, que a bandagem fica sugerido como sendo capaz de restringir os movimentos extremos desta articulação e ajuda a diminuir o tempo de reação da musculatura fibular em função da estimulação proprioceptiva que a bandagem propicia aos receptores do tornozelo, sendo um importante adjunto na reabilitação desta articulação. A reabilitação deve seguir alguns passos, consistindo, na proteção das estruturas lesadas, ganho completo da amplitude de movimentos, prevenção da atrofia muscular, manutenção da função proprioceptiva, melhora da força muscular e retorno à agilidade para diferentes atividades. A literatura recente sugere ainda que o estresse limitado após o período de inflamação inicial pode promover uma recuperação mais rápida e eficaz e que o movimento protegido facilita o
11 redirecionamento apropriado do colágeno e, portanto, aumenta a força do ligamento em recuperação. É importante ressaltar, que a bandagem funcional deverá ter o auxilio de outros recursos fisioterapêutico, para assim possibilitar uma recuperação completa e diminuir o risco de recidivas. Mais pesquisa especifica com comprovação cientifica devem explorar ainda, para que se possa aperfeiçoar as técnicas de tratamento, sempre visando o bem estar dos pacientes e satisfação profissional. Referências BARRETO, Rafael de Almeida; AZEVEDO, Rodrigo Campos de Souza; JORGE, Felipe Sampaio. Efeito da Bandagem Neuromuscular em Atletas de Futebol durante a Simulação Entorse de Tornozelo por Inversão: Uma Análise Eletromiográfica. Perspectivas Online, vol 4, nº13, 2010. Disponível em http://www.perspectivasonline.com.br/revista/2010vol4n13/volume4%2813%29artigo14.pdf. Acesso em 16/11/2012. BUSQUET, L. As Cadeias Musculares. Membros Inferiores. 1ªed. São Paulo: Edições Busquet, 2001. BRIZZIO, Eugenio Oscar. Bandagens e técnicas de aplicação. Rio de Janeiro: Rubio, 2009. CIPRIANO, J. Manual Fotográfico de Testes Ortopédicos e Neurológicos. São Paulo. Ed. Manole, 2005. COSTA, Marco Túlio, et. al. Estudo Comparativo dos Métodos Conservador e Cirúrgico para Tratamento das lesões Agudas do Tendão do Calcâneo. Acta Ortop. Bras. Vol.15. nº 1 São Paulo 2007; ISSN 1413-7852. GOULD, James. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do esporte. São Paulo: Manole, 1993. GREENMAN, P. Princípios de Medicina Manual. 1a edição. Ed. Manole - São Paulo, 2001. HAMILL, J.; KNUTZEN, K. Bases Biomecânicas do Movimento Humano. - 2a edição. Ed. Manole - São Paulo, 2008. GUIMARÃES, João Flavio. Efeito da utilização da Técnica de Bandagem Funcional do Tornozelo sobre o Equilíbrio. Monografia (Curso de Fisioterapia). Unioeste, 2005. Disponível em: http://www.unioeste.br/projetos/elrf/monografias/2005/pdf/joao%20flavio.pdf. Acesso em 25/09/2012. KAPANDJI, A. I. Fisiologia Articular, volume 2: tradução da quinta edição original de Editorial Médica Panamericana S.A, São Paulo: Panamericana; Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. MOREIRA, et al. Entorse do Tornozelo do Diagnóstico ao Tratamento Perspectiva Fisiátrica. Acta Med Port. 2008. NERY Caio Augusto de Souza, et. al. Tratamento Artroscópico da Instabilidade Crônica do Tornozelo. Rev. Bras. Ortop. Vol. 32. nº 4. Abril, 1997. PACHECO, Adriana More, et. al. Avaliação do Tempo de Resposta Eletromiografica em Atletas de Voleibol e não Atletas que Sofreram Entorse de Tornozelo. Rev. Bras. Med Esporte. Vol. 11. nº 6. Nov/Dez. 2005. PERRIN, David H. Bandagens funcionais e órteses esportivas, tradução de Denise Regina de Sales. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. PRENTICE, William E. e VOIGHT, Michael L. Técnicas em reabilitação musculoesquelética. Porto Alegre:Artmed,2003. RUSSO, André Faria e MOREIRA, Demóstenes. Avaliação fisioterapêutica na entorse de tornozelo: uma visão curativa e profilática. Ver. Fisiot. Bras. Vol. 4, nº 4, Junho/Agos pg.276-278. INSS 1518-9740.
12 SALGADO, Afonso S.I, et. al. Aplicação de bandagens funcionais como recurso no tratamento de lesões nos atletas. Rev Fisio Magazine/2002. SILVEIRA, Dahyan Wagner da Silva, et. al. Estudos dos Recursos Mecanoterapêuticos Utilizados na Manutenção da Mobilidade Revisão Bibliográfica. rev.saúde.com. 2007; 3(1): 75-84. SIZINIO, H. Ortopedia e Traumatologia. Ed. Artmed, São Paulo, 2009. VIANNA DL, Greve JMD. Relação entre a mobilidade do tornozelo e pé e a magnitude da força vertical de reação do solo. Rev. Bras. Fisioter. Vol. 10, nº 3, São Carlos Jul./Set. 2006. VOLPON, José B, et. al. Exame Ultra-Sonográfico na Avaliação das Entorses Agudas de Tornozelo. Rev. Bras. Ortop. Vol. 33. nº 2. Fevereiro, 1998.