Roteiro de Estudos 3º Técnico Literatura Professora Rosana Soares Vanguardas Européias: Influências das principais correntes estéticas no modernismo. Modernismo Brasil Estudo dos principais representantes e suas respectivas características: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira. Principais características da primeira geração modernista: Pluralidade de linguagens e perspectivas. Irracionalismo: negação do racionalismo burguês. Influência das vanguardas artísticas europeias. A produção literária da primeira geração modernista: Principal característica formal: destruição de todo academicismo (o nacional e o importado) a métrica, a rima, a linguagem de dicionário, a linearidade do discurso, o sentimentalismo romântico, o racionalismo realista-naturalista. Principal característica quanto ao conteúdo: nacionalismo ufanista (Verdeamarelismo e Grupo Anta) e crítico (Pau-Brasil e Antropofagia). Principais conquistas da primeira Geração Modernista: Verso livre. Associação mais analógica que lógica entre as palavras. Preferência por substantivos e verbos, em vez de adjetivos e advérbios. Blague (poema-piada), bom humor, ironia. Mistura entre prosa e poesia. Utilização de linguagem coloquial. Temáticas tradicionalmente consideradas não-poéticas etc.
Manifestos: há material disponível na copiadora. Estudo dos poemas de alguns poetas modernistas: MANUEL BANDEIRA: Profundamente Quando eu tinha seis anos Não pude ver o fim da festa de São João Porque adormeci Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo Minha avó Meu avô Totônio Rodrigues Tomásia Rosa Onde estão todos eles? - Estão todos dormindo Estão todos deitados Dormindo Profundamente. Profundamente aborda o tema morte, muito freqüente nas obras do autor. Devido à sua doença tuberculose o autor desenvolveu esta temática, retratandoa desde o seu primeiro livro. Poética Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbados O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. Meta-poema: poesia que fala sobre poesia. Versos livres. Aversão ao lirismo comedido (moderado, conveniente) Ironiza o lirismo namorador referência clara ao lirismo romântico. Claro ataque às propostas parnasianas. Pneumotórax Pneumatórax Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: - Diga trinta e três. - Trinta e três... trinta e três... trinta e três... - Respire. - O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. - Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? - Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.. Poema que também tem como temática a morte. Texto lírico, narrativo e dramático: Lírico porque há a expressão subjetiva em A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Dramático por conta da disposição das falas e narrativo porque se desenvolve a partir de um fato.
Vidas secas (Graciliano Ramos) VIDAS SECAS FUVEST / UNICAMP / 2011 AUTOR : Graciliano Ramos ÉPOCA : Modernismo no Brasil (2ª. Fase Regionalismo) GÊNERO : Narrativo ESPÉCIE : Romance 2. PERSONAGENS As personagens de VIDAS SECAS são representantes típicos de uma família sertaneja. O meio hostil em que vivem iguala-as em embrutecimento e coloca-as numa condição subumana. São comparadas a bichos em busca da sobrevivência. Fabiano: Chefe de família, era vaqueiro, trabalhador que sabia lidar muito bem com animais. Ignorante, sofria por não saber expressar-se em situações difíceis. Admirava Seu Tomás da Bolandeira, que era um homem instruído, culto, que sabia falar bem. Era supersticioso e respeitador. Bronco, tinha dificuldades em entender a própria mulher, o que pode ser visto na passagem em que Sinha Vitória, ao referir-se às aves de arribação, diz que as aves queriam matar o gado. Fabiano pensou que ela não estava regulando. Em seguida, refletiu e o significado da frase da mulher ficou claro: As arribações bebiam a água. Bem. O gado curtia sede e morria. Muito bem. As arribações matavam o gado. Estava certo. Matutando, a gente via que era assim, mas Sinha Vitória largava tiradas embaraçosas. Sinha Vitória: esposa de Fabiano. Inteligente e astuta, dirigia a casa e a família. O próprio Fabiano reconhecia sua superioridade mental ao afirmar: Uma pessoa como aquela (Sinha Vitória) valia ouro. Tinha idéias, sim senhor, tinha muita coisa no miolo. Nas situações difíceis encontrava saída. Sinha Vitória não tinha paciência com os filhos e reclamava da rotina dos afazeres domésticos. Alimentava um sonho: possuir uma cama com lastro de couro igual à de Seu Tomás da Bolandeira. Os dois meninos: Não são conhecidos pelo nome na história. O narrador trata-os por O menino mais novo e o menino mais velho. Sem uma identidade, são colocados numa condição inferior à do animal. A cadelinha, por exemplo, é conhecida por Baleia e, humanizada, está numa posição superior à deles. O mais novo tinha um desejo: tornar-se vaqueiro como o pai e tentava imitá-lo. O mais velho, curioso, mostrava-se interessado em desvendar o significado das palavras, coisa impossível num meio em que a ignorância nivelava todos. Baleia: Cadelinha de estimação da família, aparece humanizada na narrativa. Tem papel de destaque e é vista como se fosse um membro da família. Sua morte causa muita tristeza. Fabiano, que se viu forçado a sacrificá-la, sente remorso e tenta convencer-se de que outra não poderia ter sido a sua atitude, uma vez que ela apresentava sinais de hidrofobia. Ela tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida. Seu Tomás da Bolandeira: Era um fazendeiro falido. Não participa da história diretamente. Aparece apenas como referencial para Fabiano e para Sinha Vitória. Para Fabiano, porque era uma pessoa culta que sabia expressar-se bem com palavras bonitas que o vaqueiro tentava empregar sem lhes conhecer o significado. Para Sinha Vitória, porque ele possuía
uma cama de lastro de couro com a qual ela sonhava, já que não suportava mais dormir numa cama de estrado de varas. Era assim conhecido por ter uma bolandeira, máquina puxada por animais que movimentam uma grande roda que, por sua vez, move um rolete para ralar mandioca e triturar cana. O Soldado Amarelo: Tinha essa denominação provavelmente por causa da cor da farda que usava. Representa na história o autoritarismo e o abuso do poder. Prendeu e espancou Fabiano injustamente, após provocá-lo. Fabiano via-o como um representante do governo. Por ocasião do reencontro com Fabiano na caatinga, acovardou-se diante da possibilidade de vingança por parte do vaqueiro. O fazendeiro: Não é conhecido pelo nome. Aparece pouco na história, o suficiente para simbolizar o poder econômico opressor. Explorava Fabiano, com a cobrança de juros inexistentes e extorsivos. O fiscal da prefeitura: Aparece apenas nas lembranças de Fabiano que o identificava também como governo. Também o explorou, cobrando-lhe imposto pela venda da carne de um porco que ele matara para superar as dificuldades do momento. Simboliza a intolerância da máquina governamental que oprime os mais fracos. CONSIDERAÇÕES FINAIS VIDAS SECAS é um romance de narrativa cíclica, pois começa e termina com uma seca que obriga Fabiano e sua família a se retirarem. No primeiro capítulo, eles saem de uma fazenda para outra; no último, saem dessa fazenda em busca da cidade. A história, portanto, situa-se num período compreendido entre duas secas. É um romance de tensão psicológica e social porque investiga a intimidade das pessoas que são degradadas pela seca e pela miséria. Presentes na narrativa os processos de zoomorfização da família de Fabiano e de antropomorfização de Baleia. Seres humanos e animais são nivelados num meio hostil castigado pela seca. Além da seca, Fabiano vivia o drama de ser ignorante e ter dificuldade para expressar-se. No plano da comunicação, a família pouco se comunicava e, quando isso ocorria, dava-se por meio de monossílabos, grunhidos e gestos. Aspectos temáticos de VIDAS SECAS: o drama do nordestino retirante, castigado pela seca e pela miséria. o êxodo rural a injustiça social a marginalização social a opressão o embrutecimento e a animalização do sertanejo a exploração do trabalhador rural o autoritarismo do poder Narrativa: 3ª. pessoa, com narrador onisciente. Presença constante do monólogo interior e do discurso indireto livre, que nos permitem penetrar no mundo interior das personagens, que pouco dialogam. Estilo caracterizado por uma linguagem direta, simples e concisa. site: http://www.colegiolumen.net/paginas/comunicados/valdir%20ferreira/08.%20vidas%20secas.pdf