O Corpo Pulsante Um corpo sadio está em constante estado de vibração quer desperto ou dormindo - Alexander Lowen A o observar uma criança dormindo, podemos ver tremores suaves, como ondas, percorrendo várias partes do seu corpo. Nós adultos, algumas vezes, também experimentamos esses tremores. Um corpo vivo pulsa, cada célula em nosso corpo pulsa, está em constante movimento. Somos seres pulsantes. A pulsação indica vida! Tal pulsação libera movimentos alternados de expansão e contração, alguns suaves outros fortes: esses fluxos contínuos formam ondas. Estamos familiarizados com essas ondas no batimento cardíaco que pulsa através das artérias e nos movimentos peristálticos do intestino, que são uma onda pulsatória. Mas nem sempre experimentamos as ondas pulsatórias que fluem no corpo todo em estado de total relaxamento ou de sensações intensas. No relaxamento completo, as ondas respiratórias atravessam o corpo em cada inspiração ou expiração. Em estados emocionais intensos, ondas de sensação espalham-se pelo corpo. Ondas pulsatórias semelhantes ocorrem no clímax do ato sexual. Usualmente, entretanto, nós não nos permitimos relaxar totalmente, respirar profundamente ou sentir intensamente (Dr. A. Lowen-1977) No trabalho de parto a dilatação e a contração são ondas que fazem parte de todo processo de preparação do útero, do canal de parto para o nascimento. Como o corpo precisa se abrir para dar passagem ao bebê, a bacia, a musculatura, os ligamentos envolvidos nesta ação se movimentam surgindo então a manifestação da dor. Uma dor que vem-e-vai, uma onda, a onda pulsatória 1, que cessa logo depois do nascimento. 1 Escolho ressignificar a palavra contração utilizando em seu lugar a expressão onda pulsatória, como se refere o Dr. Alexander Lowen ao falar sobre os movimentos involuntários do organismo. 1/5
Para muitas mulheres, como também para quem as acompanha (muitas vezes, inclusive o profissional), a dor parece ser insuportável; por esta razão, geralmente a opção é retirá-la de cena através da utilização dos anestésicos. No entanto, ao anestesiar a dor, o próprio corpo, as sensações, os sentimentos e o prazer são anestesiados juntos. Essa é a dor que é vital, que faz nascer! Não é a dor de doença, de morte e sim a dor de vida. É muito diferente! A dor no trabalho de parto é vital. É a primeira entre outras tantas dores que sentirá a mãe em relação ao seu filho ao longo da vida, o que não relaciono ao ditado popular: ser mãe é padecer no paraíso. É a dor que começa a introduzir a mulher no papel de mãe daquele ser que ela dar à luz. Entretanto, é importante levar em conta o limiar que cada pessoa tem para suportar a dor; existem mulheres que realmente precisam de algum alívio, isto é, uma pequena dose de analgesia. E se essa for à escolha da mulher, ela precisa ser respeitada. Tal escolha deve incluir o entendimento de que o bebê merece vir ao mundo de forma fisiológica, através do parto natural; assim dizer, implica acreditar que é preciso investir energia, ter foco, determinação, desejo e confiança e acreditar ainda mais que, tanto o bebê quanto a mulher, precisam trabalhar para alcançar tal objetivo, ou seja, ambos precisam agir ativamente no trabalho de parto. Vale lembrar que, com sua sabedoria, o corpo produz hormônios, tais como as endorfinas, que têm a função de diminuir a dor, trazendo bem-estar e relaxamento. Além disso, podemos contar com recursos externos para o alívio da dor e que fazem parte do trabalho que as doulas realizam, favorecendo a mulher tais como: suporte físico e emocional, encorajamento, carinho, ambiente acolhedor e harmônico, informação sobre as fases do trabalho de parto e parto, respeito pelas suas escolhas, conforto corporal com massagens e relaxamento, uso da água quente (chuveiro e/ou banheira), uso consciente da respiração e conexão com a onda pulsatória, orientação na ingestão de líquidos e alimentos leves, estimulo para caminhar, sugestões de posições que facilitam o trabalho de parto e acalmam a dor, evitando assim que a mulher entre em desgaste energético e psicológico e deixe de viver a experiência positiva que um parto pode ser. Inclusive essas são algumas das recomendações da Organização Mundial de Saúde OMS. 2/5
O que é o Grupo de Prática Corporal para Gestantes e Preparação para o Parto? Fomos desde cedo estimulados e capacitados, na grande maioria das vezes, a nos comunicarmos com o mundo, com o outro, com o nosso corpo e com o corpo do outro, através da linguagem verbal. Quando a linguagem verbal assume posição exclusiva como expressão na vida, acabamos evitando que outras formas de comunicação possam se manifestar, como por exemplo, a linguagem corporal o que nos priva de viver em maior contato com a nossa realidade e com os nossos sentimentos. Estar impedido de tal contato corporal dificulta pessoas e profissionais que lidam com a gravidez e o parto, tornando até impraticável (ou impossível) para muitos, acompanhar com naturalidade tal experiência, respeitando, confiando e aceitando, sem intervir, que cada organismo se manifeste a partir do seu ritmo, do seu tempo, das suas sensações, desejos e necessidades, limites e possibilidades, escolhas, sentimentos, enfim, do que lhe é possível e de direito. Somos donos dos nossos corpos logo, somos responsáveis por ele e precisamos saber identificar o que ele necessita, e em que tempo, e confiar na sua sabedoria. Por isso, é importante escolher alguém em quem realmente confiar para seguir junto nesta jornada. Por tudo isso, em vez de ter ao lado alguém que comande ou decida deliberadamente pela mulher, é muito importante que ela tenha a seu serviço um acompanhante competente para apoiá-la com prontidão adequada: um profissional. O profissional que assim atua, durante a gravidez e no parto, a doula, constrói com a mulher, desde cedo, o vinculo que faz nascer afetividade necessária de modo natural, constante e continuamente. A Prática Corporal para Gestantes e Preparação para o Parto promove um espaço de experimentação gradual do movimento e da respiração, para quem deseja fazer um maior contato com o corpo, tornar-se consciente dos bloqueios e das tensões musculares, aumentar as sensações corporais e manter um nível de pulsação mais estável para que a energia flua livre no corpo grávido e no momento do parto. Para que isso aconteça, o trabalho também favorece que o medo de sentir as respostas involuntárias do corpo diminua e ele possa se sentir autorizado a se entregar ao bem-estar e ao prazer. Isso inclui se entregar ao trabalho de parto. 3/5
Ao se entregar ao trabalho de parto, o cérebro primitivo está no comando (e não a racionalidade) e o corpo, dentro da sua própria natureza, sabedoria e ancestralidade, se move para se abrir por inteiro, para que a vida tenha passagem e continue acontecendo. Objetivos do Grupo de Prática Corporal para Gestantes e Preparação para o Parto O propósito é estimular um processo de sensibilização e conscientização corporal convidando as mulheres a fazer contato com o seu corpo para que assim elas possam retomar o movimento, a confiança e a força da sua pélvis, do seu útero, das suas articulações e da sua base (pernas e pés) e com isso deixar o corpo se abrir para a gravidez, o trabalho de parto e o parto. Expandir a consciência, ampliando a intuição e o conhecimento do corpo e da gestação, para que a mulher perceba a necessidade de mover a energia do corpo através dos exercícios que dissolvem tensões musculares e ampliam a respiração, pois quanto mais oxigênio o organismo receber, mais mobilidade para as células e oxigenação para o feto. Promover alongamento e fortalecimento da musculatura, principalmente a musculatura abdominal, da pélvis e do assoalho pélvico (períneo) através dos movimentos circulares, como também ativação da libido e liberação de endorfinas, proporcionado assim, a dissolução de tensões, muitas vezes crônicas, permitindo a auto-expressão, o som, o canto, a criatividade, estimulando uma sensação de relaxamento e portanto, flexibilizando as emoções e o corpo, para sustentar a gravidez e liberar a passagem do canal de parto para o nascimento como uma experiência de crescimento e empoderadora. Como funciona e a quem se destina O Grupo é destinado a mulheres grávidas que estejam vivenciando uma gravidez sem risco. Funciona semanalmente com encontros de 1,5h duração. O trabalho é vivencial e a prioridade é a linguagem corporal, portanto, a linguagem verbal ocupa um espaço complementar; no entanto, ao final de cada encontro, existe um espaço para informações, compartilhar as experiências vividas e tirar dúvidas. 4/5
O grupo é aberto, portanto as pessoas novas podem entrar a qualquer momento e em qualquer idade gestacional. O Grupo de Prática Corporal para Gestantes e Preparação para o Parto é um trabalho que venho elaborando a partir das muitas referências que influenciaram a minha vida pessoal e profissional, através do conhecimento de algumas teorias que contemplam o desenvolvimento do ser humano e do fluxo da energia vital no corpo, desde a gestação, parto, passando pelo pós-parto amamentação, entrelaçados na relação vincular mãe/criança, como: Wilhelm Reich, Alexandre Lowen, Eva Reich, Xavier Serrano. Também não poderia deixar de citar os trabalhos em educação perinatal, doula no parto, a assistência e preparação para o parto ativo com seus exercícios: Janet Balaskas, Fadynha, Gama e outros. Além disso, utilizo também o trabalho com visualização criativa, relaxamento, a expressão do som, a música que harmoniza e facilita o contato com o bebê, criando assim um espaço onde as mulheres podem se expressar e partilhar as suas dúvidas, experiências e emoções com outras gestantes. A mulher será estimulada a criar ou escolher a canção para o seu bebê que será usada, desde então, como memória para o bebê, e que fará parte da vida dele e o acalentará nas diversas situações do seu cotidiano como a amamentação, o sono, o brincar, trazendo boas lembranças, inclusive para tirá-lo de algum stress. Venha participar, você será bem vinda e com certeza viveremos importantes experiências! 5/5