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72 Revisão de Literatura Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais Revista INVESTIGAÇÃO medicina veterinária Investigação, 14(1):72-77, 2015 COLOCEFALECTOMIA E OSTEOTOMIA PÉLVICA TRIPLA NO TRATAMENTO DA DISPLASIA COXOFEMORAL EM CÃES Colocefalectomia and osteotomy triple pelvic in the treatment of hip dysplasia in dogs: Literature review Caio Livonesi Dias de Moraes 1 ; Fernanda Gosuen Gonçalves Dias 2 ; Lucas de Freitas Pereira 2 ; Cristiane dos Santos Honsho2; Maria Eduarda Bastos Andrade Moutinho da Conceição3 ; Adriana Torrecilhas Jorge, Luis Gustavo Gosuen Gonçalves Dias 1. Graduação em Medicina Veterinária, Universidade de Franca - UNIFRAN, Franca-SP, Brasil 2. Docente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade de Franca - UNIFRAN, Franca-SP, Brasil. 3. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária da FCAV, UNESP, Jaboticabal, SP, Brasil. 4. Programa de Mestrado em Ciência Animal, Universidade de Franca - UNIFRAN, Franca-SP, Brasil. Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista UNESP, Jaboticabal, SP, Brasil. RESUMO ABSTRACT Diante da alta prevalência de displasia coxofemoral na espécie canina, objetivou-se discorrer sobre fatores etiológicos e seus agravantes, sintomatologia clínica, diagnóstico e distintas opções terapêuticas, enfatizando-se as cirúrgicas. A displasia coxofemoral é frequentemente diagnosticada em cães de raças de grande porte e de crescimento rápido. Esta afecção ortopédica é caracterizada pelo desenvolvimento anormal das articulações coxofemorais, o que pode gerar secundariamente doença articular degenerativa, a qual é irreversível. A etiologia é multifatorial e os sinais clínicos mais encontrados nos pacientes acometidos são claudicação e relutância a exercícios crônicos e extensos. O diagnóstico é feito por exame ortopédico rigoroso, seguido do radiográfico. As formas disponíveis para o tratamento da displasia coxofemoral são conservadora ou cirúrgica, sendo que a escolha dependerá da idade, do grau de sensibilidade do animal e dos achados clínicos e radiográficos. Palavras-chave: articulação, cão, claudicação, ortopedia veterináriaabstrac Faced with the high prevalence of hip dysplasia in dogs, is aimed to discuss its etiological factors and aggravating, clinical symptoms, diagnosis and various treatment options, emphasizing the surgical. Hip dysplasia is often diagnosed in large breeds of dogs and rapid growth. This orthopedic disorder is characterized by abnormal development of the hip joints, which can lead to secondary degenerative joint disease, which is irreversible. The etiology is multifactorial and clinical signs most commonly found in affected patients are lameness and reluctance to exercise chronic and extensive. Diagnosis is made through rigorous orthopedic examination, followed by radiographic. The forms available for the treatment of hip dysplasia are conservative or surgical, and the choice will depend on the age, of the animal s sensitivity level and clinical and radiographic findings. Keywords: articulation, dog, lameness, veterinary orthopedics

INTRODUÇÃO A displasia coxofemoral (DCF), descrita pela primeira vez por Schenelle em 1935, é comumente relatada na espécie canina, acometendo principalmente animais de grande porte (MINTO et al. 2012). Desenvolve-se pela incongruência entre a cabeça ao se articular com acetábulo, gerando frouxidão de tecidos moles e instabilidade local, além de doença articular degenerativa (ROCHA et al. 2013). Os principais fatores associados à etiologia e a gravidade da doença são hereditariedade, nutrição, influência hormonal e meio ambiente (BETTINI et al. 2007; SANTANA et al. 2010). A sintomatologia apresentada está associada à dor uni ou bilateral (RAWSON et al. 2005) e a gravidade desses sinais dependerá do grau da evolução (BARROS et al. 2008). O diagnóstico deve ser baseado nas seguintes etapas: resenha, histórico, sinais clínicos, exame ortopédico e radiográfico. Para o diagnóstico definitivo são necessárias radiografias obtidas com o paciente bem posicionado, de maneira que possam ser visibilizados cabeça e colo femorais, além do bordo acetabular (BETTINI et al. 2007). A displasia coxofemoral pode ser tratada de forma conservadora ou cirúrgica, dependendo da idade do paciente, da gravidade da doença e da presença de afecções concomitantes. Portanto, os objetivos são diminuir a dor, melhorar a função do membro afetado e garantir qualidade de vida (SANTANA et al. 2010). Perante a ocorrência frequente da displasia coxofemoral na espécie canina, objetivou-se discorrer sobre esta afecção, enfatizando alguns aspectos, tais como os protocolos terapêuticos cirúrgicos mais comumente realizados na veterinária, como a osteotomia pélvica tripla (OPT) e artroplastia excisional de cabeça e colo femorais (colocefalectomia), já que nenhuma é considerada totalmente eficaz DESENVOLVIMENTO Investigação, 14(1):72-77, 2015 A articulação coxofemoral é formada pela cabeça femoral e pelo acetábulo. Essa configuração anatômica proporciona estabilidade, congruência, concomitantemente permitindo grande amplitude de movimentos como lateralidade e torção dos membros pélvicos (VEZZONI, 2007). Neste contexto, a displasia coxofemoral, comumente relatada na espécie canina, principalmente nos animais de grande porte e com crescimento rápido (MINTO et al. 2012; ROCHA et al. 2013), é originada por alteração na cabeça, colo femoral e acetábulo durante a fase de desenvolvimento, por problemas no desenvolvimento muscular e ósseo. Pode ocasionar frouxidão, instabilidade e subluxação das estruturas articulares (VEZZONI, 2007; BARROS et al. 2008), progredindo para doença articular degenerativa. Esta, quando em estado avançado, promove espessamento da cápsula, estiramento ou ruptura do ligamento da cabeça do fêmur, degeneração da cartilagem, proliferação óssea, espessamento do colo femoral e atrofia muscular. Mesmo que não haja luxação total, o animal pode apresentar dificuldade de movimentação e dor, devido à artrose (SMITH, 1997; HULSEN & JOHNSON, 2002; BARROS et al. 2008). O aumento da instabilidade articular está associado com efusão articular, o estiramento da cápsula articular e a frouxidão do ligamento redondo, dessa forma provoca-se subluxação da cabeça femoral ao caminhar, alterando o conjunto de forças exercidas na articulação. Essas forças se concentram na região medial da cabeça femoral e borda crânio-dorsal acetabular, com isso o processo de ossificação se retarda. O resultado dessas modificações é o arredondamento da borda e arrasamento do acetábulo e deformação da cabeça femoral, agravando ainda 73 mais a instabilidade articular (SANTANA et al. 2010; MINTO et al. 2012). As microfraturas provocadas no osso subcondral, devido à distribuição anormal das forças, se consolidam e alteram a elasticidade óssea. O estresse contínuo sobre a cartilagem intensifica sua degeneração e promove a exposição do osso (SANTANA et al. 2010). A estimulação agressiva constante na articulação pode lesionar as células da membrana sinovial causando, inicialmente, hipertrofia e hiperplasia e, em casos graves, necrose do tecido. Essas lesões fazem com que a produção de líquido sinovial aumente, proporcionando dor devido ao consequente aumento da pressão intra-articular. A cartilagem não possui vasos sanguíneos e terminações nervosas, portanto favorece surgimento de alterações irreversíveis antes do aparecimento dos sinais clínicos. A reparação tecidual da cartilagem se torna muito limitada devido à ausência de vascularização (HULSEN & JOHNSON, 2002; BARROS et al. 2008) Na DCF, cartilagem, membrana sinovial e cápsula articular são acometidas, comprometendo o transporte de nutrientes até os condrócitos e capacidade de regeneração cartilaginosa. As lesões dessa cartilagem podem resultar em regeneração ou degeneração, dependendo da intensidade e duração da lesão e da idade do animal (BETTINI et al. 2007). Dentre os fatores etiológicos, destacam-se a hereditariedade, nutrição, hormônios e meio ambiente, os quais também podem agravar o quadro dos pacientes acometidos (BETTINI et al. 2007; SANTANA et al. 2010). Há relatos na literatura da ocorrência da doença tanto em machos quanto em fêmeas de qualquer idade (MINTO et al. 2012).

74 Investigação, 14(1):72-77, 2015 A doença pode ser identificada em qualquer raça, porém nos cães de grande porte a ocorrência é maior, como nas raças Border Collie (BETTINI et al. 2007), Pointer, Fila Brasileiro, Labrador Retriever, Boxer, Pastor Alemão, São Bernardo, Old English Sheepdog, Rottweiller e Golden Retriever (SANTANA et al. 2010). A displasia coxofemoral não possui predisposição sexual, sendo diagnosticada tanto em machos quanto em fêmeas (BETTINI et al. 2007), podendo se desenvolver a partir dos cinco meses (RAWSON et al. 2005). Cães jovens normalmente apresentam claudicação unilateral com aparecimento agudo e redução da atividade locomotora associada à dor, dorso arqueado e peso corporal deslocado para os membros torácicos. Nesses animais é observada intolerância ao exercício e musculatura fracamente desenvolvida (HULSEN & JOHNSON, 2002). Nessa fase, radiograficamente, observase que a cabeça femoral está subluxada ou luxada (SOUZA & TUDURY, 2003). Nos cães mais velhos, a claudicação geralmente é bilateral e os sintomas são contínuos, podendo ser classificados em leves a graves. Eventualmente surgem de forma aguda após atividade física forçada. Esses sinais são decorrentes das alterações articulares degenerativas crônicas. O cão senta-se frequentemente e levanta-se com dificuldade e, pode apresentar crepitação ao se movimentar-se. Pode ser observada hipertrofia da musculatura dos membros torácicos em virtude do alívio de peso da região pélvica que torna-se atrofiada, apresentado-se saliência dos trocânteres e dos ossos da pelve (MORGAN, 1997). O diagnóstico deve ser baseado nas seguintes etapas: resenha, histórico e sinais clínicos, além de exames ortopédico e radiográfico (OHLERTH et al. 2001). Durante a anamnese deve ser questionado o tipo de ambiente que o animal habita, se apresenta dificuldade de se levantar, intolerância ao exercício, claudicação, crepitação ao movimento, dor, atrofia da musculatura pélvica e hipertrofia da musculatura torácica (OHLERTH et al. 2001). O exame ortopédico tem a finalidade de detectar a presença ou ausência de frouxidão na articulação. Assim, é necessário observar o formato da pelve do animal. Num cão normal, esta é arredondada e curva ventralmente em direção as vértebras caudais. Quando o animal possui subluxação da cabeça femoral, a pelve se torna quadrada, passando a ser denominada de pelve em forma de caixa. Essa conformação indica que as articulações estão mal formadas, podendo evoluir para luxação ou degeneração articular (MORGAN, 1997). O teste ortopédico de Ortolani é comumente utilizado. Para ser realizado, o paciente, sob contenção física ou química, deve ser posicionado em decúbito lateral com o membro a ser avaliado para cima. Aplica-se uma força no fêmur no sentido ventrodorsal fazendo com que a cabeça do fêmur saia parcialmente ou totalmente do acetábulo. Em seguida é realizada a abdução do fêmur voltando à cabeça femoral para a fossa acetabular, que ao sair da borda do acetábulo, é produzido som de estalo que pode ser ouvido ou sentido pelas mãos do examinador, caracterizando o sinal de Ortolani positivo (SOUZA & TUDURY, 2003). O exame radiográfico necessita de nitidez, contraste adequado, de tal forma que o bordo acetabular dorsal e a estrutura trabecular da cabeça e colo femorais estejam bem evidenciados. Para isso, o cão deve estar bem posicionado, necessitando-se de anestesia geral e decúbito dorsal, com os membros pélvicos estendidos e os fêmures paralelos entre si e em relação à coluna vertebral. Por meio da rotação interna dos membros pélvicos, as patelas se centralizarão nos côndilos femorais e a pelve estará em simetria e à partir daí obtêm as imagens radiográficas na incidência ventro-dorsal (SOMMER & GRIECO, 1997) A interpretação radiográfica é feita avaliando-se a cobertura da cabeça femoral pelo acetábulo e a congruência entre o acetábulo e a cabeça do fêmur. Vários métodos de mensuração radiográfica são utilizados; entre eles, o ângulo de Norberg é o mais utilizado, sendo que a articulação é considerada displásica quando a cabeça do fêmur ajusta-se inadequadamente ao acetábulo e tanto luxação quanto subluxação confirmam o diagnóstico da doença. O ângulo de Norberg pode ser realizado por meio da digitalização das imagens radiográficas transportadas para software específico para aferição dos valores, avaliando condições ortopédicas tais como a frouxidão articular, subluxação coxofemoral e configuração acetabular, tendo como principal influência para a detecção e mensuração do ângulo a borda craniolateral acetabular sobre a cobertura da cabeça femoral. Com a imagem já digitalizada são traçadas duas linhas. Uma une as duas cabeças femorais pelo centro, e a outra une o centro da cabeça femoral examinada com a borda craniolateral do acetábulo do mesmo lado. Se o ângulo formado entre as linhas for inferior a 105 demonstra alteração entre a cabeça femoral e o acetábulo, sendo sinal de subluxação ou luxação, o que pode caracterizar a DCF (OHLERTH et al. 2001). A variação do ângulo de Norberg é classificada em cinco graus, de acordo com os achados radiográficos: Grau A articulações coxofemorais normais: congruência entre cabeça femoral e acetábulo. Ângulo de Norberg aproximadamente 105 ; grau B articulações próximas da normalidade: incongruência leve entre cabeça femoral e acetábulo, com ângulo de aproximadamente 105 ; grau C DCF leve: a cabeça femoral e o acetábulo são

Investigação, 14(1):72-77, 2015 incongruentes. O ângulo acetabular é de aproximadamente 100 ; grau D DCF moderada: incongruência entre a cabeça femoral e o acetábulo é evidente, já demonstrando subluxação. Ângulo de Norberg aproximadamente 95 e grau E DCF grave: alterações articulares evidentes de displasia, com sinais de luxação ou subluxação (OHLERTH et al. 2001). Durante a avaliação radiográfica, sinais de doença articular degenerativa podem estar evidentes, tais como: formação de osteófitos periarticulares, esclerose óssea subcondral na borda craniodorsal do acetábulo, presença de osteófitos nas margens acetabulares e remodelação óssea devido ao desgaste crônico. Porém, a subluxação da articulação coxofemoral é o achado mais comum no início da doença (OHLERTH et al. 2001). Doenças neurológicas e outras enfermidades ortopédicas causam sinais clínicos semelhantes à displasia coxofemoral. Em animais jovens com claudicação, deve ser realizado diagnóstico diferencial para panosteíte, osteocondrose, separação fiseal, osteodistrofia hipertrófica e lesão completa do ligamento cruzado cranial; ao passo que em animais mais velhos devemos eliminar a possibilidade de doenças neurológicas como a síndrome da cauda equina, e ortopédicas como ruptura do ligamento cruzado cranial, poliartrite, traumas e neoplasias ósseas (HULSEN & JOHNSON, 2002). A displasia coxofemoral pode ser tratada de forma conservadora ou cirúrgica, dependendo da idade do paciente, da gravidade da doença e da presença de afecções concomitantes. Os objetivos de todas as formas de tratamento são diminuir a dor, melhorar a função do membro e garantir qualidade de vida (BIRCHARD & SHERDING, 2003; SANTANA et al. 2010). O tratamento clínico baseia-se em: administração de analgésicos, anti-inflamatórios não-esteroidais ou esteroidais, sulfato de condroitina e glucosamina, controle do peso com dietas rigorosas para reduzir o estresse mecânico sobre a articulação para prevenir ou aliviar o processo inflamatório presente, fisioterapia, acupuntura e manejo (evitar deixar o animal em piso liso). Quando o tratamento clínico não for satisfatório, indica-se o cirúrgico. Este último também é de escolha inicial nos casos em que os sinais clínicos e radiográficos do paciente estejam acentuados (ROCHA et al. 2013). Dentre as técnicas cirúrgicas mais comumente realizadas na medicina veterinária, a osteotomia pélvica tripla (OPT) objetiva reposicionamento do acetábulo sobre a cabeça femoral (ventroversão acetabular), reestabelecendo a congruência entre eles e possibilitando maior estabilidade articular (REGONATO et al. 2009). É indicada para cães jovens, entre quatro e oito meses de idade, os quais demonstrem sinais clínicos e subluxação, porém sem presença de doença articular degenerativa, acetábulo raso e doença neurológica; visto que animais nessa idade ainda permitem remodelamento ósseo. Assim, a seleção de animais para a aplicação desta técnica deve seguir três critérios: idade, conformação do acetábulo e cabeça femoral, e capacidade de estabilização da pelve após rotação (MINTO et al. 2012). A cabeça femoral deve estar livre de osteófitos e deformações e a capacidade de rotação da pelve é avaliada por meio do teste de Ortolani durante o exame físico (PIERMATTEI et al. 2009). A técnica de OPT requer excisão da margem púbica, do assoalho do ísquio e do corpo do ílio. O membro é preparado e coberto com panos estéreis, possibilitando manipulação ampla. O animal fica em decúbito dorsal e o membro é mantido na vertical, expondo o ramo púbico através de acesso ventral. O músculo pectíneo é incisado próximo à proeminência iliopectínea e tendão prépúbico. O ventre muscular é afastado, elevam-se o músculo grácil, os músculos abdominais e o tendão pré-púbico para expor o ramo púbico. Duas secções (osteotomias) são realizadas, 75 uma próxima do limite medial do forame obturador e a outra na junção do púbis com o ílio. Esta secção deve ser realizada o mais próximo possível do corpo ilíaco para não permanecer ponta óssea protuberante quando ocorrer a rotação do conjunto. O nervo obturador deve ser protegido, pois está muito próximo da região. Os músculos abdominais e tendão pré-púbico são suturados no músculo grácil e os demais tecidos são suturados em camadas (PIERMATTEI et al. 2009). O decúbito é modificado para lateral e é realizada outra incisão acima do ângulo medial da tuberosidade isquiática. Abordase a mesa isquiática pela elevação dos músculos obturador interno, semimembranoso e quadrado, sendo que o primeiro é afastado dorsalmente e os dois últimos ventralmente. Dessa forma, a região do ísquio exposta é osteotomizada, iniciando cranialmente a porção lateral do forame obturador. A osteotomia pode ser realizada com fio-serra de Gigli, serra manual ou elétrica, mas não deve ser utilizado o osteótomo, pois pode seccionar em direção ao ramo isquiático. Uma abordagem lateral é feita próxima à borda do ílio. Os músculos glúteos são elevados, tomando cuidado para proteger os nervos obturador, glúteo cranial e ciático. Outra osteotomia é realizada, desta vez no ílio, caudal ao sacro. A secção óssea é realizada em ambos os planos numa linha entre a tuberosidade isquiática e terço ventral da crista ilíaca (PIERMATTEI et al. 2009). O segmento acetabular é movido com auxílio de pinça óssea, no sentido craniolateral, e a extremidade pontiaguda do ílio é removida para evitar irritação da musculatura local. A placa é fixada no segmento caudal com parafusos de 3,5 mm. O conjunto acetabular é rotacionado para lateral e a placa é fixada cranialmente na porção cranial do ílio. A articulação coxofemoral deve permanecer estável e sem sinal de Ortolani. Se essas alterações estiverem presentes, a placa deve ser substituída por outra com angulação maior para eliminar os

Investigação, 14(1):72-77, 2015 sinais. Quando corrigido a angulação adequada, a placa deve ser fixada no segmento cranial do ílio. Em cães com idade de quatro a oito meses podem ser utilizadas cerclagens ao redor da placa para auxiliar na fixação, já que o osso é mais frágil. Após o procedimento, as incisões para acesso ao ísquio e ao ílio são fechadas (PIERMATTEI et al. 2009). Exame radiográfico pós-operatório é fundamental para avaliar a correta colocação dos implantes, ventroversão acetabular e grau de cobertura acetabular (REGONATO et al. 2009). Se for necessário operar o lado oposto, o procedimento deve ser realizado após duas a três semanas, pois a remodelação óssea ocorre rapidamente em filhotes. Recomenda-se castrar o animal, já que a DCF possui caráter hereditário (PIERMATTEI et al. 2009) As complicações da OPT estão relacionadas com constipação, estreitamento do canal pélvico, estrangúria, paralisias de nervos, incongruência persistente, infecção da ferida cirúrgica e falhas de implantes (ROSE et al. 2012a; ROSE et al. 2012b; TONG & HAYASHI, 2012). Ainda no contexto cirúrgico, a artroplastia, também chamada de colocefalectomia femoral, é uma das cirurgias mais utilizadas em animais acometidos por DCF (BOTEGA et al. 2014). Objetivase formação de pseudoartrose sem contato ósseo e deposição de tecido fibroso após ressecção da cabeça e do colo femoral, com posterior alívio da dor (DAVIDSON et al. 2006; OFF & MATIS, 2010). Utilizada em pacientes acometidos por doença articular degenerativa, quando o tratamento clínico não obteve respostas e o custo de substituição completa do quadril (prótese) é elevado para o tutor. Esta técnica é indicada para cães de todas as idades, porém tem melhores resultados em animais com peso inferior a 20 kg. Alivia a dor, pois a cabeça e o colo femorais são eliminados e não existe mais nenhum contato ósseo entre o fêmur e a pelve, criando nessa falha um tecido cicatricial (OFF & MATIS, 2010). Para a realização da técnica, aborda-se a região da articulação, craniolateralmente. Ato contínuo rebate-se a cápsula articular e o tendão de origem do músculo vasto lateral para expor a porção cranial do colo femoral de maneira adequada. Com auxílio dos afastadores de Hohmann internamente na cápsula articular, os músculos glúteos são afastados no sentido dorsal. Para melhor exposição do fêmur, indica-se subluxá-lo com ajuda de pinça óssea fixada no trocânter maior. Dessa forma, a secção do ligamento redondo do fêmur com tesoura e a elevação da cápsula articular da cabeça femoral se tornam facilitadas (PIERMATTEI et al. 2009). O colo femoral é melhor seccionado com osteótomo e o membro rotacionado no sentido externo num ângulo de 90. Para cães de grande porte, o osteótomo deve ter no mínimo uma polegada (2,5 cm) de largura. Se não tiver este instrumento disponível, a secção deve ser realizada em etapas com uma linha predeterminada. Esta linha parte da base do trocânter maior e se estende por todo o colo femoral, indicando onde deve ser seccionado. Em alguns casos a linha inclui o trocânter menor. A partir dessa linha traçada, o cabo do osteótomo deve ser movido em direção ao tronco do animal até que ele esteja orientado paralelamente ao plano sagital da coxa. Dessa forma, a porção caudal do colo femoral é seccionada impedindo o atrito com a borda acetabular, de modo a permitir a deposição de tecido fibroso na região interóssea. Utilizando o osteótomo, realiza-se o corte a partir da região distal a proximal, evitando a separação da cortical medial do fêmur. Após a liberação da cabeça e colo femorais, ambos podem ser pinçados com auxílio de pinça óssea para permitir a divulsão dos tecidos remanescentes com tesouras curvas (PIERMATTEI et al. 2009). O colo femoral deve ser palpado para verificar se há irregularidades, fragmentos ou porções remanescentes 76 na superfície caudal. Caso sejam encontrados, devem ser removidos com osteótomo ou cizalha. Em alguns cães, há produção óssea excessiva devido ao acúmulo de osteófitos na borda do acetábulo, nestes casos também deve ser realizar o debridamento. Tração do joelho com movimentos proximais e distais é um método de mimetizar o movimento com suporte de peso para descobrir crepitações. Para realizar o fechamento da incisão, reposicionam-se os músculos, vasto lateral e glúteo profundo, com sutura absorvível em padrão simples separado. Ato contínuo sutura-se a fáscia lata com fio absorvível sintético, padrão simples separado, assim como o tecido subcutâneo e por final, dermorrafia com sutura inabsorvível sintético em padrão simples separado (PIERMATTEI et al. 2009). Após três a sete dias de pós-operatório, o membro necessita ser estimulado com exercícios de movimentação passiva, realizados de vinte a trinta repetições, durante quatro vezes ao dia, até o cão apoia o membro para correr. Para que o membro atinja funcionalidade satisfatória é necessário em média dois a três meses. Em alguns animais a marcha fica indistinguível da normal; já nos demais, a marcha sofre ligeira anormalidade. Pode ocorrer atrofia muscular do membro, e o fêmur pode se deslocar dorsalmente à pelve (BIRCHARD & SHERDING, 2003) Dentre as complicações mais encontradas após a cirurgia destaca-se a ressecção incompleta do colo femoral, causando dor e função reduzida do membro, além de envolvimento de nervos por tecido fibroso (FITZPATRICK et al. 2012). Comparando as duas técnicas descritas, a colocefalectomia femoral é mais utilizada, pois é menos exigente do ponto de vista técnico e não necessita de implantes metálicos. A recuperação pós-operatória é mais rápida que na OPT, pois a movimentação da articulação ajuda na formação de fibrose (LOPEZ et al. 2008).

Investigação, 14(1):72-77, 2015 Dentre essas técnicas, o prognóstico dependerá do comportamento do paciente, gravidade da lesão e se há doença articular degenerativa. Em longo prazo, os prognósticos de OPT e colocefalectomia femoral variam de bom a excelente, reduzindo a dor e levando a satisfação do proprietário devido à melhor funcionalidade do membro (OFF & MATIS, 2010). As técnicas explanadas na presente revisão são bastante conhecidas e utilizadas na rotina clínica para alívio da dor e melhora na qualidade de vida do paciente, apresentando bons resultados. A escolha de cada uma delas dependente da idade e estado clínico do animal, além da resposta do mesmo a tratamentos conservadores prévios. REFERÊNCIAS Barros G.S. et al. 2008. Frequência da displasia coxofemoral em cães da raça Pastor Alemão. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 60(6): 1557-1559. Bettini C.M. et al. 2007. Incidência de displasia coxofemoral em cães da raça Border Collie. Arquivo de Ciências Veterinárias e Zoológicas Unipar. 10(1): 21-25. Birchard S.J. & Sherding R.G. 2003. Manual Saunders - Clínica de Pequenos Animais. 1.ed. São Paulo: Roca. 475p. Botega R. et al. 2014. Desenvolvimento de ferramenta e próteses cirúrgicas de recapeamento para artroplastia de quadril em cães. In: Anais do Congresso Paulista das Especialidades (CONPAVET). São Paulo, Brasil. p. 12. Davidson J.R. et al. 2006. Reabilitação ortopédica. In: Levine D. et al. Reabilitação e Fisioterapia na prática de pequenos animais. 1. ed. São Paulo: Roca. pp. 30-52. Fitzpatrick N. et al. 2012. Total hip replacement after failed femoral head and neck excision in two dogs and two cats. Veterinary Surgery. 41(1): 136-142. Hulse D.A. & Johnson A.L. 2002. Tratamento da doença articular. In: Fossum T.W. Cirurgia de Pequenos Animais. 2. ed. São Paulo: Roca. pp. 1042-1087. Lopez M.J. et al. 2008. Relationships among measurements obtained by use of computed tomography and radiography and scores of cartilage microdamage in hip joints with moderate to severe joint laxity of adult dogs. American Journal of Veterinary Research. 69(3): 362-370. Minto B.W. et al. 2012. Avaliação clínica da denervação acetabular em cães com displasia coxofemoral atendidos no hospital veterinário da FMVZ Botucatu SP. Veterinária e Zootecnia. 19(1): 91-98. Morgan S.J. 1997. Pathologic alterations in canine hip dysplasia. Journal of American Veterinay Medicine Association. 210(10): 1446-1450. Ohlerth S.C. 2001. Estimation of genetic population variables for six radiographic criteria of hip dysplasia in a colony of Labrador Retrievers. American Journal of Veterinary Research. 62(6): 846-852. Off W. & Matis U. 2010. Excision arthroplasty of the hip joint in dogs and cats. Clinical, radiographic, and gait analysis findings from the Department of Surgery, Veterinary Faculty of the Ludwig-Maximilians-University of Munich, Germany. Veterinary and Comparative Orthopedics and Traumatology. 23(5): 297-305. Piermattei D.L. et al. 2009. Ortopedia e tratamento de fraturas de pequenos animais. 4 ed. São Paulo: Manole. 934p. Rawson E.A. et al. 2005. Simultaneous bilateral femoral head and neck osteoctomy for the treatment of canine hip dysplasia. Journal of American Animal Hospital Association. 41(1): 166-170. Regonato E. et al. 2009. Avaliação radiográfica da cobertura acetabular à cabeça femoral, após osteotomia tripla e aplicação de cunha sacroilíaca, em pelve de cadáveres de cães. Pesquisa Veterinária Brasileira. 29(8): 625-631. Rocha L.B. et al. 2013. Denervação articular coxofemoral em cães com doença articular degenerativa secundária à displasia. Ciência Animal Brasileira. 14(1): 120-134. Rose A.S. et al. 2012a. Effect of a locking triple pelvic osteotomy plate on screw loosening in 26 dogs. Veterinary Surgery. 41(1): 156-162. Rose S.A. et al. 2012b. Uddin N. Use of locking plate and screws for triple pelvic osteotomy. Veterinary Surgery. 41(1): 114-120. Santana L.A. et al. 2010. Avaliação radiográfica de cães com displasia coxofemoral tratados pela sinfisiodese púbica. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 62(5): 1102-1108. Smith G.K. 1997. Advances in diagnosing canine hip dysplasia. Scientific Reports. 210(10): 1451-1457. Sommer E.L. & Grieco C.L. 1997. Displasia coxofemoral. Clínica Veterinária. 2(1): 10-13. 77 Souza A.F.A. & Tudury E.A. 2003. Displasia coxofemoral: diagnóstico clínico e radiológico revisão. Clínica Veterinária. 8(47): 54-66. Tong K. & Hayashi K. 2012. Obturator nerve impingement as a severe late complication of bilateral triple pelvic osteotomy. Veterinary and Comparative Orthopedics and Traumatology. 25(1): 67-70. Vezzoni A. 2007. Definition and clinical diagnosis of canine hip dysplasia: early diagnosis and treatment options. European Journal Companion Animal Practice. 17(1): 126-132.