Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 7., 2010, Belo Horizonte Desempenho de cultivares de alface em cultivo de verão na região Campo das Vertentes de Minas Gerais Suelen Francisca Ribeiro (1), Marinalva Woods Pedrosa (2), Maísa Santos da Fonseca (3), Sanzio Mollica Vidigal (4), Paulo Márcio Norberto (5), Izabel Cristina dos Santos (6) (1) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG - São João del-rei, sussaribeiro@yahoo.com.br; (2) Pesquisadora EPAMIG - Prudente de Morais, marinalva@epamig.br; (3) Graduanda UFSJ - São João del-rei; (4) Pesquisador/Bolsista BIP FAPEMIG/EPAMIG - Viçosa, MG; (5) Bolsista Pós-Doc Júnior/FAPEMIG/EPAMIG - São João del-rei; (6) Pesquisadora EPAMIG - São João del-rei Introdução A alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça folhosa mais consumida em todo o mundo, sendo uma grande fonte de sais minerais, vitaminas e fibras. É cultura originária de região de clima ameno, mais melhorada e adaptada para o cultivo em diversas regiões. Com a especialização crescente do cultivo da alface e o crescimento do consumo dessa hortaliça, vêm sendo exigidos do produtor qualidade, quantidade e variedade de cultivares. Assim, a alface vem apresentando um aumento na escala de produção (SEDIYAMA et al., 2007). Nas Ceasas de Minas Gerais, de janeiro a setembro de 2009, foram 1.270 t de alface, sendo 98,1% desse volume proveniente do próprio Estado (CEASAMINAS, 2009). Uma característica dessa hortaliça é de ser, de modo geral, comercializada nas proximidades de onde é produzida, exceto nas regiões de clima desfavorável ao seu cultivo. Visando melhorias na produção e expansão da área produtiva, é crescente a oferta de novas cultivares pelas firmas produtoras de sementes. Com isso, estudos são necessários para avaliação da adaptabilidade dessas cultivares às diversas condições e ambientes de cultivo, pois diversos são os fatores ambientais que afetam o crescimento e o desenvolvimento da alface. Objetivou-se, com este trabalho, avaliar oito cultivares de alface para o cultivo na região Campo das Vertentes, em Minas Gerais, quanto ao desenvolvimento e produtividade em condições de verão.
EPAMIG. Resumos expandidos 2 Material e Métodos O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Risoleta Neves (FERN) Unidade Regional EPAMIG Sul de Minas (U.R. EPAMIG SM), em São João del-rei, MG, no período de 30/1/2009 a 30/4/2009. A Fazenda encontrase situada a, aproximadamente, 21 08 de latitude sul e 44 15 de longitude oeste. A altitude média é de 898 m, com temperatura média anual de 19,2 C. Os tratamentos foram constituídos por oito cultivares de alface: Lucy Brown, Gloriosa (americana); Vera e Pira Roxa (crespa); Regina 2000 e Vitória de Santo Antão (lisa); Mimosa Roxa (mimosa) e Romana. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com quatro repetições. O semeio foi realizado em bandejas de polipropileno de 200 células, utilizando substrato comercial. Aos 35 dias após o semeio (DAS), as mudas foram transplantadas para canteiros. As parcelas foram constituídas por quatro linhas de oito plantas, espaçadas de 0,30 x 0,30 m. Para a adubação de plantio, foram utilizados, por parcela de 2,88 m², 8,64 kg de esterco bovino curtido e 375 g de uma mistura de fertilizantes (0,7 kg de ureia + 12 kg de superfosfato simples + 2,5 kg de cloreto de potássio + 0,15 kg de bórax). Foram realizadas duas adubações de cobertura com a aplicação de 18,7 g de ureia por parcela (65 kg/ha) aos 14 e 28 dias após o transplantio das mudas (DAT). A irrigação foi realizada por microaspersão e a colheita feita de acordo com a característica de cada cultivar aos 41, 47, 49 e 55 DAT. Foram amostradas quatro plantas por tratamento avaliando-se: diâmetro da cabeça, peso da matéria fresca da parte aérea, número de folhas e o comprimento do caule das plantas. Os dados foram submetidos à análise de variância e teste Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão As cultivares apresentaram desempenho diferenciado, reflexo da interação entre cultivares e ambiente (Tabela 1). Em estudos realizados por Gualberto, Oliveira e Guimarães (2009), o ambiente foi indicado como sendo a principal fonte de variação, o que evidenciou comportamentos diferenciados das cultivares. Dessa forma, a cultivar Vera foi a que apresentou maior
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 7., 2010, Belo Horizonte 3 diâmetro de cabeça (40,2 cm), do grupo crespa. Os menores diâmetros foram observados nas cultivares Lucy Brown (22,3 cm) e Gloriosa (24,2 cm), ambas do grupo americana. Já as cultivares do grupo lisa apresentaram os maiores números de folhas por planta, destacando a Vitória de Santo Antão (39,5) e a Regina 2000 (38,2). O número de folhas é uma característica própria de cada cultivar, sendo que, geralmente, cultivares do grupo lisa apresentam maior número de folhas em relação aos outros grupos (OLIVEIRA et al., 2004). A cultivar Mimosa Roxa apresentou o maior comprimento de caule, diferindo apenas das cultivares Pira Roxa (5,2 cm) e Vitória de Santo Antão (5,9 cm). Deve-se considerar que o comprimento do caule pode ser utilizado para indicar a tolerância ao calor, no caso de cultivos de verão (OLIVEIRA et al., 2004). De acordo com Sala e Costa (2005), a cultivar Pira Roxa apresenta pendoamento lento nas condições de cultivo de verão. Assim, pode-se dizer que a cultivar Mimosa Roxa mostrou-se mais sensível às condições de cultivo. As maiores produções de massa fresca da parte aérea e produtividade foram observadas nas cultivares Lucy Brown e Gloriosa. Deve-se considerar que as cultivares do grupo americana apresentam elevada produção de massa fresca (YURI et al., 2005), característica própria das cultivares desse grupo. No entanto, a produção de massa fresca da cultivar Lucy Brown (490 g) foi inferior à observada por Yuri et al. (2005), igual a 559,3 g, para cultivo de setembro a dezembro e a 1.037,2 g para cultivo de fevereiro a maio. Assim, acredita-se que essas cultivares não puderam expressar todo o potencial produtivo e poderiam ter permanecido mais tempo no campo. As características número de folhas e produção de massa fresca da parte aérea, juntamente com a preferência de mercado consumidor, determinam a cultivar a ser utilizada em cada região. Conclusão As cultivares Lucy Brown, Gloriosa e Vitória de Santo Antão foram as que se mostraram mais adequadas e adaptadas na região Campo das Vertentes de Minas Gerais. A cultivar Mimosa Roxa mostrou-se a mais sensível às condições de cultivo.
EPAMIG. Resumos expandidos 4 Agradecimento À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), pelo auxílio financeiro ao projeto e pela concessão das bolsas PIBIC e BIC Júnior. Referências CEASAMINAS. Informações de mercado - procedência de produtos: alface. Belo Horizonte, 2009. Disponível em: <http://www.ceasaminas.com.br/ informacoes_mercado.asp>. Acesso em: 22 out. 2009. GUALBERTO R.; OLIVEIRA, P.S.R. de; GUIMARÃES, A. de M. Adaptabilidade e estabilidade fenotípica de cultivares de alface do grupo crespa em cultivo hidropônico. Horticultura Brasileira, Brasília, v.27, n.1, p.7-11, jan./mar. 2009. OLIVEIRA, A.C.B. de et al. Divergência genética e descarte de variáveis em alface cultivada sob sistema hidropônico. Acta Scientiarum. Agronomy, Maringá, v.26, n.2, p.211-217, 2004. SALA, F.C.; COSTA, C.P. da. PiraRoxa: cultivar de alface crespa de cor vermelha intensa. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.1, p.158-159, jan./mar. 2005. SEDIYAMA, M.A.N.; RIBEIRO, J.M.O.; PEDROSA, M.W. Alface. In: PAULA JÚNIOR, T.J. de; VENZON, M. (Coord.). 101 culturas: manual de tecnologias agrícolas. Belo Horizonte: EPAMIG, 2007. p.53-62. YURI, J.E. et al. Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.870-874, out./dez. 2005.
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 7., 2010, Belo Horizonte 5 Tabela 1 - Diâmetro da cabeça, número de folhas, comprimento do caule, massa fresca da parte aérea e produtividade de cultivares de alface - Fazenda Experimental Risoleta Neves da U.R. EPAMIG SM em São João del-rei, MG, 2009 Cultivar Diâmetro da cabeça (cm) Número de folhas Comprimento do caule (cm) Massa fresca da parte aérea (g/planta) Produtividade (kg/ha) Lucy Brown 22,3 e 30,1 c 6,7 ab 490,0 a 54,4 a Gloriosa 24,2 e 29,3 cd 6,2 ab 505,2 a 56,1 a Vera 40,2 a 23,3 e 6,4 ab 289,6 bc 32,2 bc Pira Roxa 34,4cd 23,8 de 5,2 b 197,9 c 22,0 c Regina 2000 36,2 bc 38,2 ab 6,4 ab 248,2 bc 27,6 bc Vitória de Santo Antão 38,3 ab 39,5 a 5,9 b 305,5 bc 33,9 bc Mimosa Roxa 37,7 abc 22,9 e 8,4 a 209,1 bc 23,2 bc Romana 31,9 d 33,8 bc 6,8 ab 328,2 b 36,5 b CV(%) 4,5 7,9 15,5 16,1 16,1 NOTA: Médias seguidas de mesmas letras, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. CV - Coeficiente de variação.