Eleição presidencial e recessão econômica: presente e futuro

Documentos relacionados
Boletim Econômico Edição nº 23 abril de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico

Boletim Econômico Edição nº 72 outubro de 2015 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico

Setembro Cenário Econômico Guilherme R. C. Moreira. Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Brasília, 16 de dezembro de 2015 BALANÇO DE 2015 E PERSPECTIVAS PARA 2016

Somente no fim da República Velha o país vivenciou dois anos consecutivos de recessão: 1930 (-2,1%) e 1931 (-3,3%).

GOVERNO DILMA 1 ( )

Não há crise no setor! Será?

PERSPECTIVAS DA ECONOMIA BRASILEIRA

TERMÔMETRO DE VENDAS - BH

Recessão brasileira: origens, determinantes e condições de saída

BRASIL. Paulo André de Oliveira. Conjuntura Econômica JUROS. Ciclos de expansão da Economia 1. Ciclos de expansão da Economia 2

Brasil, conjuntura e perspectiva

É o Fim do Novo Normal? Desafios para o Ambiente Econômico-Financeiro Global e as Implicações para o Brasil 2013/14

Boletim Econômico Edição nº 88 novembro de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico

Instituto de Economia - Gastão Vidigal. Boletim de Conjuntura

CICLOS DE POLÍTICA ECONÔMICA DO PÓS GUERRA Seminário Produtividade e Competitividade. Samuel Pessoa - Ibre-FGV Insper, 1º de agosto de 2013

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pesquisa Mensal de Emprego (IBGE/PME)

Instituto de Economia - Gastão Vidigal. Boletim de Conjuntura

Os sérios desafios da economia. Econ. Ieda Vasconcelos Reunião CIC/FIEMG Maio/2016

Balanço do ano. Presidente Marcelo de Souza e Silva

Nível de Atividade: Redução da Atividade Econômica no Início de 2015 e Futuro Ainda Muito Nebuloso (Especialmente Para o Setor Automobilístico)

Objetivos e instrumentos de política econômica, 1

A Lógica e o detalhamento das nossas premissas fundamentais

Perspectivas da economia brasileira Guido Mantega Ministro da Fazenda

CONTEXTO DA ECONOMIA E SEUS REFLEXOS NA AMÉRICA LATINA

Marco A.F.H.Cavalcanti (IPEA) XIII Workshop de Economia da FEA-RP Outubro de 2013

COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE TRANSFORMAÇÃO. Julho 2015 (Revisada)

Banco de Dados Nov/10

Infraestrutura estagnada: o nó da economia brasileira

COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma queda dos juros e crescimento moderado

Tendências da Economia Brasileira. Queda do estímulo no consumo/ Retração do Crédito

I FÓRUM FCE - UFRGS RECESSÃO BRASILEIRA: ORIGENS, DETERMINANTES E CONDIÇÕES DE SAÍDA. Marcelo S. Portugal UFRGS e CNPq

CENÁRIO ECONÔMICO BRASILEIRO EM TEMPOS DE CRISE. Marcelo Barros Amanda Aires

A recessão avança. Reui CICFIEG Ecista Ieda Vascces Agst2015

Em 2016, trabalhadores lutarão por emprego, renda e em defesa da Previdência pública

Boletim Econômico Edição nº 69 setembro de 2015 Organização técnica: Maurício José Nunes Oliveira assessor econômico

Perspectivas Alexandre Schwartsman

PERSPECTIVAS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2019

A economia brasileira em 2013 Guido Mantega Ministro da Fazenda

A Crise Econômica e o Futuro do Mundo

Os desafios da economia. Economista Ieda Vasconcelos Reunião CIC/FIEMG Outubro/2014

Balanço 2016 Perspectivas PIB e Performance do Agronegócio

Os últimos resultados da economia e o conturbado cenário nacional. Reunião CIC/FIEMG Econ. Ieda Vasconcelos Março/2016

Sondagem Conjuntural do Comércio Varejista

BOLETIM ECONÔMICO Fevereiro/2017

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 3o. Trimestre 2012

Conjuntura Econômica do Brasil Agosto de 2013

Desempenho negativo da Construção e das Indústrias de Transformação prejudicam o setor industrial

A Nova Matriz não deu certo: e agora, Joaquim?

ECONOMIA BRASILEIRA RESUMINDO: 1º GOVERNO LULA

Resultados de abril 2014

- Os salários não chegam a gerar metade da renda nacional das famílias: explicam 46,2% da renda em 2002 (cerca de R$771 bilhões).

CONFIANÇA DO COMÉRCIO AUMENTA PELA SÉTIMA VEZ NAS VÉSPERAS DO NATAL

Renegociação de Dívidas. Fabio Gallo

Ano III Dez/2015. Prof. Dr. Sergio Naruhiko Sakurai André Ribeiro Cardoso, Jaqueline Rossali e Guilherme Perez

O crescimento brasileiro é sustentável?

Em defesa da manutenção do salário mínimo vinculado às aposentadorias

CONJUNTURA ECONÔMICA. Por Luís Paulo Rosenberg. Junho/ 2013

Os Dilemas da Política Econômica

PIB se mantém em queda pelo décimo primeiro trimestre consecutivo

Crise de confiança. Roberto Padovani Setembro 2013

Luiz Carlos Bresser-Pereira. Luiz Carlos Bresser Pereira 8º. Fórum de Economia da FGV, 26-27/9/2011

Formulário de Referência CIA LOCAÇÃO DAS AMÉRICAS Versão : 3

Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina ICF. Intenção de Consumo das Famílias

Crédito e Inadimplência no Brasil Situação Atual e Perspectivas. Luiz Rabi Economista da Serasa Experian Palestra ABBC 14/06/2010

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 1º trimestre de 2013

Economia Brasileira em Perspectiva

O BRASIL E SUAS ESCOLHAS. Dra. Patrícia Palermo ASSESSORIA ECONÔMICA

Unidade III ECONOMIA E MERCADO. Prof. Rodrigo Marchesin

SEMINÁRIO PERSPECTIVAS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Economia. Poupança, investimento e sistema financeiro. Introdução à. N. Gregory Mankiw. Tradução da 6a. edição norte-americana

Coletiva de Imprensa. Resultados de 2016 e Perspectivas para Gilberto Duarte de Abreu Filho Presidente. São Paulo, 24 de Janeiro de 2017

ECO Economia Brasileira

Indicadores de Desempenho

Instituto de Economia - Gastão Vidigal. Boletim de Conjuntura

O SETOR EXTERNO DA ECONOMIA BRASILEIRA

Coletiva de Imprensa. Balanço de 2014 Expectativas para 2015

Panorama Econômico Internacional e Brasileiro

Boletim Macro IBRE. Seminário de Perspectivas para de Dezembro de 2017

Economia brasileira: Crise à vista

Os benefícios do câmbio desvalorizado para o saldo da Balança Comercial

PAC Equipamentos. Brasília, 27 de junho de 2012

PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE DA CNI, ROBSON BRAGA DE ANDRADE, NA REUNIÃO- ALMOÇO PROMOVIDA PELA EMBAIXADA DA ALEMANHA, EM BRASÍLIA

Impactos da Crise Mundial sobre a Economia Brasileira

PERSPECTIVAS DA ECONOMIA BRASILEIRA E O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL. Gustavo Loyola. APeMEC São Paulo (SP), maio de 2016

Perspectivas Econômicas

Economic São Paulo, Setembro de Lá vem o Brasil Subindo a Ladeira!

O Dilema da Política Monetária

As Medidas Econômicas do Governo Dilma

Consolidação dos Trabalhos sobre componentes do Balanço de Pagamentos. Análise Macroeconômica 1º semestre de 2007

Sistema Diretivo. Fetrafi Porto Alegre, 22 de fevereiro de 2017

PANORAMA E DESAFIOS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA. Bruno Leonardo

CARTA MENSAL. Agosto 2018

EM TEMPOS BONS OU RUINS, BANCOS BRASILEIROS LUCRAM 1

O Sistema de Metas de Inflação No Brasil. - Como funciona o sistema de metas e seus resultados no Brasil ( ).

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS E GERENCIAIS - ICEG DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

Carta Mensal. Resumo. Janeiro 2019

Volatilidade cambial e commodities. Cenários para 2016

VISÃO GERAL DA ECONOMIA

O perigo da depressão econômica

Transcrição:

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DA CONSTRUÇÃO E DO MOBILIÁRIO RECONHECIDA NOS TERMOS DA LEGISLAÇÃO VIGENTE EM 16 DE SETEMBRO DE 2010 Estudo técnico Edição nº 13 setembro de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico CONTRICOM Reconhecida nos term os da legislação vigente e m 16 d e s e te m b ro d e 2 0 1 0 Eleição presidencial e recessão econômica: presente e futuro 1

O modelo econômico intervencionista e dispendioso está esgotado O país vive o final da chamada Nova Matriz Econômica iniciada no primeiro mandato do Presidente Lula e erradamente continuada e insistida até o momento pelo Governo Dilma. Em que consiste essa Nova Matriz Econômica? Consiste em incentivar o consumo, flexibilizando o crédito, além de desonerar vários tipos de tributos, como foi feito com o IPI com zero de alíquota para automóveis e eletrodomésticos. O resultado foi bom, porém pontual, pois permitiu o aumento do consumo para a classe média e as populações de mais baixa renda, mas com escassez de oferta. Isso gerou a volta da inflação. O resultado foi claro: o setor industrial foi a pique por falta de competitividade e de produtividade das empresas minadas pela infraestrutura precária do País, que torna caro o escoamento da produção e aumenta os gastos com insumos básicos, como energia e combustíveis. O perfil social da população melhorou num primeiro momento, mas à custa da crise industrial, do endividamento das famílias e da crise das contas públicas minadas por desonerações tributárias exageradas e descompassadas que reduziu a arrecadação do Estado, alem de uma moeda (O Real) muito valorizada o que favoreceu demasiadamente a entrada de produtos importados mais baratos. 2

A teimosia em manter consumo elevado sem oferta somente aumentou o endividamento das famílias e do próprio Estado que não mais parou de gastar e de pedir emprestado para os bancos e o setor privado de forma a continuar pagando a chamada conta social, aumentando, entretanto, a conta financeira da dívida pública (juros e amortizações). Estimulando em demasia o consumo sem criar a oferta industrial necessária o efeito foi a cruel volta da inflação. A volatilidade das medidas do governo chegou a um disparate em relação à taxa de juros SELIC: o comportamento dela caiu muito num primeiro momento para, em seguida, voltar a subir muito sem, contudo conseguir controlar a inflação, mesmo reduzindo drasticamente o acesso ao crédito. Porque a inflação continua em alta? Porque existe no país uma grave crise de oferta de produtos em conseqüência do colapso econômico da indústria brasileira. As conseqüências desse modelo são bem claras: a taxa de investimento da economia caiu de 19,5% do PIB em 2010 para cerca de 17% do PIB até o final deste ano, a infraestrutura do país não melhorou e precisa de cerca de R$ 1 trilhão para alavancar a retomada do crescimento econômico através do setor privado, forçou a redução do spread (diferença entre a taxa que os bancos pagam e o que cobram dos clientes) dos bancos públicos, contudo os grandes e bilionários bancos privados não acompanharam esse movimento, promoveu desonerações sobre a folha de pagamento das empresas sem alcançar nenhum resultado significativo, segurou a elevação das tarifas públicas, deixando um rombo no setor Elétrico de R$ 70 bilhões, pressionou o caixa da 3

Petrobrás e sucateou o setor sucroalcooleiro ao segurar os preços dos combustíveis para conter a inflação. E a inflação continua subindo e o pessimismo econômico aumentando. Do lado do setor econômico produtivo, não existe nenhum estímulo para investir diante do excesso de regulação e da falta de dinheiro no mercado; e do lado da população em geral, o desemprego já preocupa muito. Como enfrentar os problemas do presente, pensando no futuro? Diante desse quadro econômico que foi explicitado, listamos, a seguir, os vários problemas que estão acontecendo no país e que explicam porque praticamente tudo parou de funcionar e que precisam ser resolvidos pelo próximo presidente que for eleito, independentemente de quem for: 1. Redução do consumo das famílias; 2. Maior endividamento do Estado e das famílias; 3. Inflação persistente no teto da meta, de 6,5%; 4. Juros altos no maior patamar desde 2009, com restrição ao crédito; 5. Câmbio valorizado, apesar das intervenções do Banco Central; 4

6. Falta de investimentos; 7. Queda na confiança de consumidores e empresários; 8. Mercado de trabalho perdendo fôlego; 9. Desaceleração do rendimento médio real dos trabalhadores; 10. Redução da capacidade instalada da indústria e queda na produção industrial; 11. Vendas mais fracas no comércio e em serviços; 12. Excesso de intervenção do governo em setores importantes, como energia e combustíveis; 13. Incertezas políticas do ano eleitoral; 14. Volatilidade da política econômica; 15. Política fiscal deteriorada, com gastos públicos crescentes; 16. Déficit em transações correntes (balança comercial e de serviços com o mundo); 17. Baixa produtividade da economia; 18. Pouca poupança interna para garantias de novos investimentos. 5