PROPOSTA DE MUSICALIZAÇÃO DE LIDDY CHIAFFARELLI MIGNONE

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Transcrição:

PROPOSTA DE MUSICALIZAÇÃO DE LIDDY CHIAFFARELLI MIGNONE

Liddypertencia a uma família da alta sociedade paulista e seu pai, o conhecido pianista Luigi Chiaffarelli, mantinha em casa um ambiente musical constante. Casou-se pela primeira vez com o professor e compositor Agostino Cantu. O segundo casamento, com o compositor Francisco Mignone, motivou a mudança de Liddy para o Rio de Janeiro. Chegando ao Rio passou a lecionar Piano e Iniciação Musical.

Juntamente com Sá Pereira, LiddyMignone foi uma pioneira da Iniciação Musical no Rio de Janeiro. Os dois introduziram, esse curso, em 1937, no Conservatório Brasileiro de Música, na gestão de Lorenzo Fernandez. No ano seguinte, os dois se separaram e Sá Pereira instituiu o curso no Instituto de Música, hoje Escola de Música da UFRJ. Liddyacreditava que a Iniciação Musical deveria fazer parte da formação integral do indivíduo e que todos deveriam passar por essa experiência.

Em 1948 criou o curso de especialização em Iniciação Musical, formando os primeiros professores que iriam atuar nas escolas particulares e do governo. Em 1949, juntamente com Augusto Rodrigues da Escolinha de Artes do Brasil, realizou a Semana da Criança, com debates públicos sobre A criança e a Interpolação das Artes. Em 1950, foi criado o Centro para Estudo da Iniciação Musical. As atividades desse centro começaram em 1951. Em 1965, foi inaugurado o Festival Anual de Iniciação Musical; eram encontros que duravam uma semana inteira, realizados na ABI ou no MEC.

LiddyMignone valoriza muito a realidade do aluno, respeitando e procurando sempre compreender sua bagagem psicológica e emocional. Interesse pelos métodos (Dalcroze, Orff, Willems) de Educação Musical, além de permitir questionamentos a seu trabalho, o que não era muito comum naquela época. Para estimular a socialização das crianças, as atividades musicais eram realizadas através de brincadeiras, jogos, histórias, danças, bandinha rítmica (conjuntos de percussão), canto e movimentos corporais. Através da improvisação de ritmos e melodias, o aluno desenvolvia sua criatividade.

AS PRIMEIRAS NOÇÕES A SEREM DADAS Noções de dinâmica (f e p) e agógica(acelerando e retardando), aplicadas ao repertório do grupo. O folclore foi sempre utilizado. Exercícios de atenção. Cada grupo representa uma música. 1. Quando soar a música de um determinado grupo, este canta e se movimenta; caso contrário, permanece parado. 2. Através de fragmentos rítmicos: quando o fragmento de um grupo for executado, este bate palmas e pés.

Audição concentrada da música. Através desse exercício, levar o aluno à percepção dos andamentos inicialmente contrastantes. Vivência dos diversos andamentos e da agógica através de marchas. Vivência da dinâmica (f-p- crescendo diminuindo) sem mudança de andamento. Exercícios de atenção e ataque. Os alunos marcham contando 1-2 ao ouvirem o piano; quando este para, permanecem quietos, contando e batendo palmas.

Contagem oral dos tempos, visando à percepção dos valores proporcionais: A) Contam e batem palmas (quatro passos iguais). B) Contam e batem palmas no 1 e no 3. Seguram as mãos no 2 e 4 (dois passos mais lentos). C) Contam e batem palma no 1, Segurando as mãos no 2, 3 e 4 (passo muito lento).

NOÇÕES DE SILÊNCIO Batem palmas no 1 e no 3; levantam as mãos no 2 e no 4. Do mesmo modo, é introduzida a pausa de mínima e semibreve. Em seguida, iniciam-se os treinos de ritmos binários e ternários.

VIVÊNCIA DE VALORES 1. Crianças, lado a lado, representando cada uma um número ( ) Quando o professor bate palmas apenas no 1 e no 3, as crianças que simbolizam o 2 e o 4 ficam, respectivamente, atrás do 1 e do 3; 2. Utilizando somente as 3 figuras acima e seus respectivos silêncios, o professor distribui uma coleção de cartões representativos dos valores e inicia, através de palmas, o ditado rítmico. Depois que o aluno arruma seus cartões, o professor escreve no quadro de giz o ditado proposto.

A BANDINHA RÍTMICA E SUA PRINCIPAIS FINALIDADES 1. Educativa desenvolve e disciplina o ritmo, educa a atenção e dá coordenação motora. 2. Socializadora para se obter um bom resultado final, é necessária a participação integral de cada criança. 3. Artística na disposição e alternância de instrumentos e escolhas de repertório, é despertado o gosto. A bandinha é utilizada para acompanhamentos de músicas sem e com texto (para crianças alfabetizadas) e com partitura musical (para os musicalizados).

A relação do ser humano com a música, que tão marcadamente sobressaiu no trabalho da professora Liddy, pode ser constatada na observação feita ao final do seu Guia para o professor de recreação musical, nas páginas 57-58, no qual é colocada uma série de atitudes que devem ser evitadas. Encarar os alunos como seres humanos e não como números, dar-lhes o ensejo de receberem a música como se recebe um presente valioso, [...], que se transforma aos poucos em amigo, em companheiro inseparável. MIGNONE, LiddyC. Guia para o professor de recreação musical. Rio de Janeiro: s/ed., p. 57-58.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA MIGNONE, LiddyC. Guia para o professor de recreação musical. Rio de Janeiro: s/ed., PAZ, ErmelindaA. Pedagogia Musical Brasileira no Século XX, Metodologia e Tendências. Brasília: Editora MusiMed, 2000.