SEMINÁRIO Prevenção Que Estratégias

Documentos relacionados
VAGOS EM AÇÃO JÚNIOR PROJETO PEDAGÓGICO E DE ANIMAÇÃO

FICHA DE UNIDADE CURRICULAR (UC)

Infantário Nossa Senhora da Purificação. As emoções

CONTRIBUTOS DA ANIMAÇÃO SOCIOEDUCATIVA PARA UMA PEDAGOGIA DE LAZER 1

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO

A concepção da população senescente inquirida em relação à prática de actividades

Índice de conteúdo. Projeto Pedagógico e de Animação do Estremoz Férias

Coordenador do desporto Escolar: Prof. Carlos Fonseca

PLANO DE ENSINO DADOS DO COMPONENTE CURRICULAR

As Actividades de Lazer e Recreação: A Dança Tradicional na Ocupação dos Tempos Livres nas Diferentes Idades. Batalha, Ana Paula - FMH / UTL

FICHA DO PROJECTO. Desporto para todos. Fundação Aragão Pinto - IPSS

DEPARTAMENTO TÉCNICO FORMAÇÃO DESPORTIVA DOS JOVENS PRATICANTES

Associação Portuguesa de Osteogénese Imperfeita Sónia Bastos, Fisioterapeuta

DESPORTO E SAÚDE. Um encontro com Adultos do processo RVCC

O Projeto será dividido em dois momentos distintos: Oficina de Tecelagem e Oficina de Expressão Plástica

MEDIDAS DE PREVENÇÃO NA SAÚDE MENTAL. Prof. João Gregório Neto

IMAGINAR É PENSAR, CRIAR É UM DESAFIO.

1 - Parte Introdutória A Parte Introdutória prepara cognitiva e animicamente o praticante para a realização da sessão e para o esforço físico e de con

Nº da Proposta: OTD/PA0006

Atividade: Comemoração dos Aniversários dos Utentes

Programa 2013 FICHA DE CANDIDATURA. Refª: 092 Escolinha Crescer na Maior

Centro de Ocupação de Tempos Livres de Santo Tirso Ano Letivo 2015/2016

Aprender e Ensinar a Distância. Maria de Fátima Goulão, DCSP, Universidade Aberta

Complexo Desportivo Paulo Pinto Rua de Ribes S. João da Madeira Telef E.mail:

PSICOLOGIA DO DESPORTO. Subunidade 3. Emoções no Futebol 11/25/2016 AS EMOÇÕES E A PRÁTICA DESPORTIVA CURSO DE TREINADORES DE FUTEBOL GRAU II UEFA B

PROJECTO CAMINHO II. (breve descrição e alguns elementos de avaliação)

Um projecto de formação em futebol. Prof. Frederico Ricardo Rodrigues

Plano Anual de Actividades do ATL 2016/2017

A INFLUÊNCIA DA PRÁTICA REGULAR DE EXERCÍCIO FÍSICO NA PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS DO GÉNERO FEMININO

Aula n.º 2 / 3 20/09/2012. Módulo 5 - Ética e Deontologia no Desporto Aula de Apresentação 2

FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE KRAV MAGA KRAV MAGA KIDS

Jardim Infantil Popular da Pontinha. Projeto Educativo

A Realidade dos Serviços de Psicologia da Educação Públicos e Privados

ESCOLINHAS E ESCOLAS DE DESPORTO

Associação de Solidariedade Social Arca

Ficha de Referencial de Formação Geral

Plano Anual de Atividades. Mês Atividade/Tarefa Objetivos Intervenientes

1.1. Creche Objectivos gerais

Projeto Pedagógico C.A.T.L.

PROGRAMAS De 19 de junho a 21 de julho

Programa BIP/ZIP 2014

Programa Pedagógico de Animação e Regulamento Interno. Alvará n 624/2010

PROJECTO DE INTERVENÇÃO PRECOCE DO CAP FUNCHAL

Planear : - Fazer o plano de - Definir antecipadamente um conjunto de ações ou intenções. = PROJECTAR

FORMAÇÃO ÁRBITROS/JUÍZES

CAMPOS DE FÉRIAS PROJETO PEDAGÓGICO E DE ANIMAÇÃO. Este programa de férias pretende, de uma forma lúdico pedagógica, dar continuidade

DIDÁCTICA DO FUTEBOL AULA 1 LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA ACTIVIDADE FÍSICA HUMANA

DESPORTO EDUCAÇÃO PARA A PAZ, FRATERNIDADE E INTERCULTURALIDADE

Programa BIP/ZIP 2015

Ginástica Geral (GG)

Programa Prevenção de Quedas. Educação e reabilitação pelo Movimento

Critérios de Avaliação dos CEF Curso de Operador Informático 2012/2013

Elisabete Pereira (2003) Análise do Software Eu Aprendo Ciências da Natureza 6º Ano

Programa BIP/ZIP 2013

Projeto Pedagógico e de Animação Campos de Férias Tá a Mexer

O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO COM O IDOSO

Carta Educativa do Município de Arouca V CAPÍTULO DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO

Relatório Anual de Atividades de Desenvolvimento Pessoal e Social (RAADPS)

Centro Social Monsenhor Júlio Martins

Escola Secundária c/ 3º ciclo do Fundão. Palavras-chave: objectivos, instrução, empenhamento motor, exemplificação, feedback s, conteúdos e clima.

VELOCIDADE E ESTAFETAS III

PROJETO PEDAGÓGICO CRECHE E JARDIM DE INFÂNCIA VIVER A ARTE

Indíce de Livros (V) Titulo O FIO INVISIVEL AA VAZ, JULIO MACHADO Ed. Relógio d Água Editores

MATRIZ CURRICULAR CURRÍCULO PLENO 1. ª SÉRIE CÓDIGO DISCIPLINAS TEOR PRAT CHA PRÉ-REQUISITO

D23. PROGRAMA DE TEORIA DA EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO CURRICULAR 11ª Classe. Formação de Professores para o Pré-Escolar e para o Ensino Primário

PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO. Seleção e organização de conteúdos. Educação Física Meios de ensino. Aptidão Física. Cultura

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA GOVERNO REGIONAL SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E RECURSOS HUMANOS DIREÇÃO REGIONAL DE EDUCAÇÃO REFERENCIAÇÃO

Plano Anual de Atividades. Resposta Social: ERPI

Ginástica Geral. Prof. Dra. Bruna Oneda 2012

PA.CRH.17. Pág. 1 de 6

AULAS DE INFORMÁTICA E INGLÊS PARA CRIANÇAS

PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR GLOBAL NA POPULAÇÃO SÉNIOR práticas de intervenção e desenvolvimento de actividades físicas.

Projeto Aprender a Nadar

DIDÁCTICA DA ACTIVIDADE FÍSICA I

GINGA INTERATIVA ENTRE A ESCOLA E A COMUNIDADE

Centro de Ocupação de Tempos Livres de Santo Tirso

Guia das Atividades extracurriculares

A IMPORTÂNCIA DO FUTSAL NOS ANOS ESCOLARES INICIAS

Psicoestimulação Cognitiva

O JOGO COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

Atendemos na Feira de artesanato Miramar no Largo da Alfandega SC Fone: celular:

Teorias Motivacionais

Inquéritos Pedagógicos

Áreas Temáticas BVS Atenção Primária à Saúde

Escrito por Carla Rijo Sábado, 01 Novembro :36 - Actualizado em Sábado, 29 Novembro :27

Gestão de Riscos Psicossociais

PLANO ANUAL DE ATIVIDADES 2017/2018 Creche Stª Teresinha do Menino Jesus DATA TEMA OBJETIVOS ATIVIDADES RECURSOS

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NA SUPERAÇÃO DE DIFICULDADES ESCOLARES REFERENTES A LEITURA E ESCRITA.

COMPETÊNCIAS TRANSVERSAIS

Projecto LER E APRENDER NA ESTAÇÃO DO SABER

EDUCAÇÃO FÍSICA CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE AVALIAÇÃO

Curso Profissional de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva 11º

Orçamento participativo Fundão Desenvolvimento do Parque Lúdico-Pedagógico

Projecto de Experiências Pré- Profissionais

CURSOS LIVRES Ballet e Ballet Baby. Futebol O futebol desenvolve: Taekwondo

Planificação da sessão

ACTIVIDADE FÍSICA E DESPORTIVA ORIENTAÇÕES PROGRAMÁTICAS ANO DE ESCOLARIDADE 4º ANO 1º ANO 3º ANO 2º ANO

REFERENCIAL DE RVCC PROFISSIONAL

Benefícios gerais da actividade física

Transcrição:

SEMINÁRIO Prevenção Que Estratégias O CONTRIBUTO DO JOGO, E DA ACTIVIDADE FÍSICA E DESPORTIVA COMO INSTRUMENTO EM PREVENÇÃO PRIMÁRIA O Jogo como Estratégia de Intervenção nas Escolas Francisco Batista

Nos últimos anos vem sendo acentuada a importância do jogo e da actividade física e desportiva na prevenção e tratamento da toxicodependência, assumindo-se sem mais, que fazer desporto é positivo e que portanto basta fazê-lo de qualquer maneira minimamente organizada, para conseguir supostos benefícios preventivos ou terapêuticos.

Sem dúvida, no contexto da toxicodependência, esta subtil diferença entre a obtenção de benefícios ou prejuízos deve considerar-se crucial, pois que a correcta ou incorrecta utilização que se faça do jogo e da actividade física e desportiva, dependerá que esta tenha efeitos preventivos ou curativos, ou que, ao contrário, aumente o risco do consumo, ou dificulte a reabilitação.

Sem dúvida também que hoje estão claramente demonstrados os benefícios fisiológicos da prática da actividade física e desportiva, como também o é de que para consegui-los deve realizar-se de forma adequada, com o tipo de exercício ou desporto adaptado às condições e circunstancias concretas de cada utente, procurando a consolidação desse tipo de prática como hábito.

Para além de tudo isto, a prática física e desportiva também pode ter efeitos psicológicos benéficos que devem ser considerados. Por exemplo tem sido observado que ela pode aliviar estados de ânimo adversos e outras manifestações de stress psicológico, diminuir a sintomatologia de pacientes com estados patológicos de ansiedade e depressão, e inclusive prevenir a depressão;

Sem dúvida, que todos estes possíveis benefícios resultam relevantes no contexto da prevenção e tratamento da toxicodependência.

Isto implica, se pretendemos que a prática desportiva proporcione benefícios psicológicos, devem desenhar-se actividades que não se dirijam prioritariamente somente à melhoria da condição física, mas sim conseguir que os participantes melhorem a sua auto-eficácia, fortaleçam a sua auto-estima, e obtenham uma gratificação quotidiana mediante a prática.

Importa referir que a obtenção destes benefícios atractivos, requer que a prática desportiva seja utilizada correctamente, pois não aparecem pelo simples facto de que os adolescentes se inscrevam em alguma actividade.

A nossa visão é a de que o modelo de intervenção em prevenção primária pode ser desenvolvido através de actividades pouco ou nada conotadas com as práticas desportivas tradicionais. Cremos que o desporto não tem que ser apenas um instrumento da saúde ou da estética, mas sim percebido no campo das realizações humanas, de onde resultam benefícios pessoais aos mais variados níveis.

Intervir no campo do desporto é transmitir cultura através do corpo. E o jogo cumpre um papel de primordial importância nessa transmissão. Utilizar o jogo físico como instrumento de trabalho nesta área é contribuir para a cultura, para a saúde, para a estética, para o ambiente, para a vida. É ESSA A NOSSA OPÇÃO E PROPOSTA!

O Jogo como Estratégia de Intervenção nas Escolas Devemos conceber o jogo como um factor de desenvolvimento global (cognitivo, afectivo, social e motor) e de auto-realização pessoal. Supõe uma oportunidade única para o melhor e mais equilibrado desenvolvimento das pessoas, fazendo-as mais felizes e mais humanas. Considerando o jogo desde um ponto de vista psicopedagógico, valoriza-se este como um elemento favorecedor de todo o tipo de aprendizagens. O jogo pode proporcionar à criança uma grande variedade de experiências e estímulos, toda uma bagagem de vivências úteis e necessárias para o seu adequado desenvolvimento. Portanto a actividade lúdica deve ser um elemento que impregnará toda a prática educativa.

Tratamento Didáctico Hoje o jogo não só está aceite, senão recomendado como elemento educativo de vital importância. A ideia que aqui propomos é que os jogos são actividades que nos proporcionam um amplo leque de tarefas, com uma grande riqueza motora e num ambiente muito mais lúdico e festivo ( o que nos leva a acabar com outro grande problema: a motivação), quer dizer, que o jogo é uma actividade fundamental para o correcto e adequado desenvolvimento físico, psíquico e social do aluno. A utilização do jogo no sistema educativo tem uma serie de aportes pedagógicos:

É uma realidade motora que traz prazer e satisfação ao aluno; O jogo ajuda o aluno a desenvolver as capacidades físicas e as habilidades e destrezas básicas; O jogo é um elemento imprescindível para o desenvolvimento de aprendizagens significativas; No jogo é o próprio aluno que transporta consigo soluções aos problemas colocados. Tem um carácter criativo, cheio de imaginação e fantasia.

Mediante o jogo desenvolvemos todos os âmbitos da conduta humana: cognitivo,motor e sócio-afectivo. O jogo possibilita uma maior interacção entre os alunos, favorecendo o desenvolvimento de hábitos de cooperação e convivência. Tem um componente social muito forte. O jogo permite o conhecimento das tradições e da cultura do ambiente do aluno.

Em resumo, o jogo é, sobretudo, recreação, e a sua finalidade reside no mesmo. É uma actividade física gratuita já que se faz sem esperar nada em troca. Faz-se simplesmente pelo prazer de fazê-lo, por divertimento. Na nossa perspectiva a utilização do jogo nas actividades escolares persegue um objectivo fundamental: ser um elemento motivador através do qual se conseguem atingir os objectivos próprios da área. Quer dizer, utilizálo como meio para conseguir os fins estabelecidos, sistematizando a prática do jogo como meio em múltiplas actividades.

O que pretendemos fazer é utilizar o jogo como estratégia educativa, tratando-o como conteúdo ( utilização do mesmo para conseguir objectivos relacionados com o seu carácter lúdico, procurando antes de tudo o prazer que produz a sua prática e utilizando o mesmo para alcançar fins mais relacionados com aspectos afectivos e sociais que motores: nesta linha poderão utilizar-se toda a gama de jogos populares, tradicionais ou alternativos) A utilização do jogo nesta área deve corresponder a uma selecção dependente de uma serie de factores que assinalamos em continuação:

Os objectivos:os jogos serão seleccionados segundo os objectivos que queiramos conseguir na actividade. O número de alunos: o grupo condicionará o tipo de jogos que possamos utilizar. O terreno de jogo: ainda que em princípio, qualquer espaço pareça indicado para desenvolver os diferentes jogos, são necessários algumas condições mínimas que permitam a realização dos mesmos. O material didáctico: segundo os recursos materiais que disponhamos, poderemos utilizar uns jogos ou outros. Momento da sessão onde se utilize o jogo: os jogos a seleccionar serão distintos segundo sejam utilizados no aquecimento, parte principal ou retorno à calma. Controle do esforço: deveremos alternar jogos de maior intensidade com outros de relaxação que sirvam para descansar ou evitar sobre-esforço. Controle da motivação: devemos utilizar sempre os jogos mais motivantes depois de outros que sejam menos.

Importância do jogo na educação da criança MELHORIA, EM GERAL, DAS SUAS FACULDADES. MAIOR EQUILÍBRIO EMOCIONAL (CONTROLO DOS IMPULSOS). FORTALECE A SUA VONTADE E AUMENTA A RESPONSABILIDADE. DESESENVOLVE A IMAGINAÇÃO. MELHORA O ESPÍRITO DE SUPERAÇÃO. ABERTURA SOCIAL. INCREMENTA A CAPACIDADE CRIADORA. AJUDA A AGUDIZAR A ATENÇÃO. EQUILÍBRIO DA ACTIVIDADE MENTAL E FÍSICA. É POSITIVO PARA A INTERPRETAÇÃO E RESPEITO DAS NORMAS.

PREVENIR A JOGAR PREVENIR A JOGAR Manual de jogos e actividades lúdico-desportivas

ELABORAÇÃO DE UM MANUAL DE JOGOS

OBJECTIVOS Ser uma ferramenta de trabalho Intervir através do jogo e do exercício físico Formar agentes associativos e de ensino

ÁREAS DE INTERVENÇÃO Bem-estar Resistência à frustração Saúde Auto-conceito Gestão de tempo Auto-estima Os limites e a sua negociação A relação no grupo

ESCALÕES ETÁRIOS 6-9 ANOS 10-13 ANOS

ESTRUTURA DAS FICHAS DE TRABALHO Título Idade Objectivos Área Descrição Material Ilustração

TIPOLOGIA DOS EXERCÍCIOS Estimulação da atenção Jogos alegres Expressão plástica Luta / Oposição Ritmo Iniciação desportiva

CUIDADOS METODOLÓGICOS (1) Existência de um clima de alegria Privilégio de situações multitarefas Aumento do tempo de prática Existência de comunicação entre todos

CUIDADOS METODOLÓGICOS (2) Evitar situações de risco Construção de regras por parte do grupo Utilizar os canais visual, auditivo e quinestésico Utilizar a formação de grupos

A SESSÃO Aquecimento (16 fichas) Parte fundamental (80 fichas) Retorno à calma (16 fichas) Ar livre (4 fichas)

ESPAÇO E MATERIAL 83 fichas não recorrem a material Espaço informal

O QUE PRETENDEMOS (1) A consciência e a liberdade do corpo A competição diálogo O jogo, o humor e a festa A ecologia e a preservação

O QUE PRETENDEMOS (2) O direito ao lazer desportivo A saúde, a aptidão e a cultura A não violência Um projecto para o futuro

FIM