Palavras-chave: Oryza sativa, melhoramento de arroz, número ótimo de ambientes.

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1 NÚMERO ÓTIMO DE ANOS AGRÍCOLAS PARA AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE ARROZ IRRIGADO NO ESTADO DE MINAS GERAIS Antônio Carlos da Silva Júnior 1 ; Plínio César Soares 2 ; Iara Gonçalves dos Santos 3 ; Francyse Edite de Oliveira Chagas 4 ; Renato Domiciano Silva Rosado 5 ; Raphael de Paula Goncalves 6 ; Gabriel Nascimento Oliveira 7 ; Cosme Damião Cruz 8. 1 Mestrando em Genética e Melhoramento de Plantas. Bolsista CAPES. Universidade Federal de Viçosa, antonio.c.junior@ufv.br; 2 Pesquisador/Bolsista BIPTD FAPEMIG/EPAMIG Viçosa; 3 Mestranda em Genética e Melhoramento de Plantas. Bolsista CNPq. Universidade Federal de Viçosa; 4 Mestranda em Genética e Melhoramento de Plantas. Bolsista CAPES. Universidade Federal de Viçosa; 5 Pos-Doc em Genética e Melhoramento de Plantas. Bolsista CNPq. Universidade Federal de Viçosa; 6 Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG,Viçosa; 7 Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG,Viçosa; 8 Professor titular, Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq 1A. Resumo O objetivo desse estudo foi definir o número ótimo de anos agrícolas necessários para avaliação da produtividade de linhagens e cultivares de arroz irrigado no estado de Minas Gerais. O dimensionamento do número ótimo de ambientes é importante para otimizar a utilização de recursos. Neste trabalho, foram considerados 10 anos agrícolas (ambientes) e 9 genótipos, avaliando a produtividade de grãos de arroz irrigado. O método utilizado para definir o número ótimo de ambientes foi baseado no algorítmo de Lin e Binns. O ano agrícola 2007/2008 proporcionou a maior média geral (7681 Kg ha -1 ) e o de pior média foi o 2012/2013 (3741 Kg ha -1 ). Mesmo o genótipo de pior desempenho no ano agrícola 2007/2008 foi muito superior ao melhor genótipo do ano agrícola 2012/2013. Ao se estabelecer correlação em 70, 80 ou 90% da eficiência da discriminação genotípica com certo número de ambientes em relação a eficiência obtida com 10 ambientes, é possível excluir até quatro anos agrícolas. A escolha da magnitude da correlação, que expressa a eficiência da discriminação genotípica de uma rede experimental reduzida em relação a rede original, deve considerar a disponibilidade de recursos humanos e financeiros para condução dos experimentos em vários ambientes. Palavras-chave: Oryza sativa, melhoramento de arroz, número ótimo de ambientes.

2 Introdução O programa de melhoramento genético de arroz irrigado de Minas Gerais, do convênio entre a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Centro de Pesquisa de Arroz e Feijão), realiza inúmeros cruzamentos que geram elevado número de populações segregantes e, finalmente, grande número de linhagens (Junior et al., 2014). As avaliações dessas linhagens são realizadas em vários ambientes (anos e locais) durante o processo de melhoramento. O número ótimo de ambientes para avaliação de genótipos elites pode ser estimado visando maior aproveitamento de recursos. Portanto, com o dimensionamento desse número ótimo, pode-se inferir sobre quais ambientes poderiam ser excluídos ou mantidos em uma rede experimental e qual seria a implicação ao se reduzir o número de ambientes analisados, bem como observar a consistência da recomendação de genótipos (Boldt, 2011). Assim, o objetivo desse estudo foi definir o número ótimo de ambientes necessários para avaliação da produtividade de linhagens de arroz irrigado no estado de Minas Gerais. Material e métodos Os experimentos foram conduzidos nas Fazendas Experimentais da EPAMIG, durante dez anos agrícolas na época recomendada para o plantio em Minas Gerais. Foram utilizadas cinco linhagens: CNAi 9091, BRA 01330, BRA02691, BRA02706, BRA02708, além de quatro cultivares comerciais: Rio Grande, Ourominas, Seleta e Predileta. Os plantios ocorreram em solos de várzeas com irrigação por inundação contínua. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com três repetições, cujas parcelas foram constituídas de cinco fileiras de plantas de 5m de comprimento, espaçadas de 0,3 m entre si. A densidade de semeadura foi de 300 sementes m -2, as adubações de plantio e de cobertura foram realizadas de acordo com as exigências da cultura, assim como os demais tratos culturais. Avaliou-se a produtividade de grãos (Kg ha -1 ) de todos os genótipos. As análises estatísticas foram feitas utilizando-se o programa GENES (Cruz et al., 2013), considerando ano agrícola como ambiente.

3 Resultados e discussão Um processo de simulação combinando ambientes e utilizando o algorítimo de Lin e Binns (1998) para classificação do desempenho genotípico foi empregado para definição do número ótimo de anos agrícolas em relação à produtividade de grãos, por meio de combinações entre os 10 anos agrícolas considerando 2, 3 até 10 ambientes. Assim, foram realizadas análises com um total de 1013 combinações de ambientes. Quanto maior o índice do ano agrícola, mais favorável ele é para produtividade de grãos. Por esse critério, o ano 2007/2008 obteve a maior média geral (Tabela 1). Nesse ambiente, o genótipo que apresentou o valor máximo de produtividade de grãos foi BRA 02691(8138 Kg ha -1 ). Já o genótipo de pior desempenho, nesse mesmo ano agrícola, foi Ourominas, com produtividade de 7045Kg ha -1 (Tabela 2). O ano agrícola 2012/2013 proporcionou a menor média geral (Tabela 1). Nele, o genótipo com pior desempenho foi o Predileta (3321 Kg ha -1 ). Já o genótipo de melhor desempenho nesse ambiente foi o Seleta, com produtividade de 4634 Kg ha -1 (Tabela 2). Esses resultados podem ser explicados pelas condições edafoclimáticas que ocorreram nos diferentes anos agrícolas. Mesmo o genótipo de pior desempenho no ano agrícola 2007/2008 foi muito superior ao melhor genótipo do ano agrícola 2012/2013, mostrando a alta influência ambiental no desempenho produtivo dos genótipos. Tabela 1. Média da produtividade em cada ambiente, índice ambiental e produtividades máximas e mínimas para nove genótipos de arroz irrigado em 10 ambientes no estado de Minas Gerais. Ano Agrícola Média Ia 1 Máximo Mínimo 2004/ / / / / / / / / /

4 1 Ia: Índice ambiental - obtido pela diferença entre a média geral e a média em cada ambiente. Tabela 2. Média da produtividade de arroz irrigado de nove genótipos em 10 anos agrícolas no estado de Minas Gerais. Produtividade de Grãos ( Kg/ha) Linhagens e Cultivares 2004/ / / / / / / / / /2015 CNAi BRA BRA BRA BRA Testemunhas Ouro Minas Seleta Rio Grande Predileta Média A Figura 1 apresenta a dispersão gráfica das estimativas dos coeficientes de correlação entre os parâmetros Pi dos 9 genótipos, obtidos nas possíveis combinações dos ambientes, com os parâmetros obtidos ao se utilizar toda a rede experimental envolvendo 10 ambientes. O parâmetro Pi corresponde ao quadrado médio da distância entre a média do genótipo e a resposta média máxima obtida no ambiente (Boldt, 2011). Para cada combinação de ambientes, num total de 1013 análises, foi estimado um conjunto de parâmetro Pi representativo da adaptabilidade e estabilidade dos 9 genótipos de arroz. Uma correlação de 70%, mostra que os anos agrícolas 2011/2012, 2012/2013, 2013/2014 e 2014/2015 poderiam ser descartados sem que os resultados experimentais fossem alterados em relação ao obtido com a rede experimental original que demandou custos e mão de obra para mensurações em 10 ambientes. Já para uma correlação de 80%, três anos agrícolas (2012/2013, 2013/2014 e 2014/2015) poderiam ser descartados. No entanto, se o melhorista deseja maior rigor nos experimentos, a correlação de 90% poderia ser adotada e, nesse caso, somente um ano agrícola (2014/2015) poderia ser descartado. A escolha da magnitude da correlação, deve considerar a disponibilidade de recursos humanos e financeiros para condução dos experimentos em vários ambientes.

5 Figura 1. Dispersão gráfica das estimativas dos coeficientes de correlação entre os parâmetros Pi dos 9 genótipos de arroz, em nove tipos de combinações para a produtividade avaliada em 10 ambientes no estado de Minas Gerais. Conclusões O método da simulação, cujo critério de discriminação genotípica baseia-se no algorítmo de Lin e Binns, é eficiente para definir o número ótimo de ambientes para avaliação de produtividade de arroz irrigado. A interação genótipo x ambiente tem influência direta no desempenho de cada genótipo. O genótipo BRA apresenta produtividade alta em ambiente favorável. A escolha da magnitude da correlação define a quantidade de ambientes a serem descartados sem alteração dos resultados experimentais. Agradecimentos

6 À FAPEMIG pelo financiamento dos projetos de pesquisa em Melhoramento Genético de Arroz Irrigado em Minas Gerais e pela concessão de Bolsas BIC e BIPTD ao coordenador das pesquisas. Ao CNPq e CAPES pela concessão de bolsas de mestrado e de pos-doc em Genética e Melhoramento de Plantas da UFV. Referências Bibliográficas BOLDT, A. S. Diversidade genética, adaptabilidade e estabilidade de genótipo de soja no mato grosso F. Dissertação (Mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais CARGNIN, A., SOUZA, M.A. de, CARNEIRO, P.C.S. e SOFIATTI, V. Interação entre genótipos e ambientes e implicações em ganhos com a seleção em trigo. Pesquisa Agropecuária Brasileira 41: , CRUZ, C.D. GENES - a software package for analysis in experimental statistics and quantitative genetics.acta Scientiarum. v.35, n.3, p , 2013 JUNIOR, A. C. S., Soares, P. C., Cornélio, V. M. O., Reis, M. S., Marques, T. S.,: Desempenho de genótipos-elite de arroz irrigado em Minas Gerais: Safra 2012/2013. XI Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, Belo Horizonte-MG, 2 a 3 de Setembro, ROCHA, R. B., Muro- Abad, J. I., Araújo, E. F., Cruz, C. D.: AVALIAÇÃO DO MÉTODO CENTRÓIDE PARA ESTUDO DE ADAPTABILIDADE AO AMBIENTE DE CLONES DE Eucalyptus grandis. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 15, n. 3, p , 2005.