CONSULTA Nº /2013

Documentos relacionados
O médico pode ser perito do seu paciente?

PARECER CREMEC 06/ /02/11. PROCESSO-CONSULTA PROTOCOLO CREMEC n 4198/10

CONSULTA Nº 8.989/16

CONSULTA Nº /2014

PARECER CREMEB Nº 04/16 (Aprovado em Sessão Plenária de 16/02/2016)

PARECER CREMEC nº 09/ /09/2015

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MATO GROSSO

Assunto: Transporte intra-hospitalar, anestesia, exames complementares.

I CONGRESSO DE DIREITO MÉDICO DO CREMESP EM CAMPINAS

CONSULTA Nº /05

PROCESSO-CONSULTA CFM 62/2012 PARECER CFM 47/2017 INTERESSADO:

CONSULTA Nº /2014

DA CONSULTA. Faz considerações acerca desses pareceres, da legislação e a seguir esclarece:

PARECER CREMEC N.º 12/ /07/2014

1º Fórum de Defesa Profissional da SBOT/RS CREMERS. 5 de outubro de Auditoria Médica. Dr. Isaias Levy Vice-Presidente do Cremers

PARECER CONSULTA N 012/2015

ASSUNTO: Autonomia dos misteres realizados pelos Peritos Médicos no exercício de sua função pública. EMENTA:

PARECER CRM/MS N 12/2016 PROCESSO CONSULTA N.

PALAVRA CHAVE: Sobre laudo de Rx e atendimentos nos Postos de Saúde

PROCESSO CONSULTA CRM-PB Nº 09/2014 PARECER CRM PB Nº 09/2014

LAUDO MÉDICO PERICIAL

CONSULTA Nº /05

CONSULTA Nº /2014

PARECER CFM Nº 42/2016 INTERESSADOS:

São Paulo, 07 de novembro de 2018

De: Junta Médica Pericial Para: Médico Assistente SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÕES MÉDICAS PARA FINS PERICIAIS

Cons. César Henrique Bastos Khoury CRMMG

PARECER CREMEC N.º 08/ /03/2014

INICIAÇÃO AO DIREITO MÉDICO E DA SAÚDE

Na elaboração do atestado médico, o médico assistente observará os seguintes procedimentos:

PARECER CREMEB Nº 23/12 (Aprovado em Sessão Plenária de 06/07/2012)

MEDICINA LEGAL MARIO JORGE TSUCHIYA

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MATO GROSSO

PARECER CREMEB 23/11 (Aprovado em Sessão da 1ª Câmara de 04/08/2011)

ASSUNTO: QUAL O PROFISSIONAL RESPONSÁVEL PELO PREENCHIMENTO DO ATESTADO MÉDICO DA CAT?

Parecer CRM/MS N 06/2016 Processo consulta CRM MS nº 19/2015 Interessado Parecerista Palavras-chave EMENTA:

EMENTA: Encargos da atividade médica - Negativa de função pericial - Sigilo médico CONSULTA

Dr. Lueiz Amorim Canêdo DIRETOR DE AUDITORIA MÉDICA

Responsabilidade Civil dos Médicos Veterinários e Contagem dos Prazos Processuais. Módulo I - Responsabilidade Civil na Saúde - Aula n.

Clínicas de tratamento de dependentes químicos RELATOR: Cons. Salomão Rodrigues Filho

DESPACHO COJUR 106/2017

ASSUNTO: PRESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO

Relatório Declaração Atestado médico Prontuário médico Declaração de óbito

PROCESSO CONSULTA Nº 02/2015 PARECER CONSULTA Nº 10/2015

MEDICINA Farmacologia Prof. Luiz Bragança. Aspectos Éticos da Prescrição de Medicamentos.

RESOLUÇÃO CRMV-RJ Nº 039/2013. relacionadas às áreas da Medicina Veterinária e da Zootecnia, e aprovar o Manual de

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MATO GROSSO

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AULA N. 07

CONSULTA Nº 7.425/16

AUDITORIA E PERÍCIA. DISCIPLINA: Legislação Tributária

Questões Éticas e Legais da Avaliação Física. Ma. Ana Beatriz Moreira de Carvalho Monteiro

DIREITO Previdenciário

CONSULTA Nº /14

RESPONSABILIDADE CIVIL MÉDICA

NOVA ABORDAGEM PÓS ALTA DO PERITO DO INSS AOS FUNCIONÁRIOS DAS EMPRESAS. Dr. Jarbas Simas

Atestados Médicos. RCG 0460 Bioética e Formação Humanística IV Deontologia e Direito Médico. Hermes de Freitas Barbosa

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA

PROCESSO CONSULTA Nº 02/2012 PARECER CONSULTA Nº 05/2014

PARECER Nº 2573/ CRM-PR ASSUNTO: SAMU - RETENÇÃO DE MACAS NOS HOSPITAIS PARECERISTA: CONS.º ADONIS NASR

Cons. Rosylane Nascimento das Mercês Rocha

DA CONSULTA: A Dra. L. C. G. da S. Coordenadora do serviço de Oftalmologia do Hospital Geral de DOS FUNDAMENTOS LEGAIS

CONSULTA Nº /2011 PARECER

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.171, DE

PARECER Nº 2614/ CRM-PR ASSUNTO: VAGAS EM LEITOS DE UTI PARECERISTA: CONS.ª NAZAH CHERIF MOHAMAD YOUSSEF

CONSULTA Nº /2013

ÉTICA MÉDICA. Código de Ética Médica - Resolução do Conselho Federal de Medicina n , de 17 de setembro de 2009

PARECER CONSULTA CRM/ES N 8/2017

I - funcionar de modo ininterrupto e diariamente, para a recepção de corpos;

CURSO DE ÉTICA PARA RESIDENTES

DESPACHO COJUR/CFM n.º 267/2017

Cons. Rosylane Nascimeno das Mercês Rocha

CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA. RESOLUÇÃO CFO-087, DE 26 DE MAIO DE 2009 Normatiza a perícia e junta odontológica e dá outras providências.

Doença incapacitante para o exercício da Medicina - Resolução: 1646 de 09/8//2002

Processo consulta CRM MS nº 12/2016 Interessado: Parecerista: Palavras-chave EMENTA:

PARECER CREMEC N.º 5/ /05/2016

Prof.ª Bruna Socreppa

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA ÉTICA MÉDICA - AULA 30 ÉTICA MÉDICA

O CNES foi criado em 1999 através da PT-SAS 376. instituiu as fichas de cadastro de estabelecimento e consulta pública;

Auditoria Interna x Auditoria Externa (ou Independente) Perícia

PARECER CREMEC Nº 34/ /10/2010

Função primordial da perícia é identificar se o segurado está incapaz ou não para o trabalho.

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA E DIREITOS DOS MÉDICOS. MÓDULO II - Código de Ética Médica Aula 25

ODONTOLOGIA LEGAL 05/05/2017 CAPÍTULO II DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS CAPÍTULO II DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

APAMT- AGOSTO/2013 Keti Stylianos Patsis

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA Autarquia Federal criada pela Lei Nº 5.905/73

PARECER CRM/MS N 003/2014 PROCESSO CONSULTA CRM MS N. 017/2013.

CONSULTA Nº /14

PARECER CREMEB Nº 22/13 (Aprovado em Sessão Plenária de 25/06/2013)

Assistência Técnica em Perícias Médicas EDUARDO ALFAMA REVERBEL MÉDICO DO TRABALHO

A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição.

COORDENAÇÃO GERAL DAS CÂMARAS TÉCNICAS CÂMARA TÉCNICA DE GESTÃO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - CTGAE

XVIII Jornada Catarinense de Saúde Ocupacional Dias 30 de abril, 01 e 02 de maio de 2015 Blumenau Santa Catarina - Brasil

DA CONSULTA. PARECER CRM-TO Nº 11/2016 (Aprovado em Sessão Plenária do dia 30/09/2016)

Autarquia Federal Lei nº 5.905/73 Filiado ao Conselho Internacional de Enfermagem Genebra

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 198, DE 20 DE JULHO DE 2015

Memorando Circular Perícia. Afastamento por Licença para Tratamento de Saúde

Auditoria Médica Fundamentada no Paciente

I M A S REGIMENTO INTERNO

DEPARTAMENTO JURÍDICO TRABALHISTA BOLETIM 064/2015

Transcrição:

1 CONSULTA Nº 25.711/2013 Assunto: Perícia. Sobre a falta de condições para realizar exames diretos em feridas/ferimentos, haja vista que a instituição não dispõe de pessoal e de ambientes específicos para tais atos. Relator: Conselheiro Renato Françoso Filho. Ementa: Quando o perito entender essencial para sua convicção, é necessária a verificação direta da ferida/ferimento/lesão para constatação da doença alegada pelo requerente, bem como a verificação direta da ferida/ferimento/lesão para descrevê-la no laudo médico pericial; e é necessária a existência de estrutura física e pessoal habilitado no INSS para fazer a remoção e reconstituição do curativo removido, se for necessária a remoção. O consulente Dr. F.E.C.A., Presidente de Comissão de Ética Médica de hospital na cidade de São Paulo, solicita ao parecer do CREMESP sobre a falta de condições para realizar exames diretos em feridas/ferimentos/lesão, haja vista que a instituição não dispõe de pessoal e de ambientes específicos para tais atos. Essa questão tem sido motivo de questionamento na Previdência e nas esferas policial e judicial, citando para tanto: a) Necessidade de exposição da ferida/ferimento/lesão para constatação da doença alegada para fins de conclusão pericial. b) Elaboração de laudo médico pericial. c) Da forma e meios para remover curativos. d) Do descarte do curativo removido. e) Da forma e meios de reconstituição do curativo no segurado. f) Da probidade técnica e ética de eventualmente o segurado sair da perícia com a ferida descoberta sem a reconstituição do curativo. g) Da probidade técnica e ética de julgar a incapacidade sem ectoscopia direta da lesão.

2 h) Da possibilidade da constatação da ferida ser realizada através apenas do laudo médico emitido pelo médico assistente externo ao INSS dispensando a avaliação direta do médico perito institucional. Informa, ainda, que em questionamento à Diretoria Técnica Médica do INSS obteve a seguinte resposta: (...) considerando a dificuldade de reposição dos curativos nos exames médicos periciais, reitero a solicitação aos Peritos Médicos Previdenciários da GEx SP que, quando tratarem-se de curativos oclusivos, talas gessadas, gessos circulares e afins, a análise pericial seja sustentada mediante os relatórios médicos, exames complementares e demais documentos probatórios apresentados pelos segurados (...). Sendo assim, apresenta as seguintes dúvidas: 1 É necessária a verificação direta da ferida/ferimento/lesão para constatação da doença alegada pelo requerente? 2 É necessária a verificação direta da ferida/ferimento/lesão para descrevê-la no laudo médico pericial? 3 É necessária a existência de estrutura física e pessoal habilitado no INSS para fazer a remoção e reconstituição do curativo removido? 4 É necessária a presença de fluxo de lixo biológico seguindo as Resoluções da ANVISA, para fazer o descarte do curativo removido e eventual material contaminado? 5 Considerando que o INSS não dispõe atualmente de estrutura para cuidados com curativo, pode o médico perito fundamentar sua avaliação apenas em laudo médico expedido por assistente médico externo à instituição? 6 Em caso de retirada do curativo sem a estrutura acima citada, pode o médico perito ser responsabilizado por descarte de material biológico em lixo comum e por eventual não reconstituição do curativo no segurado? 7 A realização de uma perícia indireta em feridas ocluídas por curativos pode ser feita quando o cidadão está presente na avaliação pericial?

3 8 O INSS pode exigir que o perito médico realize o ato médico pericial sem dar a estrutura necessária para tal? 9 Em caso de conclusão errônea pericial cuja perícia da ferida foi feita baseada na orientação técnica dada pelo INSS, o perito que assinou o laudo pode ser responsabilizado pelo erro? 10 Pode o perito médico se recusar a realizar a perícia nos casos em que o mesmo considere imprescindível a remoção do curativo? PARECER DOS QUESITOS: Pergunta nº 1 É necessária a verificação direta da ferida/ferimento/lesão para constatação da doença alegada pelo requerente? essencial para sua convicção. Resposta nº 1 Sim, quando o perito entender Pergunta nº 2 É necessária a verificação direta da ferida/ferimento/lesão para descrevê-la no laudo médico pericial? essencial para sua convicção. Resposta nº 2 Sim, quando o perito entender Pergunta nº 3 É necessária a existência de estrutura física e pessoal habilitado no INSS para fazer a remoção e reconstituição do curativo removido? remoção. Resposta nº 3 Sim, se for necessária a Pergunta nº 4 É necessária a presença de fluxo de lixo biológico seguindo as Resoluções da ANVISA, para fazer o descarte do curativo removido e eventual material contaminado? institucional. Resposta nº 4 Sim, mas a responsabilidade é

4 Pergunta nº 5 Considerando que o INSS não dispõe atualmente de estrutura para cuidados com curativo, pode o médico perito fundamentar sua avaliação apenas em laudo médico expedido por assistente médico externo à instituição? Resposta nº 5 Quando não houver convicção do perito e inviabilidade da retirada do curativo, a perícia deverá ser concluída em data oportuna quando for possível avaliar diretamente a lesão. Pergunta nº 6 Em caso de retirada do curativo sem a estrutura acima citada, pode o médico perito ser responsabilizado por descarte de material biológico em lixo comum e por eventual não reconstituição do curativo no segurado? Resposta nº 6 A responsabilidade pelo descarte do material e dos meios para a reconstituição do curativo é da instituição. Pergunta nº 7 A realização de uma perícia indireta em feridas ocluídas por curativos pode ser feita quando o cidadão está presente na avaliação pericial? Resposta nº 7 Vide a resposta ao quesito 5. Pergunta nº 8 O INSS pode exigir que o perito médico realize o ato médico pericial sem dar a estrutura necessária para tal? Resposta nº 8 Não. Pergunta nº 9 Em caso de conclusão errônea pericial cuja pericia da ferida foi feita baseada na orientação técnica dada pelo INSS, o perito que assinou o laudo pode ser responsabilizado pelo erro? Resposta nº 9 Não pode ser responsabilizado dentro da instituição, na qual existe previsão para tal conduta. Pergunta nº 10 Pode o perito médico se recusar a realizar a perícia nos casos em que o mesmo considere imprescindível a remoção do curativo? Resposta nº 10 Quando não houver convicção do perito e inviabilidade da retirada do curativo, a perícia deverá ser concluída em data oportuna quando for possível avaliar diretamente a lesão.

5 CONCLUSÃO: CAPÍTULO II DIREITOS DOS MÉDICOS É direito do médico: III Apontar falhas em normas, contratos e práticas internas de instituições em que trabalhe quando as julgar indignas do exercício da profissão ou prejudiciais a si mesmo, ao paciente ou a terceiros, devendo dirigir-se, nesses caos, aos órgãos competentes e, obrigatoriamente, à comissão de ética e ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição. V Suspender suas atividades, individualmente ou coletivamente, quando a instituição pública ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições adequadas para o exercício profissional ou não remunerar digna e justamente, ressalvadas as situações de urgência e emergência, devendo comunicar imediatamente sua decisão ao Conselho Regional de Medicina. CAPÍTULO III RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Art. 1º Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência. CAPÍTULO IV DIREITOS HUMANOS Art. 23. Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto.

6 CAPÍTULO V RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES Art. 37. Prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente após cessar o impedimento. CAPÍTULO X DOCUMENTOS MÉDICOS Art. 80. Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade. CAPÍTULO XI AUDITORIA E PERÍCIA MÉDICA Art. 98. Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir como perito ou como auditor, bem como ultrapassar os limites de suas atribuições e de sua competência. Este é o nosso parecer, s.m.j. Conselheiro Renato Françoso Filho PARECER APROVADO NA REUNIÃO DA CÂMARA TÉCNICA DE MEDICINA DO TRABALHO, REALIZADA EM 11/11/2014. APROVADO NA REUNIÃO DA CÂMARA DE CONSULTAS, REALIZADA EM 28.11.2014. HOMOLOGADO NA 4.635ª REUNIÃO PLENÁRIA, REALIZADA EM 02.12.2014.