A DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA COMO INSTRUMENTO PARA REFLEXÃO DA PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL¹

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Transcrição:

A DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA COMO INSTRUMENTO PARA REFLEXÃO DA PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL¹ Leticia Soraya Torres Mendes Albuquerque Mantovani Acadêmica do Curso de Pedagogia Universidade Federal do Maranhão E-mail: leticia.s.mantovani@outlook.com Resumo: Este trabalho trata sobre o Estágio em Docência na Educação Infantil do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, onde o registro do cotidiano pré-escolar, feito pela estagiária, teve o objetivo de contribuir para a promoção da reflexão da prática de professores de crianças pequenas. O estágio foi realizado em uma creche escola da rede municipal de ensino, situada no município de São Luís do Maranhão, em uma zona periférica da cidade. O mesmo ocorreu através de três etapas fundamentais: reflexões introdutórias ao estágio, investigação da docência no cotidiano pré-escolar e construção da docência no cotidiano pré-escolar com trabalho de intervenção. Para o desenvolvimento desta pesquisa, tomou-se como base o trabalho de Freire (1983), Staccioli (2013), Azevedo e Schnetzler (2005), Silva (2011), Tardif (2010) e Pimenta (2004). Desta forma, diante dos resultados obtidos, verifica-se a necessidade do registro pedagógico na contribuição para a melhoria da prática pedagógica. Palavras-chave: Educação Infantil. Prática docente. Documentação pedagógica. Introdução A importância do estágio supervisionado para a formação docente se faz através da aproximação do estudante com o seu futuro campo de atuação profissional. Além de que, através do estágio, pode-se vivenciar uma maior relação entre teoria e prática. O Estágio em Docência na Educação Infantil do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Maranhão tem caráter obrigatório, pois, além de permitir a aproximação com o campo de atuação profissional do pedagogo, permite a vivência da prática pedagógica. Mais do que isso, o estágio possibilita às futuras professoras e professores a experiência da união entre teoria e prática, ambas indissociáveis no processo de ensino aprendizagem. Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência no estágio através de um olhar que foi construído ao longo do curso. Isto, para que sirva hoje e futuramente de objeto de análise e reflexão sobre a práxis pedagógica na Educação Infantil. Na vivência desse processo, é impossível relatar tudo o que se observou no processo de educação. Por isso, fezse presente a escolha de integrar ao relatório final as experiências que se julgou serem as mais relevantes na contribuição da formação do professor de crianças pequenas. ¹ Este trabalho surgiu da realização de um relatório de Estágio em Docência na Educação Infantil da Universidade Federal do Maranhão UFMA.

O trabalho está dividido, basicamente, em duas partes: a primeira referente às reflexões introdutórias ao estágio em magistério na Educação Infantil e a segunda, sobre o registro pedagógico na construção da docência pré-escolar. Reflexões introdutórias ao estágio em Magistério na Educação Infantil Para que o olhar sobre o estágio na Educação Infantil não seja um olhar superficial, o estagiário é embasado teoricamente ao longo do curso e da disciplina. Observar na Educação Infantil é mais que simplesmente ver os acontecimentos na educação infantil. O olhar é formado também de criticidade, elemento por demasia importante para o melhoramento das condições em que se atua e da própria atuação. Entra em cena o sujeito, dono do olhar, pois nessas muitas maneiras de olhar há sempre um sujeito. Esse sujeito é situado no tempo e no espaço e seu olhar, um olhar construído, educado, tanto estética quanto politicamente, numa espécie de rede coletiva formada pela história e pela cultura. (SILVA, 2011, p.vii) A ideia do diário de campo no Brasil, inicialmente, proveio de Madalena Freire que, na década de 1970 começou a relatar em um caderno a sua vivência na sala de aula em uma escola particular de São Paulo. Madalena Freire também propôs que as outras professoras também fizessem o mesmo, mas, longe de ser obrigatório. Gianfranco Staccioli, também utiliza do diário de bordo, tendo publicado o Diário do acolhimento na escola da infância (2013). A atuação do profissional de magistério é uma atuação diferente de outra atividade profissional. Mais do que em outras profissões, essa, em particular, está mais condicionada à experiência cotidiana, sendo a vontade própria do professor no processo de ensinoaprendizagem, a que mais tem preponderância em caracterizar a profissão. A relação, ou melhor, desarticulação, teoria e pratica é um grande dilema vivido na formação docente. Uma alternativa proposta por Schön centra-se na valorização da dimensão prática na formação docente. Embora ele tenha recebido críticas procedentes (GIROUX, 1990; LISTON e ZEICHNER, 1993; CARR, 1995; CONTRERAS, 1997; LIBÂNEO, 1998, PIMENTA, 2002), o modelo de formação docente pautado na epistemologia da prática vem provocando um amplo movimento de análise crítica e pesquisas sobre temas relativos à formação de professores. (AZEVEDO; SCHNETZLER, 2005, p.14) O caderno de registro é um instrumento importante na quebra de uma linha de atuação que é apenas cotidiana, que desvaloriza o professor pesquisador impedindo este de ir

além de executar saberes, permitindo a construção de uma nova linha, alicerçada em saberes docentes para a produção de mais saberes docentes. Na Educação Infantil, mesmo que muitas vezes nas creches e pré-escolas, seja pedido ao final do ano letivo um relatório de desenvolvimento individual das crianças, isso seria mais legitimado se houvesse o uso unânime do caderno de registro ou diário de campo. Estamos buscando, enquanto legítimos professores de crianças pequenas, principalmente, sempre a melhor forma de promover o aprendizado por parte dessas crianças. E para isso é necessário, antes de tudo, diagnosticar. O caderno de registro é uma importante ferramenta no que diz respeito ao diagnóstico, porque, permite rever e analisar práticas e elementos contextuais que podem ser melhorados ou levados em conta em benefício da educação. Para que o estágio seja, de fato, encarado como pesquisa, é necessário dois elementos fundamentais: o primeiro é o conhecimento teórico que permite a ampliação e análise do contexto onde o estágio ocorre e o segundo é a postura de pesquisador. Esta não pode ser adquirida sem que antes se construa um espírito de criticidade (a crítica, positiva ou negativa, é resultado de uma análise prévia) e sem que antes se aproprie dos instrumentos de pesquisa, dentre eles o caderno de registro ou diário de bordo (documentação pedagógica). O registro pedagógico na construção da docência pré-escolar No momento inicial da chegada ao ambiente de pesquisa, os alunos da graduação estavam bastante animados. Para alguns como eu, esta seria a primeira vez em que entraríamos em uma sala de aula da Educação Infantil. Nessa oportunidade, em especial, tive a possibilidade de conhecer todo o espaço da escola, mas, não somente ele. Tive a possibilidade de conhecer o diretor da escola, a professora e as crianças com quem convivi por alguns meses. O diretor da creche escola nos recebeu cordialmente e se colocou a disposição para responder as nossas perguntas. Fiz um pequeno questionário com antecedência e anotei tudo no meu caderno de registro chamado de diário de bordo. A partir de então, no decorrer de todos os dias do estágio, eu anotava as situações as quais acreditava serem as mais relevantes para análise posterior. O processo de construção do projeto de intervenção foi marcado por indagações a respeito das situações observadas em sala de aula. Porém, o tema do projeto foi definido pela própria creche, que solicitou um projeto acerca das Festas Juninas. Assim, o desafio consistia

em colocar em prática soluções aos problemas diagnosticados dentro do tema dado pela instituição. A execução das sequências que planejei para o projeto resultou, por parte das crianças, em lindas atividades que foram expostas em sala de aula e observadas como fruto de um trabalho coletivo. Conclusão O Estágio em Docência na Educação Infantil pode ser compreendido como uma oportunidade para o estagiário desenvolver-se como professor pesquisador, fazendo uso, principalmente, do registro no cotidiano pré-escolar. Tendo como finalidade a melhoria de sua prática pedagógica. O trabalho de intervenção realizado na creche escola foi resultante de um processo de investigação, onde, os instrumentos de pesquisa utilizados foram importantes na seleção das atividades. Pude, através da documentação pedagógica, identificar as especificidades da turma e suas carências. Elaborando assim, um projeto que foi de encontro as suas necessidades. Assim, a documentação pedagógica faz-se necessária na prática docente da Educação Infantil por proporcionar uma reflexão científica sobre a criança, suas relações, suas necessidades educativas e por proporcionar uma maior reflexão sobre a metodologia utilizada pelo professor. Ainda, proporciona uma maior conscientização sobre o espaço ocupado na Educação Infantil e o papel da família na constituição do sujeito. Referências AZEVEDO, Heloísa Helena Oliveira de; SCHNETZLER, Roseli Pacheco. Formação inicial de profissionais de educação infantil: desmistificando a separação cuidar-educar. [sl:sn] Disponível em: < http://www.unimep.br/~rpschnet/heloisa-vi-anpedinha-2005.pdf> Acesso em: 10 jul. 2016. FREIRE, Madalena. A paixão de conhecer o mundo: relatos de uma professora. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. 123 p TARDIF, Maurice. Os professores diante do saber: esboço de uma problemática do saber docente. In: Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Mara Socorro Lucena. Estágio: diferentes concepções. In: Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2004. SILVA, Adriana. Culturas infantis em creches e pré-escolas: estágio e pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 2011. STACCIOLI, Gianfranco. Diário do acolhimento na escola da infância. Trad. ORTALE, Fernanda; MOREIRA, Ilse Pascoal. Campinas, SP: Autores Associados, 2013.