Comunicação REPENSAR A EDUCAÇÃO: AS IMAGENS CULTURAIS E A FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA CRÍTICA

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Transcrição:

Comunicação REPENSAR A EDUCAÇÃO: AS IMAGENS CULTURAIS E A FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA CRÍTICA CARVALHO, Elvio de 1 Orientador: TREVISAM, Amarildo Luiz Trevisan 2 INTRODUÇÃO Os princípios hermenêuticos tanto de Gadamer quanto de Habermas se confrontam com a criticidade dogmática devido á imposição de sua dóxa (opinião). Nessa perspectiva, a geração de uma racionalidade autocrítica se faz necessária na ótica intersubjetiva da compreensão, conectada a uma interpretação das imagens cotidianas. Nesse sentido, pode-se esperar que tal interpretação possibilite procedimento educativo voltado a autonomia do cidadão. Vale lembrar que o poder das imagens, na formação da opinião pública crítica, contribui para uma Educação emancipadora do processo educacional e possibilita compreender os enigmas que desembocam na aplicação da análise da respectiva modalidade de vida comunicativa. A reflexão sobre a estética e a imagem entra na ordem-do-dia nesse contexto, porque associada a esse momento de manifestação do pensamento, portanto. Nesse novo espectro há uma predominância das imagens fugidias, flexíveis e desconstrutivas que guardam uma relação direta com o consumo e a fruição estética dos sentidos e que, além disso, têm um forte apelo visual. Desde o momento em que o professor inicia a sua aula ensinando arte, história ou qualquer outra disciplina, pode não estar se dando conta, mas age como se houvesse um pano-de-fundo consensual em sua prática, no sentido de que o conteúdo ensinado estaria contribuindo para fazer a humanidade progredir em direção a dias melhores. Mesmo os currículos dos diferentes níveis de ensino são organizados em função de etapas progressivas de desenvolvimento e aprendizado. ADORNO E A FORMAÇÃO CULTURAL 1 Graduando do 8º. Semestre do Curso de Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: helviocarvalho@hotmail.com 2 Prof. Dr. Pesquisador do CNPq e Coordenador do Grupo de Pesquisa Formação Cultural, Hermenêutica e Educação na Universidade Federal de Santa Maria. 1

O pensamento filosófico de Adorno torna possível o conhecimento mediante a reflexão crítica das imagens estéticas. Entretanto, a indústria cultural 1, como processo formador de opinião, tentará condicionar a formação de sujeitos autônomos. Na indústria cultural o indivíduo é ilusório não só pela estandarlização das técnicas de produção. Ele só é tolerado na medida em que sua identidade sem reservas com o universal permanece fora de contestação (Lima, 1969, p.189). Conseqüentemente, uma análise rigorosa das culturas das imagens pelo método hermenêutico, poderá despertar no sujeito a capacidade de julgar e decidir conscientemente. A propósito, o mundo informatizado por uma tecnologia sofisticada, criado pelo protótipo capitalista, tornou favorável a manipulação da racionalidade humana através do controle da razão técnica. A humanidade se vê envolvida em diversos dilemas e crises existenciais das quais, em especial a cultura do espetáculo, a partir das imagens midiáticas que mostram uma tendência globalizante. Cabe salientar que o silêncio do pensamento filosófico ao longo da história desafiou a humanidade a pensar novos caminhos e construir ou reconstruir a civilização todas às vezes que reinou o caos, sobretudo na educação. Nessa ótica, o valor humano, em nível de desenvolvimento intelectual, poderá ser substituído pelo interesse econômico. A indústria cultural é considerada um mundo de negócios, onde os indivíduos são coisificados 2 e mediatizados pela cultura do espetáculo. Em contraponto, o valor real da arte era o instrumento de lazer e hoje tornou objeto de manipulação. Nesse sentido, Adorno & Horkheimer em Dialética do Esclarecimento, comentam que, o preço da dominação não é meramente a alienação dos homens com relação aos objetos dominados; com a coisificação do espírito, as próprias relações dos homens foram enfeitiçadas, inclusive as relações de cada indivíduo consigo mesmo (Adorno, 1997, p.40). Dessa maneira, a indústria cultural traz elementos inerentes ao mundo industrial moderno. Com isso, o homem de hoje não passa de mero instrumento de trabalho e, principalmente consumo. O mercado cultural baseado na racionalidade técnica deve influir na mente do sujeito. A partir dessa tendência, torna possível a 1 O termo indústria cultural foi empregado pela primeira vez no livro: Dialektik der Aufkrung que Horkeimer e Adorno publicam em 1947, em Amesterdã. 2 Os sujeitos racionais tornam-se objetos enquanto os objetos tornam-se sujeitos. Há uma inversão de valores. 2

necessidade do consumidor de não pensar, parece cômodo, restará somente deliberar sobre tal produto. A principal tentativa da indústria cultural é obscurecer a percepção sensitiva dos sujeitos, em especial os formadores de opinião crítica. Ou seja, a opinião é o julgamento, um juízo sustentando por um sujeito sobre determinada questão. Nesse sentido, a forma ideológica da indústria cultural regerá o comportamento dos sujeitos. Assim sendo, a felicidade, vontade, desejo são conceitos caracterizados como subjetivos e estão determinados pela cultura da magia. Cabe dizer ainda, na arte a princípio, o homem é livre na medida que usa sua racionalidade educada mediante a sua sensibilidade perceptiva na leitura de uma obra de arte. Nesse rumo, a experiência da arte enquanto tal, de sua verdade ou inverdade, é além de uma vivência subjetiva. Portanto, a filosofia adorniana poderá ser edificar ao interpretar potencialmente o mundo mediante uma patologia estética fundamentado numa razão filosófica. Assim, a arte pode ser solução, devido seu caráter subjetivo e não influenciado pela indústria cultural. Nessa perspectiva, os comportamentos humanos que se encontravam alienados, frente ao progresso técnico e ideológico, mas com o estudo minucioso da mesma por Adorno, foi possível descortinar o véu da ignorância dos sujeitos. E, a filosofia foi imprescindível na inserção do problema, pois ela contribui decisivamente no progresso humano-consciente da realidade presente. AS PROPOSTAS HERMENÊURTICAS DE GADAMER A oposição á ideologia moderna restringiu a atuação do cientificismo na tentativa de resgatar as experiências do momento histórico acerca da estética. Essa idéia é uma crítica que Gadamer faz á estética moderna e a teoria da compreensão histórica. Desse modo, o seu objetivo é reconstruir uma nova hermenêutica filosófica. A partir de uma hermenêutica filosófica, fundamentada numa racionalidade crítica, poderá viabilizar o papel de elucidar e analisar os dados empíricos mediante os sujeitos. Nesse caso, a interpretação filosófica é uma atividade no sentido de uma arte e nunca no sentido de um método. Sendo assim, o autor propõe uma historicidade da compreensão atuante na tradição cultural e linguagem. A problemática da questão estética é priorizada nos aprofundamentos hermenêuticos, na medida que a compreensão de uma obra de arte revela a 3

sensibilidade estética. Para tal, é prioritário abordar o problema do saber, como são possíveis os juízos de beleza? O problema é que não podemos demonstrar ou reduzir a qualquer regra. Uma possível solução se baseia na consciência harmoniosa entre imaginação e entendimento, para qualquer ser racional. Assim, o juízo de gosto deve ser partilhado por outros, atingindo a necessária objetividade. Nesse sentido, a transformação da obra de arte é a sua significação mediatizada por uma imagem e sua contribuição no campo educacional. Por isso, a arte ocupa espaço e tempo, e precisa incluir arte com história para uma melhor compreensão da mesma. Diante disso, Gadamer se baseia na linguagem do ser no mundo, estar no mundo, fazer parte mo mundo e refuta a autoconsciência do sujeito. Para Tal, a linguagem é fundamental na compreensão por parte do ser enquanto ser racional. Segundo Gadamer: Uma hermenêutica filosófica chegará ao resultado de que a compreensão somente é possível de forma que o sujeito coloque em jogo seus próprios pressupostos. O aporte produtivo do intérprete forma parte inexoravelmente do sentido da compreensão. É a linguagem que permite ao intérprete (ou ao tradutor) atualizar o compreendido. A hermenêutica se acerca assim, em certo sentido, por sua própria base a filosofia analítica, que parte da crítica neopositivista à metafísica. (Gadamer. 1994, p.111). Assim, será possibilitada uma hermenêutica solidária num certo sentido, na medida que se coloca a ouvir o outro. Nesse gesto simples, caracteriza uma abertura no diálogo sob a perspectiva de uma transformação proposta pelo outro. Em sua compreensão, a linguagem mostra o nosso mundo de vida, contrastando-o como mundo científico. É bem provável que a filosofia e a linguagem existente poderá interrogar de maneira verdadeira, onde as artes ilustres das palavras buscam formas de compreensão da realidade. A RACIONALIDADE COMUNICATIVA E A OPINIÃO PÚBLICA CRÍTICA SEGUNDO HABERMAS Em meios possíveis ao confronto com o pensamento moderno, a opinião pública crítica poderá capacitar os indivíduos mediante uma razão pensante e atuante. Desse modo, o agir comunicativo, compreendido num desenvolvimento circular, possibilita o sujeito a ser um dualista. Também, começa suas ações 4

imputáveis e paralelamente produto das tradições em seu meio. Com isso, a finalidade da ação informativa pelo sujeito é proclamar a verdade ou legitimar a razão teórica. Assim, a teoria comunicativa buscará instrumentos analíticos que poderá conduzir ao discurso idealizado pelos sujeitos autônomos. Por outro lado, os sujeitos informatizados, através de uma moralidade educada, tentam uma opinião pública diferenciada da trivialidade mundana. Em outro ponto, entende-se que a opinião pública foi gerada a partir de uma comunicação pública articulado pela vontade geral da população. Para isso, Habermas utiliza o uso público da razão na tentativa de estabilizar a política. Sendo assim, a teoria discursiva democrática tenta harmonizar as liberdades públicas com as privadas, priorizando a essência de cada uma. Assim, o agir comunicativo ressuscita o uso da racionalidade prática visando uma intersubjetividade compreensiva pelos sujeitos engajados. Segundo Habermas, o conceito do agir orientado para o entendimento mútuo implica os conceitos, que carecem de explicação, de mundo social e de interação guiada por normas (Habermas, 1989, p.163). Atualmente, os processos de comunicação são influenciados pela cultura de massa de modo direto. Desse modo, os protagonistas de opinião são sujeitos especializados e capacitados ao medir racionalmente seu logos (razão, discurso, relato). A partir disso, a hermenêutica habermasiana, usada na metodologia como parte integrante de uma práxis (agir) comunicativa deve almejar um entendimento resultante da opinião pública crítica participativa entre os sujeitos. Portanto, a particularidade do saber exemplifica a sua universalidade e objetivamente, necessária no objetivo dos graus de assentimentos da racionalidade, servida através do agir comunicativo. Em contrapartida, quando se utiliza o uso nãocomunicativo em determinações teleológicas, perceberá a noção de uma racionalidade instruída para um fim. Nesse sentido, o entendimento pode ser guiado pela idéia da compreensão e, é sedimentada pelo uso comunicativo do saber. Na ótica de Habermas, O recurso reflexivo àquilo que Kant havia fixado na imagem das operações constitutivas do sujeito, ou, como, dizemos hoje, a reconstrução de pressupostos universais e necessários sob os quais os sujeitos capazes de falar e agir se entendem mutualmente sobre algo no mundo... (Habermas, 1989, p.145). A linguagem da opinião pública é desempenhada por ações planejadas no intuito de controlar os sujeitos na sua forma de ação. Entretanto, quando o sujeito fundamenta seu agir através de uma opinião pública crítica, terá possibilidade e capacidade 5

racional em seus planos de ação. Sendo assim, os sujeitos estarão orientados na direção da sua plenitude e iniciará seu agir possibilitando o seu progresso intelectual a partir do conhecimento real do objeto. Nessa perspectiva de seus agentes, o objeto instruído por um sujeito para a sua realização produzirá algo no mundo. A pseudocomunicação 8 distancia ás desordens da própria linguagem devido á falsa compreensão num consenso, mas não interfere na linguagem do conteúdo. Nessa ordem, os equívocos consumados no consenso baseiam-se no domínio dos manipuladores de opinião pública. Nessa perspectiva, o movimento da opinião pública como produto coletivo podem sim, se transformar numa ação consensual em consciência e peso de opinião na mudança de seu agir pedagógico. Embora, muitas vezes as decisões não sejam unânimes, elas sempre partem de uma escolha individual da formação do sujeito. CONSIDERAÇÕES FINAIS O educador contemporâneo está preocupado em passar informações ou ensinar o aluno a pensar pela sua razão e aí torna o sujeito de seu próprio ato. Nesse sentido, o sujeito preparado para o pensamento calcado pela hermenêutica gera uma sociedade de sujeitos responsáveis. Tendo em vista, o mundo cientificista de hoje marcado por grandes descobertas tecnológicas, tornam os sujeitos robotizados e passivos. Cabe salientar ainda, a possibilidade do sujeito almejar sua auto-suficiência fazendo parte de um processo de opinião pública crítica a nível coletivo. Para isso, é importante uma discussão voltada a realidade do mundo que o cerca. Assim, a passagem para um mundo mais humano necessariamente cabe ao sujeito ser o agente ativo de sua própria emancipação. A educação estética em sentido amplo poderá contribuir para o crescimento crítico na formação da opinião pública crítica. Atualmente, opinar sobre terrorismo por exemplo, que nos choca quase que diariamente, torna-se algo mais relevante do que o próprio posicionamento crítico libertador do sujeito. É preciso que o conceito filosófico escancare o que de fato é o 8 A pseudocomunicação origina um sistema de equívocos que não pode ser reconhecido como tal, sob a orientação de um falso consenso. Numa pseudocomunicação os participantes não conseguem reconhecer uma quebra na sua comunicação; apenas um observador exterior percebe que os interlocutores não estão se compreendendo. (Bleicher, 1992, p.269). 6

terrorismo, isto porque a opinião pública se move pelas imagens impressionistas dos estados mecanicistas sem considerar os fatos. A necessidade educacional atual deve ser um processo público, fundamentado numa opinião pública crítica, visando o grupo que respeita a individualidade de cada membro. na opinião pública crítica coletiva. Desse modo, análise estrutural de uma mensagem instrumentalizada, a partir de uma leitura interpretativa crítica filosófica, despertará o educador a refletir a conjuntura de uma educação mecanizada. Sendo assim, o espírito crítico de um educador, não busca informação, seu objetivo é dissecar os padrões informativos a partir dos métodos sistemáticos. Assim, é preciso analisar os conteúdos de uma imagem qualitativamente e quantitativamente observando o que se esconde por trás da aparência. Nessa direção, será possível um descortinamento revelando a essência da cultura de massa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: LIMA, Luiz Costa. Teoria da Cultura de Massa. Rio de Janeiro: Saga, 1969. HABERMAS, Jurgen. Ciência e Técnica como Ideologia. Madrid: Tecnos, 1997. HABERMAS, Jurgen. Consciência Moral e Agir Comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro Ltda, 1989. TREVISAN, Amarildo Luiz. Pedagogia das Imagens Culturais. Ijuí: UNIJUÍ, Rio Grande do Sul, 2002. ADORNO, Theodor W. & Horkheimer, Max. Dialética de Esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1997. GADAMER, Hans Georg. Verdad y Método. Fundamentos de uma Hermenêutica Filosófica. Vol.I.6. ed. Salamanca: Sígueme, 1996.. Verdad y Método II.2.ed.Salamanca: Síngueme, 1994. HABERMAS, Jurgen. Dialética e Hermenêutica. Para a crítica da hermenêutica de Gadamer. Porto Alegre: L&PM, 1987.. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de janeiro: Tempo Universitário, 1989.. O Discurso filosófico da modernidade. Lisboa: Publicações D. Quixote, 1990. 7

. Pensamento pós-metafísico. Rio de Janeiro: Tempo Universitário, 1990. KANT, Immanuel. Pedagogia. Madrid: Akal, 1983. TREVISAN, Amarildo Luiz. Filosofia da Educação. Mimeses e razão comunicativa. Ijuí-RS: UNIJUÍ, 2000. REVISTA/CENTRO DE EDUCAÇÃO/UFSM. Vol.7, n.. 2, Santa Maria: 1982. STEIN, Ernildo. Aproximações sobre hermenêutica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996. MERQUIOR, José Guilherme. Arte e sociedade em Marcuse. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969. PAREYSON, Luigi. Os problemas da estética. Tradução: Maria Helena Nery Garcez. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. ADORNO, T. W. OS PENSADORES. São Paulo: Abril Cultural, 1975. GADAMER, H. G. A ATUALIDADE DO BELO: a arte como jogo, símbolo e festa. Trad. De Celeste Aída Galeão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1985. 8