Síndrome Metabólica Curso de Reciclagem SBC-SC 2006 Artur Haddad Herdy Mestre e Doutor em Cardiologia - UFRGS Chefe do Serviço de Reabilitação Cardiovascular- ICSC Especialista em Medicina Esportiva
Não possuo conflito de interesses
Sindrome Metabólica é realmente uma Síndrome?
Definições Recentes de Síndrome Metabólica (SM) ICD-9 2000 WHO 1998 AHA 2001 IDF 2006 ADA 2001 NCEP-ATP III 2001 Resistência à Insulina HDL baixo Hipertensão Hipertrigliceridemia Obesidade central Intolerância à glicose Diabetes LDL alto Incluso na definição Não incluso na definição Adaptado de Tonkin A. European Heart Journal 2004;6:A37-A42
Identificação Clínica da SM pelos Guidelines da NCEP (National Cholesterol Education Program) de 2001 NCEP/ATPIII guidelines 2001 Três dos seguintes fatores: Fator de Risco Nível de Definição / IDF 2006 - Obesidade Abdominal (Circunferência da Cintura) Homem > 102 / 94 / 90 cm Mulher > 88 / 80 / 80 cm - Triglicérides > 150 mg/dl - HDL colesterol Homem Mulher < 40 mg/dl < 50 mg/dl - Pressão Arterial > 130/>85 mmhg - Glicemia de Jejum > 110 / 100 mg/dl
Síndrome Metabólica Fator de Risco Obesidade abdominal (Circunferência abdominal) TG Homens Mulheres HDL-C Homens Mulheres Pressão arterial Glicemia de jejum Definição > 102 cm > 88 cm 150 mg/dl < 40 mg/dl < 50 mg/dl 130 ou 85 mmhg 110 mg/dl Diagnóstico é estabelecido quando 3 ou mais destes fatores estão presentes. I Diretriz Brasileira SM Hipertensão 2004; 7: 126-159
Epidemia de Obesidade Noakes, M - CSIRO Clinical Research Unit-2003
Tipos de obesidade OBESIDADE ANDRÓIDE OU VISCERAL OBESIDADE GINÓIDE OU SUPERFICIAL
Obesidade Visceral aumenta o risco de Doenças Cardiovasculares independente do IMC incidência de DCV ajustada por idades (100.000 pessoas-ano) 140 120 100 80 60 40 20 0 77 ALTO ( 25,2) 106 128 46 89 MÉDIO (22,2-25,1) 110 55 BAIXO ( 22,1) 97 83 MÉDIO (73,7-81,7) BAIXO ( 73,6) tercis de circunferência abdominal (cm) ALTO ( 81,8) tercis de IMC (kg/m 2 ) Rexrode et al. JAMA 1998; 280:1843-8
Resistência à Insulina: Fator Central da SM Hiperglicemia Fibrinólise Doença Macrovascular Resistência à Insulina Hipertensão Arterial Intolerância àglicose Dislipidemia Disfunção endotelial Obesidade Adaptado de McFarlane SI, et al. J Clin Endocrinol Metab. 2001;86:713-718; Reusch JEB. Am J Cardiol. 2002;90(suppl):19G-26G.
Evolução da Síndrome Metabólica SINDROME METABÓLICA Excesso Alimentação Inatividade Física Adipogênese Obesidade 1 Resistência à Insulina Hiperinsulinemia Hiperinsulinemia Diabetes II Hiperglicemia Complicações Macrovasculares Genética 2 Lesão Cel. β Pancreáticas Complicações Microvasculares Tempo de Vida Adaptado Tenenbaum,A-International Journal of Cardiology 2004
Aspectos Fisiopatológicos Obesidade Visceral Ácidos Graxos Livres Resistência Insulínica Intolerância à Glicose/DM Hiperinsulinemia Alterações do Metabolismo Lipídico HAS Alterações da Coagulação
Obesidade e Hipertensão Obesidade atividade Hiper- Sistema Compressão Simpática insulinemia renina-angioten. renal Reabsorção tubular de Na Expansão de volume HAS
Obesidade e Diabetes Mellitus Obesidade visceral Aumento de ácidos graxos livres Diminuição da captação muscular de glicose Hiperglicemia Aumento da secreção insulínica pancreática Aumento do débito hepático de glicose Resistência insulinica Intolerância à glicose Diabetes
Obesidade e Dislipidemia Obesidade Visceral/ Resist Insulínica Fluxo de ácidos graxos livres Síntese hepática de TG Catabolismo de HDL VLDL-rica em TG Triglicérides HDL LDL-rica em TG Lipase Hepática e Lipoprotéica LDL pequenas e densas
Fatores de Risco CV Associados à Resistência à Insulina HAS Hiperinsulinemia HDL colesterol baixo / Alto nível de triglicérides Marcadores Inflamatórios ( PCR) PAI-1/ Fibrinogênio LDL pequenas e densas Viscosidade sanguínea Disfunção endotelial Microalbuminúria McFarlane SI, et al. J Clin Endocrinol Metab. 2001;86:713-718.
Obesidade Visceral e Risco Cardiovascular 80 % 70 60 Risco: Alto HOMENS Muito alto 80 % 70 60 Risco: Alto MULHERES Muito alto 50 40 30 Um ou mais riscos de doença a cardiovascular HDL baixo Colesterol 50 40 30 Um ou mais riscos de doenças cardiovasculares Colesterol 20 20 10 0 Hipertensão < 80 80 84 88 92 96 100 > 104 10 0 Hipertensão HDL baixo < 70 70 74 78 82 86 90 > 94 Circunferência da Cintura (cm) HanTS -Br MedJ -1995
PCR-us e Risco de Síndrome Metabólica Mediana de PCR-us (mg/l) 6 5 4 3 2 1 0 Valor de p < 0.0001 0 1 2 3 4 5 Numero de Características de Síndrome Metabólica Definição de Síndrome Metabólica pela NCEP ATP III Três das seguintes características: Obesidade Visceral Hipertrigliceridemia HDL Baixo Hipertensão Arterial Intolerância à Glicose Ridker, et al. Circulation 2003;107:391-7
Prevalência da Síndrome Metabólica Prevalência % 50 40 30 20 10 0 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 > 70 Idade - Anos Mullher Homem Ford ES, et al. JAMA 2002
Qual o impacto da Síndrome Metabólica na Mortalidade
Mortalidade por Todas as Causas Risco Cumulativo (%) 20 15 10 5 Síndrome Metabólica Sim Não RR (95% CI), 2,43 (1,64-3,61) 0 Nºsob Risco Síndrome Metabólica Sim Não 0 866 288 2 4 852 279 6 8 Seguimento em Anos 834 234 10 12 292 100 Lakka HM et al. JAMA 2002;288:2709-16 -
Mortalidade por Doença Cardiovascular Geral Risco Cumulativo (%) 20 15 10 5 Síndrome Metabólica Sim Não RR (95% CI), 3,55 (1,96-6,43) 0 Nº sob Risco Síndrome Metabólica Sim Não 0 866 288 2 4 852 279 6 8 Seguimento em Anos 834 234 10 12 292 100 - Lakka HM et al. JAMA 2002;288:2709-16
Mortalidade por Doença Arterial Coronariana Risco Cumulativo (%) 20 15 10 5 Síndrome Metabólica Sim Não RR (95% CI), 3,77 (1,74-8,17) 0 Nº sob Risco Síndrome Metabólica Sim Não 0 866 288 2 4 852 279 6 8 Seguimento em Anos 834 234 10 12 292 100 Lakka HM et al. JAMA 2002;288:2709-16 -
Correlação entre SM, Componentes Individuais da SM e Desfechos CV (IM / AVC) - Estudo NHANES III Parâmetro avaliado Desfecho CV Risco relativo IC de 95% Síndrome metabólica IAM 2,01 1,53 a 2,64 Síndrome metabólica AVC 2,16 1,48 a 3,16 Síndrome metabólica IAM / AVC 2,05 1,64 a 2,57 Resistência à insulina IAM / AVC 1,30 1,03 a 1,66 HDL-C baixo IAM / AVC 1,35 1,05 a 1,74 Hipertensão Arterial IAM / AVC 1,44 1, 00 a 2,08 Hipertrigliceridemia IAM / AVC 1,66 1,20 a 2,30 Ninomiya JK. Circulation 2004;109:42
O Tratamento da SINDROME METABOLICA deve ser intenso e abranger todos os seus componentes.
Tratamento Não-Medicamentoso da Síndrome Metabólica Perda de Peso + Exercício Físico Redução expressiva da circunferência abdominal e gordura visceral Henrissen EJ. J Appl Physiol 2002;93: 788-96 Ross R et al. Exerc Sport Sci Rev 200: 28: 165-70 Melhora da sensibilidade à insulina e redução da glicemia Torjessen PA et al. Diabetes Care 1997; 20:26-31 Houmard JA et al. J Appl Physiol 2004; 96:101-6 Prevenção e retardo do aparecimento de diabetes tipo 2 Knowler WC et al. N Engl J Med 2002; 344:393-403 Pan X et al. Diabetes Care 1997; 20:537-44 Redução expressiva da PA Bacon SL et al. Sports Med 2004; 34: 307-16 Hagberg JM et al. Sports Med 2000; 30:193-206 Redução dos triglicerídeos e aumento do HDL-c Carrol S et al. Sports Med 2004; 34: 371-418 I Diretriz Brasileira SM Hipertensão 2004; 7: 126-159
5515 p, 18 a 30 anos,1985-86 2000-2001 Reavaliações em 2, 5, 7, 10 e 15 anos (2728) CARDIS : Performance no Teste Ergométrico HAS, DM, Síndrome Metabólica, LDL > 160 Carnethon et al. JAMA 2003;290:3092-100
Razão de chance para o desenvolvimento do fator de risco em adultos jovens com baixa aptidão comparado a adulto com alta aptidão Fator de risco Hazard ratio 95% CI Hypertensão 2.17 1.69-2.78 Diabetes 1.75 1.01-3.04 Síndrome Metabólica 1.87 1.42-2.48 Hipercolesterolemia 1.02 0.76-1.36 Carnethon et al. JAMA 2003;290:3092-100
IMC x Aptidão Cardiorrespiratória 68 % dos obesos Baixa aptidão 18% dos não obesos Baixa aptidão Aptidão (7 anos) risco 60 e 50 % DM e Sind. Metabólica Carnethon et al. JAMA 2003;290:3092-100
Exercício x Síndrome Metabólica Clínica Cooper 9005 H ( 44 ± 9 anos, IMC = 25 ± 3 ) 1491 M (44 ± 9 anos, IMC 22 ± 1) Seguimento de 5,7 anos e Incidência de Sindrome Metabólica, NCEP Lamonte MJ et al. Circulation 2005:112;505-12
Exercício x Síndrome Metabólica Incidência de Sind. Metabólica por 1000 pessoas-ano HOMEM MULHER BAIXA MÉDIA ALTA BAIXA MÉDIA ALTA APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA Lamonte MJ et al. Circulation 2005:112;505-12
Cardiorrespiratory Fitness Attenuates the Effects of the Metabolic Syndrome on All-Cause and Cardiovascular Disease Mortality in Men 19223 M, 20 a 83 anos 1975 1995 1996 15466 saudáveis x 3757 Sind. Metabólica Teste Ergométrico Balke Modificado Treinados Destreinados Gli >110 CQ > 88/102 TG >150 HDL< 50/40 HAS > 130/85 Katzmarzih PT Arch Intern Med 2004;164:1092-97
Risco Relativo de Morte x Aptidão física 3,5 3 2,5 2 1,5 1 Baixa Media Alta 0,5 0 Mort Total Hígidos Mort CV Sind. Met. Katzmarzik PT Arch Intern Med 2004;164:1092-97
Tratamento Medicamentoso da Síndrome Metabólica Drogas que agem nos receptores Endocanabinóides Rimonabant Drogas que reduzem Resistência à Insulina Metformina, Glitazonas Drogas Hipotensoras Inibidores de ECA e BRAs Drogas hipolipemiantes e ação antinflamatória Estatinas, Fibratos, Ácido Nicotínico Drogas utilizadas para redução ponderal Sibutramina, Orlistate
Conclusões Síndrome Metabólica é consequência do Sedentarismo, Alimentação inadequada e consequente Obesidade (Abdominal ) É o início de um quadro de descompensação Metabólica com aumento significativo de risco de Morbimortalidade Cardiovascular É uma situação com grande potencial de reversão das anormalidades O Tratamento está principalmente na conscientização e Reeducação dos hábitos de vida principalmente com ênfase na redução de peso e Exercício físico. O que não for revertido deve ser abordado de forma medicamentosa.