ENTRAVES AO DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

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Transcrição:

DECOMTEC - Departamento de Competitividade e Tecnologia ENTRAVES AO DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA Setembro de 2011

RANKING IC-FIESP 2011 GRUPO PAÍS NOTA RK GRUPO PAÍS NOTA RK Q1 Estados Unidos 90,0 1 ELEVADA Suíça 77,0 2 Noruega 75,0 3 Hong Kong 74,1 4 Cingapura 73,2 5 Coréia do Sul 72,8 6 Japão 71,4 7 Holanda 70,9 8 Suécia 69,8 9 Israel 69,5 10 Alemanha 69,4 11 Q2 Irlanda 69,1 12 SATISFA- Dinamarca 67,5 13 TÓRIA Finlândia 65,7 14 Bélgica 62,2 15 Canadá 60,9 16 França 60,3 17 Reino Unido 60,1 18 Austrália 59,7 19 Áustria 59,5 20 Nova Zelândia 58,2 21 Espanha 51,8 22 Q3 República Checa 49,7 23 MÉDIA Itália 47,1 24 Rússia 45,6 25 Hungria 45,1 26 Malásia 44,3 27 China 42,3 28 Portugal 41,5 29 Chile 38,8 30 Polônia 38,5 31 Argentina 37,5 32 Grécia 35,8 33 Q4 México 28,9 34 BAIXA Tailândia 28,3 35 Aumentou 0,5 ponto a nota em relação ao ano passado, mas manteve a posição África do Sul 25,5 36 Brasil 24,8 37 Filipinas 19,5 38 Turquia 18,3 39 Colômbia 18,2 40 Venezuela 15,0 41 Indonésia 11,1 42 Índia 9,6 43 2

Pesquisa FIESP identifica os principais problemas da competitividade brasileira. Os empresários do setor industrial assinalam a tributação, os juros/crédito, a qualificação da mão de obra e o câmbio e comércio exterior como as quatro principais barreiras para o crescimento da indústria paulista Ranking Barreiras Total Pequena Média Grande 1º Tributação 65% 64% 68% 64% 2º Juros e Crédito 11% 15% 10% 10% 3º Mão de obra 9% 11% 9% 9% 4º Câmbio e comércio exterior 4% 1% 4% 6% 5º Política industrial e inovação 3% 3% 4% 4% 6º Energia / Telecomunicações 2% 2% 3% 2% 7º Transportes 2% 1% 1% 2% 8º Ambiente legal / regulatório 2% 2% 1% 2% 9º Meio ambiente 1% 1% 1% 2% Fonte: Extraído da Pesquisa Barreiras para o crescimento da indústria paulista, FIESP. 3

Os diferenciais competitivos entre Brasil e China ajudam a explicar o diferencial de preço dos produtos. Em 2011: Carga tributária (% do PIB): 33,6% Juros real 1 : 34,0% Valorização cambial 2 : 74,6% Crédito (% do PIB): 49,1% Escolaridade média: 7,2 anos Carga tributária (% do PIB): 18,4% Juros real 1 : 5,81% Valorização cambial 2 : 31% Crédito (% do PIB): 131,1% Escolaridade média: 7,5 anos BRASIL CHINA 1 Juros para depósito, descontada a inflação, acrescido do spread. 4 2 Taxa nominal, Moeda local/us$, junho de 2004 a janeiro de 2012

O elevado consumo do governo brasileiro demanda uma carga tributária elevada para se sustentar. Q1 Países Competitivos Estados Unidos Suíça Noruega Hong Kong Cingapura Coréia do Sul Japão Holanda Suécia Israel Alemanha 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Países Selecionados (com renda intermediária e que mais avançaram no ranking de longo-prazo) Coréia do Sul 6 Israel 10 Rep. Checa 23 Rússia 25 Hungria 26 China 28 Polônia 31 Argentina México 32 34 11 Turquia 39 5

O elevado consumo do governo brasileiro demanda uma carga tributária elevada para se sustentar. AMBIENTE DE NEGÓCIOS Carga Tributária (% PIB) Cons. do Governo (% PIB) 24 BRA 20,8 20 Q1 19,7 16 SEL 15,2 36 32 28 24 20 BRA 34,9 Q1 31,5 SEL 25,3 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 12 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 Fontes: Banco Mundial, FMI, SCN e BCB; Elaboração: DECOMTEC/FIESP. 6 6

A carga tributária não condiz com a renda per capita dos brasileiros. Para corresponder ao seu nível de renda per capita, a carga tributária no Brasil deveria ser de 21,5% do PIB. A carga atual no Brasil é compatível a de países com PIB per capita mais alto, ex.:polônia, Portugal, Reino Unido, Espanha e Alemanha Carga tributária correspondente ao PIB per capita do Brasil: 21,5% do PIB Além disso, a carga não traz retornos sociais compatíveis, como, por exemplo, melhor nível de IDH 7 Fontes: IMD, WEO-FMI e IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.

A carga tributária na ind. transf. representa 40,3% dos preços. A tributação é muito elevada, e a burocracia para pagá-la representa 1,16% totalizando 41,46%. Burocracia Tributária Os custos das empresas industriais para se manterem em acordo com a legislação tributária é de 1,16% de seu faturamento, representando R$ 19,7 bilhões ao ano. Horas gastas no ano para pagar tributos (Banco Mundial, 2011): Brasil: 2.600 horas x OCDE: 207 horas Empresa média no Brasil precisou atender 3.207 normas tributárias (IBPT, 2008). A cada 26 minutos a Receita Federal cria 1 nova regra (Diário Oficial, 2010) Fontes: IBPT, 2008, Banco Mundial, 2010, Bertolucci, 2001 e Diário Oficial, 2010 8

Distribuição dos tributos em relação ao PIB de cada setor não é isonômica. Em 2010, os Tributos Federais e o ICMS responderam por 85,5% da arrecadação total (União, Estado e Municípios). A carga representa 40,3% do preço dos produtos industriais; ANO DE 2010 Setores % ARRECADAÇÃO % PIB Mais Tributados % Tributos >% do PIB Menos Tributados % dos Tributos < % do PIB Relação Tributos/PIB Indústria de Transformação 33,9% 16,2% 2,09 Comércio 16,3% 12,5% 1,30 Intermediação Financeira 13,3% 7,5% 1,77 SIUP 6,9% 3,2% 2,13 Informação 6,0% 3,2% 1,88 Outros Serviços 7,2% 14,3% 0,50 Administração Pública 7,1% 16,2% 0,44 Agropecuária 0,7% 5,3% 0,13 Transporte 3,4% 5,0% 0,68 Aluguéis 0,4% 7,8% 0,05 Construção 3,2% 5,7% 0,56 Extrativa 1,7% 3,0% 0,59 Os serviços públicos não são compatíveis com a carga. As empresas pagam 2 vezes; Além disso, as empresas pagam os tributos antes de receberem as vendas, exigindo capital de giro. Fonte: SCN/IBGE. RFB, CONFAZ, CEF. Elaboração DECOMTEC/FIESP dados de 2010. Tributos não considerados: Municipais e Estaduais exceto ICMS. Abrange 91% dos tributos federais. 9

Efeito dos tributos nos preços industriais Carga tributária da ind. de transformação representa 40,3% dos preços Estima-se em R$ 9,5 bilhões o custo do descasamento entre prazos de pagamento dos tributos e recebimento das vendas da ind. transformação (Ref. 2007, DECOMTEC) A exportação também é muito tributada: regras de desoneração não são cumpridas, e medidas de apoio são ineficazes Fonte: Carga Tributária na Indústria de Transformação (FIESP, 2010) O investimento é excessivamente tributado: 24,3% do seu custo é tributo 10

Grupos de tributos e impacto nos preços industriais Considerando efeitos diretos e indiretos (cumulativos), os tributos sobre a folha de pagamentos (Previdência + FGTS) correspondem a 6,7% do preço dos produtos da indústria de transformação Tributos sobre consumo e produção (IPI, ICMS, PIS/COFINS): 20,8% do preço dos produtos da indústria Tributos sobre a renda: 6,9% dos preços Outros Tributos: 5,8% dos preços (IOF, dentre outros) 11

Quando medidos em % do custo da mão de obra, o Brasil é campeão em encargos sobre folha de pagamento. Os encargos trabalhistas aumentam o custo da mão de obra, e, consequentemente, os custos de produção O problema é mais grave na indústria de transformação, que compete em mercados com escala global Encargos trabalhistas (% do custo da mão de obra industrial) XX XX Os encargos de nossos competidores são muito menores: 14,7% em Taiwan, 17% na Argentina e Coréia do Sul e 27% no México 12

Enquanto a defesa comercial tenta enfrentar a penetração de produtos subsidiados no país de origem, alguns Estados brasileiros, no sentido contrário, subsidiam as importações em detrimento do produto nacional. Evolução das importações de bens industrializados (em US$ FOB) Guerra dos Portos: Estados brasileiros subsidiam as importações Produtos importados ficam pelo menos 6,5% mais baratos que os nacionais 13

O consumo do governo demanda alta carga tributária e contribui para a alta taxa de juros. Isso e o spread bancário elevado determinam o alto custo de capital e limitada oferta de crédito na economia. AMBIENTE DE NEGÓCIOS Carga Tributária (% PIB) Cons. do do Governo (% (% PIB) 24 24 BRA 21,2 20 20 Q1 Q1 18,6 16 16 SEL 16,3 12 12 00 0001 0102 0203 0304 0405 0506 0607 0708 0809 0910 10 36 36 BRA 33,6 32 32 Q1 31,0 28 28 SEL 27,1 24 24 20 20 00 0001 0102 0203 0304 0405 0506 0607 0708 0809 0910 Juros p/ p/ depósito (% a.a.) 30 30 Investimento fixo (% PIB) 30 30 25 25 SEL 23,5 Q1 20,2 20 20 15 15 BRA 18,4 10 10 00 0001 0102 0203 0304 0405 0506 0607 07 08 09 10 20 20 BRA 9,8 10 10 SEL 4,8 00 Q1 1,2 00 0001 0102 0203 0304 0405 0506 06 07 08 09 10 Spread bancário (p.p.) 50 50 40 40 30 30 BRA 24,1 20 20 10 10 SEL 2,9 00 Q1 2,2 00 0001 0102 0203 0304 04 05 06 07 08 09 10 Crédito ao setor priv. (% PIB) 160 Q1 139,3 120 80 SEL 61,2 40 BRA 44,6 0 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 14 Fontes: Banco Mundial, FMI, SCN e BCB; Elaboração: DECOMTEC/FIESP.

O custo do capital de giro das empresas é elevado devido aos juros e ao spread. Os juros correspondentes ao nível de renda per capita do Brasil seriam de 10,5% a.a. 6,6 x A média dos juros dos outros 42 países é de 6% aa Juros correspondentes ao PIB per capita do Brasil: 10,5% aa Fonte: Bacen, IBGE (SCN 2000) e FMI. Elaboração: DECOMTEC/FIESP.

Os juros nominais líquidos (diferença entre o que o setor público paga e o que recebe em 12 meses) caiu de um auge de 9,6% do PIB para cerca de 5,7% do PIB em abril de 2011 (R$ 214 bilhões). Gastos em Educação = 5,3% do PIB Gastos em Saúde = 5,2% do PIB Investimento Público = 1,5% do PIB 16

Supondo que o valor da produção funcione como proxy do preço, o custo do capital de giro representou 7,5 % no preço dos produtos industrializados em 2011. INDÚSTRIA Custo do Capital de Giro no Preço 2007 e 2011 (até set.) (em %) Direto Indireto (cascata) Capital de Giro Outros Em 2011 o custo do capital de giro foi 7,5% do preço dos produtos industrializados Outros Capital de Giro Total 2011 Juro PJ: 2007 = 23,1% a.a. 2011 = 29,6% a.a. O alto custo do capital de giro afeta sobretudo as MPMI s Fonte: FIESP; elaboração FIESP. 17

Usando os parâmetros do Brasil de 2007, temos um custo de R$ 111,9 bilhões, distribuídos em duas partes: aquela referente à Selic, R$ 83,41 bilhões, e aquela referente ao spread bancário, R$ 28,50 bilhões. INDÚSTRIA Decomposição do custo do capital de giro 2007 e 2011 (até set.) (Em R$ bilhões de 2007) 2007 2011 Selic: efeito no custo de capital de 3 s mas também no capital próprio Spread bancário + 52,9% 34,8% - 2,1% 65,2% 1 2 1 3 2 4 3 Recursos Próprios Fonte: FIESP; elaboração DECOMTEC/FIESP. Recursos Onerosos Total Total 18

Elevados juros e spread encarecem e limitam o crédito, o que, combinado com alta e crescente carga tributária, desestimula o investimento em capital fixo (FBCF). AMBIENTE DE NEGÓCIOS Carga Tributária (% PIB) Cons. do Governo (% PIB) 24 BRA 21,2 20 Q1 18,6 16 SEL 16,3 12 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 36 BRA 33,6 32 Q1 31,0 28 SEL 27,1 24 20 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Juros p/ depósito (% a.a.) 30 Investimento fixo (% PIB) 30 25 SEL 23,5 Q1 20,2 20 15 BRA 18,4 10 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 20 10 0 BRA 9,8 SEL 4,8 Q1 1,2 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Spread bancário (p.p.) 50 40 30 20 10 0 BRA 24,1 SEL 2,9 Q1 2,2 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Crédito ao setor priv. (% PIB) 160 Q1 139,3 120 80 SEL 61,2 40 BRA 44,6 0 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 19 Fontes: Fontes: Banco Banco Mundial, Mundial, FMI, SCN FMI, e SCN BCB; e Elaboração: BCB; Elaboração: DECOMTEC/FIESP. DECOMTEC/FIESP.

Infraestrutura deficiente Classificação do Brasil entre 142 países 104º Geral 66º Telefonia celular 124º Procedimentos alfandegários 91º Ferrovias 122º Aeroportos 118º Estradas 130º Portos Fonte: Word Economic Forum- The Global Competitiviness Report 2011-2012 20

A Carga Extra devida às deficiências na infraestrutura logística do país representa um custo total (direto e indireto) de 1,8% do preço dos produtos da indústria de transformação. Carga Extra com logística na Indústria de Transformação (R$ e % do faturamento total) - Efeito Direto Indireto Direto Fonte: Pesquisa Toledo-FIESP e PIA/IBGE; Elaboração: DECOMTEC/FIESP 21

A tarifa de energia elétrica para a indústria no Brasil é uma das mais caras do mundo Tarifa de energia elétrica para a indústria (US$/MWh) Nossa elevada tarifa não se justifica pela matriz energética. O Canadá é o país que tem a matriz mais semelhante à do Brasil, mas sua tarifa é 64% menor Fonte: EIA - Energy Information Administration. Elaboração: DECOMTEC/FIESP

A valorização do real foi muito expressiva nos últimos anos (superior à da maior parte das moedas de outras economias importantes) Taxa Taxa de de Câmbio - Evolução em em relação relação ao ao Dólar Dólar Americano - jan/2000 jun/2004 a jan/2012 a jan/2012 200 180 160 140 120 100 80 base: 2000 = 100 Brasil Mexico EUA Coreia do Sul Chile Russia India China Africa do Sul Taxa nominal: R$/US$ 3,13 Valorização Brasil 74,6% China 31,0% Chile 28,6% Coreia do Sul 1,2% Russia -7,9% India -11,4% Mexico -15,7% Africa do Sul -19,8% 60 40 20 valorização: 74,6% Taxa nominal: R$/US$ 1,79 0 jun/04 dez/04 jun/05 dez/05 jun/06 dez/06 jun/07 dez/07 jun/08 dez/08 jun/09 dez/09 jun/10 dez/10 jun/11 dez/11 Fonte: FMI. Elaboração: DECOMTEC/FIESP

Em relação à indústria brasileira, o período de valorização cambial corresponde à queda do saldo comercial. - Valorização cambial - Queda das exportações líquidas de manufaturas

Câmbio: Índice BIG MAC The Economist Referência: poder de compra de um BIG MAC nos diferentes mercados, indica quanto a moeda local está apreciada ou depreciada ante o dólar. O Brasil tem a primeira moeda mais valorizada (ajustada pelo PIB per capita): 150%. Enquanto Rússia e China estão abaixo de 30% valorizadas e Índia desvalorizada.

O aumento da penetração dos importados fez com que, devido aos efeitos diretos e indiretos, a economia produzisse R$ 381 bilhões a menos. Isso significou 4,5 milhões de postos de trabalho que deixaram de ser gerados. Evolução do Coeficiente de Importação da Indústria de Transformação 10,5% 11,6%12,6% 20,4% 21,9% 18,3% 16,4% 16,6% 14,4% R$ 1,00 de aumento na produção da indústria de transformação eleva em R$ 2,22 a produção da economia. 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Aumento de 11,4p. p. no coeficiente, o que equivale a US$ 102,8 bi ou R$ 171,7 bi (efeito direto). Contando os efeitos direto e indireto em toda economia, isso significou R$ 381 bi a menos na produção Dessa forma, 4,5 milhões de empregos deixaram de ser gerados na economia 26

Os setores mais prejudicados são os de maior intensidade tecnológica. Entre 2006 e 2011, o déficit do setor de alta tecnologia aumentou de US$ 2,6 bilhões para US$ 6,9 bilhões e o de média-alta de US$ 0,1 bilhões para US$ 10,9 bilhões. Balança comercial por intensidade tecnológica - 1º trim.(r$ bilhões) 10.00 6.5 7.7 8.4 6.5 7.8 8.6 5.00 3.2-0.1 0.3 0.00 2006 2007 2008 2009 2010-0.3 2011-2.6-5.00-3.3-3.9-4.6 Alta tecnologia -6.2-10.00 Média alta tecnologia Média-baixa tecnologia Baixa tecnologia -15.00 Fonte: Protec; Elaboração: Decomtec/FIESP -6.9-10.9 27

A melhora recente nos investimentos em educação reflete-se lentamente em um proporcional aumento da alfabetização e escolaridade. AMBIENTE EDUCACIONAL Formação de Engenheiros (2009) Brasil 55.427 formados 7% dos formandos 2,9 a cada 10 mil hab. China 1.918.428 formados 36% dos formandos 14,4 a cada 10 mil hab. 28

Educação deficiente A melhora recente nos investimentos em educação ainda não se refletiu em um proporcional aumento da alfabetização e escolaridade, comprometendo a qualidade da mão de obra do país. No ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), de 65 países emergentes e desenvolvidos, o Brasil ficou em 53º lugar. No ranking do Fórum Econômico Mundial, a qualidade da educação básica coloca o Brasil em 127º lugar dentre 139 países. 29

Principais dificuldades para qualificar os trabalhadores Principais dificuldades para qualificar os trabalhadores Percentual sobre o total de empresas que tem dificuldade para qualificar os trabalhadores 30 Fonte: CNI. Sondagem Especial : Falta de Trabalhador Qualificado na Indústria. Abril de 2011.

Falta de trabalhadores qualificados por área/categoria profissional Falta de trabalhadores qualificados por área/categoria profissional Percentual sobre o total de empresas que tem problemas com a falta de trabalhadores qualificados Fonte: CNI. Sondagem Especial : Falta de Trabalhador Qualificado na Indústria. Abril de 2011.

À despeito do investimento em P&D no Brasil ser maior do que os países selecionados, é ineficiente na geração de patentes de residentes e nas exportações de alta tecnologia. AMBIENTE TECNOLÓGICO 32

Se o nível de corrupção percebida no Brasil fosse igual à cesta de países Selecionados: O PIB per capita brasileiro teria sido, em média no período (1990-2010), US$ 9.379, ao invés do valor observado de US$ 8.127. Um aumento de 15,5% (equivalente a 1,36% ao ano). Isto significa um custo médio anual de R$ 50,8 bilhões (equivalente a 1,38% do PIB, valores 2011) Parcela do Custo da Corrupção nas Contas Brasileiras Investimento (FBCF) Total 7,2% Investimento (FBCF) Público 1 73,7% Consumo Final Famílias 2,28% Consumo Final do Setor Público 6,53% Gasto Público em Educação 2* 26,0% Gasto em P&D (Público e Privado) 3** 88,0% Gasto Público em Saúde 4* 26,5% Gasto Público em Segurança 5** 91,2% Fontes: Ipeadata (IBGE/SCN 2000), 1 Gobetti (2010), 2 Inep (dados de 2007), 3 MCT (dado preliminar, 2008), 4 Datasus (2006), 5 Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2008). * Gasto do Governo Federal, Estadual e Municipal. ** Gasto do Governo Federal e Estadual. Países Selecionados: Coreia do Sul, Costa Rica, Japão, Chile, Espanha, Irlanda, EUA, Alemanha, Austrália, Canadá, Cingapura e Finlândia. Elaboração: DECOMTEC/FIESP. 33

Se o nível de burocracia no Brasil fosse igual à cesta de países Selecionados: O PIB per capita brasileiro teria sido, em média no período (1990-2010), US$ 9.496, ao invés do valor observado de US$ 8.127 um aumento de 16,9% (equivalente a 1,45% ao ano). Isto significa um custo médio anual de R$ 54,2 bilhões (equivalente a 1,47% do PIB, valores 2011) Parcela do Custo da Burocracia nas Contas Brasileiras Investimento Total 7,99% Gasto Privado em P&D** 266,42% Receita Líquida da Indústria de Transformação*** 2,44% Consumo Final Famílias* 2,43% *Dado de 2009. **Dado de 2008. ***Dado de 2007. Fontes: Ipeadata (IBGE/SCN 2000), MCT e PIA (IBGE).Países Selecionados: Coreia do Sul, Costa Rica, Japão, Chile, Espanha, Irlanda, EUA, Alemanha, Austrália, Canadá, Cingapura e Finlândia Elaboração: DECOMTEC/FIESP. 34

A indústria de transformação representava cerca de 27% do PIB em meados da década de 1980. Em 2011, essa participação caiu para 14,6%. PIB da ind. transformação (% do PIB) 27,2% Redução de 12,6 p.p. 14,6% Fonte: IBGE. Elaboração: DECOMTEC/FIESP.

Enquanto os países que cresceram o fizeram por meio da indústria num primeiro estágio e somente depois se desindustrializaram, o Brasil se desindustrializou precocemente e não conseguiu crescer. Participação da Indústria X Evolução do Crescimento 60% 50% China Indústria (% no PIB) 40% 30% 20% 70-74 70-74 Índia Brasil 05-09 Coréia do Sul 05-09 Japão Alemanha EUA 10% 0% 0 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 35,000 40,000 45,000 Fonte: Banco Mundial; Elaboração: DECOMTEC/FIESP PIB per capita (US$ PPC) -1970-2009

O Brasil pode acelerar seu crescimento se aumentar a participação da indústria de transformação no PIB. Os países que têm maior participação da indústria no PIB levaram menos tempo para dobrar o PIB per capita. Para dobrar a renda per capita em 15 anos a indústria de transformação deve passar de 15% para 25% pelo menos do PIB.

OPORTUNIDADES

A expansão das classes C, B e A nos últimos anos deve continuar. O país vem atravessando um momento bastante positivo em termos da redução da desigualdade e aumento da renda. Mobilidade Social Fonte: Banco Central do Brasil / FGV

1 se tornando um centro de consumo de magnitude global Share of the growth in total final consumption between 2010a-2020f Note: 2010 USD price level at fixed exchange rates Source: Euromonitor; Bain MTG Analysis, 2011

Mas sem indústria, quem vai atender o crescimento da demanda brasileira?? Como ser mais competitivo na produção para atender essa crescente demanda por produtos manufaturados e para gerar os empregos necessários à continuidade do crescimento?

Temos muitos desafios para consolidar a competitividade da indústria brasileira e existem oportunidades a serem exploradas... Pesquisa e Produção de combustíveis renováveis: empregos, tecnologia e meio ambiente Exploração sustentável dos recursos da biodiversidade: P&D, fármacos e empregos qualificados Exploração do pré-sal: investimentos, empregos, desenvolvimento de tecnologia, adensamento da cadeia de máquinas e equipamentos, refinaria e atração de IDE Aeroespacial: pesquisa de estruturas leves Processamento de alimentos destinados ao consumo humano e animal TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) e Fotônica (comunicação de dados efetuada usando a tecnologia de emissão, transmissão, controle e detecção da luz seja através de fibras ópticas, seja por meios optoeletrônicos) Copa do Mundo (2014), Olimpíadas (2016)

Propostas de Política Econômica e Industrial: Aspectos Fundamentais 43

Propostas de Política Econômica e Industrial: Aspectos Fundamentais Redução da Dívida Pública e da Taxa de Juros. Ampliação da Oferta e Redução do Custo do Crédito. Desvalorização da Taxa de Câmbio. Mudanças no Sistema Tributário: Simplificação; Maior Justiça Fiscal; e Isonomia Competitiva. Ampliação do Investimento Fixo: através de crédito e desoneração. Desoneração da Folha de Pagamentos. Readensamento das Cadeias Industriais (conteúdo nacional). Aprimorar a Legislação de Compras Governamentais. Ampliar Recursos e Incentivos Fiscais para a Inovação Tecnológica. Reduzir Custos nas Tarifas de Energia Elétrica. 44