I - por alienação; II - pela renúncia; III - por abandono; IV - por perecimento da coisa; V - por desapropriação.

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Turma e Ano: Turma Regular Master A Matéria / Aula: Direito Civil Aula 21 Professor: Rafael da Mota Mendonça Monitora: Fernanda Manso de Carvalho Silva DIREITO DAS COISAS (continuação) (III) Propriedade (3) Perda da Propriedade: Art. 1.275 do CC: rol exemplificativo. Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: I - por alienação; II - pela renúncia; III - por abandono; IV - por perecimento da coisa; V - por desapropriação. Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis. Outros exemplos de perda da propriedade: morte, acessões, usucapião, regime da comunhão universal de bens, arrematação, adjudicação, propriedade resolúvel quando do implemento do termo ou condição. Incisos do art. 1.275 do CC: I Alienação: Meio clássico de aquisição e perda da propriedade. Refere-se tanto a transmissão onerosa quanto a gratuita. Aqui a transmissão se dá para um destinatário específico. O que faz perder a propriedade não é a celebração do instrumento em si, mas sim a tradição (no caso de bens móveis) ou o registro (em caso de bens imóveis). II Renúncia: É um negócio jurídico unilateral em que o proprietário exterioriza a sua vontade de abrir mão do direito de propriedade. Diferente da alienação, aqui não há um destinatário específico, com apenas uma exceção: art. 1804, parágrafo único, do CC (renúncia abdicativa no direito sucessório). Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança. 1

O negócio jurídico unilateral de renúncia é um negócio solene. É justamente o que o diferencia do abandono (art. 108 do CC). Então, a renúncia deve ser registrada. Em razão da solenidade, alguns autores dizem que só é possível em bens imóveis (v. art. 1.275, parágrafo único, do CC). Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: I - por alienação; II - pela renúncia; III - por abandono; IV - por perecimento da coisa; V - por desapropriação. Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis. III Abandono, também chamado de derrelicção : É um ato material pelo qual o proprietário desfaz-se da coisa porque não tem mais interesse em ser o seu proprietário. Não é um ato expresso, mas sim um ato que decorre de posturas externas do proprietário que demonstram o seu interesse em abandonar (animus de abdicar). Isso é mais comum e fácil de ser verificado em bens móveis Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições. 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize. 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais. Para definir se a área é urbana ou rural, a técnica é a mesma da usucapião (vide aula anterior): a Lei Municipal (ou no Plano Diretor nas cidades onde este for obrigatório mais de 20 mil habitantes) definirá a zona urbana (critério legal). O restante será área rural. Art. 1.276, 2º, do CC c/c art. 150, IV, da CF c/c art. 243 da CF: O fato de deixar de cumprir o ônus fiscal configurar abandono violaria o princípio do não confisco. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - utilizar tributo com efeito de confisco; 2

Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. IV Perecimento da coisa: Deve ser analisado não só na perspectiva de um perecimento físico, mas também de um perecimento jurídico da coisa, que se dá quando há uma desnaturação da coisa em razão de uma destinação diversa que é dada a ela. V Desapropriação: Tema de Direito Administrativo. (4) Propriedade Resolúvel: Arts. 1.359 e 1.360 do CC. É aquela que se resolve pelo implemento do termo ou condição. Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por título anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor. Propriedade fiduciária (arts. 1361 a 1368-A do CC) é a propriedade resolúvel dada em garantia de pagamento. Fidúcia é a confiança de que haverá pagamento. Estudaremos a propriedade fiduciária quando estivermos estudando a alienação fiduciária em garantia. (5) Direito de Superfície: Arts. 1.369 a 1.377 do CC. O direito de superfície ingressou no ordenamento jurídico brasileiro no Estatuto da Cidade (Lei 10257/01): este é aplicado apenas no solo urbano e somente no interesse social. Depois o CC/02 disciplinou também o direito de superfície, trazendo disposições gerais. Por isso, não se fala em revogação do estatuto da cidade (v. Enunciado 93 do CJF e art. 2º, 2º da LINDB) Enunciado 93 do CJF - Art. 1.369: As normas previstas no Código Civil sobre direito de superfície não revogam as relativas a direito de superfície constantes do Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/2001) por ser instrumento de política de desenvolvimento urbano. Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. [...] 3

2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. O direito de superfície veio para substituir as enfiteuses. Ele dá funcionalidade à propriedade; realiza um desdobramento do direito de propriedade, instituindo duas propriedades autônomas: a propriedade da superfície titularizada pelo superficiário, e a propriedade do solo titularizada pelo fundieiro ou proprietário. Essa dinâmica suspende os efeitos das acessões, mitigando a Teoria da Principalidade do Solo prevista no art. 1.253 do CC. Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. O superficiário pode vender a superfície para terceiro? Sim, mas antes de vender deve permitir que o fundieiro exerça seu direito de preferência (art. 1373 do CC). Art. 1.373. Em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, o superficiário ou o proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições. O direito de superfície é sempre temporário. Então, em algum momento a propriedade se concentra novamente nas mãos do fundieiro. Portanto, a propriedade do superficiário é uma propriedade resolúvel. O direito de superfície pode até ser vitalício. Não tem prazo máximo. O superficiário pode alugar dar em usufruto, dar em comodato para terceiro; pode até dar em hipoteca (art. 1473 do CC). O que se dá em hipoteca é o direito de superfície, e não o bem. Tudo o que foi dito acima se aplica aos dois (fundieiro e superficiário). Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca: [...] X - a propriedade superficiária. O direito de superfície pode ser constituído de forma onerosa ou gratuita (art. 1.370 do CC). Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente. OBS1: Quem fica com os encargos tributários é o superficiário, pois ele é que está realizando a exploração econômica da coisa. OBS2: Quanto ao subsolo, em regra não é objeto de exploração pelo superficiário, salvo se isso for inerente ao objeto da concessão (vide art. 1369, parágrafo único, do CC). Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão. OBS3: Um terceiro pode usucapir tanto a superfície quanto o solo, dependendo da situação concreta. 4

O superficiário pode usucapir o solo? E o fundieiro pode usucapir a superfície? Sim. O que deve ocorrer é a interversão da posse (para que se possa ter a posse ad usucapionem). Porém, num primeiro momento, não é possível por faltar o animus domini. OBS4: Quando o direito de superfície acabar, a propriedade se resolve. O fundieiro deve indenizar o superficiário pelas acessões que foram realizadas? Em regra, não. Vide art. 1375 do CC/02. Art. 1.375. Extinta a concessão, o proprietário passará a ter a propriedade plena sobre o terreno, construção ou plantação, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário. (6) Direito de Vizinhança: É o conjunto de regras e princípios que regem a relação entre vizinhos. Vizinho, aqui, é lato sensu: é qualquer um que pode interferir na esfera jurídica alheia. Os direitos de vizinhança estão elencados em rol taxativo no CC/02 (art. 1277 a 1313 fazer a leitura). Eles são obrigações propter rem (é aquela obrigação que surge pela simples aquisição de um direito real).. O direito de vizinhança não é um direito real, mas uma obrigação que nasce em virtude da aquisição de um direito real. O professor vai trabalhar dois na próxima aula: uso anormal da propriedade e passagem forçada. 5