MODELO DE TUTORIA NA UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO: UM ESTUDO SOBRE O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO TUTOR



Documentos relacionados
em partilhar sentido. [Gutierrez e Prieto, 1994] A EAD pode envolver estudos presenciais, mas para atingir seus objetivos necessita

EaD como estratégia de capacitação

Carga Horária :144h (07/04 a 05/09/2014) 1. JUSTIFICATIVA: 2. OBJETIVO(S):

Introdução a EaD: Um guia de estudos

MBA Executivo. Coordenação Acadêmica: Prof. Marcos Avila Apoio em EaD: Prof a. Mônica Ferreira da Silva Coordenação Executiva: Silvia Martins Mendonça

Programa de Capacitação

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO PARA TUTORES - PCAT

A Prática Educativa na EAD

ANÁLISE DOS ASPECTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS DO CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE CONSELHEIROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Educação de qualidade ao seu alcance SUBPROJETO: PEDAGOGIA

* As disciplinas por ocasião do curso, serão ofertadas aos alunos em uma sequência didática.

TUTOR EM EAD. Quem é? - Tutor/Educador. Educação à Distância - Profissional que acompanha o aluno nas aulas virtuais.

A EFICÁCIA DE CURSOS A DISTÂNCIA PARA A FORMAÇÃO DE AGENTES DE METROLOGIA LEGAL E FISCAIS DA QUALIDADE

MANUAL DO ALUNO EM DISCIPLINAS NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

Curso de Especialização em Saúde da Família

UNPBFPB CONHECENDO AS DIRETRIZES DAS DISCIPLINAS SEMIPRESENCIAIS Heloysa Helena Coordenação Pedagógica do NEaD

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO INTRODUÇÃO

Estratégias de e-learning no Ensino Superior

COORDENADORA: Profa. Herica Maria Castro dos Santos Paixão. Mestre em Letras (Literatura, Artes e Cultura Regional)

O futuro da educação já começou

DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO SISTEMA INTEGRADO DE FORMAÇÃO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO - SIFMT

Educação a Distância: Opção Estratégica para Expansão do Ensino Superior Anaci Bispo Paim

NÚCLEO DE APOIO DIDÁTICO E METODOLÓGICO (NADIME)

Secretaria Municipal da Educação e Cultura - SMEC SALVADOR MAIO/2003

RESOLUÇÃO UnC-CONSEPE 040/2007

TREINAMENTO ONLINE PARA O SISTEMA DE APOIO À GESTÃO AMBIENTAL RODOVIÁRIA FEDERAL (SAGARF)

Alcance e flexibilidade nem sempre oferecidos pelo ensino presencial.

As Tecnologias de Informação e Comunicação para Ensinar na Era do Conhecimento

FÓRUM: MEIO DE INTERAÇÃO NA EAD

1 Fórum de Educação a Distância do Poder Judiciário. Gestão de Projetos de EAD Conceber, Desenvolver e Entregar

PVANET: PRINCIPAIS FERRAMENTAS E UTILIZAÇÃO DIDÁTICA

PROGRAMA DE APOIO E APERFEIÇOAMENTO PEDAGÓGICO AO DOCENTE

A Educação a Distância como ferramenta para estimular e melhorar o desempenho dos alunos da E.E.E.F.M. Advogado Nobel Vita em Coremas - PB

SIC 56/07. Belo Horizonte, 8 de novembro de 2007.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Orientações para a elaboração do projeto escolar

A PRESENTAÇÃO SUMÁRIO

Ofício Circular n.º 12/ DET/SEED Curitiba, 15 de Abril de Referência: Informações e-tec Brasil

Belém PA, Maio Categoria: Pesquisa e Avaliação. Setor Educacional: Educação Universitária. Macro: Sistemas e Instituições de EAD

Reitor Prof. Dr. Reinaldo Centoducatte. Vice-Reitora Profª. Drª. Ethel Leonor Noia Maciel

Proposta de Curso de Especialização em Gestão e Avaliação da Educação Profissional

Técnicas, Legislação e Operação de Sistemas de Educação a Distância (EAD) Módulo/Disciplina Tecnologia Educacional em EAD

GESTÃO E AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM ESTUDO DE CASO NA UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO

crítica na resolução de questões, a rejeitar simplificações e buscar efetivamente informações novas por meio da pesquisa, desde o primeiro período do

REGULAMENTO NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO/PSICOPEDAGÓGICO NAP/NAPP. Do Núcleo de Apoio Pedagógico/Psicopedagógico

Faculdades Integradas do Vale do Ivaí

OS LIMITES DO ENSINO A DISTÂNCIA. Claudson Santana Almeida

AGUARDANDO HOMOLOGAÇÃO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Boletim CPA/UFRPE Curso de Zootecnia Unidade Acadêmica de Garanhuns Edição n. 01 Ciclo Avaliativo:

Fundação Presidente Antônio Carlos- FUPAC 1

JOSÉ ERIGLEIDSON DA SILVA Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

NÚCLEO DE APOIO AO ACADÊMICO Projeto de Funcionamento

1 - Dos componentes da metodologia do Curso de Pedagogia a Distância CEAD/UAB

UNPBFPB CONHECENDO AS DIRETRIZES DAS DISCIPLINAS SEMIPRESENCIAIS Heloysa Helena

ELABORAÇÃO DE MELHORES ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS EM EAD: UMA ANÁLISE SOBRE OS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DISCENTE

Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica Diretoria de Formulação de Conteúdos Educacionais Programa Nacional de Tecnologia Educacional

Estrutura e Funcionamento do Curso Superior Tecnologia em Gestão Pública na modalidade a Distância

Sistema de Educação a Distância Publica no Brasil UAB- Universidade Aberta do Brasil. Fernando Jose Spanhol, Dr

DESENVOLVIMENTO 2014 TEMA: CAPACITAÇÃO COMPARTILHADA: O CLIENTE EM FOCO: DESENVOLVENDO EQUIPES COM ALTA PERFORMANCE EM ATENDIMENTO

CURSO DE EDUCAÇÃO FISICA ATIVIDADES EXTRA CURRICULARES

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: OFICINAS DE DIREITOS HUMANOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA ESCOLA

IMERSÃO TECNOLÓGICA DE PROFESSORES: POSSIBILIDADES DE FORMAÇÃO CONTINUADA MEDIADA POR AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM A DISTÂNCIA

GUIA DE SUGESTÕES DE AÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

O caminho para o sucesso. Promovendo o desenvolvimento para além da universidade

REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES TUTORES PARA O ENSINO DE TEATRO À DISTÂNCIA

AVALIAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO-CURRICULAR, ORGANIZAÇÃO ESCOLAR E DOS PLANOS DE ENSINO 1

PLANO DE TRABALHO Período: 2014/ CONTEXTO INSTITUCIONAL

PRÓ-MATATEMÁTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Manual do Estagiário 2008

Educação a distância: desafios e descobertas

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CADERNO DE ORIENTAÇÃO DIDÁTICA PARA INFORMÁTICA EDUCATIVA: PRODUÇÃO COLABORATIVA VIA INTERNET

SUA ESCOLA, NOSSA ESCOLA PROGRAMA SÍNTESE: NOVAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA

Orientações para informação das turmas do Programa Mais Educação/Ensino Médio Inovador

Escola de Políticas Públicas

Novas Tecnologias no Ensino de Física: discutindo o processo de elaboração de um blog para divulgação científica

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO PROJETO BÁSICO CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM PRODUÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE CONTEÚDO NA EAD CURSO PARA DOCENTES DA UFOP

Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa, a mediação pedagógica na educação a distância no acompanhamento virtual dos tutores

TELEMEDICINA:NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO SUPERIOR

Dimensão 1 - Organização Didático-Pedagógica do Curso

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: BREVE HISTÓRICO DA UFPB VIRTUAL

DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA UTFPR

Trilhas de aprendizagem UCSebrae um caminho em construção

Formação: o Bacharel em Sistemas de Informações (SI); o MBA em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).

Trabalho em Equipe e Educação Permanente para o SUS: A Experiência do CDG-SUS-MT. Fátima Ticianel CDG-SUS/UFMT/ISC-NDS

Projeto Pedagógico Institucional PPI FESPSP FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL PPI

Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Subseqüente ao Ensino Médio, na modalidade a distância, para:

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE - UNICENTRO CURSO ESPECIALIZAÇÃO DE MÍDIAS NA EDUCAÇÃO VÂNIA RABELO DELGADO ORIENTADOR: PAULO GUILHERMETI

2- PÚBLICO ALVO. Página 1 de 8 CURSO PRÁTICO FORMAÇÃO DE CONSULTORES EMPRESARIAIS. SESI Serviço Social da Indústria. IEL Instituto Euvaldo Lodi

ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO

Pedagogia. Objetivos deste tema. 3 Sub-temas compõem a aula. Tecnologias da informação e mídias digitais na educação. Prof. Marcos Munhoz da Costa

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO RADIAL DE SÃO PAULO SÍNTESE DO PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO 1

POLÍTICAS DE GESTÃO PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE

PORTAL EAD.SEDUC MANUAL DO USUÁRIO

QUALIFICAÇÃO DA ÁREA DE ENSINO E EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA PROFISSIONAIS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

OBJETOS DE APRENDIZAGEM EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONHEÇA O AMBIENTE ATRAVÉS DO WIKI Rosane Aragón de Nevado 1 ; Janaína Oppermann 2

GRADUAÇÃO INOVADORA NA UNESP

FACULDADE REDENTOR NUCLEO DE APOIO EMPRESARIAL CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DO CAMPO COM ÊNFASE EM ECONOMIA SOLIDÁRIA EJA CAMPO/ECOSOL Nível: Especialização Modalidade: Presencial / A distância

ORGANIZAÇÃO CURRICULAR E COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS

MÓDULO EaD 2013 PROCAED Programa de Capacitação e Aperfeiçoamento Educacional do IFSC

Transcrição:

1 MODELO DE TUTORIA NA UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO: UM ESTUDO SOBRE O PAPEL E AS COMPETÊNCIAS DO TUTOR Rio de Janeiro RJ maio de 2014 Andressa Maria Freire da Rocha Arana UNIGRANRIO andressa.arana@terra.com.br Herbert Gomes Martins UNIGRANRIO herbertmartins@uol.com.br Lúcia Inês Kronemberger Andrade UNIGRANRIO lines@unigranrio.com.br Mary Neuza Dias Galdino UNIGRANRIO mndg@uol.com.br Vanessa Olmo Pombo- UNIGRANRIO- vanessa.olmo@unigranrio.com.br Classe: Investigação Científica Setor Educacional: Educação Superior Classificação das Áreas de Pesquisa em EaD Macro: Sistema e Instituições em EAD Meso: Formas de Assegurar a Qualidade Micro: Design Instrucional Natureza: Relatório de Estudo Concluído RESUMO A tutoria é indispensável no acolhimento do aluno num Ambiente Virtual de Aprendizagem. Uma tutoria eficiente apresentará ao aluno todos os recursos tecnológicos disponibilizados no AVA e utilizados como possibilidades pedagógicas para facilitar o seu percurso no desenvolvimento da aprendizagem. Apresentamos o modelo de tutoria implantado pelo Núcleo de Educação a Distância da Universidade do Grande Rio cuja centralidade está no Programa de Capacitação de Tutores que contempla três dimensões previstas nos Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância (MEC, 2007). O Programa é integrado por cinco ações estruturantes: Curso Boas-Vindas, Formação Inicial para atuação na EaD, Formação Permanente em EaD, Capacitação para uso do AVA e Formação Permanente em EaD. O modelo é aperfeiçoado com o apoio da avaliação sistemática realizada por meio de pesquisas de opinião com os segmentos envolvidos. Com a utilização dos dados emergentes das pesquisas como insumos para a ação, em parceria com a Comissão Própria de Avaliação se consegue um grau de participação que aperfeiçoa o modelo de ensino e aprendizagem, e humaniza a relação tutor- aluno pela ênfase no diálogo e nas providências decorrentes do processo da avaliação. Palavras-Chave: modelo de tutoria; papel do tutor; competências.

2 1. Introdução O objetivo deste estudo é apresentar o modelo de tutoria implantado pelo Núcleo de Educação a Distância da Universidade do Grande Rio Prof. José de Souza Herdy (UNIGRANRIO) e discutir as práticas, papel e competências do tutor como principal articulador do processo de ensino aprendizagem. Na quinta geração de Educação a Distância (EaD), dentro da perspectiva de uma comunicação mais flexível e inteligente, propiciada pelo uso de recursos computacionais como forma de motivar o aluno a explorar o conhecimento fora da sala de aula, a educação em rede vem se firmando como proposta inovadora no campo educacional. Nesse contexto, vislumbra-se uma nova relação com o saber permeada pelo desafio da passagem e convivência de um novo modelo de ensino centrado no aluno e mediado pelo tutor. Segundo Formiga, A geração nascida a partir de 1980 nativos, enquanto seus pais e avós são migrantes da civilização digital é contemporânea do microcomputador pessoal. Os nativos encontraram um parque industrial diversificado, que levou o País a 10ª posição como maior indústria global em 2010, conectado por redes de comunicação e satélites. Esses jovens cresceram em uma sociedade dual caracterizada por altos e baixos, ricos e pobres, conhecedores das vantagens da tecnologia moderna: redes sociais, Internet sem fio, telefone celular, ipads, ipods, tablets, PDAs, videogame, cartão eletrônico, DVD e a recém-chegada TV interativa, digital em terceira dimensão. Os filhos da civilização multimídia, convivendo com texto, som e imagem convergentes e amistosos, estão acostumados à mudança continuada nos hábitos e costumes da Galáxia de Gutemberg à aldeia global (FORMIGA, 2012, p.381). Nesse aspecto, as facilidades da evolução tecnológica apresentam-se como potenciais estimuladores do uso de recursos computacionais conectados a Internet como ferramenta que favorece a autonomia e a autoaprendizagem, por meio do acesso a informação e comunicação remota. Num ambiente virtual de aprendizagem (AVA) o aluno busca o conhecimento de forma autônoma e para isso se utiliza das tecnologias colocadas para instrumentalizar o desenvolvimento da sua aprendizagem. Nesse ambiente, para mediar e orientar o processo de construção do conhecimento do aluno existe a figura do Tutor.

3 2. O Tutor como Mediador: papel, práticas e competências A tutoria é indispensável no acolhimento do aluno num AVA. Uma tutoria eficiente apresentará ao aluno todos os recursos tecnológicos disponibilizados no AVA e utilizados como possibilidades pedagógicas para facilitar o seu percurso no desenvolvimento da aprendizagem. Dessa forma, o tutor deve dominar as tecnologias disponibilizadas no AVA e tirar proveito das suas potencialidades promovendo o uso das mesmas de forma complementar. Da mesma forma, o tutor deve conhecer as limitações de cada tecnologia a fim de poder trabalhar as dificuldades porventura percebidas e procurar a melhor forma de utilização da mesma. Num ambiente virtual, segundo Costa, Campos e Santos (2007), existe uma nova forma de interação, onde deixamos de contar com a presencialidade como condição para a realização das práticas educativas. Nesse processo de interação, facilitado pelo tutor, a aprendizagem cooperativa se dá entre os alunos a partir de um espírito de parceria estabelecido entre eles e o tutor na busca do enriquecimento do saber sobre determinado tema de estudo. A tutoria deve utilizar-se das ferramentas de comunicação mais adequadas para garantir o processo de interlocução com o aluno. É essencial que o tutor estabeleça vínculos de confiança com o aluno para que o mesmo se sinta seguro e motivado a aprender. Para tanto, o tutor, além de habilidades, competências e qualificação adequada deve ter certa dose de sensibilidade para perceber o nível de desenvolvimento do aluno e do grupo de alunos sob sua tutoria. O tutor deve zelar pelo estabelecimento de uma cultura de trabalho colaborativo promovendo a discussão e o compartilhamento de conhecimentos de forma interativa. Moran (2007) diz que vivemos formas diferentes de comunicação, que expressam múltiplas situações pessoais, interpessoais, grupais e sociais de conhecer, sentir e viver, que são dinâmicas, que vão evoluindo, modificandose, modificando-nos e modificando os outros. No ambiente virtual o que leva à concretização da aprendizagem como construção colaborativa é o processo de integração e interação do grupo, mediado pela tutoria. Esse processo de relação interpessoal, caracterizado pelo empenho na interação dialógica do grupo, segundo kratochwill (2009,

4 p.166), resulta num ganho qualitativo da aprendizagem, tratando os assuntos com mais coerência, fundamentação e apropriação. O tutor na sua função de mediador encontra desafios que o levam a repensar a forma de apresentação dos conteúdos, de criar mecanismos próprios de otimização dos espaços e recursos virtuais, de buscar métodos que facilitem a sistematização do conhecimento e as formas de interagir com o aluno, incluindo a afetividade, a fim de minimizar possíveis dificuldades e limitações apresentadas pelo aluno no desenvolvimento de atividades na modalidade em rede, bem como potencializar as suas qualidades. É importante que o tutor deixe claro a sua presença e que exerça a sua habilidade de levar o aluno a buscar informações de forma cooperativa e colaborativa e a ter postura autônoma no aprimoramento de sua formação. De acordo com essas premissas, a figura do tutor se torna essencial no processo das relações estabelecidas num AVA, onde numa concepção socioconstrutivista, através da educação no formato em rede, os alunos devem desenvolver habilidades fundamentais para o êxito de sua aprendizagem como: iniciativa, autonomia, independência, disciplina, proatividade, organização, administração do tempo, busca constante por conhecimento, empreendedorismo, curiosidade, autoconfiança, automotivação. O desenvolvimento destas habilidades pelo aluno se constitui efetiva no sucesso do mesmo no mundo do trabalho, pois cada vez mais o mercado contemporâneo demanda pessoas com capacidade técnica, domínio das tecnologias digitais, capacidade para interagir socialmente, seja virtual ou presencialmente, mas principalmente capacidade de aprender de forma independente e contínua. Nesse aspecto, a figura do tutor é responsável pela mediação do conhecimento e pela motivação do aluno a buscar estratégias para potencializar o seu aprendizado de forma autônoma. O tutor, além de possuir qualificação para lidar com as técnicas de ensino e tecnologias colocadas a sua disposição, deve ser sensível às diferenças e limitações dos seus alunos. O tutor no processo de ensino-aprendizagem é o mediador que pressupõe relações de interatividade mediadas pelos recursos tecnológicos e que envolvem uma situação de disposição para maior interação possibilitada pela fusão da emissão-recepção de informações e emoções, que resulta não

5 só numa participação, mas numa intervenção que se traduz na ampliação do olhar dos sujeitos envolvidos nesse processo. É importante a percepção nessa geração da educação em rede de que a capacitação para lidar com os recursos tecnológicos por si só não garante o sucesso no processo de ensinar e aprender, e de que são necessárias capacidades e habilidades que garantam a qualidade nas relações estabelecidas no processo de interação e as competências pedagógicas. 3. Modelo de Tutoria do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) A experiência com as disciplinas semipresenciais na UNIGRANRIO tem demonstrado que o sistema de tutoria é cada vez mais indispensável ao desenvolvimento com qualidade da modalidade a distância, cabendo ao tutor a responsabilidade acompanhar as atividades discentes, motivar a permanência no curso e mediar a construção do conhecimento tanto individual como colaborativo, orientando e proporcionando ao aluno condições de uma aprendizagem autônoma. Neste sentido, a Universidade vem investindo, desde 2010, na implantação de um sistema tutorial que seja realmente eficaz e eficiente, adequando-o ao perfil do seu alunado numa rica troca de saberes, capacitando os tutores para que possam apoiar e promover o crescimento do aluno em cada uma das etapas do processo de aprendizagem e ouvindo deles as experiências e propostas de mudanças, de modo a construir um modelo próprio e, ao mesmo tempo, desenvolver ações para aperfeiçoar o sistema de EaD da UNIGRANRIO, que pretende ser objeto de constantes reflexões e de avaliação permanente. Os tutores participam ativamente da prática pedagógica e são supervisionados pelos Professores Coordenadores de Disciplina, que realizam a gestão pedagógica do processo de desenvolvimento da disciplina, do planejamento à avaliação, além de contribuir na identificação e busca de soluções para as dificuldades e problemas enfrentados pelos alunos, colaborando assim na conquista da sua autonomia. Cabe ressaltar que as funções atribuídas a ambos são intercambiáveis no modelo de tutoria adotado pela Instituição, conforme expressam as

6 atribuições delineadas para estes profissionais. Os tutores atuam junto ao Professor Coordenador da Disciplina como mediadores e facilitadores do processo pedagógico junto aos alunos: norteiam as aprendizagens individuais; respondem e moderam as questões; aconselham e orientam o processo de aprendizagem; analisam as interações; gerenciam a comunicação e os recursos mediando a utilização e manejo de equipamentos. O atendimento ao aluno é individualizado, sendo realizado via AVA, através do qual responde as questões ali colocadas até 48 horas. Os tutores realizam também plantões presenciais, para atendimento personalizado aos estudantes, em horários pré-estabelecidos. Para tanto, são capacitados para que conheçam as funcionalidades, o AVA e o material didático, a fim de auxiliarem o aluno no desenvolvimento de suas atividades acadêmicas, fomentando o hábito de estudos e pesquisa, esclarecendo dúvidas e orientando sobre o uso das tecnologias disponíveis. A capacitação e a atualização de docentes e tutores na UNIGRANRIO são consideradas um fator de destaque para o alcance dos resultados esperados, tanto que existe uma multiplicidade de diretrizes e ações promovidas e previstas pelo Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) direcionadas à melhoria da ação pedagógica de professores e tutores. O Programa de Capacitação de Tutores contempla três dimensões previstas nos Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância (MEC, 2007): capacitação no domínio específico do conteúdo; em mídias de comunicação e em fundamentos da EaD e no modelo de tutoria. Assim, o NEaD promove cursos levando em conta a necessidade de se preparar recursos humanos para usar pedagogicamente as tecnologias no apoio à aprendizagem, mas sempre considerando que a adoção de modernos instrumentos em velhas práticas educacionais não é garantia de uma nova educação. Esse programa de capacitação integra as seguintes ações: Curso Boas Vindas em parceria, o NEaD e a Divisão de Recursos Humanos desenvolveu um Curso de Ambientação, via AVA, através do qual os professores e tutores ao ingressarem na Universidade passam a conhecer sua história, proposta filosófica, campi e unidades, portfólio de cursos, direitos e deveres, Plano de Carreira, entre outros.

7 Formação Inicial para atuação na EaD curso na modalidade blended learning, através do qual os docentes e tutores conhecem as diretrizes da EaD na UNIGRANRIO, assim como suas atribuições; recebem os Guias e Tutoriais, tiram dúvidas, conhecem a equipe do NEaD. Este curso contempla orientações acerca de como utilizar o AVA, os canais de comunicação com os alunos, a importância de se estreitar a relação docente/tutor aluno por meio dos recursos do ambiente a fim de minimizar a distância física, entre outros. Capacitação para uso do AVA compreende um treinamento coletivo no Laboratório de Informática, no qual os professores e tutores recebem capacitação pedagógica e tecnológica para uso das funcionalidades do AVA e uma senha de acesso ao ambiente de treinamento e encontros individualizados, previamente agendados, com o suporte técnico para saneamento de dúvidas e solução de possíveis problemas. Formação Permanente em EaD compreende encontros presenciais periódicos nos quais são discutidos os referenciais teóricos da EaD e promovida a troca de experiências. 4. Pesquisa de Satisfação do Trabalho da Tutoria Para identificar o nível de satisfação dos alunos com o processo de oferta de disciplinas semipresenciais foi realizado, em novembro de 2012, pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) em parceria com o NEaD, estudo avaliativo denominado Avaliação do grau de satisfação dos discentes das disciplinas semipresenciais. Essa avaliação foi elaborada a partir do cumprimento de uma das etapas do Projeto de Avaliação do NEaD. O Projeto de Avaliação do NEaD, em conformidade com as diretrizes estabelecidas pelo Núcleo e com o Projeto de Autoavaliação da CPA da UNIGRANRIO, se propõe a averiguar o processo de funcionamento das atividades do NEaD e a partir do diagnóstico propor estratégias de melhorias em seu Plano de Gestão. Para tanto, o referido Projeto prevê avaliações permanentes das Categorias: NEaD, como unidade de gestão; Professores-Coordenadores; Tutores; e Discentes. A avaliação contou com um universo de 10.389 graduandos matriculados em disciplinas semipresenciais e teve uma amostra de 4.016

8 alunos que compôs uma representatividade de 38,7% do total, considerada válida de acordo com o método probabilístico aplicado. Os dados foram coletados por meio do Portal Educacional da UNIGRANRIO, onde o aluno ao se conectar era convidado a participar da avaliação por meio de uma janela pop up, e com base nas seguintes dimensões: Perfil discente; Socioafetiva; Organização didático-pedagógica; Ambiente virtual; Mediação pedagógica (tutoria); Interatividade; Material didático; Avaliação; e Atendimento ao aluno. O instrumento utilizado no processo avaliativo foi composto por 9 dimensões e 82 indicadores com padrões de resposta específicos, utilizando a escala de Likert. Metodologicamente, foi adotado no estudo avaliativo método quantitativo que envolveu análise descritiva dos resultados provenientes do instrumento avaliativo. Para este artigo foi realizado um recorte da Avaliação aplicada e definiu-se para apresentação a Dimensão Mediação Pedagógica. O Quadro 1 descreve os dados da Dimensão Mediação Pedagógica (Tutoria). Seus indicadores são: encontros e plantões presenciais; comunicação com a tutoria; relacionamento tutor-aluno; domínio do conteúdo demonstrado pelo tutor; estímulo do tutor; participação e feedback da tutoria; informações sobre plantões e provas; solução de dúvidas virtual e presencial; respostas satisfatórias às dúvidas e tempo de resposta. Quadro 1: Dimensão Mediação Pedagógica Indicadores Variáveis Frequência (n) Percentual (%) 1.1 Os encontros Muito satisfeito 899 22,4 presenciais e os plantões Satisfeito 838 20,9 da tutoria para auxiliar na Nem satisfeito/ Nem Insatisfeito 974 24,3 compreensão do conteúdo Insatisfeito 583 14,5 Muito insatisfeito 722 17,9 1.2 A comunicação com o Muito satisfeito 1003 25,1 tutor Satisfeito 850 21,2 Nem satisfeito/ Nem Insatisfeito 963 23,9 Insatisfeito 568 14,1 Muito insatisfeito 632 15,7 1.3 O tutor mantém um bom Muito satisfeito 1367 34,1 relacionamento com os Satisfeito 873 21,8 alunos Nem satisfeito/ Nem Insatisfeito 909 22,6 Insatisfeito 436 10,8 Muito insatisfeito 431 10,7 1.4 O tutor demonstra Muito satisfeito 1515 37,8 domínio do conteúdo Satisfeito 931 23,2 Nem satisfeito/ Nem Insatisfeito 887 22,1 Insatisfeito 314 7,8 Muito insatisfeito 369 9,1

9 1.5 O tutor estimula o Muito satisfeito 1014 25,3 aprofundamento e a Satisfeito 963 23,9 reflexão crítica do aluno Nem satisfeito/ Nem Insatisfeito 1056 26,4 sobre os conteúdos na Insatisfeito 455 11,3 disciplina Muito insatisfeito 528 13,1 1.6 O tutor participa dos Muito satisfeito 1222 30,5 fóruns e dá feedback Satisfeito 949 23,7 Nem satisfeito/ Nem Insatisfeito 972 24,2 Insatisfeito 449 11,1 Muito insatisfeito 424 10,5 1.7 O tutor mantém a turma Muito satisfeito 1743 43,4 informada sobre os Satisfeito 861 21,5 plantões presenciais e Nem satisfeito/ Nem Insatisfeito 694 17,2 provas Insatisfeito 323 8,1 Muito insatisfeito 395 9,8 1.8 O tutor soluciona as Muito satisfeito 1103 27,5 dúvidas dos alunos Satisfeito 917 22,9 virtualmente Nem satisfeito/ Nem Insatisfeito 1052 26,2 Insatisfeito 469 11,6 Muito insatisfeito 475 11,8 1.9 O tutor soluciona as Muito satisfeito 1321 32,9 dúvidas dos alunos nos Satisfeito 887 22,1 plantões presenciais Nem satisfeito/ Nem Insatisfeito 953 23,8 Insatisfeito 405 10,1 Muito insatisfeito 450 11,1 1.10 O tutor responde as Muito satisfeito 1250 31,2 dúvidas com explicações Satisfeito 970 24,1 satisfatórias Nem satisfeito/ Nem Insatisfeito 1004 25,0 Insatisfeito 386 9,6 Muito insatisfeito 406 10,1 1.11 O tutor responde as Muito satisfeito 1113 27,7 dúvidas em tempo Satisfeito 922 23,0 apropriado Nem satisfeito/ Nem Insatisfeito 1054 26,2 Insatisfeito 445 11,1 Muito insatisfeito 482 12,0 Fonte: Avaliação do grau de satisfação dos discentes das disciplinas semipresenciais-cpa/2012. Na dimensão da pesquisa Mediação Pedagógica, o nível de satisfação dos alunos foi: 43,3% estão satisfeitos com os encontros e plantões presenciais; 46,3% com comunicação com a tutoria; 55,9% com o relacionamento tutor-aluno; 61% com domínio do conteúdo demonstrado pelo tutor; 49,2% com o estímulo do tutor; 54,2% com a participação e feedback da tutoria; 64,9% com informações sobre plantões e provas; 50,4% com a solução de dúvidas no ambiente virtual e 55% na solução de dúvidas no presencial; 55,3% nas respostas de dúvidas com explicações satisfatórias às dúvidas e 50,7% com as respostas de dúvidas no tempo apropriado. Vale ressaltar que 23,8% em média dos respondentes se dizem nem satisfeitos e nem insatisfeitos com os indicadores dessa dimensão.

10 5. Considerações Finais A tutoria e as competências requeridas pelo tutor são temas recorrentes da literatura em EaD, mas que estão longe de serem esgotados. O advento da quinta geração, na perspectiva de uma comunicação mais flexível e inteligente, confirma a necessidade de se continuar produzindo reflexões e ações nesse tema, sendo necessário revisitá-lo. A experiência da UNIGRANRIO demonstra que as IES devem procurar desenvolver modelos de EaD que tenham relação com a sua realidade. Nesse sentido é oportuno dizer que não existe uma receita pronta para a tutoria, mas uma experiência exitosa de EaD passa pela atenção com o investimento em formação da equipe, incluindo a capacitação de tutores. Os dados da pesquisa mostram que a mediação pedagógica é uma dimensão sensível do processo. Percebe-se no caso apresentado que o tutor demonstra competência em itens fundamentais como domínio de conteúdo bem como nos aspectos de relacionamento, mas fatores administrativos e de infraestrutura podem estar dificultando o nível de satisfação geral com a dimensão. Pesa ainda, a persistência na falta de posicionamento de uma parcela dos respondentes. Concluímos que estamos no caminho certo ao perseguirmos um modelo próprio de tutoria desenhado em competências e que somente o investimento contínuo em tecnologias, capacitação, avaliação e feedback produzirão os resultados desejados. Referências Bibliográficas CAMPOS, F.C.A., COSTA, R.M.E e SANTOS, N. Fundamentos da educação a distância, mídias e ambientes virtuais. Juiz de Fora: Editar, 2007. FORMIGA, Manuel Marcos Maciel. Aprendizagem além-fronteiras e EaD. In: LITTO, Frederic Michael; FORMIGA, Marcos (Orgs.). Educação a distância: o estado da arte. Volume 2. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. KRATOCHWILL, S. Avaliação da aprendizagem em uma perspectiva dialógica a partir do fórum on-line. In: Aprendizagem em ambientes virtuais. Porto Alegre: Mediação, 2009. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (Brasil). Referenciais de qualidade para a educação superior a distancia. Brasília, DF: SEED/MEC, 2007. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf. Acesso em: 16 abr. 2014. MORAN, José Manuel. Desafios na comunicação pessoal. As muitas formas de comunicar-nos. São Paulo: Paulinas, 2007.