Implementação da separação de resíduos sólidos em supermercados: uma estratégia de diferenciação

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Transcrição:

Implementação da separação de resíduos sólidos em supermercados: uma estratégia de diferenciação Veruschka Franca de Figueredo (FANESE) wilverf@uol.com.br Francisco Luiz Gumes Lopes (FANESE) flglopes@ig.com.br Anselmo Oliveira (FANESE) awa2000@uol.com.br Alberto Luís G. Duarte (FANESE) algduarte@msm.com.br Solierte Santos (FANESE) soliertesantos@ig.com.br Resumo O meio ambiente vem ganhando cada vez mais importância nas discussões empresariais, contribuindo para o desenvolvimento da política ambiental da empresa e utilizando esta como ferramenta de vantagem competitiva. O presente trabalho verificou, através da percepção ambiental dos gerentes e consumidores de supermercados da cidade de Aracaju como a separação de resíduos sólidos poderia contribuir para a competitividade da empresa. Os resultados mostraram que tanto os gerentes quanto os clientes destes supermercados, demonstraram uma forte conscientização de que atitudes que contribuam para uma menor agressão ao meio ambiente, podem servir de estratégia de diferenciação. Assim, existe um potencial de ganho de competitividade ao se fazer a separação dos resíduos sólidos. Palavras-chave: Meio ambiente, Resíduos sólidos, Estratégia. 1. Introdução As questões ambientais estão ganhando importância nas discussões empresariais à medida que a legislação está exigindo cada vez mais uma atitude ambientalmente responsável dos geradores de resíduos e os consumidores estão se tornando mais participativos nos aspectos relacionados ao meio ambiente. Nesse processo de mudança, antigos paradigmas estão tendo que serem revistos e abandonados. O melhor desempenho ambiental quase sempre leva a um melhor desempenho financeiro, contudo as ações ambientais pró-ativas são ainda limitadas. A atuação de agências governamentais e de ONGs no combate aos agentes poluidores tem tido um crescimento acentuado. A mídia, por sua vez, tem ocupado importante papel na divulgação de casos de agressão ambiental. Muitas vezes observa-se a existência de significativa relação entre desempenho ambiental e valor de mercado da empresa. Uma das explicações para isto está no crescimento das expectativas acerca do valor futuro da empresa decorrente de ganhos obtidos com programas ambientais. Os diversos segmentos produtivos estão incorporando os conceitos de gestão ambiental para aumentarem sua competitividade, gerarem produtos e serviços diferenciados e contribuírem para o desenvolvimento sustentável. Pode-se identificar a implementação da separação de resíduos sólidos em supermercados como parte de uma estratégia de diferenciação. Isto devido a importância deste setor na economia brasileira, por se tratar de um setor dinâmico que interage estreitamente com o consumidor e pela quantidade de resíduos sólidos que gera. ENEGEP 2003 ABEPRO 1

Segundo Hamel & Prahalad (1989), as empresas têm freqüentemente utilizado a política ambiental como ferramenta de vantagem competitiva. A realização desse estudo poderia contribuir para a formulação de programas ambientais que pudessem ser implementados nas empresas desse setor. Neste sentido, o objetivo do presente estudo é verificar, através da percepção dos gerentes e consumidores de supermercados, como a separação de resíduos sólidos poderia contribuir para a competitividade da empresa. Para identificação da percepção ambiental dos gerentes e consumidores de supermercados foi aplicado um questionário onde ambos opinaram dentro de uma escala de concordância do tipo diferencial semântica de sete pontos. O universo pesquisado foi 12 estabelecimentos de 04 diferentes redes de supermercados da cidade de Aracaju/SE, onde cada supermercado contou com a participação dos gerentes e consumidores, perfazendo um total de 16 e 58 questionários respondidos, respectivamente. 2. Resíduo Sólido Segundo a NBR 10004 (1987), resíduos são os materiais que se encontram nos estados sólidos e semi-sólidos e que resultam das atividades: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, serviços gerais e varrição. Dessa forma estamos interessados nos resíduos provenientes na atividade comercial exercida pelos supermercados. Os resíduos sempre foram considerados sobras inevitáveis, que precisam ser tratadas adequadamente para serem absorvidas pelo meio ambiente, com a mínima geração de impacto. Existem diferentes tecnologias disponíveis para tratamento e disposição de resíduos, cada uma mais adequada ao tipo de resíduo que está sendo gerado. É interessante intensificar a reciclagem que dispor os resíduos em aterros, pois na primeira opção está se dando uma nova utilização desses resíduos como matéria-prima em outros processos produtivos e na segunda os resíduos estão ocupando o solo e tornando essas áreas sacrificadas que poderiam ser utilizadas por outras atividades mais produtivas que a disposição de lixo. Caracterizar um resíduo é um fator importante para avaliar alternativas de tratamento e disposição. Os resíduos sólidos nos supermercados consistem, de um modo geral, em: plástico, papel, vidro, metal e material orgânico. Considera-se lixo todo o material descartado pelo supermercado, incluindo os resíduos sólidos citados e os não citados. A maior parte das mercadorias que são comercializados em supermercados vem acondicionada a granel em embalagens plásticas e de papel, contendo os produtos para venda direta ao consumidor. Um número representativo de supermercados já faz a separação de parte dos seus resíduos sólidos, principalmente, o papel e o plástico, que são encaminhados para reciclagem. O resíduo metálico e o vidro são pouco significativos, pois este tipo de resíduo só aparece quando o produto de venda direta é avariado. Dessa forma, os resíduos sólidos orgânicos provenientes do setor de hortifrutigranjeiro, que são restos de verduras, legumes e frutas que não estão em condições de vendas, perfazem um total de cerca de 70% do lixo. Foi verificado que os supermercados não fazem uma coleta seletiva do material orgânico, gerando um grande lixão que se destina ao aterro da cidade. Existe um potencial de ganho ambiental por meio da separação dos resíduos orgânicos para encaminhamento a compostagem. Este processo é uma das soluções alternativas para a minimização dos problemas causados pelo lixo. ENEGEP 2003 ABEPRO 2

Compostagem é a decomposição de resíduos orgânicos por ações biológicas, pela qual a matéria orgânica presente é convertida em outra mais estável, pela ação de microorganismos presentes no próprio resíduo orgânico. Segundo Dias e Vaz (1996) a decomposição dos resíduos orgânicos resulta num húmus que é utilizado como um ótimo recondicionador de solos. 3. Estratégia em Serviços Segundo Porter (1989), as empresas em geral podem adotar três tipos de estratégia competitiva: liderança em custos, diferenciação e foco. Uma empresa diferencia-se da concorrência, quando oferece alguma coisa que os compradores valorizam, além de oferecer simplesmente preço baixo. A estratégia de diferenciação busca alcançar vantagens pela introdução de um ou mais elementos de diferenciação dos produtos ou serviços. Quando uma empresa introduz algum produto diferenciado no mercado, é necessário que se utilize uma estratégia de comunicação e divulgação junto ao consumidor para facilitar a percepção e valorização da diferenciação (PORTER, 1991). Dentre os 7 passos de marketing recomendados por Lovelock e Young (1979) a utilização de novos procedimentos e o entendimento do comportamento do consumidor servem para aumentar a competitividade dos serviços. Kellog (1995), identificou a influência do consumidor como uma nova dimensão no processo de serviços e afirmou que o retorno contínuo da opinião dos consumidores determina a seleção, a seqüência e a velocidade da operação de serviços. Dessa forma é interessante se conhecer qual a percepção do cliente em relação às questões ambientais relacionadas com os serviços prestados pelos supermercados. 4. Análise dos resultados A Tabela 1 mostra o perfil sócio-econômico dos gerentes de supermercados entrevistados. Percebe-se uma predominância de gerentes do sexo masculino com 2 o grau completo e idade média de 29 a 50 anos. Variável Categorias Freqüência Percentual SEXO Masculino 14 87,5 % Feminino 2 12,5 % 18 28 anos 1 6,3 % IDADE 29 39 anos 8 50,0 % 40 50 anos 6 37,5 % > 50 anos 1 6,3 % 1 o Grau Incompleto 1 0,0 % 1 o Grau 13 0,0 % ESCOLARIDADE 2 o Grau Incompleto 1 0,0 % 2 o Grau 27 75,0 % 3 o Grau Incompleto 3 12,5 % 3 o Grau 13 12,5 % Tabela 1 Perfil sócio econômico dos gerentes dos supermercados ENEGEP 2003 ABEPRO 3

Os gerentes e clientes entrevistados opinaram dentro de uma escala de concordância do tipo diferencial semântica de sete pontos, onde 1 corresponde a baixíssima importância e 7 corresponde a extrema importância. A Figura 1 mostra os resultados referentes à percepção ambiental dos gerentes de supermercados. A pergunta 1, Como você avalia a preocupação ambiental para o ramo de negócios de supermercados?, evidencia que em torno de 50% classificaram-na como muito importante. Na pergunta 2, Você acredita que a preocupação ambiental no seu ramo de negócio é uma vantagem competitiva?, observa-se uma predominância de 75% dos entrevistados classificando-na como extremamente e muito importante. O resultado das perguntas 3, Caso surgisse em Aracaju um supermercado que usasse a propaganda de ser ecologicamente correto, como você avaliaria a eficácia desta propaganda para atrair clientes?, e a 4, Os seus clientes valorizariam o fato da sua empresa ter uma iniciativa de disposição do lixo orgânico para compostagem?, mostra que os gerentes de supermercados acreditam que uma atitude ecologicamente correta pode vir a atender as expectativas dos seus clientes. Uma observação que merece relevância trata-se da opinião dos gerentes dos supermercados não fazem parte das duas maiores redes da cidade de Aracaju, e que estão localizados na periferia da cidade. A percepção ambiental desses gerentes é muito baixa, demonstrando pouco interesse na separação de resíduos sólidos como uma atitude de diferenciação dos concorrentes. Isto pode ser verificado nos extremos na parte inferior do gráfico da Figura 1. Figura 01: Resultado da percepção dos gerentes de supermercados A Tabela 2 mostra o perfil sócio-econômico dos clientes entrevistados. Observa-se que não houve uma predominância nem de idade nem de sexo, pois foi interesse da pesquisa buscar um universo mais heterogêneo possível. Contudo, na escolaridade observa-se que a maior parte dos clientes tem até o 2 o grau completo. ENEGEP 2003 ABEPRO 4

Variável Categorias Freqüência Percentual SEXO Masculino 28 48,3 % Feminino 30 51,7 % 18 28 anos 15 25,9 % IDADE 29 39 anos 18 31,0 % 40 50 anos 14 24,1 % > 50 anos 11 19,0 % 1 o Grau Incompleto 1 1,7 % 1 o Grau 13 22,4 % ESCOLARIDADE 2 o Grau Incompleto 1 1,7 % 2 o Grau 27 46,6 % 3 o Grau Incompleto 3 5,2 % 3 o Grau 13 22,4 % Tabela 2 Perfil sócio econômico dos clientes A Figura 2 mostra os resultados referentes à percepção ambiental dos clientes de supermercados. Na pergunta 1, Quanto o fator preço determina você a escolher este supermercado?, houve pouca dispersão dos resultados, indicando que o fator preço continua sendo um dos principais determinantes de compra. Na pergunta 2, Se este supermercado fizesse uma separação dos seus resíduos, quanto isto seria significativo para você?, verificase uma grande dispersão dos resultados, porém 50% dos clientes classificaram-na como muito importante. O resultado da pergunta 3, Na sua opinião que importância teria para o meio ambiente selecionar o lixo orgânico?, observa-se pouca dispersão dos resultados onde mais de 50% classificam-na como extremamente importante. A pergunta 4, Se surgisse em Aracaju um supermercado que tivesse um preço competitivo e além disso fizesse uma separação do resíduo orgânico para compostagem, quanto isto determinaria a sua escolha?, indica que os clientes valorizam uma atitude ecologicamente correta por parte dos supermercados. Também são observados extremos na parte inferior do gráfico da Figura 2, ocasionados pelos clientes das lojas situadas na periferia da cidade. Isto mostra uma sintonia entre os gerentes destas lojas e os seus clientes. ENEGEP 2003 ABEPRO 5

Figura 02: Resultado da percepção dos clientes 5. Conclusão Os gerentes de supermercados, de uma forma geral, demonstraram uma forte conscientização de que atitudes que contribuam para uma menor agressão ao meio ambiente, podem servir de estratégia de diferenciação. Com relação aos clientes entrevistados verificou-se que as perguntas 3 e 4 apresentaram mais de 50% dos seus resultados indicando uma nítida tendência dos clientes em considerarem de extrema importância as questões ambientais. Portanto, existe um potencial de ganho de competitividade ao se fazer a separação dos resíduos sólidos, uma vez que os consumidores e os gerentes demonstraram uma forte percepção ambiental. É importante ressaltar que já existem alternativas de destino de resíduos não orgânicos, como a reciclagem, porém para os resíduos orgânicos pouco se tem oferecido para minimizar os impactos causados ao meio ambiente. Assim, torna-se interessante, tanto para os supermercados como para os seus clientes a coleta seletiva do lixo para uma posterior compostagem, porém para que isto se torne viável é imprescindível o desenvolvimento de um projeto de recebimento deste resíduo orgânico. Referências DIAS, S. M. F., VAZ, L. M. S. Métodos de monitoramento no processo aeróbico de compostagem. EEA/UEFS. Revista Sitientibus, Feira de Santana, n. 15, p. 233-240, 1996. HAMEL, G. & PRAHALAD, C. K. Strategic intent. Harvard Business Review 67, 1989. KELLOGG, D. L., & NIE, W. A framework for strategic service management. Journal of operations management. Vol 13, p. 323-337, 1995. LOVELOCK, C. H. and YOUNG, R. F. Look to consumers to increase productivity,. Harvard Business Review, vol. 57, n o 3 (May-June), pp. 168-178, 1979. NBR no 10004, CB 00155, ano 1987. Norma de Classificação Resíduos Sólidos. PORTER M. E. Vantagem competitiva: Criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro:Editora Campus, 1989. ENEGEP 2003 ABEPRO 6

PORTER, M.E. Estratégia competitiva: técnicas de análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:Editora Campus, 1991. ENEGEP 2003 ABEPRO 7