TT37 FATORES DE HOMOGENEIZAÇÃO E COMPORTAMENTO AO LONGO DO TEMPO DO VALOR DE TERRA NUA (VTN) PARA O SERTÃ

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Transcrição:

TT37 FATORES DE HOMOGENEIZAÇÃO E COMPORTAMENTO AO LONGO DO TEMPO DO VALOR DE TERRA NUA (VTN) PARA O SERTÃ JOSÉ ANTONIO MOURA E SILVA ENGENHEIRO AGRÔNOMO (UNEB/BA - 1997), MESTRE EM ENGENHARIA AGRÍCOLA, ÁREA DE CONCENTRAÇÃO IRRIGAÇÃO E DRENAGEM (DEA/UFV - 2005). DESDE 2004 É FUNCIONÁRIO PÚBLICO FEDERAL E ATUA COMO ENGENHEIRO AGRÔNOMO DO INCRA SR-29 EM PETROLINA PE

XIV COBREAP CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS. IBAPE/BA ACADÊMICO RESUMO Um estudo foi realizado com a finalidade de obter os fatores de homogeneização válidos para o sertão pernambucano e norte baiano, além de avaliar o comportamento do VTN homogeneizado de 2001 a 2005. Foram utilizadas cerca de 150 pesquisas colhidas nas microrregiões pernambucanas de Salgueiro, Sertão do Pajeú, Sertão do Moxotó, Itaparica e Petrolina, e Paulo Afonso e Juazeiro no norte baiano. Para obter os fatores, as amostras foram classificadas conforme a existência de atributos comuns, e utilizando modelos lineares para variáveis quantitativas e simples comparação de média para as qualitativas. Com base nos resultados e nas condições em que as pesquisas foram conduzidas, os fatores de homogeneização sugeridos para a região do sertão pernambucano e norte baiano são: elasticidade da oferta 0,75; influência da existência de energia elétrica no imóvel 1,16; potencial de irrigação dado pela equação Fi= 0,0792 x Percentual de área irrigada + 1; e a influência da dimensão da área dada pela equação Fa= 1,4891 x área do imóvel (ha) -0,1855. Os fatores podem ser utilizados quando o fator nota agronômica for determinado pelas escalas de Kozma, França e INCRA. Não foram encontradas diferenças significativas nos VTNs homogeneizados entre os anos de 2001 e 2005. Fator de irrigação, Fator área, Elasticidade da oferta 1

INTRODUÇÃO O método clássico para avaliação da terra nua de imóveis rurais é o método comparativo direto de dados de mercado, utilizando informação de vendas, ofertas e ou opiniões. Entretanto, é difícil encontrar imóveis semelhantes o suficiente para se realizar uma comparação direta do valor de terra nua (VTN) entre os elementos da pesquisa. Uma das formas de tornar os VTNs mais símiles é através do uso de fatores de homogeneização. Entende-se por homogeneização o tratamento técnico dos preços observados, mediante a aplicação de coeficientes ou transformações matemáticas que expressem, em termos relativos, as diferenças de atributos entre os imóveis pesquisados e o avaliando. A região do sertão pernambucano e norte baiano estão inseridas no semiárido brasileiro, tipo estepe, com chuvas irregulares concentradas entre novembro e abril, sujeita a longos períodos de estiagem cíclicas que configuram as secas. A média anual de precipitação pluvial é de 300 a 600 mm na maior parte da região. A evapotranspiração é alta provocando um déficit hídrico na ordem de 1.200 a 1.600 mm. A temperatura tem pouca oscilação anual, mantendo valores próximos de 27ºC, superando com certa constância os 30ºC. A vegetação característica da região é a caatinga hiperxerófila, típica do sertão nordestino (NOBRE JUNIOR et al., 2002). A existência de poucos trabalhos sobre o mercado de terras na região de estudo e a falta de índices que possam nortear os técnicos nas avaliações do VTN de imóveis rurais, dificulta uma avaliação mais fundamentada, justificando, desta forma, a realização de estudo aprofundado deste mercado. Este trabalho teve como objetivo a determinação dos fatores que possam estar influenciando o valor da terra nua e que possam ser validados para o sertão pernambucano e norte baiano, além de avaliar o comportamento do mercado de terras entre os anos de 2001 a 2005. METODOLOGIA Foram utilizadas 150 pesquisas de preços coletadas pelos técnicos do INCRA SR-29 no período de 2001 a 2005, no sertão pernambucano nas microrregiões de Salgueiro, Sertão do Pajeú, Sertão do Moxotó, Itaparica e Petrolina, e Paulo Afonso e Juazeiro no norte baiano. As pesquisas foram realizadas, na sua maioria, a partir de levantamento cartorário com informações confirmadas através de entrevista com o comprador e/ou vendedor e visita ao imóvel. O fator de acesso ao imóvel e classes de capacidade de uso das terras, que formam a nota agronômica, foi determinado através de uso da escala do INCRA (INCRA, 2002). As hipóteses foram formuladas a partir da experiência dos técnicos do INCRA envolvidos nos trabalhos de avaliação de imóveis, em que foram postuladas que: existe influência positiva no VTN em função da existência de energia elétrica e potencial das terras para irrigação, e negativa para a dimensão da área e ofertas. Os fatores foram estudados de forma isolada: Influência da energia elétrica: foram utilizadas pesquisas de imóveis localizados em área de sequeiro negociados com e sem energia elétrica. Verificada a ausência de influência significativa da dimensão da área, os VTNs de cada imóvel foram homogeneizados para um imóvel padrão de nota agronômica 0,500. Como se 2

trata de uma variável qualitativa, a influência foi estabelecida por comparação de médias do VTN dos imóveis com e sem energia. Influência da elasticidade da oferta: foram utilizadas pesquisas de imóveis localizados em área de sequeiro negociados e ofertados nos anos de 2001 a 2003 com e sem energia elétrica e com pouca ou nenhuma benfeitoria, haja vista a pequena quantidade de ofertas nos anos de 2004 e 2005. Verificada a ausência de influência significativa da dimensão da área, os VTNs de cada imóvel foram homogeneizados para um imóvel padrão de nota agronômica 0,500 e com energia elétrica. Da mesma forma que a anterior, se tratando de uma variável qualitativa, a influência foi estabelecida por comparação de médias do VTN dos imóveis negociados e ofertados. Índice de irrigação: para estimativa deste índice, foram utilizadas pesquisas de imóveis negociados nos anos de 2001 a 2005 na microrregião de Petrolina, com energia elétrica e alguma parte do mesmo com potencial para irrigação. Foi estabelecida uma função entre a relação de VTNi (para imóveis com potencial para irrigação)/vtnsequeiro médio (para imóveis de sequeiro), homogeneizados, e o percentual de área irrigável. A regressão linear simples foi a que melhor representou esta relação, ressaltando que foi forçada a interceptação do eixo da ordenada sobre a unidade, para restringir o menor VTNi ao VTNsequeiro. O coeficiente de determinação (R²) foi usado a fim de medir a variação do índice de irrigação que pôde ser explicada pela variação do percentual de área irrigável. A propriedade dos mínimos quadrados (TRIOLA, 1999) também foi utilizada para medir a qualidade da reta de regressão. Índice de dimensão da área: Os VTNs foram então homogeneizados para os fatores acima, separados para imóveis com intervalo médio de área de 25 ha, e então, relacionados com a médias das áreas de cada intervalo. Ao maior VTN foi atribuído o valor da unidade e de forma proporcional aos demais valores. A regressão potencial foi a que melhor representou a relação. O coeficiente de determinação (R²) foi usado a fim de medir a variação do índice de dimensão da área que pôde ser explicada pela sua variação, assim como a propriedade dos mínimos quadrados para medir a qualidade da regressão. Comportamento do valor da terra nua em função do tempo: Os VTNs foram homogeneizados para nota agronômica de 0,500, sem energia elétrica, sem irrigação e com área de 1.000 ha, para possibilitar uma comparação entre os anos de coleta de dados, verificando a variação existente e a validação do uso dos dados para determinação dos fatores. O intervalo de confiança ao nível de 80% foi utilizado para comparação das médias das amostras mensais e anuais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os imóveis com energia elétrica tiveram, em média, valores de terra nua (VTN) maiores em cerca de 16% nos anos de 2001-2005. Portanto, esta valorização foi menor que as recomendações mais usuais para a região que são de 20%. Nos últimos anos ocorreu uma maior disseminação desse benefício para área rural, principalmente no sertão de Pernambuco, graças às ações dos governos Estadual e Federal e isso pode ter contribuído para uma menor influência da energia elétrica no VTN. 3

Neutralizando o efeito da presença de energia elétrica e influência do valor das benfeitorias, os imóveis foram negociados por 75% da média homogeneizada dos VTNs dos imóveis ofertados. Ressaltamos que, nesse caso o VTN/ha é igual ao valor do imóvel por hectare (VTI/ha) devido à ausência de benfeitorias nos elementos amostrais. Este valor é menor do que as recomendações usuais para imóveis rurais que são de 80% do valor ofertado (LIMA, 2005), o que se deve à baixa liquidez dos imóveis rurais na região. O mencionado autor também relata que esses valores podem ser menores entre 80 e 50% dos VTNs ofertados. O fator de elasticidade da oferta 0,75 é sugerido principalmente para imóveis localizados nas áreas de sequeiro do sertão pernambucano e norte baiano. As áreas irrigadas em alguns municípios podem ter uma maior liquidez. O modelo que melhor representa o índice de irrigação em função da área irrigável é o mostrado na Figura 1A, tendo índices variando de 1,00 a 8,92, indicando que o VTN de uma área 100% irrigável equivale a 8,92 vezes o VTN médio de sequeiro, valor este maior que a recomendação usual para a região que é de 7,50. Pela Figura 1B se observa que os resíduos estão distribuídos de forma aleatória em torno da reta indicando normalidade, e a soma dos seus quadrados é de 54,38. A norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR-14653-3 admite um intervalo de ajuste de no máximo 50% de amplitude de variação quando na utilização de fatores. Isto acaba restringindo de certa forma a utilização deste fator, quando se utiliza imóveis irrigáveis como elementos amostrais para avaliar imóveis de sequeiro ou vice-versa devido a sua grande amplitude de variação. Porém, é de grande valia para a homogeneização de imóveis irrigáveis, haja vista que seu valor é fortemente influenciado pelo potencial de irrigação das terras. Índice de irrigação 10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 y = 0,0792x + 1,0000 R2 = 0,7 0 20 40 60 80 100 % área irrigável A Resíduo 4 3 2 1 0-1 -2-3 -4 0 20 40 60 80 100 % de área irrigável B Figura 1- Relação entre o índice de irrigação e a percentagem de área irrigável para a microrregião de Petrolina PE (A). Diagrama de resíduos da reta que representa o VTN em função da percentagem de área irrigável (B) 4

O modelo abaixo (Figura 2A) é o que melhor representa o índice de dimensão da área para o sertão pernambucano e norte baiano. Pela Figura 2(B) se observa que os resíduos estão distribuídos de forma aleatória em torno da curva e a soma dos seus quadrados é de 0,027. O modelo mostra uma tendência de queda do índice de dimensão da área à medida que esta aumenta. A queda é mais acentuada para áreas muito pequenas até cerca de 500 ha, tendo uma diminuição de 500 a 2000 ha, e daí por diante assumindo uma tendência quase linear também devido aos poucos dados neste intervalo. Índice de dimensão da área 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 y = 1,4891x-0,1855 R2 = 0,8 0 2000 4000 6000 8000 10000 Área (ha) A Resíduo 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00-0,05-0,10-0,15-0,20 0 2000 4000 6000 8000 10000 Área (ha) B Figura 2- Relação entre o índice de dimensão da área e a área do imóvel para o sertão pernambucano e norte baiano (A). Diagrama de resíduos da curva que representa o VTN em função da dimensão da área (B) O coeficiente de variação da média (CV%) de 132 elementos amostrais de todas as microrregiões do sertão pernambucano e norte baiano caiu de 176,11 para 147,30, 140,44, 68,91 e 58,91%, após homogeneização pelos fatores nota agronômica (NA), NA + energia elétrica, NA + energia elétrica + irrigação e NA + energia elétrica + irrigação + dimensão da área, respectivamente, indicando que os mesmos são adequados para aplicação nessas regiões. O coeficiente de variação, embora tenha diminuído de forma acentuada em relação à amostra original, ainda mostra valor acima do permitido pelas normas. Isso se deve a existência de outros parâmetros populacionais, acrescidos de erro aleatório, oriundo de variações do comportamento humano como: habilidades de negociação, necessidades, compulsões, caprichos, ansiedades, diferenças de poder aquisitivo e imperfeições acidentais de observação do pesquisador. Ressaltamos que os fatores sugeridos só devem ser utilizados nas regiões onde as pesquisas foram realizadas, e o banco de dados que permitiu a sua realização continua sendo alimentado, e posteriormente este estudo poderá ser atualizado, e da mesma forma os fatores aqui propostos. A região do sertão pernambucano e norte baiano possuem microrregiões de características bem peculiares e isto restringe, de certa forma, o uso dos fatores aqui propostos. Portanto, nestes casos, sugere-se a utilização de elementos de pesquisa localizados, sempre que possível na microrregião onde o imóvel avaliando está inserido, e com características mais homogêneas possíveis. 5

Como mencionado acima, a escala utilizada para o cálculo da nota agronômica dos elementos amostrais usados neste estudo foi a do INCRA (INCRA, 2002). As escalas mais conhecidas como as de Kozma (LIMA, 2005) e França (FRANÇA, 1983) apresentam estreita e direta relação de proporcionalidade com a escala utilizada (Figura 3), validando, desta forma o uso dos fatores aqui propostos quando utilizadas estas escalas para determinação do fator nota agronômica. 1,2 1,2 1 y = 1,0689x - 0,0924 R 2 = 0,8729 1 y = 1,0735x - 0,014 R 2 = 0,9032 Escala França 0,8 0,6 0,4 Escala Kozma 0,8 0,6 0,4 0,2 0,2 0 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,20 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 Escala Incra Figura 3- Relação entre notas agronômicas obtidas pelas escalas de França e Kozma com a escala INCRA. Ressaltamos que, embora tenha havido diferenças numéricas, principalmente entre os anos de 2002 e 2003, não houve variação significativa da média dos VTNs homogeneizados no decorrer do tempo (Figuras 4), o que possibilitou o uso das pesquisas de 2001 a 2005 para determinação dos fatores de homogeneização. A variação mensal dos VTNs foi significativa apenas para o mês de novembro de 2001 em relação a agosto de 2001, outubro de 2002 e abril de 2003 (Figura 5). A grande variação entre as amostras foi responsável pelas diferenças não significativas entre os anos analisados. 90,00 80,00 70,00 60,00 VTN/ha 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 2001 2002 2003 2004 2005 Figura 4- Variação anual dos valores de terra nua (VTN) ao longo do tempo para o sertão pernambucano e norte baiano. As barras verticais indicam o intervalo de confiança ao nível de 80%. 6

120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 mar/01 jun/01 set/01 dez/01 VTN/ha mar/02 jun/02 set/02 dez/02 mar/03 jun/03 set/03 dez/03 mar/04 jun/04 set/04 dez/04 mar/05 jun/05 set/05 Figura 5- Variação mensal dos valores de terra nua (VTN) ao longo do tempo para o sertão pernambucano e norte baiano. As barras verticais indicam o intervalo de confiança ao nível de 80%. CONCLUSÕES Com base nos resultados e nas condições em que as pesquisas foram conduzidas ao longo de cinco anos, as hipóteses de influência positiva no valor da terra nua das variáveis potencial de irrigação e presença de energia elétrica foram aceitas, assim como a influência negativa da dimensão da área e ofertas. Desta forma, os fatores de homogeneização sugeridos para a região do sertão pernambucano e norte baiano são: elasticidade da oferta 0,75; influência da existência de energia elétrica no imóvel 1,16; potencial de irrigação dado pela equação Fi= 0,0792 x Percentual de área irrigada + 1; e a influência da dimensão da área dada pela equação Fa= 1,4891 x área do imóvel (ha) -0,1855. Os fatores podem ser utilizados quando o fator nota agronômica for determinado pelas escalas de Kozma, França e INCRA. Não foram encontradas diferenças significativas nos valores de terra nua (VTN) homogeneizados entre os anos de 2001 e 2005. 7

BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Avaliação de bens parte 3: imóveis rurais. NBR 14653-3. Rio de Janeiro, 2004. 27 p. FRANÇA, G.V. Estudo agro-técnico e avaliação das terras da Fazenda São Sebastião, município de Santa Cruz das Palmeiras, Estado de São Paulo Levantamento de solos, capacidade de uso e valor relativo das terras. Piracicaba, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 1983. INCRA. Manual para obtenção de terras e perícia judicial. Brasília, 2002. LIMA, M.R. de C. Avaliação de propriedades rurais: manual básico. 2ª ed. ver. e atual. São Paulo: Liv. e Ed. Universitária de Direito, 2005. NOBRE JUNIOR, A.; SOFIATTI, D.; BAZIN, F; SANTOS, I.J.P.; PADILHA, J.A.; SILVA, M.J.S.; VIEIRA, P.T.L. Plano de desenvolvimento regional sustentável do Submédio São Francisco. Brasília. MDA/INCRA PCT FAO/INCRA, 2002. TRIOLA, M.F. Introdução à Estatística. 7ª ed., Rio de Janeiro, LTC Livros Técnicos e Científicos, 1999. 8