III ª Bienal de Turismo Subaquático na Graciosa. Acidentes de mergulho Principais causas e medidas de prevenção. Óscar Camacho Director DAN Portugal

Documentos relacionados
Algumas controvérsias nos acidentes de mergulho: 1. Os riscos são diferentes para as mulheres. 4. Recompressão na agua

Apresentação do curso. PADI Distinctive Specialty. Mergulhador Científico

REGISTO BIOGRÁFICO CLÍNICO - PROJETOS SAÚDE EM DIA

Pânico no Mergulho. Março José Carlos Bragança Adjunto Comando CB Paço de Arcos PADI Assistent Instructor # EFR Instructor

Sou posso mergulhar?

SISTEMA CARDIOVASCULAR

O que é a obesidade? Nas doenças associadas destacam-se a diabetes tipo II e as doenças cardiovasculares.

SEJA COMPETITIVO, PROMOVENDO A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ACÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO

Recomendações de Atividade Física para crianças e adolescentes

Doenças Cardiovasculares. EB2/3 Mondim de Basto

Relevância Clínica da Síndrome Metabólica nos Indivíduos Não Obesos

DOENÇAS COM MAIOR MORTALIDADE EM PORTUGAL TEMA DE VIDA SAÚDE

ANO LETIVO 2013/2014. ESTUDO DO IMC (Índice de Massa Corporal) Avaliação Final

DEPARTAMENTO DE EXPRESSÕES

Apagamento no Mergulho Livre (Apnéia) Prof. Ms. Roberto Trindade Instrutor Trainer IANTD, PDIC, DAN, EFR. Consultor SOBRASA

DIMINUA O RISCO DE ATAQUE CARDÍACO E ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL CONTROLE A SUA TENSÃO ARTERIAL D I A M U N D I A L DA S AÚ D E 2013

Mergulho Profundo. José Carlos Bragança Adjunto Comando CB Paço de Arcos. Março EFR Instructor

Síndromes Coronarianas Agudas. Mariana Pereira Ribeiro

MAGNÉSIO DIMALATO. FÓRMULA MOLECULAR: C4H6Mg2O7. PESO MOLECULAR: 396,35 g/mol

VIVER BEM SEU RAMIRO JARBAS E AS DOENÇAS CEREBROVASCULARES DOENÇAS CEREBROVASCULARES

Mais Complicações no Enfarte com Supradesnivelamento de ST na População Diabética: Porquê?

M1-Noções Básicas de Saúde

Doenças do sistema Cardiorrespiratório

Acidentes de Trabalho e Sinistralidade

Saúde do Homem. Medidas de prevenção que devem fazer parte da rotina.

A Doença Cardiovascular e a Evidência da Consulta de Enfermagem

Hipertensão arterial, uma inimiga silenciosa e muito perigosa

III Jornadas do Potencial Técnico e Científico do IPCB

MEDICINA LEGAL. Traumatologia Forense. Energias Vulnerantes Físicas e Não Mecânicas (Parte XI) Prof. Thiago Jordace

Obesidade Como avaliar o Grau de Obesidade

Algoritmos aplicados na Medicina Desportiva

EDUCAÇÃO FÍSICA FUNDAMENTAL PROF.ª FRANCISCA AGUIAR 7 ANO PROF.ª JUCIMARA BRITO

Tema: Saúde Individual e Comunitária

Traumatologia. Energias Vulnerantes Físicas e Não Mecânica Parte 2. Profª. Leilane Verga

Acidente Vascular Cerebral (AVC)

Anexo III. Alterações às secções relevantes do resumo das características do medicamento e folheto informativo

Emergências Clínicas

Estudo de prevalência da hipertensão arterial, excesso de peso e obesidade no concelho de Vizela em

ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE

TUDO ISTO EXISTE TUDO ISTO É TRISTE TUDO ISTO É DOR.

Planificação anual de Saúde- 10ºano 2017/2018

A Pessoa com alterações nos valores da Tensão Arterial

OBESIDADE E ATIVIDADE FÍSICA

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

Síndromas Coronários rios Agudos: Factores de Bom e Mau Prognóstico na Diabetes Mellitus

VIGITEL BRASIL Hábitos dos brasileiros impactam no crescimento da obesidade e aumenta prevalência de diabetes e hipertensão

PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

CFI CENTRO DE FORMAÇÃO IBERÁFRICA CFI - CENTRO DE FORMAÇÃO IBERÁFRICA CONTROLO DE SOCORRISMO NÍVEL II

IMPLICAÇÕES DA CLASSE DE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E OBESIDADE ABDOMINAL NO RISCO E GRAVIDADE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM PORTUGAL

Framingham score for cardiovascular diseases among civil servantes,sao Paulo, 1998.[Portuguese]

Semana do Combate ao Colesterol 05 a 10 de abril

PADI DISCOVER SCUBA DIVING "BATISMO"

GUIA DE FUNCIONAMENTO DA UNIDADE CURRICULAR

Obesidade Infantil. O que é a obesidade

Risco Cardíaco no Exercício Físico

PROMOÇÃO DA SAÚDE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM FATIMA DO PIAUÍ.

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular EXERCÍCIO E SAÚDE Ano Lectivo 2010/2011

Adesão a um Programa de Reabilitação Cardíaca: quais os benefícios e impacto no prognóstico?

Rede Médicos Sentinela: instrumento de observação e investigação em saúde

RESUMO INTRODUÇÃO: Pessoas com sintomas de ansiedade apresentam maiores níveis de pressão arterial. A presença de ansiedade está associada com as

Serviço de Cardiologia, Hospital do Espírito Santo de Évora. Serviço de Cardiologia, Hospital Distrital de Santarém

Maio, Unidade de Cuidados na Comunidade de Castelo Branco. Hipertensão Arterial

Assistência Clínica na Urgência em debate na Reunião Aberta do Serviço

Introdução. (António Fiarresga, João Abecassis, Pedro Silva Cunha, Sílvio Leal)

Sistema muculoesquelético. Prof. Dra. Bruna Oneda

Estudo de caso de asma (adultos): Ana (22 anos)

Homem é aquele que sabe se cuidar

Certificação Joint Commission no Programa de Dor Torácica.

Segurança Alimentar e Obesidade

Relatório de Estágio Mestrado Integrado em Medicina OBESIDADE NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS. Marta Alexandra Araújo Oliveira da Silva

MELHORE A SUA VIDA CUIDE DO SEU CORAÇÃO!

Barriguinha Para que te quero?

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. Prof. Adélia Dalva

O SONO NA ADOLESCÊNCIA QUAL A SUA IMPORTÂNCIA?

Tromboembolismo Pulmonar Embolia pulmonar

Conheça fatores que causam trombose além da pílula anticoncepcional

Aula 2 : Avaliação pré participação em exercícios

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE EM CARDIOLOGIA DE INTERVENÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO AJUSTAMENTO PELO RISCO NA ANÁLISE DE RESULTADOS

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA GOVERNO REGIONAL SECRETARIA REGIONAL DOS ASSUNTOS SOCIAIS INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO DA SAÚDE E ASSUNTOS SOCIAIS, IP-RAM

Riscos Adicionais conforme NR-10

Os portugueses e o Colesterol Fundação Portuguesa de Cardiologia

MANUAL DE USO SOS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

GRUPO COPPA: ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR NO PATOLOGIAS ASSOCIADAS BRIGITTE OLICHON LUMENA MOTTA REGINA BOSIO

G L E Y D S O N G O M E S L I M A

SUMÁRIO. Língua Portuguesa

Emergências Médicas I

BIOMARCADORES e PROTOCOLOS de URGÊNCIA

DOCUMENTO ORIENTADOR PARA FORMAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DO EXERCICIO DA MEDICINA HIPERBÁRICA E SUBAQUÁTICA

Lisboa 6 de Setembro 2010

E APÓS UM INFARTO DO CORAÇÃO, O QUE FAZER? Reabilitação Cardiovascular

Obesidade - IMC. IMC em adultos (OMS) O que é o Índice de Massa Corporal?

PAA 13 (A) INSPECÇÕES E EXAMES MÉDICOS - TABELAS PARA O SERVIÇO NOS MERGULHADORES: - DETERMINAÇÃO:

Escola secundaria de Figueiró dos Vinhos Tema: Actividade física em populações especiais

Auditório das Piscinas do Jamor 20 e 21 de Outubro Corrida e Saúde

ATENDIMENTOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NA UPA E CORPO DE BOMBEIRO. Maria Inês Lemos Coelho Ribeiro 1 RESUMO

PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL E A RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL (RCQ ) E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) EM ESTUDANTES

Avaliação dos Programas de Saúde nos Cuidados de Saúde Primários

Avaliação do Índice de Massa Corporal em crianças de escola municipal de Barbacena MG, 2016.

Transcrição:

III ª Bienal de Turismo Subaquático na Graciosa Acidentes de mergulho Principais causas e medidas de prevenção Óscar Camacho Director DAN Portugal

Mortes em mergulho Taxa de mortalidade 1- / mergulhadores / ano Probabilidade de morte 2-3 / mergulhos Registos anuais de outras mortes acidentais CAUSAS Gansos Mortes Ano 2 Rolhas de Champanhe Queda de cocos 24 1 Eletrocutados por torradeiras 8 Canhotos (uso de produtos dextros)

Causas comuns de morte acidental em mergulho recreativo Revisão de 947 casos : 1992-23 Análise da causa Exemplo 1 Exemplo 2 Ficou sem ar FACTOR DESENCADEANTE Ficou preso Subida de emergência AGENTE INCAPACITANTE Ficou sem ar E.G.A. LESÃO INCAPACITANTE Asfixia Afogou-se CAUSA DE MORTE Afogou-se

Factor desencadeante O evento mais precoce identificado como causa de transformar um mergulho sem história numa emergência 4 4 3 2 1 41% ficam sem gás! Agente incapacitante Comportamento/circunstância perigosa que associado ao factor desencadeante leva á lesão 6 4 2 % Subida de emergência!

Lesão incapacitante Causa directa de a morte ou motivou que o mergulhador incapacitado fique susceptível a afogar-se 3 2 1 33% Asfixia! Causa de morte Confirmada pelo exame médico e pode ser a mesma que a lesão incapacitante 7 6 7% Afogamento! 4 2 Afogamento EGA Eventos cardiacos

Asfixia como lesão incapacitante Factor desencadeante Agente incapacitante Ficar preso 4% Gás insuficiente 32% Problemas de equipamento 1% Agua agitada 11% Gás insuficiente 62% Problemas de flutuabilidade 17% Subida de emergência 13% 4% estavam sozinhos Embolismo Gasoso arterial (EGA) como lesão incapacitante Factor desencadeante Agente incapacitante Gás insuficiente 63% Problemas de equipamento 17% Subida de emergência 96% Ficar preso 9% 4% estavam sozinhos

Eventos cardíacos como lesão incapacitante Factores desencadeantes e agentes e incapacitantes difíceis de documentar Dispneia, fadiga, dor torácica 63% Sintomas no ultimo mergulho % Inicio dos sintomas: Entrada de agua 26% Fundo 46% Após a subida 2% Autópsia: 6% com doença cardiovascular significativa mas sem lesão do miocárdio Trauma como lesão incapacitante Impacto contra as rochas Hélices de barcos Jet ski Ataque de tubarão Choque eléctrico

Perda de consciência como lesão incapacitante Mergulho profundo (>6 metros) Diabetes Convulsões (hiperoxia) Morte súbita (doença coronária) Associação significativa com diabetes DCS como lesão incapacitante Gas insuficente e subida de emergência Descompressão omitida por planeamento deficiente Morte por DCS devido a mergulho > 6 metros e Subida de emergência com descompressão omitida

Implicações para mergulhar em segurança O paradigma dos 4 eventos identificou vários factores desencadeantes e agentes incapacitantes A maioria das fatalidades associam-se a uma minoria de factores desencadeantes, agentes incapacitantes e factores intrínsecos São factores chave que identificados, a sua prevenção reduz a probabilidade de uma fatalidade FACTORES CHAVE Gás insuficiente Melhor manuseio no gas (planeamento) Fonte alternativa de ar Buddies de confiança Treino / formação Buddies de confiança Ficar preso Problemas de equipamento Nenhum componente foi dominante Buddies de confiança

FACTORES CHAVE Subida de emergência Fonte alternativa de ar Buddies de confiança 7% estavam sós Treino / formação Problemas de flutuabilidade Factores intrínsecos Doença cardiovascular e > 4 anos 6% apresentavam sintomas (dispneia, dor torácica, desconforto durante o mergulho) Porque acontecem os acidentes? Mergulhar além das características individuais: Experiencia Treino Certificação Qualificação Tecnologia Atitude

Porque acontecem os acidentes? Falta de rotina com os gestos e equipamento Treino insuficiente Sem pratica recente ou reciclada de gestos de emergência Sem ritual de checklist antes do mergulho Distribuição das fatalidades por idade 4 4 3 2 1-19 a 2-29 -39 4-49 -9 6-69 7-79 Idade média de 43 anos

Profundidade média do mergulho 4 4 3 2 1 6 m 6-1 m 1- > Profundidade média de 2 metros Índice de massa corporal

Classificação das fatalidades pelo IMC 4 4 3 2 1 saudaveis (18,- 24,9) Excesso de peso (-29,9) Obesos (-39,9) Obesidade morbida (>4) Classificação do peso na população de mergulho 6 4 2 PDE Lesao Morte Magros Normal Excesso peso Obeso

Numero mergulhos nos últimos 12 meses antes da fatalidade 4 4 3 2 1 menor 1 1 a 19 2 a 49 a a mais Numero de anos de mergulho desde a certificação 2 1 menor 1 1 2 3 4 6 a mais

Distribuição das mortes pela fase de mergulho 4 4 3 2 1 Fundo Superficie post mergulho Subida Descida Superficie pre mergulho Certificações das fatalidades 4 4 3 2 masculino Feminino 1 Open water Tecnico Avançado Alunos

Tipo de equipamento e gás respirado 9 8 7 6 4 2 Ar Nitrox Trimix Prevenção dos acidentes 1. Treino / Formação adicional 2. Experiencia 3. Prática 4. Planeamento antes do mergulho. Planeamento no local 6. O mergulho

Não voltem o ás regras de segurança