Aula 26 Poliedros. Objetivos. Identificar poliedros. Aplicar o Teorema de Euler

Documentos relacionados
Poliedros Teoria. Superfície Poliédrica é um conjunto finito de polígonos planos cuja disposição no espaço satisfaz as seguintes propriedades:

Poliedros AULA Introdução Denições

POLIEDROS AULA I. Prof. Elson Rodrigues, Gabriel Carvalho e Paulo Luiz Ramos

GEOMETRIA MÉTRICA. As bases são polígonos congruentes. Os prismas são designados de acordo com o número de lados dos polígonos das bases.

POLIEDROS: POLI = Muitos E EDROS = Lados Muitos lados.

Lista de exercícios 04 Aluno (a): Turma: 2ª série: (Ensino médio) Professor: Flávio Disciplina: Matemática

Colégio Adventista Portão EIEFM MATEMÁTICA Poliedros 2º Ano APROFUNDAMENTO/REFORÇO

1 POLIEDROS 2 ELEMENTOS 4 POLIEDROS REGULARES 3 CLASSIFICAÇÃO. 3.2 Quanto ao número de faces. 4.1 Tetraedro regular. 3.

Geometria Euclidiana II

Os Poliedros Platônicos. Por que existem só 5 sólidos platônicos?

Volume do dodecaedro e do icosaedro

Sólidos Geométricos, Poliedros e Volume Prof. Lhaylla Crissaff

Mat. Monitor: Roberta Teixeira

GEOMETRIA ESPACIAL TETRAEDRO HEXAEDRO OCTAEDRO DODECAEDRO ICOSAEDRO REGULARES RETO POLIEDROS OBLÍQUO PRISMA REGULAR IRREGULARES RETA OBLÍQUA PIRÂMIDE

Geometria Espacial: Sólidos Geométricos

Lista de exercícios 05. Aluno (a) : Série: 2º ano (Ensino médio) Professor: Flávio Disciplina: Matemática

Poliedros 1 ARESTAS FACES VERTICES. Figura 1.1: Elementos de um poliedro

ESCOLA DE APLICAÇÃO DR. ALFREDO JOSÉ BALBI UNITAU APOSTILA POLIEDROS PROF. CARLINHOS

GEOMETRIA MÉTRICA ESPACIAL

Poliedros. MA13 - Unidade 22. Resumo elaborado por Eduardo Wagner baseado no texto: A. Caminha M. Neto. Geometria. Coleção PROFMAT

Poliedross. ANOTAÇÕES EM AULA Capítulo 23 Poliedros 1.5 CONEXÕES COM A MATEMÁTICA

Poliedro de Escher (dodecaedro rômbico estrelado) (Jogos de Engenho S1 Laboratório de Educação Matemática) Parte 1:

MATEMÁTICA. Geometria Espacial

Prof. Márcio Nascimento. 1 de abril de 2015

Construção dos Poliedros: Cubo e Tetraedro e suas Aplicações

1ª Parte SÓLIDOS GEOMÉTRICOS. Prof. Danillo Alves 6º ano Matutino

Oficina MATEGAMI: a matemática do origami

FORMAÇÃO CONTINUADA EM MATEMÁTICA FUNDAÇÃO CECIERJ/ CONSÓRCIO CEDERJ PLANO DE TRABALHO MATEMÁTICA 2º ANO 1º BIMESTRE/2014 GEOMETRIA ESPACIAL

III REPRESENTAÇÃO DO PLANO. 1. Representação do plano Um plano pode ser determinado por: a) três pontos não colineares

PRISMAS E PIRÂMIDES 1. DEFINIÇÕES (PRISMAS) MATEMÁTICA. Prisma oblíquo: as arestas laterais são oblíquas aos planos das bases.

AULA 02 AULA 01 (D) 9. ITEM 01 No lançamento de um dado e uma moeda, qual é a probabilidade de se obter cara na moeda e face 5 no dado?

NDMAT Núcleo de Desenvolvimentos Matemáticos

Dupla Projeção Ortogonal. PARTE III REPRESENTAÇÃO DO PLANO 1. Representação do plano Um plano pode ser determinado por: a) três pontos não colineares

Figuras Geométricas planas e espaciais. Rafael Carvalho

MA13 Geometria I Avaliação

Exercícios de Matemática Poliedros

POLIEDROS REGULARES. São os poliedros cujas faces são polígonos regulares iguais entre si, e cujos ângulos poliédricos são todos iguais.

Geometria Espacial Profº Driko

Nome: Nº Ano: Turma: Disciplina: Professor: Data: / / GABARITO - LISTA DE REFORÇO MATEMÁTICA 2 0 ANO EF

Volumes (prismas e cilindros) Áreas (prismas e cilindros) Volumes (pirâmides e cones) Áreas (pirâmides e cones)

Colégio Adventista Portão EIEFM MATEMÁTICA Geometria Espacial 2º Ano APROFUNDAMENTO/REFORÇO

MATEMÁTICA - 3 o ANO MÓDULO 50 POLIEDROS

Pré-requisitos: noções básicas de geometria no plano e no espaço, a nível de 3º ciclo.

PLANO DE TRABALHO SOBRE GEOMETRIA ESPACIAL. H07 Relacionar diferentes poliedros ou corpos redondos com suas planificações.

U. E. PROF. EDGAR TITO - Turma: 2º ano A Prof. Ranildo Lopes Obrigado pela preferência de nossa ESCOLA!

Questão 1. Com base nas informações, qual é a quantidade de cores que serão utilizadas na pintura das faces do troféu?

Material Teórico - Módulo de Geometria Espacial 2 - Volumes e Áreas de Prismas e Pirâmides. Terceiro Ano - Médio

3º trimestre SALA DE ESTUDOS Data: 25/09/18 Ensino Médio 2º ano classe: Prof. Maurício Nome: nº

Geometria Descritiva. Revisão: Polígonos regulares/irregulares. Linhas e Pontos pertencentes a Faces/Arestas de Poliedros

Platão no País dos Canudinhos

singular Lista 1 de exercícios - Áreas das principais figuras planas e poliedros 3C17/27 - Prof.Liana (11/03/2016)

Hewlett-Packard PIRÂMIDES. Aulas 01 a 05. Elson Rodrigues, Gabriel Carvalho e Paulo Luiz Ramos

Chama-se poliedro a uma figura geométrica, a três dimensões, cujas faces são polígonos. Um poliedro regular é aquele em que as faces são polígonos

Módulo de Geometria Espacial I - Fundamentos. Poliedros. 3 ano/e.m.

V = 12 A = 18 F = = 2 V=8 A=12 F= = 2

Apostila de Geometria Descritiva. Anderson Mayrink da Cunha GGM - IME - UFF

DISCIPLINA SÉRIE CAMPO CONCEITO

Matemática - 3C12/14/15/16/26 Lista 2

GEOMETRIA ESPACIAL PROF. VALDIR AGUIAR

Poliedros / Prismas-2 s-2018-mat2

EXERCÍCIOS DE REVISÃO ENSINO MÉDIO 4º. BIMESTRE

Os Poliedros de Platão

Apostila de Matemática II 3º bimestre/2016. Professora : Cristiane Fernandes

GABARITO E PAUTA DE CORREÇÃO DO ENQ Questão 2 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ] Sejam a, b, p inteiros, com p primo.

Plano de Trabalho 2. Introdução à Geometria Espacial

Plano de Trabalho sobre Introdução à Geometria Espacial

Helena Alves Rafael Sousa Rui Pedro Soares

Posições relativas entre elementos geométricos no espaço

3º TRIMESTRE DE 2016

Geometria Espacial PRISMA RETO DE BASE TRIANGULAR (OU PRISMA TRIANGULAR)

INTRODUÇÃO À GEOMETRIA ESPACIAL

Exercícios de Revisão 1º Ano Ensino Médio Prof. Osmar

REGULARES POLIEDROS IRREGULARES

UNITAU APOSTILA PIRÂMIDES PROF. CARLINHOS

RELATÓRIO Data: , e

Matemática A. Outubro de 2009

Março/2013 CECIERJ CEDERJ PLANO DE TRABALHO 2. Introdução à Geometria Espacial Danielle Gomes Gioseffi - 0 -

PROPOSTA DIDÁTICA. 2. Objetivo(s) da proposta didática - Reconhecer o que é um sólido geométrico e suas características.

PROPOSTA DIDÁTICA. 3. Desenvolvimento da proposta didática (10 min) - Acomodação dos alunos, apresentação dos bolsistas e realização da chamada.

FÁTIMA HELENA COSTA DIAS. institucional: MATEMÁTICA NA ESCOLA, 2ª SÉRIE, 2º BIMESTRE. Tutor: Daiana da Silva Leite

Volume e Área de Superfície, Parte I

Durante a atividade Divida os alunos em duplas; 1 - Peça para que cada dupla inicie a atividade; 2 - Depois de reconhecer e classificar os tipos de fi

Formação Continuada em Matemática Fundação Cecierj/consórcio CEDERJ

Unidade 9 Geometria Espacial. Poliedros Volume de sólidos geométricos Princípio de Cavalieri

Geometria Espacial Elementos de Geometria Espacial Prof. Fabiano

ESTUDANDO POLIEDROS COM AUXÍLIO DE SOFTWARE EDUCACIONAL

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

Material Teórico - Módulo de Geometria Espacial 1 - Fundamentos. Poliedros - parte 1. Terceiro Ano - Médio

Material Teórico - Módulo de Geometria Espacial 1 - Fundamentos. Poliedros - parte 1. Terceiro Ano - Médio

ESI COLÉGIO NOSSA SENHORA AUXILIADORA Cascavel

Módulo Geometria Espacial II - volumes e áreas de prismas e pirâmides. 3 ano/e.m.

Professor Diego - Tarefa (UFJF MG) Observe, abaixo, uma imagem desse vírus que tem a forma de um sólido geométrico.

Matemática 2º Ano 3º Bimestre/2013 Plano de Trabalho 2 Pirâmides

FORMAÇÃO CONTINUADA EM MATEMÁTICA TAREFA 4 MARCIA LEPSCH FERREIRA BARCELLOS. Matemática 2º ano - 1º Bimestre. Grupo: 4

PLANTA BAIXA AULA 02 (parte I) Introdução ao Desenho Técnico (continuação) Escalas

Geometria Computacional

Material Teórico - Módulo de Geometria Espacial 2 - Volumes e Áreas de Prismas e Pirâmides. Volumes de Sólidos Semelhantes. Terceiro Ano - Médio

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO B

REVISÃO Lista 11 Geometria Espacial. para área lateral, total, V para volume, d para diagonal, h para altura, r para raio, g para geratriz )

Simulado enem. Matemática e suas Tecnologias. Volume 2. distribuição gratuita

Transcrição:

MÓDULO 2 - AULA 26 Aula 26 Poliedros Objetivos Identificar poliedros Aplicar o Teorema de Euler Introdução Nesta aula estudaremos outros exemplos de figuras no espaço: os poliedros Começaremos com a definição geral, dada a seguir. Definição 15 Poliedro é a reunião de um número finito de polígonos planos, chamados faces, tais que: cada lado desses polígonos é também lado de um, e apenas um, outro polígono; a interseção de dois polígonos quaisquer ou é um lado comum, ou é um vértice comum, ou é vazia. Cada lado de cada polígono é chamado aresta do poliedro, e cada vértice de cada polígono é chamado vértice do poliedro. Todo poliedro limita uma região do espaço chamada interior do poliedro. Também chamaremos de poliedro a união de um poliedro com seu interior. Como exemplos de poliedros, podemos citar todos os prismas e todas as pirâmides. A figura 172 apresenta outros exemplos de poliedros. (a) (b) (c) Fig. 172: Exemplos de poliedros. 149 CEDERJ

A figura 173 mostra exemplos de figuras que não são poliedros. C A G D B H K L J C A H D G B I L E F I E F J K (a) (b) Fig. 173: Exemplos de figuras que não são poliedros. O exemplo da figura 173(a) não é poliedro, pois a aresta BH é lado de quatro faces (DFHB, BHIK, BHJL e AGHB), não cumprindo, assim, a primeira condição na definição de poliedro. O exemplo da figura 173(b) não é poliedro, pois a interseção entre os polígonos DBGF e IJL é o segmento IG, que não é lado nem vértice do poliedro, não cumprindo, assim, a segunda condição na definição de poliedro. Teorema de Euler Na aula 6 definimos polígonos convexos. A noção de convexidade para polígonos, que são figuras planas, estende-se para poliedros, que são figuras no espaço. Definição 16 Um conjunto C do espaço é chamado convexo se, para quaisquer dois pontos A e B pertencentes a C, o segmento AB está inteiramente contido em C. Compare a definição acima com a de polígonos convexos da aula 6. Definição 17 Um poliedro é chamado convexo se o seu interior for um conjunto convexo. Voltando à figura 172, vemos que o poliedro 172(a) é convexo, enquanto os poliedros 172(b) e 172(c) não são convexos. Todos os prismas e pirâmides são poliedros convexos. O que faremos agora é contar o número de arestas, de vértices e de faces de alguns poliedros convexos. Para facilitar essa tarefa, usaremos as letras V, A e F para designar, respectivamente, o número de vértices, de arestas e de faces de um poliedro. CEDERJ 150

MÓDULO 2 - AULA 26 Consideremos, primeiramente, os prismas. Se cada base do prisma tiver n lados, então V = 2n, A = 3n e F = n + 2 e, assim, V A + F = 2n 3n + n + 2 = 2. Consideremos, agora, as pirâmides. Se o números de lados da base da pirâmide for n, então V = n + 1, A = 2n e F = n + 1, de onde se obtém que V A + F = n + 1 2n + n + 1 = 2. Para o poliedro da figura 172(a), temos V = 6, A = 12 e F = 8 e, portanto, V A + F = 2. Na verdade, para todo poliedro convexo, vale a relação V A + F = 2. Essa relação foi descoberta por Euler: Teorema de Euler Para todo poliedro convexo tem-se que V A + F = 2, onde V é o número de vértices, A, o número de arestas e F, o número de faces do poliedro. A fórmula de Euler V A + F = 2, válida para poliedros convexos, apareceu pela primeira vez em uma carta para Goldback em 1750. Existem várias provas para a fórmula. Na realidade, ela é válida para uma classe maior de poliedros: para saber se a fórmula vale para um determinado poliedro, imagine que ele seja feito de borracha. Se ao inflá-lo ele assumir a forma de uma esfera, então a fórmula de Euler é valida. Note que o poliedro da figura 172 b) não é convexo, mas satisfaz essa condição. A beleza do teorema acima está na simplicidade de seu enunciado. É claro que é muito fácil determinar V A + F para qualquer poliedro que nos for dado, mas não podemos esquecer que existem infinitos deles. Lembre-se de que uma regra só é aceita em Matemática se pudermos prová-la usando apenas o raciocínio lógico e os resultados já estabelecidos. Não faremos aqui uma prova do teorema de Euler. Ao leitor interessado, recomendamos A Matemática do Ensino Médio, Vol. 2, pág. 235. Lá se encontra uma prova que é praticamente a que foi publicada na Revista do Professor de Matemática, número 3, 1983, pelo professor Zoroastro Azambuja Filho. Para poliedros não convexos, a relação de Euler pode valer ou não. Para o poliedro da figura 172(b), por exemplo, tem-se V = 14, A = 21 e F = 9 e, portanto, V A + F = 2. Para o poliedro da figura 172(c), temos V = 7, A = 12 e F = 8 e, então, V A + F = 3. Nesse caso, a relação de Euler não vale. Um outro exemplo de poliedro para o qual não vale a relação de Euler está ilustrado na figura 174. 151 CEDERJ

O número V A + F é chamado característica de Euler, e, para poliedros como os que estamos estudando, vale a seguinte fórmula: V A + F = 2 2G, sendo G o número de túneis do poliedro (chamado gênero do poliedro). Para entender melhor o que queremos dizer com túneis, observe a figura 3 de um poliedro com um túnel (gênero 1). Fig. 174: Poliedro para o qual não vale a relação de Euler. Para esse poliedro, tem-se V = 16, A = 32 e F = 16 e, portanto, V A + F = 0. Estudaremos, agora, um tipo especial de poliedro, chamado poliedro regular. Poliedros regulares Definição 18 Poliedro regular é um poliedro convexo em que as faces são polígonos regulares congruentes e que em todos os vértices concorrem com o mesmo número de arestas. Como exemplos de poliedros regulares, temos o cubo (em que todas as faces são quadrados), o tetraedro regular (em que todas as faces são triângulos equiláteros) e o octaedro regular (em que todas as faces são triângulos equiláteros). Veja a figura 175. O cubo também é chamado de hexaedro regular. Repare que o nome de alguns poliedros está relacionado ao número de faces, por exemplo: tetraedro - quatro faces, octaedro - oito faces, etc. (a) (b) (c) Fig. 175: (a) Cubo, (b) tetraedro regular (c) octaedro regular. CEDERJ 152

MÓDULO 2 - AULA 26 Outros exemplos de poliedros regulares são o icosaedro regular (em que todas as faces são triângulos equiláteros) e o dodecaedro regular (em que todas as faces são pentágonos regulares). Veja a figura 176. (a) (b) Fig. 176: (a) Icosaedro, (b) dodecaedro. O resultado a seguir diz que os exemplos das figuras 175 e 176 são, na verdade, os únicos exemplos de poliedros regulares. Em sua demonstração, utilizaremos o teorema de Euler. Platão foi o primeiro matemático a provar que existem apenas cinco poliedros regulares. Platão 427 a.c. - 347 d.c., Atenas, Grécia Platão tem muitas contribuições na Filosofia e na Matemática. Contribuiu também para as artes: dança, música, poesia, arquitetura e drama. Ele discutiu questões filosóficas, tais como, ética, metafísica, onde tratou de imortalidade, homem, mente e realismo. Na Matemática, seu nome está associado aos sólidos platônicos: cubo, tetraedro, octaedro, icosaedro e dodecaedro. O dodecaedro era o modelo de Platão para o universo. Consulte: http://www-groups.dcs. st-nd.ac.uk/~history/ Mathematicians/platao. html Teorema. Existem apenas cinco poliedros regulares. Prova: Seja P um poliedro regular e seja p o número de lados de cada uma de suas faces. Seja q o número de arestas que concorrem em cada vértice de P (observamos que devemos ter p 3 e q 3). Se multiplicarmos o número de vértices de P por q, obteremos o dobro do número de arestas, pois cada aresta concorre em exatamente dois vértices. Assim, (I) 2A = qv Se multiplicarmos o número de faces de P por p, obteremos o dobro do número de arestas, pois cada aresta é lado de exatamente duas faces. Assim, (II) 2A = pf 153 CEDERJ

Substituindo (I) e (II) na relação de Euler V A + F = 2, obtemos (III) 2A q A + 2A p = 2 de onde se conclui que (IV) 1 q + 1 p = 1 2 + 1 A > 1 2 A desigualdade anterior implica que não podemos ter simultaneamente p > 3 e q > 3 (verifique isso!). Se p = 3, segue de (IV ) que 1 q > 1 2 1 3 = 1 6 de onde se conclui que q < 6. Logo, se p = 3, devemos ter q = 3, 4 ou 5. Da mesma forma, se q = 3, prova-se que devemos ter p = 3, 4 ou 5. Portanto, as possibilidades são: p = 3 e q = 3 p = 3 e q = 4 p = 3 e q = 5 p = 4 e q = 3 p = 5 e q = 3 Para determinar os poliedros possíveis, calcularemos o número de faces em cada possibilidade. Usando as equações (II) e (III), obtemos facilmente que Então, F = 4q 2p + 2q pq p = 3 e q = 3 F = 4 (tetraedro regular) p = 3 e q = 4 F = 8 (octaedro regular) p = 3 e q = 5 F = 20 (icosaedro regular) p = 4 e q = 3 F = 6 (hexaedro regular ou cubo) p = 5 e q = 3 F = 12 (dodecaedro regular) Q.E.D. CEDERJ 154

MÓDULO 2 - AULA 26 Resumo Nesta aula você aprendeu... O que são poliedros. O teorema de Euler. O que são poliedros regulares. Que existem apenas cinco poliedros regulares. Exercícios 1. Construa dois exemplos de poliedros não convexos para os quais vale a relação de Euler. 2. Construa um exemplo de poliedro em que V A + F = 2. 3. Você seria capaz de obter poliedros para os quais V A+F = 4, 6, 8,...? 4. Um poliedro convexo de onze faces tem seis faces triangulares e cinco faces quadrangulares. Determine o número de arestas e de vértices desse poliedro. 5. É possível construir um poliedro de doze faces com sete faces triangulares e cinco faces quadrangulares? Justifique! 6. Um poliedro convexo de 11 vértices possui faces triangulares, quadrangulares e uma face pentagonal. Se o número de faces triangulares é igual ao número de faces quadrangulares, determine o número de faces do poliedro. 7. Um poliedro possui seis faces triangulares, cinco quadrangulares, quatro pentagonais e duas hexagonais. Determine o número de arestas desse poliedro. 8. Prove que para todo poliedro valem as desigualdades 2A 3F e 2A 3V, onde V, A e F denotam, respectivamente, o número de vértices, o número de arestas e o número de faces do poliedro. 9. Prove que em todo poliedro convexo valem as desigualdades 3F A+6 e 3V A + 6. 155 CEDERJ

10. Um poliedro convexo possui seis faces triangulares, cinco quadrangulares, quatro pentagonais e duas hexagonais. Determine a soma dos ângulos internos de todas as faces desse poliedro. 11. Prove que a soma das medidas dos ângulos internos de todas as faces de um poliedro convexo é dada por S = 360(A F ). Sugestão: Numere as faces de 1 até F e denote por n 1 o número de lados da primeira face, por n 2 o número de lados da segunda face, e assim por diante. Use a fórmula que determina a soma dos ângulos internos de um polígono convexo para mostrar que S = 180(n 1 2) + 180(n 2 2) +... + 180(n F 2). Agora, observe que n 1 + n 2 +... + n F = 2A, pois cada aresta é lado de exatamente duas faces. 12. (U.MACK-1981) Um poliedro convexo tem 15 faces. De dois de seus vértices partem 5 arestas, de quatro outros partem 4 arestas e dos restantes partem 3 arestas. O número de arestas do poliedro é: a) 75 b) 53 c) 31 d) 45 e) 25 13. (CESGRANRIO-1984) Um poliedro convexo é formado por 80 faces triangulares e 12 faces pentagonais. O número de vértices do poliedro é: a) 80 b) 60 c) 50 d) 48 e) 36 14. Diagonal de um poliedro é qualquer segmento que une dois vértices que não estão na mesma face. Quantas diagonais possui o icosaedro regular? 15. (ESCOLA NAVAL-1988) Um poliedro convexo é formado por 10 faces triangulares e 10 faces pentagonais. O número de diagonais desse poliedro é: a) 60 b) 81 c) 100 d) 121 e) 141 16. Dê um exemplo de um poliedro convexo com dez arestas. 17. Determine o número de vértices e o número de faces de um poliedro convexo com dez arestas. 18. Descreva um procedimento que leve à construção de um tetraedro regular. Justifique. 19. Descreva um procedimento que leve à construção de um octaedro regular. Justifique. CEDERJ 156