ASPECTOS PRÁTICOS PARA UMA BOA MINERALIZAÇÃO DE BOVINOS 1

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Transcrição:

ASPECTOS PRÁTICOS PARA UMA BOA MINERALIZAÇÃO DE BOVINOS 1 SILVA, S.F. 2 ; CASETA, M. C. 3 1 Revisão bibliográfica realizada como parte da avaliação final para conclusão do curso de Pós-Graduação em Nutrição e Alimentação de Ruminantes, Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba (MG). 2 Pós-Graduando em Nutrição e Alimentação de Ruminantes, Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba (MG), e-mail: sergioferreira@zootecnista.com.br. 3 Especialista em Gestão do Agronegócio, REHAGRO Recursos Humanos no Agronegócio, Uberaba (MG), e-mail: mateuscontatto@yahoo.com.br RESUMO: A principal forma de criação de bovinos no Brasil é extensivo com os animais consumindo plantas forrageiras. Estas plantas são deficientes em alguns minerais, devido a isso, deve ser feito uma suplementação mineral para os animais no cocho para atender às exigências de cada categoria animal. Para a correção adequada e econômica desta carência é de suma importância o conhecimento preliminar dos diversos tipos de deficiências que ocorrem nos solos, nas plantas forrageiras e nos tecidos animais. A diminuição da taxa de crescimento, a baixa eficiência reprodutiva e a redução da produção de carne e leite são algumas consequências da carência de minerais. É importante o conhecimento da fonte, da disponibilidade biológica de cada mineral na fonte; além do que deve se conhecer a forma de fornecimento, localização dos cochos (números, disposição, altura e comprimento). É importante o manejo da suplementação para que a mistura mineral esteja sempre a disposição dos animais para consumo para que os mesmos consigam ter consumo para atender às exigências para o máximo de produtividade com a melhor relação beneficio custo. O objetivo deste trabalho é discutir os principais pontos para uma boa suplementação mineral de bovinos. PALAVRAS CHAVE: Deficiência Mineral, Disponibilidade Biológica, Níveis de Suplementação, Produtividade. PRACTICAL ASPECTS FOR PROPER DIGESTION OF CATTLE ABSTRACT: The main form of cattle in Brazil is extensive, with the animals consuming forages. These plants are deficient in some minerals and have to make a mineral supplement for animals in the manger to meet the requirements of each animal category. For proper correction of this deficiency and economic is of utmost importance the preliminary knowledge of the various types of deficiencies that occur in soil, forage plants and animal tissue. The decrease in growth rate, the low reproductive efficiency and reduce the production of meat and milk are some consequences of the lack of minerals. It is important to know the source of the biological availability of each source in the mineral; beyond what should know how to supply location of troughs (number, arrangement, height and length). It is important for the management of supplemental mineral mix that is always available for consumption of animals so that they are able Tues consumption to meet the requirements for maximum productivity with the best cost benefit. The aim of this paper is to discuss the main points for a good mineral supplement for cattle. KEY WORDS: Mineral Deficiency, Biological Availability, levels of supplementation, Productivity. INTRODUÇÃO O rebanho de gado de corte nacional é composto hoje por cerca de 190 milhões de cabeças das quais a grande maioria são criadas extensivamente e necessitam ser suplementadas. Entre os diversos fatores existentes responsáveis pela baixa produtividade do rebanho bovino brasileiro, as carências minerais e proteicas ocupam um lugar de destaque (ASBRAM, 2003). Diante da deficiência de alguns minerais na composição das plantas forrageiras, se faz necessário a suplementação dos animais que consomem, principalmente, as plantas tropicais (BALSALOBRE et al., 2012). A mineralização do rebanho brasileiro ainda é insatisfatória, estima-se que apenas cerca de 60% do rebanho total receba algum tipo de suplementação. Contudo, desde a década de 60 70 o quadro vem melhorando, essa época ainda existiam inúmeros casos de cara inchada, a qual está associada à deficiência de cálcio (LOPES, 1998). A diminuição da taxa de crescimento, a baixa eficiência reprodutiva e a redução da produção de carne e leite são algumas consequências da carência de nutrientes, majoritariamente minerais. Para a correção adequada e econômica destas carências é de suma importância o conhecimento preliminar dos diversos tipos de deficiências que ocorrem nos solos, e nas plantas forrageiras e nos tecidos animais (MORAES, 2001). A suplementação mineral de bovinos tem evoluído com a mesma intensidade que a pecuária tem elevado seus patamares de produtividade. Antes usada apenas para corrigir as deficiências alimentares mais graves, a suplementação tornou-se hoje uma ferramenta indispensável para a exploração da pecuária (ANDIFÓS, 2012). O objetivo dessa revisão é discutir os principais pontos para uma boa suplementação mineral de bovinos.

DESENVOLVIMENTO O termo mineral refere-se a elementos químicos inorgânicos, encontrados em todos os animais e plantas, em proporções variáveis, sendo participantes ativos de várias enzimas e constituintes estruturais de órgãos e tecidos, e estão presentes nos fluidos corporais (TEIXEIRA, 2001 a). No organismo animal são encontrados cerca de 40 minerais diferentes, sendo 15 considerados essenciais. Eles estão presentes em quantidades variadas e os que se apresentam em altas concentrações são chamados macroelementos, já os que se concentram em pequenas proporções são denominados microelementos (CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL 2004). São os macroelementos minerais o cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio (Mg), potássio (K), sódio (Na), cloro (Cl) e enxofre (S) e já os microelementos são o cobalto (Co), cobre (Cu), cromo (Cr), estanho (Es), ferro (Fe), flúor (F), iodo (I), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni), selênio (Se), silício (Si), vanádio (Va) e zinco (Zn). Os minerais são dieteticamente essenciais para os ruminantes e para os microrganismos presentes no ecossistema ruminal e no intestino, tendo influência direta sobre o crescimento, engorda, produção de leite e reprodução (EMBRAPA, 2012). 1 Macroelementos Os minerais desempenham três tipos de funções essenciais no organismo dos animais e do homem. A primeira delas diz respeito à sua participação como componentes estruturais dos tecidos corporais (por exemplo cálcio e fósforo). Também atuam nos tecidos e fluidos corporais como eletrólitos para manutenção do equilíbrio ácido-básico, da pressão osmótica e da permeabilidade das membranas celulares (Ca, P, Na, Cl, entre outros). Por último, funcionam como ativadores de processos enzimáticos (Cu, Mn) ou como integrantes da estrutura de metalo-enzimas (Zn, Mn) ou vitaminas (cobalto na vitamina B 12 ) (TEIXEIRA, 2001 a). 1.1 Cálcio O cálcio é o mineral mais abundante no organismo, um bovino com cerca de 300 kg de peso apresenta cerca de 3,3 kg de cálcio, o qual 99% se encontra nos ossos (LOPES, 1998). Este é essencial para a formação e manutenção dos ossos e dentes, produção de leite (essencial à lactogênese), contração muscular, transmissão de impulsos nervosos e coagulação do sangue (ASBRAM, 2003; CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL, 2004); LOPES, 1998; MORAES, 2001; TEIXEIRA, 2001 b). A utilização do cálcio é influenciada pelo teor de fósforo na dieta, pela vitamina D e certos hormônios como o paratormônio. As principais fontes de cálcio são o fosfato bicálcio, a farinha de ostras e o calcário (ASBRAM, 2003; CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL 2004; TEIXEIRA, 2001 a). A deficiência de cálcio ocorre em animais que se alimentam de concentrados ricos em fósforo, como suínos e aves, que além disto, são espécies que necessitam de mais cálcio na dieta do que os bovinos. A deficiência de cálcio, porém, pode ocorrer também em bovinos que recebem alimentação abundante em concentrados (HERNÁNDEZ; MANCIO; FERREIRA 2001). Animais com deficiência em cálcio têm a seguinte sintomatologia: fragilidade óssea, crescimento lento, baixa produção de leite e tetania (ASBRAM, 2003; MORAES, 2001; TEIXEIRA, 2001 b). 1.2 Fósforo O fósforo é o segundo elemento mineral mais abundante no organismo animal, constituindo cerca de 1% do peso corporal de um animal (COTTA, 2001). Cerca de 80% do fósforo é encontrado nos ossos, onde exerce função fundamental de formação e desenvolvimento, e os 20% restantes estão distribuídos pelo resto do corpo, em cada célula, desempenhando função vital na utilização da energia e na formação das proteínas (LOPES, 1998). O fósforo desempenha as seguintes funções: formação óssea e dentária; reações de fosforilação, e é importante no equilíbrio ácido-base. Componente do RNA, DNA e de muitos sistemas enzimáticos (ASBRAM, 2003; CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL, 2004; MORAES, 2001). Extensas áreas com deficiência de fósforo nas pastagens ocorrem em todo mundo e não há dúvida que esta carência é o distúrbio mineral mais comum, e também, economicamente mais importante, afetando os herbívoros em regime de campo no Brasil (TOKARNIA et al., 2006). Um animal com deficiência de fósforo apresenta como sintomas: fragilidade óssea, fraqueza geral, perda de peso, emagrecimento, rigidez das articulações, queda na produção e na fertilidade, e perversão do apetite (ASBRAM, 2003; CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL 2004; MORAES, 2001; TEIXEIRA, 2001 b). As principais fontes de fósforo utilizadas são o fosfato bicálcico, fosfato de cálcio, fosfato de rocha desfluorizado (MCDOWELL, 1999 citado por CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL 2004). Além de fontes de fósforo, o nível de fósforo na dieta interfere na absorção do elemento. Dietas deficientes em P apresentam maiores coeficientes de absorção (NICODEMO, 2005). As interações entre elementos também provocam alterações nos coeficientes de absorções dos minerais (BALSALOBRE et al., 2012). 1.3 Magnésio O magnésio é um constituinte essencial dos ossos e dos dentes, participa como catalisador de várias reações enzimáticas e do metabolismo dos carboidratos e dos lipídeos, e ainda, contribui para reduzir a excitabilidade neuromuscular (ASBRAM, 2003; LOPES, 1998; MORAES, 2001; TEIXEIRA, 2001 b). As principais fontes de magnésio são o óxido de magnésio, sulfato e

carbonato de magnésio (Lopes, 1998; MCDOWELL, 1999 citado por CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL 2004). A deficiência de magnésio acarreta a tetania hipomagnesêmica (tetania das pastagens) caracterizada por irritabilidade, tetania, convulsões, seguidos de morte do animal (ASBRAM, 2003). A verdadeira deficiência de magnésio só ocorre em bezerros alimentados exclusivamente à base de leite, os chamados "bezerros de leite". O leite sabidamente é pobre em magnésio e ferro. Nesse regime de alimentação, os bezerros ficam anêmicos em virtude da deficiência de ferro e têm a carne esbranquiçada. Além disto, sofrem as consequências da deficiência de magnésio, caracterizada por manifestações neuro-musculares. A tetania da lactação ou tetania hipomagnesêmica, perturbação metabólica que afeta sobretudo vacas em lactação, não é uma simples deficiência de magnésio, mas sim um processo mais complexo, no qual uma deficiência deste elemento na pastagem está envolvida (TOKARNIA et al., 2006). A deficiência de magnésio em bovinos é mais comum em países de clima temperado, mas no Brasil até o presente momento não foram registrados casos de deficiência de magnésio em bovinos criados a pasto. Contudo, vacas de alta produção leiteira podem necessitar da suplementação de magnésio (LOPES, 1998). 1.4 Enxofre O enxofre é um dos elementos mais abundantes na natureza e essencial para o crescimento de plantas e animais (LOPES, 1998). É essencial na composição de aminoácidos sulfurados, função dos grupos SH na respiração tissular; componente da biotina, tiamina, coemzima A e insulina (ASBRAM, 2003; MORAES, 2001). As principais fontes de enxofre são os sulfatos e ainda o enxofre sob a forma elementar (flor de enxofre) (MCDOWELL, 1999 citado por CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL 2004). A maior parte do enxofre absorvido é no intestino delgado e representa o enxofre que fora incorporada à proteína microbiana, sendo armazenado principalmente na forma de aminoácidos sulfurados (BALSALOBRE et al., 2012). As dietas deficientes em enxofre conduzem à redução da síntese de proteína microbiana, provocando subnutrição protéica, afetando o consumo de alimentos e, consequentemente, o ganho de peso. Os principais sinais de deficiência de enxofre são a anorexia, apatia, perda de peso, fraqueza e lacrimejação (ASBRAM, 2003; LOPES, 1998; BALSALOBRE et al., 2012). 1.5 Sódio e Cloro O valor do sal comum (cloreto de sódio) para o homem e para os animais é reconhecido desde os tempos bíblicos (o termo salário surgiu a partir de sal) (CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL, 2004; LOPES, 1998). Dentre todos os minerais o sódio é o elemento mais deficiente no mundo (CARVALHO; BARBOSA; MCOWELL, 2004). O sódio e o cloro exercem papel fundamental na manutenção da pressão osmótica, controlando a passagem de nutrientes para dentro das células atuando no equilíbrio ácido-básico e no controle do metabolismo da água. O cloro também faz parte do suco gástrico na forma de ácido clorídrico (ASBRAM, 2003; LOPES, 1998; TEIXEIRA, 2001 b). O sódio é o principal cátion dos fluidos extracelulares, que atua na regulação da pressão osmótica e do equilíbrio ácido-base; preservação da excitabilidade normal da célula muscular e da permeabilidade celular (ASBRAM, 2003). A principal fonte de cloro e sódio é o cloreto de sódio (sal comum) e ainda como fonte de sódio cita-se o bicarbonato de sódio (TEIXEIRA, 2001 b). A deficiência de sódio é a carência mineral mais comum em todo o mundo, além de ser a mais importante, depois da deficiência de P. Levantamentos têm demonstrado que o Na é deficiente nas pastagens em todos os continentes. Quando se fala na necessidade de dar sal ao gado, isto significa fornecer o sódio. Em relação ao cloro, de uma maneira geral, não há necessidade de suplementação ao gado, pois só raramente, e assim mesmo para vacas com alta produção de leite, este elemento contido na pastagem pode não ser suficiente para suprir as necessidades desses animais. Mas, como a suplementação de sódio se faz através do sal comum (NaCl), não se justifica qualquer preocupação neste particular (TOKARNIA et al., 2006). Animais com deficiência em sódio têm avidez por sal, manifestam hábito de roer, lamber, mastigar madeira, lamber solo e suor de outros animais, e, ingerir água (LOPES, 1998). Segundo Carvalho; Barbosa; McDowell, (2004) o sódio é o elemento que regula o consumo da mistura mineral, e quando da ocorrência de água salobra (com excesso de sal), esta faz com que se baixe o consumo de sal mineral e é por esta razão que se deve ter cuidados na elaboração da mistura mineral (principalmente nas regiões pantaneiras sul matogrossenses). 1.6 Potássio Depois do cálcio e do fósforo, o potássio é o elemento mineral mais abundante no organismo animal, sendo encontrado principalmente dentro das células (LOPES, 1998). O potássio tem a função de participar no equilíbrio osmótico e ácido-básico, de vários sistemas enzimáticos, balanço hídrico e atividade muscular. No rúmen este atua proporcionando um meio mais favorável à fermentação bacteriana, principalmente a bactérias que digerem a celulose. Este atua no metabolismo dos carboidratos e é necessário na reação enzimática da creatina (ASBRAM, 2003; HERNÁNDEZ; MANCIO; FERREIRA 2001; LOPES, 1998). As principais fontes de potássio existentes são o cloreto e o sulfato de potássio e ainda as pastagens (TEIXEIRA, 2001 a). O potássio é o elemento mineral de maior concentração nas forrageiras, não havendo notícias

da deficiência deste em bovinos criados a pasto no Brasil (LOPES, 1998). Animais com deficiência em potássio apresentam sintomas não específicos como crescimento lento, redução no consumo de água e alimentos, alta conversão alimentar, fraqueza muscular, distúrbios nervosos, rigidez das articulações e emaciação (ASBRAM, 2003; LOPES, 1998; TEIXEIRA, 2001 b). 2 Microelementos Existem vários minerais que estão presentes em baixas concentrações no organismo animal (microelementos), podendo citar como essenciais: zinco (Zn), manganês (Mn), iodo (I), ferro (Fe), cobalto (Co), cobre (Cu) e Selênio (Se). 2.1 Zinco O zinco é um microelemento encontrado em altas quantidades na pele e nos pêlos (LOPES, 1998). É um constituinte da enzima anidrase carbônica que atua no equlibrio ácido-básico do organismo, está envolvido com a síntese proteica e com o metabolismo de glicídios; atua como cofator de diversas enzimas. É essencial para o crescimento dos testículos, a produção de espermatozoides, nas fêmeas é essencial para todas as fases do processo reprodutivo (desde o estro até o parto) e à lactação. É um constituinte essencial de mais de noventa enzimas que participam ativamente do metabolismo dos ácidos nucléicos, dos carboidratos e da síntese de proteínas (ASBRAM, 2003; LOPES, 1998; TEIXEIRA, 2001 b). As principais fontes de zinco são o sulfato de zinco e o óxido de zinco. Há evidências de que deficiências subclínicas de zinco se expressam por baixa taxa de crescimento e baixo desempenho. A deficiência de zinco leva à redução no consumo de alimentos, redução do crescimento, aumento da conversão alimentar e alterações na pele. Dentre os sinais clínicos, destacam-se: alopécia, dermatite generalizada na região do pescoço e cabeça, prostração, crescimento testicular reduzido, inchação dos cascos e demora na cicatrização de feridas (ASBRAM, 2003). 2.2 Cobre O cobre exerce importantes funções no sistema nervoso central, no metabolismo ósseo, no funcionamento de vários sistemas enzimáticos, além de ser essencial para a síntese da hemoglobina (LOPES, 1998; MORAES, 2001). Animais com deficiência em cobre têm crescimento retardado, redução na fertilidade, anemia, fragilidade óssea, diarréia, desmielização dos nervos, fibrose do miocárdio (ASBRAM, 2003). A deficiência de cobre é resultante de baixos níveis deste ou de influências de outras substâncias, especialmente altos níveis de molibdênio (HERNÁNDEZ; MANCIO; FERREIRA, 2001). Os sintomas de deficiência são: anemia, crescimento retardado, ossos fracos, insuficiência cardíaca, diarréia e despigmentação dos pêlos; ainda citam-se baixos índices de fertilidade (CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL, 2004). Os sinais de intoxicação crônica por cobre em ruminantes incluem perda de apetite, icterícia, hematúria, debilidade repentina e morte (TEIXEIRA, 2001 b). Vale lembrar que os ovinos são altamente sensíveis a altos níveis de cobre. 2.3 Molibdênio É um indispensável componente da enzima xantina oxidase, a qual é encontrada no leite e distribuída amplamente no tecido animal. Como já citado anteriormente, o molibdênio e o cobre são antagônicos no organismo animal (TEIXEIRA, 2001 b). O excesso de molibdênio e enxofre induz a deficiência de cobre. Os casos severos de intoxicação por molibdênio são caracterizados por diarréia profusa (ASBRAM, 2003). 2.4 Cobalto É um microelemento essencial para a síntese da vitamina B 12. Os microrganismos do rúmen usam o cobalto para a síntese desta vitamina e para seu crescimento. O cobalto é componente da adenosilcobalamina e metilcobalamina (ASBRAM, 2003; LOPES, 1998). Cerca de 3% do cobalto ingerido é convertido em vitamina B 12, proximadamente 43% do cobalto do corpo é estocado no músculo e aproximadamente 14% nos ossos, sendo o restante distribuído em outros tecidos (TEIXEIRA, 2001 b). Os ruminantes que apresentam deficiência de vitamina B 12 não conseguem efetuar a conversão do propionato para succinato, prejudicando assim a utilização da energia pelo animal (LOPES, 1998). Animais com deficiência em cobalto apresentam uma anemia normocítica normocrômica, severa depressão do apetite, crescimento retardado, falta de apetite, emagrecimento rápido, pêlos ásperos e queda na produção de leite (ASBRAM, 2003; CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL, 2004). No Brasil, a deficiência de cobalto em bovinos ocorre praticamente em todas as regiões, recebendo inúmeras denominações tais como: mal do colete, peste de secar, mal do fastio, chorona, pela rabo, rabugem e toca (LOPES, 1998). As principais fontes de cobalto utilizadas na suplementação são o sulfato de cobalto e o carbonato de cobalto (TEIXEIRA, 2001 a). 2.5 Iodo O principal requerimento fisiológico de iodo é para síntese dos hormônios pela glândula tireóide, hormônios estes que atuam na regulação do metabolismo intermediário e da temperatura, na reprodução, no

crescimento, na circulação sanguínea e na função muscular (TEIXEIRA, 2001 b; LOPES, 1998). O aumento da glândula tireóide denominado bócio ou papeira é um sintoma típico da deficiência de iodo, sendo que em bovinos a deficiência causa: diminuição da produção de leite, redução ou supressão do estro, aumento da incidência de retenção de placenta e nascimento de bezerros cegos, sem pêlos, fracos ou mortos (LOPES, 1998). A deficiência de iodo pode ser notada pela análise de soro sangüíneo ou leite (TEIXEIRA, 2001 b). Contudo pode haver toxidez, a qual causa nos animais: lacrimejamento, sialorréia, descarga nasal, congestão traqueal causando tosse (TEIXEIRA, 2001 b). A principal fonte de iodo utilizada nas dietas é o iodato de cálcio (TEIXEIRA, 2001 a). 2.6 Ferro O ferro é um componente essencial a todas as formas de vida. Participa como componente da molécula de determinadas substâncias (hemoglobina, mioglobina, citocromo) e outros sistemas enzimáticos, em que está diretamente envolvido com o transporte de oxigênio e na respiração celular (LOPES, 1998; TEIXEIRA, 2001 b). A maior parte do ferro no organismo está na forma de hemoglobina e menores quantidades estão presentes como ferro armazenado na mioglobina, citocromo e outras proteínas (HERNÁNDEZ; MANCIO; FERREIRA, 2001). A deficiência de ferro é muito mais comum em animais jovens lactentes porque o leite é muito pobre em ferro, a qual pode afetar a conversão alimentar e o crescimento (CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL, 2004; TEIXEIRA, 2001 b). Em casos severos de perda de sangue, por hemorragia crônica ou parasitismo a deficiência pode ocorrer resultando em anemia. Entretanto, a intoxicação é caracterizada por diarréia, hipertermia, acidose metabólica, redução na ingestão de alimentos e no ganho de peso diário (TEIXEIRA, 2001 b). O cloreto de ferro e o sulfato de ferro são as fontes bem utilizadas pelos ruminantes, porém o ferro no óxido de ferro é indisponível (TEIXEIRA, 2001 b). 2.7 Manganês O manganês é essencial para as plantas e os animais, sendo importante para a estrutura normal dos ossos e para o bom funcionamento do sistema nervoso central, além de exercer papel muito importante na reprodução (LOPES, 1998). O conteúdo de manganês dos alimentos é muito variável e é influenciado pelos tipos de solo, ph, fertilização e espécie de forrageira. A principal fonte de manganês é o sulfato de manganês (TEIXEIRA, 2001 a). A deficiência de manganês pode acarretar distúrbios reprodutivos em vacas, anormalidades dos recém nascidos, crescimento retardado, anormalidades ósseas (ASBRAM, 2003). 2.8 Selênio Este mineral participa como componente fundamental da enzima glutationa peroxidase, que evita a formação de lipoperóxidos tóxicos (função antioxidante). O selênio tem sido indicado por prevenir a doença do músculo branco em animais jovens (distrofia muscular nutricional) (TEIXEIRA, 2001 b). O duodeno é o principal local de absorção de selênio, sendo que não há absorção no rúmen ou abomaso. A principal fonte de selênio é o selenito de sódio (CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL 2004). O cálcio, arsênio, cobalto e enxofre podem diminuir a absorção de selênio (TEIXEIRA, 2001 b). A deficiência de selênio provoca nas vacas retenção de placenta, e nos ruminantes jovens ocorre degeneração muscular resultando em dificuldade para o animal manterse em pé (doença do músculo branco). Já a toxicidade resulta em crescimento anormal dos cascos, manqueira e morte (LOPES, 1998). O selênio pode ter função preventiva de cistos ovarianos. Ocorre uma interrelação entre o selênio e a vitamina E (TEIXEIRA, 2001 b). 2.9 Outros elementos O cromo participa diretamente no transporte de glicose do sangue para as células. A sugestão de exigência pelos animais é de 1 mg de cromo por 100 kg de PV, e presente na dieta na concentração de 0,5 mg de cromo por Kg de MS. O NRC (1989) recomenda ingestão máxima na dieta de 3000 mg/kg para óxido de cromo e de 1000mg/Kg para cloreto de cromo. O silício na crosta terrestre é o segundo elemento mais abundante. É amplamente distribuído nas plantas na forma de sílica. O excesso de silício pode diminuir a digestibilidade da fibra (TEIXEIRA, 2001 b). O alumínio é o terceiro elemento mais abundante da crosta terrestre e é encontrado nas plantas e nos animais em quantidades traços, já no solo geralmente está em grandes quantidades (ph baixo). A ingestão de grandes quantidades de alumínio provoca efeitos tóxicos por interferir na utilização de vários minerais (TEIXEIRA, 2001 b). O arsênio é um novo elemento estudado e atenção tem sido dada à sua toxicidade; no entanto parece ser essencial (TEIXEIRA, 2001 b). O níquel e o vanádio são nutrientes essenciais segundo análises em animais de laboratório (CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL, 2004). O cádmio é um mineral pesado; concentrações acima de 30 ppm têm produzido anorexia e diminuição da produção de leite e de ganho de peso, acompanhado de aborto, anormalidades nos bezerros. O cádmio parece interagir automaticamente com o cobre no local de absorção (TEIXEIRA, 2001 b). O flúor é um elemento tóxico, que se acumula nos ossos e nos dentes (fluorose). A gravidade dos efeitos do flúor depende da dieta ingerida, do tempo de exposição, idade, solubilidade da fonte, nível nutricional e outros

componentes da dieta. Para bovinos de leite o nível máximo tolerável na dieta é de 40 ppm (CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL 2004; TEIXEIRA 2001 b). O chumbo é o maior poluente ambiental e tem sido a causa da maioria das intoxicações nas criações animais. O nível de chumbo nos ossos tende a se acumular; e os sintomas de toxidez aguda incluem anorexia, cólicas intestinais, cegueira, irritabilidade e aborto. O nível dietético máximo tolerável é de 30 ppm (TEIXEIRA, 2001 b). 3 Fontes de minerais Na natureza os minerais estão presentes em grandes proporções, porém de diferentes formas. Na TAB. 1 serão descritas as principais fontes de minerais, bem como sua biodisponibilidade. Não basta apenas o mineral estar presente em sua fonte, ele precisa estar disponível para que o animal possa absorvê-lo (CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL (2004); BALSALOBRE et al, 2012). TABELA 1 ELEMENTO, FONTE E BIODISPONILIDADE Elemento Fonte % do elemento Na Fonte CÁLCIO Farinha de ossos autoclavados 29 (23-37) Fosfato de rocha desfluorizado 29,2 (19,9-35,7) Carbonato de cálcio 40 Fosfato mole 18 Calcário calcítico 38,5 Calcário dolomítico 22,3 Fosfato monoamonio 16,2 Fosfato tricálcio 31-34 Fosfato bicálcio 23,2 Sulfato de cálcio 20 FÓSFORO Fosfato de rocha desfluorizado 13,1 (8,7-21) Fosfato de cálcio 18,6-21 Fosfato bicálcio 18,5 Fosfato tricálcio 18 Ácido fosfórico 23-25 Fosfato de sódio 21-25 Fosfato de potássio 22,8 Fosfato mole 9 Farinha de ossos autoclavados 12,6 (8-18) MAGNÉSIO Carbonato de magnésio 21-28 Cloreto de magnésio 12 Óxido de magnésio 54-60 Sulfato de magnésio 9,8-17 ENXOFRE Sulfato de cálcio (gesso) 12 A 21 Sulfato de potássio 28 Sulfato de magnésio e potássio 22 Sulfato de sódio 10 Flor de enxofre 96 Sulfato de amonio 24 POTÁSSIO Cloreto de potássio 50 Sulfato de potássio 41 Sulfato de potássio 18 COBALTO Carbonato de cobalto 46-55 Sulfato de cobalto 21 Cloreto de cobalto 24,7 COBRE Sulfato de cobre 25 Carbonato de cobre 53 Cloreto de cobre 37,2 Nitrato de cobre 33,9 FERRO Óxido de ferro 46-60 Carbonato de ferro 36-42 Sulfato de ferro 20-30 IODO Iodato de cálcio 63,5 Iodato de potássio estabilizado 69 Iodeto de cobre 66,6 Etilenodiamino dihidroiodeto 80 MANGANES Sulfato de manganes 27 Óxido de manganes 52-62 SELENIO Selenato de sódio 40 Selenito de sódio 45,6 ZINCO Carbonato de zinco 52 Cloreto de zinco 48 Sulfato de zinco 22-36 Óxido de zinco 46-73 Fonte: Mcdowell (1999, citado por Carvalho; Barbosa; McDowell, 2004). corte 4 Exigências de minerais para os bovinos de As exigências de minerais por um animal são influenciadas por diversos fatores, dos quais podem ser enumerados: espécie, raça, categoria, idade, estádio fisiológico, nível de produção, teor e forma química dos elementos nos ingredientes da dieta, inter-relação com outros nutrientes, consumo da mistura mineral, qualidade da pastagem, nível de estresse, temperatura e umidade relativa do ar (MORAES, 2001; EMBRAPA, 2012). Dentre os fatores que mais afetam o consumo da mistura mineral podemos citar: fertilidade do solo, espécie forrageira, estação do ano, exigência individual do animal, conteúdo de sal (destacando-se o sódio) na água de beber, palatabilidade da mistura mineral, disponibilidade da mistura, forma física dos minerais, manejo geral do sal (elevando-se o cocho), disponibilidade de cocho por animal (concorrência), altura do cocho, distância da aguada, cobertura do cocho de sal, umidade relativa do ar e temperatura (LOPES, 1998). Na TAB. 2 será descrito as exigências de bovinos de corte com peso de 400 Kg de peso vivo. TABELA 2 EXIGENCIAS DE MINERAIS PARA BOVINOS DE CORTE COM 400 KG DE PESO VIVO*. ELEMENTO Macronutrientes Cálcio 0,28 Fósforo 0,21 Magnésio 0,12 Potássio 0,625 Sódio 0,08 Cloro 0,2 Enxofre 0,11 Micronutrientes ppm** Ferro 39 Necessidade % da MS

Zinco 40 Manganês 26 Cobre 8,5 Cobalto 0,12 Iodo 0,35 Selênio 0,15 * Dados calculados como média dos valores fornecidos por NRC (1996) citado por HERNÁNDEZ; MANCIO; FERREIRA (2001); NRC (2001) citado por TEIXEIRA (2001 b), NRC (1986) citado por MORAES (2001); ASBRAM (2003); LOPES (1998); EMBRAPA (2006). ** Partes por milhão 5 Cochos Instalação rural indispensável para quem deseja obter sucesso na criação de bovinos de corte a pasto, o cocho ainda é um dos pontos de estrangulamento da eficiência de produção da pecuária de corte do Brasil. A instalação de bons cochos, com dimensões adequadas e em quantidades suficientes, bem como o manejo empregado são alguns pontos que se destacam; e ainda citam-se: 5.1 Localização Os cochos devem ser instalados onde os animais têm maior permanência (malhadouros), com bom acesso e observando o sentido predominante dos ventos e chuva para determinar a orientação (CORTEZ; VAZ, 2003). 5.2 Número e dimensões Cada pasto deve dispor de ao menos um cocho, com tamanho suficiente para evitar disputas por consumo entre os animais (FIORI, 2004). Para suplementar minerais o ideal é que os cochos tenham 30 cm de profundidade, 30 cm de largura na parte inferior e 40 cm de largura na parte superior (ASBRAM, 2003). 5.3 Altura A altura da borda superior em relação ao solo depende da categoria animal a ser suplementada. Segundo Cortez e Vaz (2003), para vacas em cria a pasto sem creep feeding os cochos devem ter 50 cm de altura. Para vacas em cria a pasto onde há creep a borda do cocho deve possuir 90 cm. Já para o creep 30 cm e para animais de recria recomenda-se 60 cm. 5.4 Comprimento Este depende do tipo de suplemento a ser utilizado e da categoria animal (ASBRAM, 2003). Este manual recomenda para chegada nos dois lados: - para suplementos minerais 4 cm lineares de cocho / UA (UA = 450 kg de peso vivo); - para suplementos minerais proteicos, 12 cm lineares de cocho / UA; - para suplementos minerais proteicos energéticos 20 cm lineares / UA; - quanto às rações de semi-confinamento, usar 50 cm lineares de cocho / UA; - para o fornecimento de alimento no sistema de confinamento 70 cm lineares / UA e - para creep feeding, 8 cm de cocho / bezerro. 5.5 Manejo dos suplementos O consumo de suplementos minerais está diretamente relacionado com o manejo de reposição da mistura (ASBRAM, 2003), pois a ingestão se dá por lambedura e por este motivo a mistura deve estar sempre presente e solta (não empastada ou empedrada) (FIORI, 2004). Os cochos não devem ficar vazios pois o consumo deve ser constante, mas estes também não devem ser cheios demais, uma vez que assim facilita o desperdício da mistura. Deve-se repor sempre que necessário: duas ou três vezes por semana (FIORI, 2004). 6 Resultados com suplementação Em Goiás, há um aumento no custo operacional de R$ 50 /ha com o uso correto do suplemento mineral comparado à ausência total de suplemento. Contudo há um aumento na receita de R$ 90/ha. Isso significa que o produtor tem um ganho de R$ 40/ha a mais, se suplementado corretamente (ANDIFÓS, 2012). Suplementar corretamente contribui de forma decisiva para aumentar o ganho de peso nos animais em fase de crescimento e terminação. Desse modo, é possível diminuir o tempo de cuidado com o gado e aumentar seu peso final (ANDIFÓS, 2012; CARVALHO; BARBOSA; MCDOWELL, 2004). Quando se tem uma correta suplementação mineral consegue-se ter uma boa fertilidade e com isso melhora a taxa de natalidade (ANDIFÓS, 2012; ASBRAM, 2003). CONCLUSÃO A correta suplementação mineral traz inúmeros benefícios à produtividade por apresentar uma vantajosa relação custo / benefício, e tem como seus pilares o conhecimento das exigências minerais do animal, a presença destes no solo, na água e nas plantas forrageiras, bem como sua biodisponibilidade. Utilizar suplementos minerais adequadamente é garantia de resultados produtivos maiores, maior fertilidade e gado sempre saudável, o que proporciona um resultado altamente lucrativo. REFERÊNCIAS ANDIFÓS. São Paulo: Portal Alimentação, 2010. Disponível em: <http://www.andifos.org.br.>. Acesso em: 15 de maio de 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INSDÚSTRIA DE SUPLEMENTOS MINERAIS. Guia prático para a correta suplementação pecuária: bovinos de corte. São Paulo: ASBRAM, 2003. BALSALOBRE, M.A.A., et al. Formulação de misturas minerais para bovinos. [S.l.: s.n., 2001]. Disponível em: <http://www.grupoapb.com.br.> Acesso em:15 maio de 2012. CARVALHO, F.A.N.; BARBOSA, F.A.; MCDOWELL, L.R. Nutrição de bovinos a pasto. Belo Horizonte: Papelform, 2004. CORTEZ, C.E.G.; VAZ., H. Cochos. São Paulo: Fertibrás, 2003. ( Informativo Técnico Boletim Salpec da Fertibrás, nº 13) COTTA, T. Minerais e vitaminas para bovinos, ovinos e caprinos. Viçosa: Aprenda Fácil, 2001. EMBRAPA: Exigências para bovinos de corte. Campo Grande: EMBRAPA Gado de Corte, 2005. Disponível em: <http://www.cnpgc.embrapa.br>. Acesso em: 10 de maio 2012. FIORI, J. Antes de mineralizar os bovinos, estude sua psicologia. DBO nutrição, Florianópolis, Ed. Especial, jul. 2004. HERNÁNDEZ, F.I.L.; MANCIO, A.B.; FERREIRA, A.S. Suplementação mineral para gado de corte: novas estratégias. Viçosa: Aprenda Fácil, 2001. LOPES, H.O.S. Suplementação de baixo custo para bovinos: mineral e alimentar. Brasília: EMBRAPA, 1998. MORAES, S.S. Importância da suplementação mineral para bovinos de corte. Campo Grande: EMBRAPA Gado de corte, 2001. NICODEMO, M. L. F. Minerais limitantes à produção de bovinos de corte em pastagens. In: Reis, A. R. et al. Volumosos na produção de ruminantes. Jaboticabal: Funep, 2005. p. 239 256. NUTRIENT REQUIREMENTS OF DAIRY CATTLE. 6 ed. Washington, DC: USA: National Academy Press, 1989. TEIXEIRA,A.C. Alimentos e alimentação. Lavras: UFLA/FAEPE, 2001 a. TEIXEIRA, J.C. Nutrição de Ruminantes. Lavras: UFLA/FAEPE, 2001 b. TOKARNIA, H.C.; PEIXOTO, J.D.; VARGAS, J. Deficiências minerais em animais de fazenda, principalmente bovinos em regime de campo. [S. l:s.n., 200?]. Disponível em: <http://www.scielo.br.> Acesso em:15 maio 2012.