Mercado futuro para segurar preço. Óleo diesel expõe custo de produção



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Transcrição:

RUMOS DA SAFRA Mercado futuro para segurar preço Ainda pouco explorado pelo produtor, o mercado futuro se transforma num mecanismo cada vez mais interessante na comercialização da safra. Esse instrumento, segundo Pedro Loyola, da Federação da Agricultura (Faep), integra o tripé que garante uma agricultura economicamente sustentável e de menor risco. Os outros dois fatores seriam crédito competitivo e seguro agrícola. O economista reconhece, porém, que a ferramenta ainda é pouco usada. Não por falta de interesse, explica, mas porque é muito complexo operar esse mercado, que exige conhecimento sobre finanças. O produtor Ivo Arnt Filho, que administra as lavouras da família em Tibagi, na região dos Campos Gerais, está entre os poucos produtores do estado adeptos desse sistema de comercialização. Ele já vendeu 40% da soja que planta na safra 2006/07 para entrega e pagamento em abril, na colheita da safra. Arnt conseguiu travar o preço da saca em US$ 13,50. Um bom negócio, segundo ele, numa cotação acima da média histórica de US$ 11 a US$ 11,5. O mesmo aconteceu com o milho. Metade da produção já tem dono. O comprador vai pagar US$ 7 por saca a média histórica é de US$ 5,5 a US$ 6. A estratégia de Arnt é antecipar as vendas até cobrir os custos de produção. "Pago as despesas e aguardo o melhor preço para comercializar o restante da safra." No caso do milho, se confirmadas as projeções, o melhor resultado de Arnt não será no mercado futuro, mas na especulação. Número apurado pela Tendências Consultoria mostra a participação dessa modalidade de comércio nas exportações totais brasileiras. No acumulado dos últimos 12 meses (base setembro), o volume exportado somou US$ 130 bilhões enquanto os contratos fechados atingiram US$ 136,4 bilhões. Os exportadores estão vendidos, diz Nathan Blanche, analista da consultoria, referindose ao mercado futuro. RUMOS DA SAFRA Óleo diesel expõe custo de produção Para o analista Nathan Blanche, da Tendências Consultoria Econômica, o câmbio não é mais o principal problema do agronegócio brasileiro. Na sua avaliação, acontece o contrário: o dólar tem favorecido a atividade. Para reduzir os custos do setor, explica, é preciso desonerar o diesel e a tributação. O óleo combustível, segundo Blanche, é um dos exemplos que expõem a falta de competitividade do país. Enquanto aqui o litro do combustível custa, em méda, R$ 1,84, nos Estados Unidos o produtor paga R$ 1,40 e na Argentina, R$ 1,08. No Brasil, o diesel já representa 10% do custo operacional de produção. Outra distorção apontada pelo consultor está na operação portuária. Para embarcar uma tonelada de soja no porão de um navio, o custo brasileiro é de US$ 5,5, contra US$ 3,0 nos portos argentinos e norte-americanos. Mesmo assim, destaca Blanche, o agronegócio é responsável por 90% do superávit da balança comercial brasileira, que este ano deve fechar com um saldo entre US$ 43 bilhões e US$ 44 bilhões. O setor está pagando a conta da ineficiência de outros segmentos, que não são competitivos, diz o analista, que defende a desoneração a partir da redução da carga tributária.

ALTERNATIVA Lavouras para produção de biodiesel e etanol Como garantir e sustentar o preço das commodities agrícolas num cenário de aumento mundial da produção? Uma das respostas está na utilização do milho e da soja como combustí-vel renovável. Enquanto crescem no Brasil os investimentos em biodiesel que entre outras culturas tem na soja sua principal matéria-prima, os Estados Unidos começam a destinar parte significativa da produção de milho para a fabricação de etanol, ou álcool de milho. Pela legislação brasileira, é obrigatória a adição de 2% de biodiesel ao óleo até 2008 e 5% até 2013, gerando uma demanda de 800 milhões e 2 bilhões de litros de biodiesel, respectivamente, levando-se em consideração os atuais parâmetros de consumo de diesel, de 40 bilhões de litros por ano. Para França Júnior, da Safras & Mercados, 2007 será um ano de consumo elevado do grão para o fim combustível. Ele acredita que metade da demanda de biodiesel será atendida pela soja. Nos Estados Unidos, segundo Fernando Muraro, da AG Rural, a demanda de milho para produção de etanol deve saltar das 48 milhões de toneladas atuais para 80 milhões em 2010. Os norteamericanos têm 105 usinas em operação e outras 44 em construção. RUMOS DA SAFRA Milho sai do vermelho A soja continua sendo a principal aposta da produção agrícola, mas é no milho que o produtor vai sentir a grande virada em se tratando de rentabilidade na safra 2006/07. Só este mês, a cotação da saca de 60 quilos saltou de R$ 14,20 para R$ 16,50 no Paraná, no mercado disponível. O preço no balcão, pago ao produtor, é até R$ 2,5 menor. E a tendência de alta não pára por aí. Com base em dados de consultorias de mercado, Flávio Turra, da Ocepar, acredita que a cotação deve virar o ano entre R$ 17,30 e R$ 17,40, cerca de R$ 4 acima do preço praticado no começo do ano na faixa de R$ 13 a R$ 13,50. Há mais de 2 anos o agricultor vinha operando no vermelho, com um preço de venda abaixo do mínimo e também do custo de produção, fixado em R$ 14. Assim como a soja, o excedente do milho também teve redução. Os estoques internos caíram de 2,5 milhões em 2005 para 1,5 milhão de toneladas este ano. Para 2007, a previsão é de um estoque final de 500 mil toneladas, contra uma média histórica de 2 milhões de toneladas. Os estoques devem cair porque a próxima safra será menor e o Brasil tem uma produção muito ajustada à demanda. Pela estimativa de área, em 2007 o país deve produzir 40,4 milhões de toneladas, contra 42,4 milhões da safra em curso, para um consumo anual de 39 milhões de toneladas. Este ano também deve ser exportado mais milho. A previsão é fechar 2006 com 3,5 milhões de toneladas, quase quatro vezes as 900 mil toneladas embarcadas no ano passado. Com a entrada da próxima safra a partir fevereiro o preço deve recuar e se estabelecer entre R$ 15 e R$ 16. Ao longo do ano, conforme o desempenho da safrinha, a saca pode voltar a romper a barreira dos R$ 17, explica Turra. Fernando Muraro, da AG Rural Commodities Agrícolas, acredita que o preço do milho no Brasil também é favorecido pelo avanço da cotação do cereal na Bolsa de Chicago, que este mês superou a barreira dos US$ 2,76 por bushel (25,4 quilos), o que não acontecia há dois anos e meio. Estoque regulador Enquanto diminuem os estoques e aumentam os preços da soja e do milho, cresce a preocupação do setor produtivo em relação ao controle desse excedente de produção. A soja não oferece risco porque está em poder da iniciativa privada O problema é o milho, basicamente nas mãos do governo, que usa o estoque regulador para controlar o preço em situações de descompasso entre oferta e demanda. Esse instrumento também pode ser usado para segurar o preço e evitar a supervalorização do cereal.

PROJEÇÃO Tendência de estabilidade Para a Tendências Consultoria, a volatilidade do câmbio será cada vez menor. A projeção é de R$ 2,15 para dezembro deste ano e de R$ 2,13 para dezembro de 2007. Já a MB Associados projeta um fechamento a R$ 2,20 no final de 2006 e R$ 2,30 em dezembro de 2007. As estimativas levam em conta oferta e demanda de dólar e o desempenho da balança comercial. Diversos outros fatores têm interferido no câmbio. A crise da construção civil norte-americana elevou o dólar a R$ 2,37 em maio. Durante o escândalo do dossiê na campanha eleitoral no Brasil, a moeda norteamericana atingiu R$ 2,21.

Soja volta a ser rentável O quadro mundial continua sendo de superoferta, mas a Albari Rosa/Gazeta do Povo tendência para o mercado da soja é de recuperação a partir de 2007. Nem mesmo a safra recorde que está sendo colhida nos Estados Unidos quase 87 milhões de toneladas consegue derrubar a cotação do grão, que segue valorizado na Bolsa de Chicago, o ponto de partida na formação de preços da commodity. No mercado disponível (produto seco, limpo e em grandes volumes), a saca de 60 quilos tem a melhor valorização do ano e atinge R$ 31 no Paraná. Já o preço da soja no balcão valor recebido pelo produtor, é até R$ 2 menor. Produtor Ivo Arnt observa plantação de milho em Tibagi: um olho na lavoura e outro no mercado Os analistas alertam, no entanto, que o momento não sinaliza uma tendência para a safra 2006/07. Seria apenas uma reação extemporânea, provocada por uma série de fatores, entre os quais a redução no estoque de passagem no Brasil, que em 2005 era de 1 milhão de toneladas e agora não soma mais que 400 mil toneladas. Outra variável que ajuda a manter a soja em alta é o fato de os americanos estarem fazendo grandes investimentos em fundos de commodities, uma opção para diversificar e diluir os riscos das aplicações. Mas a valorização neste momento também não deixa de ser um indicativo de variação positiva para a atual safra em relação à anterior, quando a saca flutuou entre R$ 24 e R$ 26, explica Flávio Roberto França Júnior, analista da Safras & Mercados. A projeção da consultoria, que considera um câmbio na faixa de R$ 2,20 a R$ 2,25, é de uma cotação entre R$ 27 e R$ 27,5 para abril do ano que vem. Isso significa que, na época da colheita, a cotação no mercado interno deve acompanhar a paridade exportação, hoje entre US$ 12 e US$ 12,5, contra uma média histórica em Chicago de US$ 11,5. De acordo com França Júnior, uma realidade que cobre o orçamento e volta a dar rentabilidade ao agricultor. Ele acredita que, depois de dois anos de prejuízos, a soja inicia um novo ciclo: Em 2007 o produtor consegue sobreviver e pagar suas contas, para voltar a ganhar dinheiro em 2008. A análise considera uma planilha da Organização das Cooperativas (Ocepar) que aponta um custo variável de R$ 18,88 e operacional de R$ 25,27 por saca. O primeiro é basicamente o desembolso com insumos e operação de máquinas; o segundo inclui depreciação do maquinário e outros ativos. Flávio Turra, da gerência técnica-econômica da Ocepar, destaca que a relação de custo alto e preço baixo da safra anterior se inverte este ano. A sustentação de preço, no entanto, depende do desempenho das safra argentina e brasileira, que ainda estão sendo plantadas. Pelo menos três variáveis sustentam a tese da Safras & Mercados de uma produção melhor: o agricultor planta e deve colher com um câmbio igual ou ligeiramente melhor; o custo caiu e o desembolso com insumos é menor; e a previsão de clima é favorável, com a chegada do El Niño. Turra acrescenta à lista os leilões realizados pelo governo federal este ano, que viabilizaram o escoamento de 9 milhões de toneladas. Dívidas e custeio ainda comprometem a renda A previsão de melhor remuneração não significa, necessariamente, folga no orçamento do produtor. A rolagem de dívidas e o custeio da safra atual vão comprometer, se não integralmente, boa parte do resultado previsto com o aquecimento dos preços no mercado de milho e soja. Somente no Paraná, apenas pela carteira do Banco do Brasil, foram renegociados R$ 2,8 bilhões em dívidas das duas últimas safras e contratados mais R$ 1,8 bilhão de custeio para o plantio 2006/07. O valor renegociado tem prazo de cinco anos, mas com parcelas a vencer já em 2007,

quando também vencem os compromissos do custeio. Pedro Loyola, economista da Federação da Agricultura (Faep), faz um alerta e diz que o produtor precisa tomar um certo cuidado nesse sentido. Ele lembra do período em que a soja foi a mais de R$ 50 a saca e muitos não venderam a safra esperando preço melhor, o que não aconteceu. A lição que ficou, explica Loyola, é que o produtor precisa aproveitar as janelas de preço acima da média histórica para escoar sua produção. Coodetec inaugura unidade de milho em Paracatu (MG) A Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), com sede em Cascavel (Região Oeste), prepara-se para ampliar sua participação no concorrido mercado nacional de híbridos de milho. Na última sexta-feira, a cooperativa inaugurou a primeira etapa de sua unidade de produção de sementes de milho híbrido em Paracatu (MG). O projeto, programado para ser concluído até o final de 2008, demanda investimento total de R$ 20 milhões. Quando em plena operação, a unidade beneficiará 800 mil sacas de sementes por ano. No Brasil, as variedades Coodetec ocuparam, na última safra, 36,4% da área de trigo, 24,5% da área de soja e 4,5% da área de algodão. A participação no mercado nacional de híbridos de milho tem sido menos expressiva. Na última safra, cresceu de 1,5% para 2,5% do mercado nacional. Parque em Londrina será tema de concurso Um concurso nacional de arquitetura será organizado para escolher o projeto do plano diretor do Parque Governador Ney Braga, em Londrina (Norte do estado). O objetivo da Sociedade Rural do Paraná (SRP), entidade que administra o local, é ordenar e planejar as construções dentro do parque, com o intuito de utilizar ao máximo a área, criar condições de ampliar a geração de receita e propiciar maior valorização do patrimônio, construído em 60 anos de história da entidade. O parque abriga a maior feira agropecuária do estado, que este ano acontece de 5 a 15 de abril, com a expectativa de receber 800 mil visitantes. CÂMARA SETORIAL Feijão pode virar commodity Um dos principais alimentos da dieta do brasileiro, o feijão ganha um fórum permanente de discussão no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). É a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Feijão, que será instalada hoje, durante reunião na sala do Conselho Nacional da Política Agrícola (CNPA). Uma das metas do novo órgão consultivo do Mapa é abrir o mercado internacional para o produto, tornando-o uma commodity. O Paraná é o primeiro produtor nacional, à frente de Minas Gerais e Bahia. Exportação de frango recupera mercado As indústrias avícolas do Paraná terminaram setembro como líderes em volume de produção e exportação no Brasil. O destaque foi o crescimento dos embarques de produtos industrializados à base de carne de frango, que evoluiu surpeendentes 176,57% no ano saltando de 5.024.643 quilos para 13.896.748 quilos. Aliado à exportação da ave inteira e em cortes, o desempenho permitiu à indústria paranaense a conquista da liderança entre os estados brasileiros em volume embarcado. No acumulado do ano, foram 540.538.840 quilos. O Paraná, líder absoluto em produção, passa a responder por 27,63% do total da carne de frango exportada pelo Brasil. Historicamente, o estado divide o topo do ranking das exportações com Santa Catarina.

Fábrica da Purina no Paraná A Cargill Nutrição Animal-Purina investiu US$ 2,5 milhões na construção da fábrica de Cascavel (Região Oeste). A unidade, inaugurada na semana passada, é responsável pela produção de premixes vitamínicos e minerais para avicultura e suinocultura. Sua capacidade inicial de produção de premix é de 40 toneladas por dia, o que equivale a 200 mil toneladas/mês de ração completa. Segundo o gerente-geral da Purina, Vilson Simon, a empresa escolheu instalar a fábrica de premixes no município devido ao posicionamento geográfico e estratégico da cidade, o que facilita o atendimento logístico de empresas exportadoras de carnes, tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Troca de experiência entre jovens rurais De 6 a 17 de novembro ocorre no Brasil o I Intercâmbio da Juventude Rural, evento que busca promover troca de conhecimentos e maior integração entre organizações que realizam trabalhos sociais com os jovens do campo. Sete estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco) participarão da iniciativa. O objetivo é favorecer a integração de jovens rurais participantes de diferentes programas e/ou ações institucionais de desenvolvimento rural sustentável. No total, 79 pessoas entre jovens e educadores vão atravessar o país para discutir temas como agricultura familiar, agroindústria, crédito, projetos de investimento e atividades rurais agrícolas e não-agrícolas. Informações: www.institutosouzacruz.org.br