RECTAL PAROXYSTICAL PAIN

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CRITÉRIOS DE ROMA III Doenças funcionais gastrointestinais H- Doenças GI funcionais em idade pediátrica: criança/adolescente H1- Vómitos e aerofagia H2- Dor abdominal H3- Obstipação e Incontinência

2006 Paroxysmal extreme pain disorder Antigamente designada por: familial rectal pain syndrome Rectal: sintomatologia não é exclusivamente rectal; famílias consideraram estigmatizante e embaraçoso; incorrectamente implica que a doença é gastrointestinal, quando é neurológica. Extreme pain: dor descrita pelos doentes como severa, extrema, mais intensa que o parto, mais intensa que alguma vez foi sentida pelo homem. Familial: retirado pq há casos esporádicos e também porque o nome ficaria muito longo.

Características clínicas: Extremamente rara Paroxysmal extreme pain disorder Journal of Pediatric Neurology; 2010 Início muito precoce AD Mutações nos canais de Na Dor intensa paroxística é a característica comum a todos os doentes (painful attacks) Manifestações autonómicas

Idade de apresentação Provável que o início seja nos 1ºs dias/meses de vida, em todos os casos. Um caso descrito de início pré-natal (bradicardia e assistolia periparto). Diagnosticado como epilepsia por crises tónicas em grande parte dos doentes convulsões tónicas não epilépticas. Mantêm-se ao longo da vida mas com diminuição da intensidade.

Dor Intensa, inimaginável, lancinante, tipo queimadura, tipo picada de agulha. Lactente: choro gritado inconsolável, olhar de terror, agarrando-se com força. Surge subitamente e dura 10 seg a 1 minuto. Acompanha-se de manifestações SNA: flushing (localizado, regional ou difuso) em todos os doentes; alter. coloração tipo Harlequim; Hipersudorese; hipersalivação na dor submandibular; lacrimejo e rinorreia intensos na dor ocular. ASSINTOMÁTICOS entre os paroxismos.

Dor In Neurology 2007; 69: 586-595

Dor RECTAL Mais comum e mais severa Desencadeada pela defecação, mudança de fraldas; inserção termómetro; movimentos peristálticos. Convulsão tónica não epiléptica, broncospasmo; bradicardia; síncope; assistolia. A frequência dos paroxismos tende a diminuir com a idade. Obstipação é complicação comum.

Dor SUBMAXILAR/SUBMANDIBULAR E OCULAR Associadas á dor rectal, mas podem aparecer mais tardiamente. Menor severidade. Submandibular: mastigação, frio, emoções. Ocular: vento frio; factores irritantes. Há correlação, embora não constante, entre o factor precipitante e a área dolorosa.

Distúrbio paroxístico não epiléptico Ocorre em grande parte dos doentes. Crises tónicas, instalação neonatal e tornam-se menos frequentes na criança. Neonatal: postura tónica, apneia, bradicardia, flushing, coloração tipo harlequim, sem choro. 1ºs M: choro gritado, depois apneia, palidez, postura rígida. Duração de seg -1 min; período pós-ictal com hipotonia. EEG sem actividade epileptiforme.

Fisiopatologia: Neuropatia Mutação no gene SCN9A (cromossoma 2) que codifica canal sódio

Diagnóstico Diferencial S. Sandifer Hiperekplexia APUDomas Proctalgia Fugaz

Exames auxiliares de diagnóstico: EEG e ECG normais durante os paroximos e entre crises. Video é o melhor exame. Exames laboratoriais sem alter Doseamentos urinários de neurotransmissores Phmetria esofágica Exames contrastados GI

Terapêutica: Carbamazepina Parcialmente eficaz Reduz nº e intensidade crises

Prognóstico: Paroxismos diminuem (frequência e intensidade) com a idade Patologia psicológica

OBRIGADA PELA VOSSA ATENÇÃO