MÓDULO 3 A estrutura brasileira para o comércio exterior O governo brasileiro possui definida uma política voltada para o comércio internacional, onde defende os interesses das empresas nacionais envolvidas, para, através delas, maximizar a participação nacional no exterior e equilibrar sua balança comercial, além de controlar o câmbio. A balança comercial de um país é representada pela diferença entre o que é exportado e o que é importado ao serem convertidos em unidades monetárias. Para que haja um equilíbrio na balança comercial, é necessário que o país tenha uma política de estímulo à exportação e de controle da importação. O ideal é que o saldo da balança sempre seja positivo, isto é, que as exportações superem as importações, até para que o câmbio (cotação da moeda nacional diante das estrangeiras) seja preservado. Essa política é definida pelo governo federal de acordo com seus interesses. Por exemplo, se as importações estão muito acima da projeção, algumas ações são tomadas para evitar o saldo negativo da balança, como redução de alíquotas de exportação ou benefícios na carga tributária sobre as vendas externas ou restrições às importações de alguns produtos. Existem diversas organizações governamentais ou não, que atuam na elaboração dessas políticas de forma direta ou indiretamente, dentre elas podem ser destacadas as seguintes: 1. Conselho Monetário Nacional CMN; 2. Câmara de Comércio Exterior CAMEX; 3. Ministério das Relações Exteriores MRE; 4. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDIC; 5. Secretaria de Comércio Exterior SECEX; 6. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES; 7. Ministério da Fazenda MF; 3.1. Conselho Monetário Nacional CMN O Conselho Monetário Nacional (CMN) foi criado pela Lei 4.595 em 31/12/1964 e se trata da máxima entidade normativa do Sistema Financeiro Nacional (SFN). É de sua responsabilidade a fixação de todas as diretrizes referentes às políticas: monetária, creditícia e cambial do país. Vale ressaltar que o Banco Central do Brasil (BACEN) funciona como Secretaria Executiva do CMN. 3.2. Câmara de Comércio Exterior CAMEX A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) é um órgão que integra o Conselho de Governo. Criada pelo Decreto número 1.386, em 06/02/1995, tem como objetivo formular as políticas e coordenar todas as atividades inerentes ao comércio de bens e serviços para o exterior.
Em 1998, foi lançado pelo governo federal o Programa Especial de Exportações (PEE), no âmbito da CAMEX. O objetivo é estabelecer a interface entre o setor produtivo e os órgãos governamentais, visando aprimorar todos os instrumentos disponíveis de comércio exterior e mobilizar os exportadores por meio de suas entidades representativas. A CAMEX cabe propor as medidas que forem consideradas pertinentes para proteger os interesses brasileiros nas relações comerciais com países que possam vir a descumprir acordos estabelecidos bilateral, regional ou multilateralmente. Com a publicação do Decreto 4.732, de 10/06/2003, uma das alterações na estrutura da CAMEX, foi a criação do Conselho Consultivo do Setor Privado CONEX, o qual é composto por 20 representantes do setor privado. É de sua competência a assessoria do Comitê Executivo de Gestão GECEX, através da elaboração e do encaminhamento de estudos e de propostas setoriais para o contínuo aperfeiçoamento da política de comércio exterior brasileira. Ainda no âmbito da CAMEX, foi criado o Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações COFIG, com a publicação do Decreto n 4.993, em 18/02/2004. Com a responsabilidade de enquadrar e de acompanhar todas as operações do Programa de Financiamento às Exportações PROEX e do Fundo de Garantia à Exportação FGE, ele deve estabelecer parâmetros e condições para conceder assistência financeira às exportações e de prestação de garantia da União. A CAMEX é presidida pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 3.3. Ministério das Relações Exteriores MRE Responsável direto pelo auxílio às empresas com necessidades de força política no exterior, o Ministério das Relações Exteriores ainda coordena alguns departamentos com funções ativas nas ações promocionais e na difusão de informações, além de tratar sobre assuntos como: integrações regionais ao Mercosul; negociações com outros blocos (ALCA, União Européia, etc.); desenvolvimento, aperfeiçoamento e manutenção técnica da BrazilTradeNet; discussão e proposição de diretrizes de política externa no âmbito da ciência e da tecnologia, incumbindo se também de temas como a propriedade intelectual, dentre outras. 3.4. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDIC. É de responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior administrar as ações da Secretaria de Comércio Exterior SECEX e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES para que todas as suas ações estejam de acordo com as diretrizes formuladas pela CAMEX.
3.5. Secretaria de Comércio Exterior SECEX A SECEX atua como entidade gestora no âmbito do Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) e está subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. E são de sua competência algumas ações, como: I. Formulação de políticas e de programas de comércio exterior, além do estabelecimento das normas necessárias à implementação; II. Proposta de medidas, nos âmbitos fiscal e cambial, que viabilizem as políticas de: financiamento, recuperação de crédito, transporte e frete, seguro e promoção comercial. III. Proposta de diretrizes que articulem a utilização do instrumento aduaneiro de acordo com os objetivos gerais traçados pela política de comércio exterior, o que envolve a proposição de alíquotas para o imposto de importação; IV. Participação em negociações, acordos ou convênios internacionais que estejam relacionados ao comércio exterior; V. Implemento dos mecanismos de defesa comercial; VI. Apoio ao exportador submetido a investigações de defesa comercial no exterior. 3.6. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é uma instituição pública federal que está vinculada ao MDIC e que tem objetivo central: financiar, a longo prazo, todos os empreendimentos que venham a contribuir de alguma forma com o desenvolvimento do país. Uma de suas subsidiárias mais importantes é a Agência Especial de Financiamento Industrial, conhecida por muitos empresários como FINAME, a qual é a responsável pela linha de crédito e financiamento BNDES exim. Com o objetivo de facilitar o acesso do exportador ao crédito, o BNDES também dispõe do Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade (FGPC), conhecido comumente por Fundo de Aval. Este fundo de promoção consiste em minimizar o risco da exportação aos micros, pequenos e médios empresários, financiando os seus custos e avalizando a operação. 3.7. Ministério da Fazenda MF O Ministério da Fazenda atua no comércio exterior brasileiro através de ações do Banco Central do Brasil (BACEN), da Secretaria da Receita Federal (SRF) e do Banco do Brasil (BB). Estes órgãos, com exceção do BB, atuam como gestores no âmbito do Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX). Mas a todos são destinadas responsabilidades essenciais para o correto e eficaz funcionamento do comércio exterior brasileiro.
Ao Banco Central do Brasil (BACEN) cabe estabelecer as normas que regem as operações de câmbio, bem como fiscalizar e controlar as suas aplicações. E é através do SISCOMEX que o BACEN analisa, em tempo real, todas as operações de exportação brasileiras. Além do SISCOMEX, o Banco Central também utiliza outro sistema informatizado para conferir todas as operações interbancárias no território brasileiro, inclusive câmbio. Conhecido como Sistema Integrado de Registro de Operações de Câmbio (SISBACEN) é nele onde todas as operações de câmbio entre os bancos autorizados e os corretores credenciados, junto ao Banco Central, são registradas. A Secretaria da Receita Federal (SRF) é responsável pela administração de todos os tributos internos e aduaneiros devidos à União. É também de sua responsabilidade a fiscalização de produtos que estejam entrando e saindo do país e a devida arrecadação dos direitos aduaneiros sobre as importações brasileiras. Através do SISCOMEX, a Secretaria da Receita Federal analisa, em tempo real, todas as operações de exportação. Na qualidade de agente financeiro da União, o Banco do Brasil (BB) tem acesso ao Programa de Financiamento às Exportações (PROEX), que visa garantir condições de financiamento similares às internacionais aos exportadores brasileiros. E, por determinação da SECEX, também cabe ao Banco do Brasil emitir o Certificado de Origem "FORM A" do Sistema Geral de Preferências (SGP) e do Certificado de Origem Têxteis destinado à União Européia. 3.8 Organograma