Teorema (Algoritmo da Divisão)



Documentos relacionados
Material Teórico - Módulo de Divisibilidade. MDC e MMC - Parte 1. Sexto Ano. Prof. Angelo Papa Neto

Corpos. Um domínio de integridade finito é um corpo. Demonstração. Seja D um domínio de integridade com elemento identidade

INE Fundamentos de Matemática Discreta para a Computação

Breve referência à Teoria de Anéis. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/ / 204

Monografia sobre R ser um Domínio de Fatoração Única implicar que R[x] é um Domínio de Fatoração Única.

Definição. A expressão M(x,y) dx + N(x,y)dy é chamada de diferencial exata se existe uma função f(x,y) tal que f x (x,y)=m(x,y) e f y (x,y)=n(x,y).

Teoria dos Números. A Teoria dos Números é a área da matemática que lida com os números inteiros, isto é, com o conjunto

8 8 (mod 17) e 3 34 = (3 17 ) 2 9 (mod 17). Daí que (mod 17), o que significa que é múltiplo de 17.

Por que o quadrado de terminados em 5 e ta o fa cil? Ex.: 15²=225, 75²=5625,...

(a) u D sse u d para todo o d D. (b) Qualquer associado de uma unidade é uma unidade. (c) Qualquer associado de um elemento irredutível é irredutível.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE MATEMÁTICA MESTRADO PROFISSIONAL EM REDE NACIONAL PROFMAT

Capítulo 1. x > y ou x < y ou x = y

Elementos de Matemática Finita

Computabilidade 2012/2013. Sabine Broda Departamento de Ciência de Computadores Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

a = bq + r e 0 r < b.

1 Base de um Espaço Vetorial

Uma lei que associa mais de um valor y a um valor x é uma relação, mas não uma função. O contrário é verdadeiro (isto é, toda função é uma relação).

MATEMÁTICA DISCRETA ARITMÉTICA RACIONAL (2/6) Carlos Luz. EST Setúbal / IPS Abril 2012

ficha 3 espaços lineares

Fórmula versus Algoritmo

, com k 1, p 1, p 2,..., p k números primos e α i, β i 0 inteiros, as factorizações de dois números inteiros a, b maiores do que 1.

Soluções das Questões de Matemática do Processo Seletivo de Admissão ao Colégio Naval PSACN

A ideia de coordenatização (2/2)

Åaxwell Mariano de Barros

Exercícios 1. Determinar x de modo que a matriz

Sobre Domínios Euclidianos

Dicas para a 6 a Lista de Álgebra 1 (Conteúdo: Homomorfismos de Grupos e Teorema do Isomorfismo para grupos) Professor: Igor Lima.

Parte 2. Polinômios sobre domínios e corpos

Algoritmo de Euclides Estendido, Relação de Bézout e Equações Diofantinas. Tópicos Adicionais

9. Derivadas de ordem superior

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PIBID-PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA PROVAS E DEMONSTRAÇÕES EM MATEMÁTICA

Universidade do Minho Departamento de Electrónica Industrial. Sistemas Digitais. Exercícios de Apoio - I. Sistemas de Numeração

Disciplina: Introdução à Álgebra Linear

Matemática. Disciplina: CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS. Varginha Minas Gerais

Capítulo 5: Transformações Lineares

Polos Olímpicos de Treinamento. Aula 2. Curso de Teoria dos Números - Nível 2. Divisibilidade II. Prof. Samuel Feitosa

QUESTÕES COMENTADAS E RESOLVIDAS

Estruturas Discretas INF 1631

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ UNESPAR CAMPUS DE UNIÃO DA VITÓRIA FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS - FAFIUV COLEGIADO DE MATEMÁTICA

Seqüências, Limite e Continuidade

Introdução à Teoria dos Números - Notas 4 Máximo Divisor Comum e Algoritmo de Euclides

¹CPTL/UFMS, Três Lagoas, MS,Brasil, ²CPTL/UFMS, Três Lagoas, MS, Brasil.

Bases Matemáticas. Aula 2 Métodos de Demonstração. Rodrigo Hausen. v /15

Só Matemática O seu portal matemático FUNÇÕES

Aplicações de Combinatória e Geometria na Teoria dos Números

Exercícios Teóricos Resolvidos

Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas Departamento de Matemática 3 a Lista - MAT Introdução à Álgebra Linear 2013/I

12. FUNÇÕES INJETORAS. FUNÇÕES SOBREJETORAS 12.1 FUNÇÕES INJETORAS. Definição

Códigos Lineares CAPÍTULO 4

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

Prof. Márcio Nascimento. 22 de julho de 2015

4 a LISTA DE EXERCÍCIOS Valores Próprios e Vectores Próprios Álgebra Linear - 1 o Semestre /2014 LEE, LEGI, LEIC-TP, LETI

Chapter Noções Preliminares

EXAME NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO GABARITO. Questão 1.

Erros. Número Aproximado. Erros Absolutos erelativos. Erro Absoluto

Todos os exercícios sugeridos nesta apostila se referem ao volume 1. MATEMÁTICA I 1 FUNÇÃO DO 1º GRAU

Aula: Equações polinomiais

Alguns Tópicos de Matemática Discreta. Ana Paula Tomás

a = bq + r e 0 r < b.

Códigos Reed-Solomon CAPÍTULO 9

1. Usando Linguagem Natural, descreva o algoritmo que resolve o seguinte problema:

94 (8,97%) 69 (6,58%) 104 (9,92%) 101 (9,64%) 22 (2,10%) 36 (3,44%) 115 (10,97%) 77 (7,35%) 39 (3,72%) 78 (7,44%) 103 (9,83%)

Álgebra Linear. Mauri C. Nascimento Departamento de Matemática UNESP/Bauru. 19 de fevereiro de 2013

Aplicações de Derivadas

é uma proposição verdadeira. tal que: 2 n N k, Φ(n) = Φ(n + 1) é uma proposição verdadeira. com n N k, tal que:

4.2 Produto Vetorial. Orientação sobre uma reta r

Capítulo 2: Transformação de Matrizes e Resolução de Sistemas

36 a Olimpíada Brasileira de Matemática Nível Universitário Primeira Fase

Funções algébricas do 1º grau. Maurício Bezerra Bandeira Junior

Os números inteiros. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/ / 51

ÁLGEBRA BOOLEANA. Foi um modelo formulado por George Boole, por volta de 1850.

INSTITUTO TECNOLÓGICO

Aula 5 - Matemática (Gestão e Marketing)

ALGORITMO DE EUCLIDES

Potenciação no Conjunto dos Números Inteiros - Z

Departamento de Matemática - UEL Ulysses Sodré. Arquivo: minimaxi.tex - Londrina-PR, 29 de Junho de 2010.

Conceitos e fórmulas

Notas de Cálculo Numérico

Vamos exemplificar o conceito de sistema posicional. Seja o número 1303, representado na base 10, escrito da seguinte forma:

Matemática para Ciência de Computadores

Probabilidade parte 2. Robério Satyro

Algebra Christian Lomp 2004

Vestibular 2ª Fase Resolução das Questões Discursivas

Lista de Exercícios 4: Soluções Sequências e Indução Matemática

Elementos de Matemática Finita

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL - MATEMÁTICA PROJETO FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA ELEMENTAR

Universidade Estadual de Santa Cruz. Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas. Especialização em Matemática. Disciplina: Estruturas Algébricas

Notas sobre a Fórmula de Taylor e o estudo de extremos

Conceitos Fundamentais

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE MATEMÁTICA 5 0 Encontro da RPM TRANSFORMAÇÕES NO PLANO

Princípio das casas de pombo

. Para que essa soma seja 100, devemos ter x donde 2x = 44 e então x = 22, como antes.

1 Módulo ou norma de um vetor

RESOLUÇÃO: RESPOSTA: Alternativa 01. Questão 03. (UEFS BA)

MATEMÁTICA 1 MÓDULO 2. Divisibilidade. Professor Matheus Secco

MA14 - Aritmética Unidade 4. Representação dos Números Inteiros (Sistemas de Numeração)

O Problema do Troco Principio da Casa dos Pombos. > Princípios de Contagem e Enumeração Computacional 0/48

OTIMIZAÇÃO VETORIAL. Formulação do Problema

4.1 Em cada caso use a definição para calcular f 0 (x). (a) f (x) =x 3,x R (b) f (x) =1/x, x 6= 0 (c) f (x) =1/ x, x > 0.

Múltiplos e Divisores- MMC e MDC

Transcrição:

Teorema (Algoritmo da Divisão) Sejam a e b números inteiros, com b > 0. Então existem números inteiros q e r, únicos e tais que a = bq + r, com 0 r < b. Demonstração. Existência: Consideremos S = {a bk k Z a bk 0}. Se 0 S, então b divide a. Fazendo q = a/b e r = 0 temos o pretendido. Suponhamos agora que 0 / S. Como 0 / S, temos que k Z, a bk, ou seja, b não divide a, donde a 0. Se a > 0, a b 0 S; se a < 0, a b(2a) = a(1 2b) S. Assim, pelo Princípio de Boa Ordenação, podemos afirmar que S tem um elemento mínimo, digamos r = a bq, para algum q Z. Assim obtemos que a = bq + r e r 0 (por definição de S), faltando provar que r < b. Suponhamos que r > b, então a b(q + 1) = a bq b = r b > 0. Deste modo a b(q + 1) S e a b(q + 1) < a bq, o que não pode ser, pois a bq é o elemento mínimo de S. Portanto, r b. Se r = b, então b = a bq, isto é, a b(q + 1) = 0. Assim 0 S o que contradiz a hipótese. Logo r < b. Unicidade de q e de r: Suponhamos que a = bq + r, com 0 r < b e a = bq + r, com 0 r < b. Podemos supor que r r. Temos que bq + r = bq + r, ou seja, b(q q ) = r r. Como b divide r r e 0 r r r < b, temos que r r = 0. Logo r = r e consequentemente q Álgebra (Curso de CC) = q. Ano lectivo 2005/2006 32 / 68

Os inteiros a e b referidos no teorema anterior designam-se por dividendo e divisor, respectivamente. Os inteiros q e r designam-se, respectivamente, por quociente e resto da divisão de a por b. Exemplo Para a = 27 e b = 6, o algoritmo da divisão dá 27 = 6 4 + 3. O algoritmo da divisão, para a e b inteiros positivos, pode ser descrito da forma seguinte. Algoritmo (Algoritmo da divisão) Input: dois números inteiros positivos a e b (a b) q 0; r 0; while (a q b b) do q q + 1; r a q b; fim; Output: dois números inteiros q e r tais que a = bq + r e 0 r < b Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 33 / 68

Exercício Escreva uma função GAP que efectue o algoritmo da divisão. Dados os inteiros positivos a e b deve devolver os valores de q e de r numa lista da forma [q, r]. Crie uma outra função que permita testar a função acabada de construir com valores gerados aleatoriamente (use a função RandomList). No GAP as funções QuoInt e RemInt permitem calcular, respectivamente, o quociente e o resto da divisão de dois números inteiros positivos. A função QuotientRemainder devolve uma lista com o quociente e o resto da divisão de dois números inteiros positivos. O operador mod calcula o resto da divisão de dois números inteiros quaisquer (sendo o divisor não nulo). gap> QuoInt(27,6); RemInt(27,6); 4 3 gap> QuotientRemainder(27,6); [ 4, 3 ] gap> 27 mod 6; 3 Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 34 / 68

Exercício Em Illinois (EUA) os últimos três dígitos da carta de condução são determinados pela fórmula: 31(m 1) + d + s, onde m é o número correspondente ao mês de nascimento, d é o dia de nascimento e s vale 0 se for homem e 600 se for mulher. Escreva um programa no GAP que, dados os três últimos dígitos de uma carta de condução emitida em Illinois, determine o sexo, o mês e o dia de nascimento do condutor. Teste o programa para os seguintes casos: 972 = 31 11 + 31 (mulher que nasceu em Dezembro, mês 12, no dia 31); 341 = 31 10 + 31 (número inválido); 001 = 31 0 + 1 (homem que nasceu em Janeiro, mês 1, no dia 1). Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 35 / 68

Definição (Máximo Divisor Comum) O máximo divisor comum de dois inteiros a e b não simultaneamente nulos é o maior de todos os divisores comuns a ambos. Vamos denotar este inteiro por mdc(a, b). Note-se que, se d divide a e b, então d também divide a e b. Assim, pretendendo encontrar o maior de todos os divisores comuns de dois inteiros, basta considerar divisores positivos, como se afirma na primeira parte da seguinte nota. Nota Sendo a e b inteiros não simultaneamente nulos, (i) mdc(a, b) = max{k N k a k b}; (ii) mdc(a, b) = mdc(b, a); (iii) mdc(a, 0) = a. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 36 / 68

No GAP a função DivisorsInt dá uma lista dos divisores positivos de um inteiro não nulo. Exemplo Determinação (pela definição) de mdc(16, 20) (fazendo uso do GAP): gap> D16:=DivisorsInt(16); [ 1, 2, 4, 8, 16 ] gap> D20:=DivisorsInt(20); [ 1, 2, 4, 5, 10, 20 ] gap> DC:=Intersection(D16,D20); [ 1, 2, 4 ] gap> Maximum(DC); 4 Exercício Construa uma função GAP para determinar o máximo divisor comum de dois números inteiros não simultaneamente nulos, com base na definição. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 37 / 68

Proposição (Euclides) Sejam a e b inteiros positivos e seja a = qb + r, com q, r Z e 0 r < b. Então mdc(a, b) = mdc(b, r). Demonstração. Para provar que mdc(a, b) = mdc(b, r) basta provar que {k N k a k b} = {k N k b k r}. : Se k a e k b, para algum k N, então k a qb = r. : Se k b e k r = a qb, para algum k N, então k a qb + qb = a. Exemplo Vamos determinar mdc(154, 105). 154 = 105 1 + 49 (mdc(154, 105) = mdc(105, 49)) 105 = 49 2 + 7 (mdc(105, 49) = mdc(49, 7)) 49 = 7 7 + 0 (mdc(49, 7) = mdc(7, 0)) Assim, mdc(154, 105) = mdc(105, 49) = mdc(49, 7) = mdc(7, 0) = 7. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 38 / 68

Este processo (designado por Algoritmo de Euclides) permite determinar mdc(a, b), a e b inteiros positivos, realizando divisões sucessivas de forma a encontrar uma sequência decrescente de inteiros r 1 > r 2 >... > r k tais que: a = bq 1 + r 1 0 < r 1 < b b = r 1 q 2 + r 2 0 < r 2 < r 1 r 1 = r 2 q 3 + r 3 0 < r 3 < r 2 r k 2 = r k 1 q k + r k 0 < r k < r k 1 r k 1 = r k q k+1 + 0 mdc(a, b) é igual a r k, o resto que antecede o resto nulo. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 39 / 68

Algoritmo (Algoritmo de Euclides) Input: dois números inteiros positivos a e b r 1 a; r 2 b; while r 2 0 do r 0 r 1; r 1 r 2; r 2 r 0 mod r 1; end; Output: r 1, o maximo divisor comum de a e b Exercício Construa uma função GAP que, dados dois números inteiros positivos, determine através do Algoritmo de Euclides o seu máximo divisor comum. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 40 / 68

Exemplo Vamos aplicar o Algoritmo de Euclides para determinar mdc(3150, 495). 3150 = 495 6 + 180 495 = 180 2 + 135 180 = 135 1 + 45 135 = 45 3 + 0 Resulta que mdc(3150, 495) = 45. As igualdades anteriores permitem escrever 45 como uma combinação linear de 3150 e 495: 45 = mdc(3150, 495) = 180 135 1 = 180 1 (495 2 180) = 3 180 1 495 = 3 (3150 6 495) 1 495 = 3 3150 19 495 = 3 3150 + ( 19) 495 Encontrámos inteiros x e y (x = 3 e y = 19) tais que mdc(3150, 495) = x 3150 + y 495. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 41 / 68

Teorema (MDC como combinação linear) Sejam a e b inteiros não simultaneamente nulos. Então existem inteiros x e y tais que mdc(a, b) = xa + yb. Além disso, mdc(a, b) é o menor inteiro positivo da forma xa + yb. Demonstração. Seja S = {ma + nb m, n inteiros e ma + nb > 0}. Como S é não vazio (se uma escolha de m e n faz ma + nb < 0, então substitui-se m e n por m e n, obtendo, assim, um elemento de S), o Princípio de Boa Ordenação diz que S tem um elemento mínimo, digamos d = xa + yb, onde x e y são inteiros. Vejamos que d = mdc(a, b). O Algoritmo da Divisão permite escrever a = dq + r, com 0 r < d. Vamos supor que r > 0. Assim, r = a dq = a (xa + yb)q = a xaq ybq = (1 xq)a + ( yq)b S, contradizendo o facto de que d é o elemento mínimo de S. Logo r = 0 e d divide a. De forma análoga prova-se que d divide b. Isto prova que d é um divisor comum de a e b. Resta provar que d é o menor divisor comum de a e b. Suponhamos que d é outro divisor comum de a e b. Então, para alguns g e h inteiros, a = d g e b = d h. Assim, d = xa + yb = x(d g) + y(d h) = d (xg + yh), portanto d é um divisor de d. Logo, d é o maior de todos os divisores comuns a a e b. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 42 / 68

Algoritmo (Algoritmo de Euclides - versão alargada) Input: dois números inteiros positivos a e b r 1 a; r 2 b; x 1 1; x 2 0; y 1 0; y 2 1; while r 2 0 do end; r 0 r 1; r 1 r 2; x 0 x 1; x 1 x 2; y 0 y 1; y 1 y 2; q QuocienteInteiro(r 0, r 1); r 2 r 0 q r 1; x 2 x 0 q x 1; y 2 y 0 q y 1; Output: inteiros x 1 e y 1 tais que r 1 = mdc(a, b) = x 1 a + y 1 b Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 43 / 68

Existem no GAP as funções GcdInt e Gcdex para determinar o máximo divisor comum de dois inteiros não simultaneamente nulos. Esta última, encontra os números necessários para escrever o máximo divisor comum como uma combinação linear. gap> GcdInt(2520,154); 14 gap> Gcdex(2520,154); rec(gcd:=14,coeff1:=3,coeff2:=-49,coeff3:=-11,coeff4:=180) No output da função Gcdex, coeff1 e coeff2 são os inteiros x e y necessários para escrever mdc(a, b) = xa + yb e coeff3 e coeff4 são inteiros m e n tais que 0 = ma + nb. No caso do exemplo, o output diz-nos que mdc(2520, 154) = 14, que mdc(2520, 154) = 2520 3 + 154 ( 49) e, ainda, que 0 = 2520 ( 11) + 154 180. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 44 / 68

Teorema (Caracterização do máximo divisor comum) Sejam a, b, d Z +. As afirmações seguintes são equivalentes: (i) d = mdc(a, b). (ii) d é um divisor comum de a e b tal que todo o divisor comum de a e b divide d. (iii) d é o menor inteiro positivo da forma xa + yb, com x, y inteiros, isto é, d = min{i N x, y Z : i = xa + yb}. Demonstração. (i) (ii) Seja d = mdc(a, b). Então d = xa + yb, para alguns inteiros x e y. Se c é um divisor comum de a e b, então c xa + yb = d. (ii) (i) Seja D um divisor comum de a e b tal que todo o divisor comum de a e b divide D. Como mdc(a, b) é um divisor comum de a e b, então mdc(a, b) divide D e, portanto, mdc(a, b) D. Por outro lado, D não pode ser maior que o máximo divisor comum de a e b. Logo, D tem que ser igual a mdc(a, b). (i) (iii) Já foi provado no teorema anterior. Na demonstração da proposição seguinte intervém (iii), isto é, o facto de mdc(a, b) ser o menor inteiro positivo que se pode escrever como combinação linear de a e b. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 45 / 68

Proposição Sejam a e b inteiros positivos. (i) Sendo n N, tem-se mdc(na, nb) = n mdc(a, b). (ii) Se d for um divisor comum positivo de a e b, então mdc ( a d, ) b d = 1 d mdc(a, b). Demonstração. (i) Existem x, y, r, s Z tais que mdc(na, nb) = xna + ynb e mdc(a, b) = ra + sb. Então, mdc(na, nb) = xna + ynb = n(xa + yb) n mdc(a, b). A outra desigualdade: n mdc(a, b) = n(ra + sb) = nra + nsb mdc(na, nb). (ii) Seja d um divisor positivo comum a a e a b. Utilizando (i) temos que mdc(a, b) = mdc `d a, d ` b d d = d mdc a,. b d d Quando mdc(a, b) = 1, os inteiros a e b dizem-se primos entre si. Proposição Sejam a, b e c inteiros, com a e b primos entre si. Se a bc, então a c. Demonstração. Tem-se bc = ka e ax + by = 1, para certos inteiros k, x, y. Assim, c = c 1 = c(ax + by) = cax + cby = cax + kay = a(cx + ky). Logo, a c. Álgebra (Curso de CC) Ano lectivo 2005/2006 46 / 68