Palavras-chave: Informação contábil. Capital de giro. Efeito-Tesoura. Análise Dinâmica. Modelo Fleuriet.

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Transcrição:

O MODELO FLEURIET COMO FERRAMENTA DE ANÁLISE EM UMA EMPRESA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Maiara Machado Fonseca Pós-graduanda em Controladoria Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e-mail: maiara_rs91@hotmail.com Mara Ivanice Vendruscolo Doutora em Educação Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e-mail: maria.ivanice@ufrgs.br Giovana Bolzan Mestranda em Contabilidade Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e-mail: bolzangiovana@gmail.com Área Temática: Contabilidade para Usuários Internos RESUMO A gestão do capital de giro das empresas sempre foi um dos maiores desafios dos gestores financeiros, razão pela qual este trabalho se propõe à análise conjunta do Balanço Patrimonial, do Demonstrativo de Resultado e do Modelo Dinâmico do Capital de Giro, proposto por Michel Fleuriet (FLEURIET, 1978). O objetivo da pesquisa é investigar a contribuição da adoção dos indicadores do modelo dinâmico de capital de giro em uma empresa de tecnologia da informação, com vistas a verificar a adoção na empresa para a geração desses indicadores, juntamente com os indicadores de estrutura e de liquidez como apoio à tomada de decisão. O estudo é qualitativo e descritivo. A técnica central da coleta de dados é a pesquisa documental de fontes primárias e secundárias. Para análise dos dados, utilizou-se como base o Balanço Patrimonial Dinâmico (Modelo Fleuriet). Os índices utilizados pela pesquisa foram: Necessidade de Capital em Giro (NCG), Capital de Giro (CG) e Saldo Tesouraria (ST), Grau de Endividamento, Grau de Imobilização, Liquidez Geral, Liquidez Corrente, Liquidez Seca e Liquidez Imediata. Os resultados encontrados indicam que no período de 2011 a 2015, ficou evidenciado um cenário positivo. Índices elevados de liquidez como os apresentados no período de 2012 a 2014 revelam uma postura conservadora da empresa em relação a investimentos. A análise ideal é aquela que combina o Modelo Tradicional de Balanço Patrimonial com o Modelo Dinâmico; isso poderia contribuir para um melhor entendimento do andamento das operações de curto prazo da empresa e dos recursos financeiros envolvidos nessas operações. Palavras-chave: Informação contábil. Capital de giro. Efeito-Tesoura. Análise Dinâmica. Modelo Fleuriet. 1

1 INTRODUÇÃO A saúde financeira das empresas tem impacto direto na sua capacidade de sobrevivência, em razão disso, tem se tornado cada vez mais importante a formulação de modelos de análise econômico-financeira para subsidiar o processo decisório em busca da otimização dos processos, aumento da eficiência e diminuição dos custos operacionais. Devido às constantes mudança do mercado empresarial e para uma melhor compreensão das Demonstrações Contábeis, torna-se necessária a análise conjunta dos indicadores de estrutura, dos índices de liquidez e dos indicadores do modelo dinâmico de capital de giro, estudado e proposto por Michel Fleuriet. Tendo isso em vista, a questão que norteia a presente pesquisa é: qual a contribuição da adoção dos indicadores econômico-financeiros no processo de tomada de decisão? Compete aos profissionais de finanças planejar, coordenar e controlar todas as atividades referentes à geração de informações financeiras necessárias à administração (GITMAN, 2002). Nesse contexto, o objetivo do presente estudo é investigar a contribuição da adoção dos indicadores do modelo dinâmico de capital de giro em uma empresa de tecnologia da informação. Trata-se de uma pesquisa aplicada, que utilizou o método qualitativo. Quanto aos procedimentos, trata-se de uma pesquisa documentas baseada em fontes primárias e secundárias. A empresa selecionada é uma prestadora de serviços e foi escolhida por critério de acessibilidade. Foram utilizadas informações dos Balanços Patrimoniais e das Demonstrações de Resultado do Exercício referentes ao período entre 2011 e 2015. Além disso, o contador e o gerente financeiro da empresa repassaram todas as informações necessárias para a reclassificação das contas contábeis. A presente pesquisa está estruturada em mais quatro seções além desta introdução. No referencial teórico é discutido o modelo de balanço patrimonial dinâmico (modelo Fleuriet), bem como índices de estrutura e liquidez. Posteriormente é apresentada a metodologia utilizada na pesquisa, seguida da análise dos dados. Por fim, são tecidas considerações finais e sugestões de estudos futuros. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 BALANÇO PATRIMONIAL DINÂMICO (MODELO FLEURIET) As demonstrações contábeis representam a posição patrimonial e financeira do desempenho da entidade. Dentre elas está o Balanço Patrimonial, que é considerado uma das principais declarações financeiras de uma empresa, devendo ser produzido de maneira precisa e rigorosa, a fim de auxiliar um Controle do Patrimônio eficiente. Demonstra o que a empresa possui (ativo), o que ela deve (passivo) e o que sobra (patrimônio líquido). Ele oferece uma fotografia instantânea da posição financeira da empresa (GOLEMAN et al., 2009, p. 127). Poe sua vez, o Balanço Patrimonial é uma representação estática do patrimônio. Nesse sentido, surge a necessidade de ajustá-lo tornando-o um modelo mais dinâmico, reclassificando as contas do circulante, considerando a sua ligação com a atividade operacional da empresa, as chamadas contas cíclicas e as de valores monetários, ou aleatórios, que não estão ligadas diretamente à principal atividade desempenhada pela empresa, as chamadas contas erráticas. 2

ATIVO NÃO CIRCULANTE Contas não cíclicas ATIVO CIRCULANTE Contas Cíclicas Contas erráticas PASSIVO CIRCULANTE Contas erráticas Contas Cíclicas PASSIVO NÃO CIRCULANTE Contas não cíclicas Nesse contexto, o surgimento do Modelo Fleuriet foi resultado da quebra de paradigma que veio com a mudança de enfoque de análise, antes feita na base contábil e estática, para uma base dinâmica e através dos dados contábeis atuais, enxergar sua capacidade de captar recursos e investir (JONES; GRACIELA; OLIVEIRA, 2007, p.5). Para melhor representação das movimentações, Michel Fleuriet estrutura o balanço esquemático apresentado no Quadro 1. Quadro 1 - Balanço esquemático do Modelo Fleuriet Ativo Passivo Circulante: Circulante: Numerário em caixa Bancos com movimento, Títulos e Valores imobiliários Duplicatas a receber Títulos descontados Empréstimos Bancários a Curto prazo Estoque de produtos acabados, Estoque de produção em andamento Fornecedores de Matérias-Primas, etc. Estoques de Matérias-Primas Realizável em Longo Prazo Exigível a Logo Prazo Empréstimos a Terceiros Títulos a receber Investimentos Imobilizado Intangível Empréstimos Bancários a Longo Prazo Financiamentos Patrimônio Líquido Capital Social Reservas Prejuízos Acumulados Fonte: adaptado de Fleuriet (1978). O desenvolvimento desse modelo possibilitou melhores avaliações para a tomada de decisão e a possibilidade de traçar diretrizes para o futuro através do modelo dinâmico de capital de giro, isolando três variáveis essenciais: Necessidade de Capital em Giro, Capital de Giro e Saldo Tesouraria. A análise antes voltada para o aspecto de solvência e descontinuidade dos negócios tornou-se mais dinâmica, voltada para a real situação de liquidez da organização e integrada à dinâmica operacional (ASSAF NETO; SILVA, 2012). No Ativo Circulante Cíclico são classificadas as contas patrimoniais que indicam direitos e bens de curto prazo, que estão diretamente ligadas à operação da empresa e que não são onerosas à mesma. Segundo Assaf Neto e Silva (2012, p. 67) estes elementos são diretamente influenciados pelo volume de negócios (produção e vendas) e características das fases do ciclo operacional (condições de recebimento das vendas, dos pagamentos a fornecedores, prazo de estocagem). No Ativo Circulante Errático são classificadas as contas patrimoniais de valores monetários não diretamente ligadas ao operacional e com característica de liquidez. No Passivo Circulante Cíclico são classificadas as contas patrimoniais que indicam as obrigações da empresa de curto prazo não oneroso, ligadas à operação da empresa. No Passivo Circulante Errático são classificadas as contas patrimoniais que indicam as obrigações onerosas à empresa e outras obrigações que também não apresentam nenhuma vinculação direta com a sua atividade operacional. 3

Após a reclassificação do balanço patrimonial, isolam-se três variáveis essenciais, Necessidade de Capital em Giro (NCG), Capital de Giro (CG) e Saldo Tesouraria (ST). A Necessidade de Capital em Giro ou Investimento Operacional em Giro (IOG) é um conceito econômico-financeiro, e sua variação depende do nível de atividade de negócio da empresa, sofrendo alteração de acordo com a movimentação de suas contas cíclicas (FLEURIET, 1978). O cálculo do indicador de NCG é a diferença do ativo cíclico menos o passivo cíclico. O ideal é que este indicador se mantenha negativo, pois demonstra que as saídas de caixa ocorrem posteriormente às entradas indicando sobra de recursos para a execução das atividades da empresa. Todavia, frequentemente essa situação não ocorre na prática. Quando as saídas ocorrem antes das entradas a operação da empresa cria uma necessidade permanente de aplicação de fundos gerando uma diferença positiva entre o valor das contas cíclicas do ativo e das contas cíclicas do passivo; esta aplicação permanente de fundos denomina-se de Necessidade de Capital de Giro (FLEURIET, 1978). O Capital de Giro é constituído por recursos permanentes, utilizados para financiar a necessidade de capital em giro. Refere-se ao volume mínimo de ativo circulante necessário para manter a empresa em condições normais de funcionamento (ASSAF NETO; SILVA, 2012, p. 04) e possui o mesmo valor que o Capital de Giro Líquido, ainda que seja calculado de maneira diferente. O ideal que ele esteja sempre positivo e maior do que a Necessidade de Capital em Giro, pois estando negativo haverá recursos de curto prazo financiando os de longo prazo, o que aumenta o risco de insolvência. Tesouraria ou Saldo Tesouraria representa o valor residual corresponde à diferença do Capital de Giro e da Necessidade de Capital em Giro. Esse valor também pode ser calculado pela diferença do ativo errático menos o passivo errático. Se for positivo há saldo de aplicações em curto prazo. Indica que há boa gestão financeira e que a empresa disporá de fundos de curto prazo capazes de suprir todas as suas necessidades. Todavia, isso não significa obrigatoriamente uma condição desejável; pode significar que a empresa não está aproveitando as oportunidades de investimentos propiciadas por sua estrutura financeira, caso em que o Saldo de Tesouraria engorda por falta de uma estratégia dinâmica de investimentos (FLEURIET, 1978, p. 24). Se for negativo, o CG é insuficiente para financiar a NCG, o passivo errático será maior que o ativo errático e a empresa passa a financiar parte da NCG com fundos de curto prazo. Nessa situação, ocorre o chamado Efeito-Tesoura (há um volume de operação superior aos recursos para financiamento). Ele ocorre quando a empresa expande os níveis de atividade e vendas, sem o adequado suporte de recursos para o financiamento do capital de giro adicional requerido (MODRO; FAMÁ; PETROKAS, 2012, p. 97). Nessa situação, a expansão leva ao aumento da NCG, que normalmente cresce em nível superior ao aumento do CG, forçando a empresa a recorrer a fontes de financiamento de curto prazo. O estudo integrado dos três indicadores da análise dinâmica (NCG, CG e ST) fica demonstrado na Figura 1. 4

Figura 1 - Gráfico Efeito-Tesoura Fonte: FLEURIET (1978, p.44). O gráfico permite visualizar o comportamento da estrutura econômico-financeira; à medida que a abertura da tesoura cresce, a empresa tende a quebrar. Silva (2005) aponta as principais razões que podem provocar o efeito-tesoura decisões de imobilizações com recursos de instituições financeiras de curto prazo, tomada de financiamentos de curto prazo para cobrir prejuízo e outras combinações que envolvam níveis elevados de NCG, níveis baixos de CG e prejuízos que resultem no crescimento da magnitude do hiato entre as curvas representativas do NCG e do CG. 2.2 ÍNDICES DE ESTRUTURA Os índices de estrutura são aqueles que relacionam a composição de capitais (próprios e de terceiros), que medem os níveis de imobilização de recursos e que buscam diversas relações na estrutura da dívida da empresa. O Grau de Endividamento ([Passivo Circulante + Passivo não Circulante] / PL) representa quanto a empresa tomou de empréstimo para cada R$ 1,00 de capital próprio. Assaf Neto (2010) explica que também pode ser calculado considerando somente o passivo circulante ou o não circulante para conhecer o total do endividamento por nível do passivo. Devem ser levados em consideração para a análise desse índice: a participação das dívidas onerosas, no passivo circulante, o tipo e a origem dos empréstimos, obrigações não registradas, reavaliações de ativos, que se tornam invisíveis após serem incorporadas ao capital e ocorrências de cisão, fusão ou incorporação. O Grau de Imobilização (Ativo permanente / Patrimônio Líquido) representa quanto do Patrimônio Líquido da empresa está aplicado no Ativo Permanente. Para análise desse índice, devem ser levados em consideração: a variação do Patrimônio Líquido no período, ocorrência de reavaliações de ativos, a participação de cada um dos subgrupos (investimento e imobilizado) no ativo permanente e eventuais detalhes que o analista julgue importante em cada caso (ASSAF NETO, 2010). 2.3 ÍNDICES DE LIQUIDEZ Os índices de liquidez fornecem indicador da capacidade de pagamento da empresa a partir da comparação entre direitos realizáveis e exigibilidades de curto e longo prazo. A Liquidez Geral ([Ativo Circulante + Realizável a longo prazo] / [Passivo Circulante + Passivo não Circulante]) indica quanto a empresa tem em disponível, bens e direitos de curto e longo prazo, para cada R$ 1,00 de dívida de curto e longo prazo. É utilizada também 5

como uma maneira de segurança financeira da empresa de longo prazo, revelando a sua capacidade de saldar todos os seus compromissos (ASSAF NETO, 2010 p. 164). A Liquidez Corrente (Ativo Circulante / Passivo Circulante) indica quanto a empresa possui de ativo circulante para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo. Quanto maior o quociente da divisão, maior a capacidade da empresa em financiar suas necessidades de capital de giro (ASSAF NETO, 2010). Tem sido há muito tempo o principal indicador utilizados pelas instituições financeiras, pois reflete a capacidade da empresa de pagar as contas se, em uma situação improvável, todos os credores exigirem o pagamento ao mesmo tempo (GOLEMAN, 2009). A Liquidez Seca ([Ativo Circulante Estoques Despesas Antecipadas] / Passivo Circulante) é um índice que determina a capacidade de curto prazo de pagamento da empresa mediante a utilização das contas do disponível e valores a receber (ASSAF NETO, 2010, p.164). A Liquidez Imediata (Disponível / Passivo Circulante) revela a porcentagem das dívidas a curto prazo (circulante) em condições de serem liquidadas imediatamente (ASSAF NETO, 2010 p.163). 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Do ponto de vista da natureza, a pesquisa é aplicada. Utilizou-se método qualitativo, pois se trata de traduzir opiniões e números em informações as quais serão classificadas e analisadas. Quanto ao objetivo a pesquisa abordará o método descritivo, uma vez que há preocupação com registro, análise, classificação e interpretação dos dados sem neles interferir (RAUPP; BEUREN, 2008). A técnica central da coleta de dados é a pesquisa documental de fontes primárias e secundárias (COLAUTO; BEUREN, 2008), como Balanços Patrimoniais e Demonstrações de Resultado do Exercício. A população de pesquisa são entidades de prestação de serviço médio porte. A amostra foi selecionada por acessibilidade, aquela na qual o pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo (GIL, 1995, p. 83). Trata-se de uma empresa de prestação de serviço, seus principais softwares desenvolvidos são emissor de Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e), entre outras soluções, e também desenvolvimento de software sob demanda. Sua matriz está situada em Goiânia e a empresa atua no mercado há cinco anos. Para preservar o nome da empresa e manter o sigilo dos dados apresentados, utiliza-se o nome Empresa X. Sua carteira de clientes concentra precipuamente empresas de grande porte, pois a emissão de notas fiscais se torna muito operacional e manual para os usuários responsáveis, sendo de grande valia a contratação de uma Solução para otimização do processo. Empresas de pequeno e médio porte geralmente não têm volumes grandes de emissão de notas fiscais de saídas mês, por isso dispensam a contratação desse tipo de serviços. Os dados são os saldos das contas patrimoniais, coletados analiticamente em demonstrativos patrimoniais da Entidade no período compreendido entre 2011 e 2015. Além disso, por as informações necessárias para a reclassificação das contas contábeis obtidas junto ao contador e ao gerente financeiro da empresa. Para análise dos dados, utilizou-se o Modelo Fleuriet para estruturação do Balanço Patrimonial Dinâmico e os indicadores econômicos e financeiros: Necessidade de Capital em Giro (NCG), Capital de Giro (CG) e Saldo Tesouraria (ST), Grau de Endividamento, Grau de 6

Imobilização, Liquidez Geral, Liquidez Corrente, Liquidez Seca e Liquidez Imediata, calculados com base na revisão teórica. 4 ANÁLISE DOS DADOS Primeiramente os dados foram analisados no modelo tradicional, reclassificados nos grupos de circulante e não circulante conforme interpretação e retorno dos questionamentos repassados ao contador. Posteriormente, foram interpretados e reorganizados conforme o modelo dinâmico do capital de giro. As planilhas com os demonstrativos contábeis foram elaboradas da seguinte forma: (i) DRE Gerencial consolidado; (ii) Balanço Patrimonial Tradicional; (iii) Balanço Patrimonial Dinâmico; (iv) Geração de indicadores; (v) Gráfico Efeito-Tesoura. A Tabela 1 apresenta o Balanço Patrimonial da Empresa X no período de 2011 a 2015. Tabela 1 - Balanço Patrimonial da Entidade X do período de 2011 a 2015 Itens 2011 2012 2013 2014 2015 ATIVO CIRCULANTE 1.533,06 36.973,91 187.115,77 804.409,51 1.105.150,98 DISPONIVEL 580,56 35.816,64 76.152,55 573.407,29 574.157,96 Caixa geral 500,00 500,00 500,00 500,00 500,00 Banco conta movimento 80,56 9.929,41 15.772,35 295.179,07 25.489,98 Banco conta aplicações 0,00 25.387,23 59.880,20 277.728,22 548.167,98 DIREITOS REALIZAVEIS 952,50 1.157,27 108.603,72 211.705,31 530.993,02 Duplicatas a receber 0,00 0,00 107.446,45 163.352,73 202.740,17 Produto em elaboração 0,00 0,00 0,00 0,00 284.452,51 Adiantamentos a funcionários 0,00 0,00 0,00 0,00 5.349,47 Adiantamento a sócios 0,00 0,00 0,00 47.235,81 20.595,59 Adiantamentos a terceiros 0,00 0,00 0,00 0,00 7.571,22 Impostos a recuperar 952,50 1.157,27 1.157,27 1.116,77 10.284,06 DESPESAS ANTECIPADAS 0,00 0,00 2.359,50 19.296,91 0,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE 14.265,31 15.000,31 35.057,60 109.348,28 497.253,33 INVESTIMENTOS 0,00 0,00 0,00 0,00 20.000,00 IMOBILIZADO 14.265,31 15.000,31 35.057,60 109.348,28 477.253,33 PASSIVO CIRCULANTE 2.151,08 25.274,27 51.311,85 306.785,55 824.598,95 Fornecedores 4.142,90 3.075,48 15.430,48 22.145,06 Obrigações trabalhistas e sociais 830,00 6.206,91 21.172,66 44.227,91 82.081,34 Provisões s/ despesas c/pessoal 4.520,30 15.732,27 0,00 46.787,69 Obrigações fiscais 1.321,08 10.359,36 10.296,78 43.269,07 37.947,06 Contas a pagar 0,00-0,00 0,00 17.735,84 Empréstimos e financiamentos 0,00 44,80 1.034,66 4.907,12 0,00 Fornecedores de imobilizado 0,00 0,00 0,00 0,00 220.000,00 Fundo de amparo à pesquisa 0,00 0,00 0,00 198.950,97 397.901,96 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 0,00 0,00 0,00 7.736,22 176.536,98 OBRIGAÇÕES A LONGO PRAZO 0,00 0,00 0,00 7.736,22 176.536,98 Empréstimos e financiamentos LP 0,00 0,00 0,00 0,00 148.887,75 Rendimentos aplicações 0,00 0,00 0,00 7.736,22 27.649,23 PATRIMONIO LÍQUIDO 13.647,29 26.699,95 170.861,52 599.236,02 601.268,39 CAPITAL SOCIAL INTEGRALIZADO 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 LUCROS OU PREJ ACUMULADOS -86.352,71-73.300,05 70.861,52 499.236,02 501.268,39 Fonte: Dados da pesquisa (2016). 7

Buscando fornecer dados mais precisos e adequados à realidade econômica financeira da empresa, foram feitos os seguintes procedimentos (os dados da Tabela 1 já se encontram atualizados): i) Reclassificação do empréstimo em 2015 no montante de R$ 148.887,75 do passivo de curto prazo, para o passivo de longo prazo, pois o empréstimo foi tomado em dezembro/2015, e o início de sua amortização será em janeiro de 2017; ii) Reclassificação do fornecedor de imobilizado do passivo de longo prazo, para curto prazo, pois o imóvel foi adquirido em outubro de 2015 e sua liquidação ocorrerá em janeiro de 2016; iii) Reclassificação do montante de aplicação financeira do longo prazo, para o curto prazo, porque existe a possibilidade de resgate a qualquer momento; além disso, foi com essa reserva que se realizou a liquidação da compra do imóvel; iv) Reclassificação da conta do Fornecedor A, com saldo devedor no passivo, para o ativo, como adiantamento a terceiros no montante de R$ 1.866,00; v) A Empresa X lança contra a conta caixa a débito toda a despesa sem documento fiscal. Para a análise em estudo, se considerarmos o saldo informado na contabilização da conta caixa, não saberemos a real situação da empresa, o que poderia distorcer os indicadores. Sabemos que o caixa nunca ultrapassa uma reserva de R$ 500,00, e também que as despesas pagas sem nota fiscal, referem-se a desenvolvedores prestadores de serviço que não emitem nota. Critério reclassificação: Reclassificou-se o saldo da conta caixa contra o resultado na conta custo com pessoal, deixando um saldo de apenas R$ 500,00 no caixa (reserva estipulada); vi) Todos os gastos referentes ao projeto de amparo à pesquisa foram reclassificados da conta redutora do passivo, para a conta produto em elaboração no ativo. Dessa forma, temos o acompanhamento de todo o recurso antecipado para o projeto no passivo e os gastos para a elaboração da solução no ativo. Ao final do projeto, ter-se-á uma estimativa do dispêndio de tempo para a elaboração do produto, além da contabilização de receitas e despesas no mesmo período. O montante identificado nos balancetes mensais de 2015, referentes aos gastos na elaboração, representa R$ 284.452,51. A Tabela 2 apresenta o Demonstrativo do Resultado do Exercício no período de 2011 a 2015. Tabela 2 - Demonstrativo do Resultado do Exercício daentidade X do período de 2011 a 2015 Itens 2011 2012 2013 2014 2015 Receita Bruta 328.805,0 858.684,2 1.462.154,2 2.358.663,8 2.999.848,4 Vendas na empresa Y 210.755,0 425.156,6 580.566,2 508.760,4 644.407,4 Deduções da Receita (37.793,30) (94.777,09) (172.658,36) (312.585,16) (414.648,83) Receita Líquida 291.011,7 763.907,1 1.289.495,8 2.046.078,6 2.585.199,6 Custos de Operação (103.622,7) (231.334,4) (246.971,4) (881.107,8) (1.039.820,2) Margem de Contribuição 187.389,0 532.572,7 1.042.524,4 1.164.970,8 1.545.379,3 Despesas Operacionais (200.204,9) (280.664,8) (487.984,2) (623.185,7) (985.079,7) EBITDA (12.815,8) 251.907,8 554.540,1 541.785,2 560.299,6 Resultado do Serviço (12.815,8) 251.907,8 554.540,1 541.785,2 560.299,6 Resultado Financeiro - (1.097,2) (6.008,9) (5.593,3) (11.031,4) Receitas Financeiras 1.092,0 649,5 8.940,3 15.837,7 Despesas Financeiras (2.189,2) (6.658,4) (14.533,6) (26.869,1) Resultado Operacional (12.815,8) 250.810,7 548.531,3 536.191,8 549.268,2 Outros 18.741,8 (74.674,1) 63.657,6 - - Lucro antes IR/CS 5.925,9 176.136,6 612.188,8 536.191,8 549.268,2 Lucro Líquido Exercício 5.925,94 176.136,56 612.188,84 536.191,83 549.268,23 Fonte: Dados da pesquisa (2016). 8

No ano de 2011, os valores não são significativos, devido à abertura da empresa ter ocorrido em maio/2011. O faturamento era contabilizado por regime de caixa em 2011 e 2012 não aparente a NCG. Para elaboração do modelo dinâmico proposto por Michel Fleuriet, reorganizam-se as contas de estáticas para dinâmicas, reclassificando as contas do circulante, nas chamadas contas cíclicas (ligadas a operação da empresa) e as contas erráticas (contas aleatórias). O Balanço Patrimonial no modelo Fleuriet é apresentado na Tabela 3. Tabela 3 - Balanço Patrimonial Modelo Fleuriet para a Entidade X do período de 2011 a 2015 Itens 2011 2012 2013 2014 2015 A T I V O 15.798,37 51.974,22 222.173,37 913.757,79 1.602.404,31 CIRCULANTE OPERACIONAL 952,50 1.157,27 110.963,22 183.766,41 510.397,43 Duplicatas a receber 0,00 0,00 107.446,45 163.352,73 202.740,17 Produto em elaboração 0,00 0,00 0,00% 0,00% 284.452,51 Adiantamentos a funcionários 0,00 0,00 0,00% 0,00% 5.349,47 Adiantamentos a terceiros 0,00 0,00 0,00% 0,00% 7.571,22 Impostos a recuperar 952,50 1.157,27 1.157,27 1.116,77 10.284,06 Despesas exercícios seguintes 0,00 0,00 2.359,50 19.296,91 0,00 CIRCULANTE FINANCEIRO 580,56 35.816,64 76.152,55 620.643,10 594.753,55 Adiantamento a sócios 0,00 0,00 0,00 47.235,81 20.595,59 Caixa geral 500,00 500,00 500,00 500,00 500,00 Banco conta movimento 80,56 9.929,41 15.772,35 295.179,07 25.489,98 Banco conta aplicações 0,00 25.387,23 59.880,20 277.728,22 548.167,98 ATIVO NÃO CIRCULANTE 14.265,31 15.000,31 35.057,60 109.348,28 497.253,33 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 0,00 0,00 0,00 0,00 20.000,00 Investimentos 0,00 0,00 0,00 0,00 20.000,00 IMOBILIZADO 14.265,31 15.000,31 35.057,60 109.348,28 477.253,33 PASSIVO 15.798,37 51.974,22 222.173,37 913.757,79 1.602.404,32 CIRCULANTE OPERACIONAL 2.151,08 25.229,47 50.277,19 301.878,43 586.863,11 Fornecedores 0,00 4.142,90 3.075,48 15.430,48 22.145,06 Obrigações trabalhistas e sociais 830,00 6.206,91 21.172,66 44.227,91 82.081,34 Provisões s/ despesas c/pessoal 0,00 4.520,30 15.732,27 0,00 46.787,69 Obrigações fiscais 1.321,08 10.359,36 10.296,78 43.269,07 37.947,06 Fundo de amparo à pesquisa 0,00 0,00 0,00 198.950,97 397.901,96 CIRCULANTE FINANCEIRO 0,00 44,80 1.034,66 4.907,12 237.735,84 Empréstimos e financiamentos 0,00 44,80 1.034,66 4.907,12 0,00 Fornecedores de imobilizado 0,00 0,00 0,00 0,00 220.000,00 Contas a pagar 0,00 0,00 0,00 0,00 17.735,84 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 13.647,29 26.699,95 170.861,52 606.972,24 777.805,37 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 0,00 0,00 0,00 7.736,22 176.536,98 Empréstimos e financiam LP 0,00 0,00 0,00 0,00 148.887,75 Rendimentos aplicações 0,00 0,00 0,00 7.736,22 27.649,23 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 13.647,29 26.699,95 170.861,52 599.236,02 601.268,39 Capital social subscrito 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 LUCROS ACUMULADOS -86.352,71-73.300,05 70.861,52 499.236,02 501.268,39 Fonte: Dados da pesquisa (2016). Na maior parte do período analisado, não há necessidade de capital de giro, isso significa que há sobra de recurso para execução das atividades da empresa - a maior parte das entradas ocorre anteriormente ao pagamento das obrigações. No ano de 2013, a empresa passou a adotar a política de vendas a prazo, mas não aumentou significativamente o prazo de pagamento dos seus fornecedores, o que refletiu na necessidade de capital em giro, pois as 9

entradas em caixa estavam ocorrendo em momento posterior às saídas. A geração dos indicadores de necessidade de capital giro, saldo tesouraria e capital de giro, de estrutura e de liquidez está indicada na Tabela 4. Tabela 4 - Lista de Indicadores da Entidade X no período de 2011 a 2015 Indicadores 2011 2012 2013 2014 2015 INDICADORES FINANCEIROS N C E G -1.198,58-24.072,20 60.686,03-118.112,02-76.465,68 S T (Saldo Tesouraria) 580,56 35.771,84 75.117,89 615.735,98 357.017,71 CDG = CCL -618,02 11.699,64 135.803,92 497.623,96 280.552,03 INDICADORES DE ESTRUTURA Grau de endividamento 15,76% 94,66% 30,03% 52,49% 166,50% Grau de imobilização 104,53% 56,18% 20,52% 18,25% 82,70% INDICADORES DE LIQUIDEZ Liquidez geral 0,71 1,46 3,65 2,56 1,10 Liquidez corrente 0,71 1,46 3,65 2,62 1,34 Liquidez seca 0,27 1,42 3,58 2,56 0,97 Liquidez imediata 0,27 1,42 1,48 1,87 0,70 Fonte: Dados da pesquisa (2016). O ano de 2014 apresentou os melhores índices em relação ao período analisado, a principal variação refere-se à entrada do recurso como Fundo de Amparo à pesquisa, incentivo ganho do governo para empresas do simples nacional. As empresas interessadas em desenvolver soluções de inovações tecnológicas enviaram pesquisas com ideias de projetos inovadores na área da tecnologia da informação. As melhores empresas foram selecionadas e receberam a antecipação do recurso para desenvolvimento da nova tecnologia, no decorrer do desenvolvimento, a empresa fica responsável por apresentar todos os gastos relativos à elaboração da solução. Foi de extrema importância o recebimento antecipado desse recurso, pois caso contrário a empresa teria necessidade de capital em giro, sairia de uma sobra de recurso de R$ 118.112,02, para uma necessidade de R$ 80.838,95. No ano de 2015, a principal melhora desse indicador reflete a participação no projeto de amparo à pesquisa, pois caso contrário, sairia de uma sobra de recurso de R$ 76.465,68, para uma necessidade de capital em giro de R$ 36.983,77. O Saldo Tesouraria encontra-se positivo em todo o período analisado, o que representa que há saldo de aplicação em curto prazo, e em constante aumento no decorrer dos anos. Mas a sobra elevada e em constante aumento não necessariamente significa a condição desejável, pois pode representar que a empresa não esteja tendo estratégias adequadas de investimento. Entre 2011 e 2014, o saldo tesouraria aumentou ano a ano, isso ocorreu devido ao aumento das aplicações de curto prazo e ao não endividamento de curto prazo no mesmo período. Essa não foi necessariamente uma ação correta da empresa, pois a gerência financeira e a de planejamento estratégico, se tivessem acompanhando esse indicador, poderiam buscar alternativas, por exemplo junto aos bancos, e negociar aplicações de longo prazo mais rentáveis, devido à não necessidade de utilização do recurso em curto prazo. No ano de 2015, ocorreu uma diminuição significativa no saldo tesouraria, a principal variação se deu pela compra de um imobilizado, uma sala comercial em São Paulo no valor de R$ 275.000,00, como forma de investimento e expansão da equipe comercial na cidade. A compra foi realizada com pagamento à vista de R$ 55.000,00 em outubro de 2015, e o restante, R$ 220.000,00, com o pagamento em uma única parcela no início de 2016. 10

A análise conjunta dos três indicadores dinâmicos do Capital de Giro, transportado para um gráfico, permite visualizar o comportamento da estrutura econômico-financeira da empresa, o que fica evidente no Gráfico 1. Gráfico 1 - Efeito-Tesoura 700.000,00 600.000,00 500.000,00 400.000,00 300.000,00 200.000,00 100.000,00 0,00 (100.000,00) (200.000,00) 615.735,98 497.623,96 357.017,71 280.552,03 135.803,92 75.117,89 580,56 35.771,84 60.686,03 11.699,64 (618,02) 2011 (1.198,58) 2012 2013 2014 2015 (24.072,20) (76.465,68) (118.112,02) N C E G S T (Saldo Tesouraria) CDG = CCL Fonte: Dados da pesquisa (2016). Em todo o período analisado, o indicador de Capital de Giro encontra-se em posição ideal, pois está positivo e maior que a NCG, não havendo recursos de curto prazo financiando os de longo prazo. Mesmo que em 2011 tenha apresentado saldo negativo, não necessariamente se trata de um cenário ruim porque a Necessidade de Capital em Giro também se apresentou negativa. A melhora do Capital de Giro no período decorre do incremento do lucro acumulado a partir de 2013 e da diminuição do prejuízo acumulado em 2012. Em 2015, a contratação de um empréstimo em longo prazo no montante de R$ 148.887,75 fez com que o indicador sofresse significativa redução em função do alto nível de imobilização no período. A empresa estudada, durante o período analisado, não apresentou o chamado Efeito- Tesoura ; seu Saldo Tesouraria de 2011 a 2015 se manteve sempre positivo. Os piores índices apresentados foram verificados no ano de 2013, com uma NCEG de R$ 60.686,03; ainda assim, a empresa não se encontrou em Efeito-Tesoura, pois seu CCL era também positivo e maior do que a Necessidade de Capital em Giro. O melhor cenário do período analisado foi o ano de 2014, quando houve maior sobra de recurso para execução das atividades da empresa, sem Necessidade de Capital em Giro, pois a maior parte das saídas foram posteriores às entradas. O CCL foi positivo e foi o ano com o maior Saldo Tesouraria do período devido ao aumento dos lucros acumulados e ao baixo nível de investimento e imobilização. 11

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a análise dos indicadores da empresa da amostra no período de 2011 a 2015, percebeu-se um cenário positivo ao longo de todo o período, o que não necessariamente indica uma boa gestão. Nem sempre níveis elevados e positivos de Saldo Tesouraria significam boas estratégias, mas que a empresa se manteve conservadora e restringiu os investimentos. Tal constatação também poderia ter sido sinalizada nos indicadores de estrutura, especialmente os referentes aos anos de 2012 a 2014. Nesse período, os percentuais foram menores, porque ano a ano os aumentos nos lucros incrementaram o Patrimônio Líquido da empresa, além de que não houve imobilização de recurso ou mesmo graus elevados de endividamento. A análise dos indicadores permite perceber a necessidade de políticas de planejamento para as aplicações de curto prazo, negociando-as com bancos, de forma a tentar aplica-las no longo prazo de uma forma mais rentável ou investi-las no aprimoramento e desenvolvimento de novos produtos. É importante que os índices de liquidez estejam superiores a 1; isso indica que a empresa disporá de recurso para pagamento de suas obrigações. Índices elevados como os apresentados no período de 2012 a 2014 revelam uma política conservadora da parte da empresa. Tanto o Modelo Tradicional de Balanço Patrimonial, quanto o Modelo Dinâmico apresentam vantagens e desvantagens. Segundo Modro, Famá e Petrokas (2012), o modelo tradicional permite a elaboração os cálculos com mais facilidade, mas ao mesmo tempo, exige acurada percepção do analista para a interpretação dos índices, o que torna a análise um tanto subjetiva. O Modelo Dinâmico, por sua vez, apesar de necessário proceder à reclassificação das contas é mais objetivo e apresenta maior sensibilidade. O ideal seria o uso combinado de ambos, o que poderia contribuir para um melhor entendimento do andamento das operações de curto prazo da empresa e dos recursos financeiros envolvidos nessas operações (MODRO; FAMÁ; PETROKAS, 2012). Para pesquisas futuras, sugere-se a continuação da análise conjunta dos indicadores e sua implantação na fase orçamentária para que seja utilizado como ferramenta capaz de auxiliar a tomada de decisão. REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Estrutura e Análise de Balanços: Um Enfoque Econômico-Financeiro 9.ed. São Paulo: Atlas, 2010. ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do Capital de Giro 4.ed. São Paulo: Atlas, 2012. COLAUTO, R. D.; BEUREN, I. M. Coleta análise e interpretação dos dados. In: BEUREN, I. M. (org.) Como elaborar trabalhos monográficos em Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2008. p. 117-144. FLEURIET, M. A Dinâmica Financeira das Empresas Brasileiras: um novo método de análise, orçamento e planejamento financeiro. 1. ed. Belo Horizonte: FDC, 1978. GIL, A. C. Técnicas de pesquisa em economia. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1995. GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 7.ed. São Paulo: Harbra, 2002. 12

GOLEMAN, D. et al. Finanças e Contabilidade. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. MODRO, W. M.; FAMÁ, R.; PETROKAS, L. A. Modelo Tradicional x Modelo Dinâmico de Análise do Capital de Giro: Um estudo Comparativo entre duas Empresas do mesmo setor com diferentes performances financeiras. FACEF Pesquisa Desenvolvimento e Gestão, v.15, n.1, p.90-106, jan./abr. 2012. RAUPP, F. M.; BEUREN, I. M.. Metodologia da pesquisa aplicável às ciências sociais. In: BEUREN, I. M. (org.) Como elaborar trabalhos monográficos em Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2008. p. 76-97. RICARDO, R. J. Contabilidade Básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2009. SILVA, J. P. Análise financeira das empresas. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2005. 13