Matéria: literatura Assunto: modernismo - contexto e características Prof. IBIRÁ
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- Matheus Leal Salazar
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1 Matéria: literatura Assunto: modernismo - contexto e características Prof. IBIRÁ
2 Literatura MODERNISMO (Séc. XX) 1ª FASE Antecedentes Europeus O conselho geral aponta o ano de 1914 como o marco do verdadeiro fim do século XIX. Quanto à literatura, evidentemente, não é possível data tão exata. O fato de que estilos, maneiras de escrever e pensar do século XIX sobrevivam em plena época entre as duas guerras mundiais, não é de grande importância. É o epigonismo sintoma de inércia nos autores e no público. Já importa mais outro fato: a nova literatura, a que em geral se chama modernismo, já aparecera antes da Primeira Grande Guerra, entre 1905 e O que ocorreu foi um prazo de incubação que vai entre 1905/1910 até 1914/1918, tendo a revolução literária coincidindo com imponentes acontecimentos e modificações na estrutura política e social do mundo. A guerra está no centro destes acontecimentos, entre as crises marroquina e balcânica, de um lado, a revolução russa e a revolta do fascismo italiano, de outro. Nada parece mais natural do que a literatura ter reagido aos acontecimentos, seja refletindo-os, seja antecipando-lhes os reflexos psicológicos. (Otto Maria Carpeaux). Características da Literatura Moderna Cotidiano Uma das maiores conquistas do modernismo é a valorização da vida cotidiana. O prosaico, o diário e o grosseiro tornam-se os motivos centrais da estética modernista. A grandiosidade da paisagem, Manuel Bandeira sobrepõe o beco: Que importa a paisagem, a Glória, a linha do horizonte? O que eu vejo é o beco. A aventura do cotidiano leva o artista a romper com os esquemas de vida burguesa. Acima de tudo, o artista está consciente de que todos os objetos podem se tornar literários. Drummond celebra as dentaduras: Dentaduras duplas Inda não sou bem velho para merecer-vos... Há que contentar-me, com uma ponte móvel e esparsas coroas. (...) Resovin! Hecolite! Nomes de países? Fantasmas femininos? Nunca, dentaduras, engenhos modernos, práticos, higiênicos a vida habitável: a boca mordendo, os delirantes lábios apenas entreabertos num sorriso técnico 2
3 Literatura Prof. Ibirá Costa e a língua especiosa através dos dentes buscando outra língua, afinal sossegada... (...) Liberdade de Expressão A linguagem livra-se normas gramaticais e técnicas, já não precisa seguir os padrões cultos. Em Poética, Manuel Bandeira celebra essa liberdade de expressão: Estou farto de lirismo comedido, Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor. Estou farto de lirismo que pára e vai averiguar no dicionário O cunho vernáculo de um vocábulo (...) Quero antes que o lirismo dos loucos, O lirismo dos bêbados O lirismo dos clowns de Shakespeare - Não quero mais saber de lirismo que não é libertação. Paródia Os modernistas realizam uma releitura de textos famosos do passado, reescrevendo-os em termos de paródia. Um dos livros de crítica literária de Mário de Andrade chama-se A escrava que não é Isaura, numa evidente alusão ao conhecido relato de Bernardo de Guimarães. Oswald de Andrade baseia-se na Canção do exílio de Gonçalves Dias para escrever Canto de regresso à pátria : Minha terra tem palmares Onde gorjeia o mar Os passarinhos aqui Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas E quase que mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra São Paulo. 3
4 Inovações Técnicas O rompimento com os padrões culturais do século XIX implicaria no surgimento de novas técnicas de escritura, tanto no domínio da poesia quanto no da ficção. As principais conquistas foram: o verso livre: o verso já não está sujeito ao rigor métrico e às formas fixas de versificação, como o soneto, por exemplo. Também a rima se torna desnecessária; a destruição dos nexos: os chamados nexos sintáticos, preposições, conjunções, etc. São eliminados da poesia moderna que se torna mais solta, mais descontínua e fragmentária e, fundamentalmente, mais sintética; novas técnicas narrativas: valoriza-se a exploração de técnicas jornalísticas, a ideia de montagem cinematográfica de um texto, o monólogo interior, o fluxo de consciência, a enumeração caótica, a colagem, e acima de tudo, o chamado estilo telegráfico, caracterizado pela economia dos recursos verbais, pela frase curta e sincopada. Também a pontuação se torna facultativa. O escritor suborna o uso de pontos, vírgulas, etc., a uma disposição estilística psicológica. Com frequência os sinais são eliminados para que, intencionalmente, o texto apresente um aspecto caótico ou febril. Antecedentes Nacionais O ano de 1917 foi marcante como prenúncio das mudanças que viriam a ocorrer na arte brasileira. Neste ano, estreariam quatro jovens autores que já traziam algo de novo em seus poemas: Cinza das horas Manuel Bandeira Nós Guilherme de Almeida Juca Mulato Menotti del Picchia O Desdobramento do Modernismo As contradições do grupo de 22 se sedimentaram em revistas como klaxon onde a literatura era vista e praticada a partir de um ponto de vista mais universal, e em movimentos como: Pau Brasil (1924) e Antropofagia (1927): chefiados por Oswald de Andrade, com a participação de Tarsila do Amaral, Raul Bopp e outros, visando uma destruição dos valores europeus e sua substituição por uma visão primitivista, livre, quase anárquica, autenticamente brasileira da realidade. Verde-Amarelo (1924) e Anta (1926): com a participação de Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia e Plínio Salgado, opondo-se ao primitivismo destruidor e debochado dos antropófagos através de reforços do sentido de brasilidade e de uma tendência conservadora e direitista no plano social. 4
5 Literatura Prof. Ibirá Costa Bibliografia de Literatura BOSI, Alfredo História Concisa da Literatura Brasileira, 40.ª ed., S. Paulo, Cultrix, CANDIDO, Antonio Formação da Literatura Brasileira, 7.ª ed., 2 vols., Belo Horizonte / Rio de Janeiro, Itatiaia, CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Momentos decisivos. 10ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, CARPEAUX, Otto Maria Pequena Bibliografia Crítica da Literatura Brasileira, nova ed., Rio de Janeiro, Ed. do Ouro, CASTRO, Sílvio História da Literatura Brasileira, 3 vols., Lisboa, Publicações Alfa, COUTINHO, Afrânio A Literatura no Brasil, 5ª ed.,6 vols., S. Paulo, Global, GONZAGA, Sergius Curso de Literatura Brasileira, 1ª ed, Porto Alegre, Leitura XXI, JUNQUEIRA, Ivan Escolas Literárias no Brasil, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras,2004. MOISÉS, Massaud História da Literatura Brasileira, 3 vols., S. Paulo, Cultrix, MOISÉS, Massaud A Literatura Brasileira Através dos Textos, 19.ª ed., S. Paulo, Cultrix, NICOLA, José de Painel da Literatura em Língua Portuguesa, 2ª ed, S. Paulo, Scipione, PICCHIO, Luciana Stegagno História da Literatura Brasileira, 2ª ed., Rio de Janeiro, Lacerda Editores, PROENÇA, Domício Estilos de Época na Literatura, 5.ª ed., S. Paulo, Ática, VERÍSSIMO, José História da Literatura Brasileira: de Bento Teixeira (1601) a Machado de Assis (1908), 7ª ed., Rio de Janeiro: Topbooks, Bibliografia de Música e Artes Plásticas ACQUARONE, Francisco. Mestres da Pintura no Brasil, Editora Paulo Azevedo, Rio de Janeiro, s/d. BARDI, Pietro Maria. História da Arte Brasileira, Editora Melhoramentos, São Paulo, CASTRO, Sílvio Rangel de. A Arte no Brasil: Pintura e Escultura, Leite Ribeiro, Rio de Janeiro, DAMASCENO, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul, Editora Globo, Porto Alegre, SEVERIANO, Jairo Uma História da Música Popular Brasileira, 3ª Ed., Editora 34,
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