LEGISLAÇÃO COMERCIAL E TRIBUTÁRIA AULA IV III FONTE DO DIREITO (continuação) 1.... 2.... 3.... 4.... 5. Formação das leis 5.1. Iniciativa atribuição de poder para elaboração das leis a pessoas ou órgão de forma em geral ou especial, como um deputado federal, um senador, a mesa da câmara federal, etc. 5.2. Aprovação Quando, por exemplo, um deputado federal apresenta um anteprojeto de lei, este recebe um número e passa a ser analisado pelas várias comissões da Câmara Federal, aprovado transforma-se em projeto de lei e vai a plenário (reunião dos deputados federais) para votação e aprovação ou rejeição. Se aprovado o projeto de lei em plenário vai para o Senado Federal, onde o projeto de lei será analisado pelas várias comissões para depois ir para aprovação em plenário. Aprovado o projeto de lei nas duas casas segue para a Presidência da República. Se a lei não for aprovada ela somente poderá ser apresentada para apreciação em nova legislatura. 5.3. Execução 5.3.1. Sanção e Promulgação O Presidente da República recebe o projeto de lei para execução, ou seja, para aprovação e/ou veto. Se sancionar (aprovar) a lei, mandará publicá-la. No ato da sanção o Presidente da República também está promulgando a lei, querendo dizer que está tornando-a obrigatória a todos os brasileiros após a publicação. 5.4. Veto Mas, o Presidente da República tem o poder de veto total ou parcial. Assim, se o Presidente da República vetar
(não aprovar) a lei em sua totalidade, a devolverá à casa de origem, que pode, reunida em Congresso Nacional, derrubar o veto presidencial e sancionar a lei, mandando publicá-la. O veto também pode ser parcial, apenas alguns artigos, parágrafos, incisos, ou alíneas da lei podem ser vetados. 5.5. Publicação A lei para ter vigência deve ser publicada, tornada pública, conhecida de todos, através do Diário Oficial. Uma vez publicada a lei ninguém pode escusar-se de cumpri-la, pois presume-se conhecida de todos. 6. Vigência da lei Publicada a lei diz-se que ela esta vigente. A vigência da lei é dividida pela doutrina em dois momentos diferentes, quais sejam: vigor e eficácia. 6.1. Vigor Com a publicação a lei já está em vigor, já integra (faz parte) o sistema jurídico. Assim, para ser retirada do sistema jurídico somente através de outra lei que a revogue. 6.2. Eficácia Eficácia quer dizer - a partir de quando a lei poderá ser aplicada. Existem três situações distintas para a aplicação da lei: a) A lei em um dos seus últimos artigos que entrará em vigor na data da sua publicação, isso quer dizer que: a lei terá vigor e eficácia simultaneamente, ou seja, após a publicação integrará o sistema jurídico (passará a fazer parte do sistema jurídico) e ao mesmo tempo terá eficácia (poderá ser aplicada desde a publicação). Lei de eficácia imediata. Ex.: Lei nº 8.866/1993 Lei das Licitações Art. 125. b) A lei, em um dos seus últimos artigos, fixa a data em que ela entrará em vigor, ou fixa um período após o qual entrará em vigor, querendo dizer que fixa a data ou um período após o qual terá aplicação. Lei de eficácia diferida Ex.: Lei nº 10.407/2002 Código Civil Art. 2.044. Lei nº 6.015/ 1973 Lei dos Registros Públicos Art. 298. C) A lei nada diz a respeito de quando terá eficácia ela entrará em vigor (terá eficácia) 45 dias após a publicação, conforme art. 2
1º do Decreto-Lei nº 4.657/1942 Lei de Introdução ao Código Civil. Ex.: Decreto-Lei nº 5.452/1943 Consolidação das Leis do Trabalho. 6.3. Revogação A revogação pode ser total ou parcial. Só a lei pode revogar outra lei. Mesmo quando o Supremo Tribunal Federal STF reconhece a inconstitucionalidade de uma lei, através de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADIN, este órgão do Judiciário Federal apenas suspende a eficácia da lei, ela não poderá mais ser aplicada, mas continua em vigor, integrando ainda o sistema jurídico. Para que essa lei que teve a inconstitucionalidade declarada saia, seja retirada, do sistema jurídico é necessário que outra lei a revogue. 6.3.1. Ab-rogação ou Abrogação É a revogação total da lei (de toda a lei) por outra lei. Ex.: Art. 2.045 do Código Civil CC/2002, que revogou expressamente a Lei nº 3.071/1916 Código Civil de 1916. 6.3.2. Derrogação É a revogação parcial da lei (de parte da lei) por outra lei. Ex.: Art. 2.045 do Código Civil CC/2002, que revogou parcialmente o Código Comercial Ccom (arts. 1º a 356 ou 1º/356). 6.4. Desuso A lei não perde seu vigor nem a sua eficácia por ter caído em desuso, por não ser mais usada. Exemplo disso é que no Código Civil de 1916, havia um artigo que previa a possibilidade de anulação do casamento caso o marido, na noite de núpcias, descobrisse que sua esposa não era mais virgem. Pois bem, em uma cidadezinha do interior de Minas Gerais, um rapaz casou-se e na noite de núpcias descobriu que sua mulher não era mais virgem. Entrou com o pedido de anulação do casamento na Justiça e este foi reconhecido, isso no ano 2000, muito embora não se usasse mais esse tipo de pedido de anulação de casamento, devido à mudança nos costumes. Ocorre que, o juiz, ao julgar o caso, afirmou que: 3
naquela cidade do interior de Minas, naquela sociedade específica, não era costume as pessoas terem relacionamento sexual antes do casamento, por isso, devido à moral naquela cidade, as moças costumavam casar-se sendo virgens. Com isso anulou o casamento, o que foi confirmado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. 7. Interpretação e Integração das Leis 7.1. Interpretar significar encontrar o verdadeiro sentido, aplicado esse significado à lei, quer dizer encontrar o que o legislador quis dizer ao elaborar a lei. O legislador, como ser humano que é, comete erros e acertos, como qualquer mortal, e às vezes vale-se de palavras de sentido dúbio. Mesmo que isso não ocorra, é necessário interpretar a lei para saber o que o legislador quis de fato regular com aquela norma jurídica. Vários são dos métodos de interpretação da lei, dos quais o jurista se vale para conseguir obter o verdadeiro significado do que a lei efetivamente regula, como por exemplo: o gramatical, onde se verifica o sentido das palavras utilizadas; o histórico, com o qual se verifica a razão de ser da lei naquele momento social; o teleológico, onde se busca o espírito da lei, o que efetivamente o legislador queria dizer; o sistemático, visando identificar se a lei se coaduna com as demais leis vigentes e se ela tem; o lógico, para verificar se a lei tem lógica e se está de acordo com a lógica do sistema jurídico vigente, etc. Mas, em última instância, o que interessa e obter o verdadeiro sentido da lei, interpretando-a da maneira mais apropriada em comparação com o sistema jurídico vigente. 7.2. A integração da lei busca preencher as lacunas que eventualmente existam, para tanto, utilizam-se três meios jurídicos para preenchimento dessas lacunas, são eles: a) a analogia; b) a equidade; c) os princípios gerais do direito. 4
Lacunas são falhas, brancos, da legislação, ou até falta de legislação que regule determinada questão. 7.2.1. Analogia Análogo significa: semelhante, ou seja, casos semelhantes devem ser observados e resolvidos pelo jurista de maneira semelhante. Podemos mencionar, por exemplo, o caso de mudança de nome e de sexualidade nos documentos de uma pessoa que se submetido à uma cirurgia visando essa mudança. Ora, hoje, no Brasil e no mundo, existem inúmeros casos de pessoas que mudaram de sexo e que pediram a alteração de seu nome e da sua sexualidade em seus documentos. No Brasil ainda não existe lei que permita essas alterações, mas o advogado pode pedir ao juiz que conceda a uma pessoa essa alteração, visando que ela não se submeta a situações vexatórias, já que, fisicamente, por exemplo, pode ser uma mulher, mas seus documentos pessoais mostram um nome masculino e sua sexualidade como sendo masculina. O juiz verificando o pedido que o advogado lhe faz em nome do seu cliente e analisando casos semelhantes que já tenham ocorrido no Brasil e no mundo, com auxílio da jurisprudência e da doutrina, dará uma solução para o caso, normalmente, autorizando a mudança de nome e de sexualidade, acompanhada a decisão de algumas cautelas para não prejudicar terceiros, como por exemplo, anotar à margem de seu assento de nascimento que houve a alteração da sexualidade. Com isso, o juiz estará cumprindo a finalidade do Estado que é a realização do bem comum, assim como a finalidade da lei que é tornar a sociedade feliz em seu convívio. 7.2.2. Equidade É bom sendo, o jurista, notadamente, o julgador, tem que ter bom senso ao julgar os casos que lhe são submetidos, principalmente quando ele está integrando o sistema jurídico por falta de lei. 5
7.2.3. Princípios Gerais do Direito São princípios que auxiliam o jurista na análise de um caso que lhe é submetido à apreciação. Por exemplo, ninguém pode transferir a propriedade de um bem que não lhe pertença, pois só o dono pode praticar esse ato, ou todos temos direito à felicidade, como no caso do julgamento da mudança de nome e sexualidade. Assim, esses princípios dão ao jurista um norte, um caminho para que ele possa aplicar o direito da maneira mais satisfatória possível. IV DIREITO CONSTITUCIONAL 1. Introdução Num passado não muito distante, os monarcas, reis e imperadores, tinham poder absoluto, dominavam suas terras e seus súditos com mão de ferro, impondo sua vontade de maneira exorbitante e descabida, sendo, por mais das vezes, senhores da vida e dos bens dos seus povos. Isso, com o passar dos tempos, começou a incomodar a nobreza, que, reunida sob os mesmos objetivos, passou a querer impor limitações ao poder dos soberanos. Com isso, em 1125, nas hostes de Fernando e Isabel, na Espanha e, em 1155, nas hostes de João Sem Terra, na Inglaterra a nobreza e os lordes, impuseram aos reis daquelas duas monarquias as primeiras constituições de que se têm notícia, visando limitar o poder dos monarcas. Assim, as primeiras constituições de que se têm notícias surgiram com o objetivo de impor limitações ao poder dos soberanos. Em França, Jean-Jacques Rosseau, nascido em Genebra na Suiça e radicado em Paris, na França, escreveu sua obra O Contrato Social, na qual, na realidade, escreve sobre a Constituição, não mais como limitativa dos poder tiranos dos reis, mas como meio de organização do funcionamento do próprio Estado. Ora, hodiernamente, essa é a verdadeira função da Constituição de uma Nação, a de organizar o funcionamento do próprio 6
Estado/Nação. Exemplo disso é a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que assim está organizada em seus 250 artigos e 1.376 subdivisões: 1.1. Título I Dos Princípios Fundamentais arts. 1/4; 1.2. Título II Dos Direitos e Garantias Fundamentais arts. 5/77; 1.3. Título III Da Organização do Estado arts. 18/43; 1.4. Título IV Da Organização dos Poderes arts. 44/135; 1.5. Título V Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas arts. 136/144; 1.6. Título VI Da Tributação e Orçamento arts. 145/169; 1.7. Título VII Da Ordem Econômica e Financeira arts. 170/192; 1.8. Título VIII Da Ordem Social arts. 193/232; e; 1.9. Título IX Das Disposições Constitucionais Gerais arts. 233/250. 7