PARECER CRM/MS N 12/2016 PROCESSO CONSULTA N.

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1 PARECER CRM/MS N 12/2016 PROCESSO CONSULTA N. 10/2016 Interessado: V. P. DE E. M. SS Conselheiro Relator: Dr. Faisal Augusto Alderete Esgaib ASSUNTO: Cobrança de honorários para emissão de laudo, atestado, parecer ou relatório médico. PALAVRA CHAVE: laudo, atestado, parecer, relatório médico. EMENTA: O médico assistente não pode cobrar do paciente valor adicional à consulta para emissão de atestado, laudo, parecer ou relatório médicos, independente da finalidade dos mesmos. DA CONSULTA A "V. P. de E.M SS" encaminha a este CRM solicitação de orientações e esclarecimentos a respeito de em quais situações a "emissão de laudo, atestado, parecer ou relatório médico que é realizado em consulta médica, onde seu fornecimento pode ser acrescido do pagamento da consulta médica, sendo paciente particular ou conveniado, para quais situações: -Finalidade de condição de saúde para órgãos da previdência (INSS) -Concurso público -DETRAN -Local de trabalho -Finalidade de curatela do idoso incapaz -Perícia DO EMBASAMENTO DOCUMENTAL I. Código de Ética Médica Art. 91. É vedado ao médico deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando solicitado pelo paciente ou por seu representante legal. 1

2 Art. 93. é vedado ao médico ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa de sua família ou de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa em que atue ou tenha atuado. II) Resolução CFM 2003/2012: Embora esta resolução seja específica em relação a documentos de seguradoras, é interessante constar como documentação. Ela reza, entre outros, o que segue: "O médico assistente não pode ser constrangido a preencher formulários, com quesitos próprios, de entidade com quem não tem qualquer relação profissional ou empregatícia e revoga a Resolução CFM 1076/81 que autorizava o médico a preencher formulários de seguradoras com a possibilidade de cobrança de remuneração. III) RESOLUÇÃO CFM 1658/2002 e modificada pela RESOLUÇÃO CFM 1851/2008 Resolve: (entre outros) Art. 1 - O atestado médico é parte integrante do ato médico, sendo seu fornecimento direito inalienável do paciente, não podendo importar em qualquer majoração de honorários. Art. 2 - Ao fornecer o atestado, deverá o médico registrar em ficha própria e/ou prontuário médico os dados dos exames e tratamentos realizados, de maneira que possa atender às pesquisas de informações dos médicos peritos das empresas ou dos órgãos públicos da Previdência Social e da Justiça. Art. 3 - Na elaboração do atestado médico, o médico assistente observará os seguintes procedimentos: I - especificar o tempo concedido de dispensa à atividade, necessário para a recuperação do paciente; 2

3 II - estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente; III - registrar os dados de maneira legível; IV - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina. Parágrafo único. Quando o atestado for solicitado pelo paciente ou seu representante legal para fins de perícia médica deverá observar: I - o diagnóstico; II - os resultados dos exames complementares; III - a conduta terapêutica; IV - o prognóstico; V - as consequências à saúde do paciente; VI - o provável tempo de repouso estimado necessário para a sua recuperação, que complementará o parecer fundamentado do médico perito, a quem cabe legalmente a decisão do benefício previdenciário, tais como: aposentadoria, invalidez definitiva, readaptação; VII - registrar os dados de maneira legível; VIII - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina. Art. 7 - O determinado por esta resolução vale, no que couber, para o fornecimento de atestados de sanidade em suas diversas finalidades. IV) Resolução CREMERJ Nº 104/1996 Art. 1º O médico deverá fornecer, quando solicitado, após o exame do paciente, atestado ou declaração, informando a data do atendimento e se de sua condição patológica resulta a necessidade ou não do afastamento de suas atividades normais e por quanto tempo, devendo este ser escrito em algarismos e por extenso. V) RESOLUÇÃO CRM/AC Nº 06/

4 Art. 1º - O atestado médico solicitado por pacientes e fornecido pelo médico assistente, seja em serviço público, conveniado ou consultório particular, deve ser elaborado observando rigorosamente o disposto na Resolução CFM n.º 1.658/2002. Art. 2º O atestado médico deve deixar constância explícita e motivada do objeto a que se destina justificar ausência do titular a compromisso social, judicial, político, educacional, trabalhista, administrativo, embarque, custódia e outros que se mostrem necessários. Art. 3º A omissão dessa declaração, bem como a falta de prontuário médico implica em falta ética. DO PARECER Considerando a documentação acima exposta: O paciente que procura um médico em consulta o faz com intenção assistencial, ou seja, recorre ao auxílio médico com o objetivo de saber se goza de boa saúde ou, no caso de padecer alguma moléstia, se necessitará de algum tratamento. Nessa consulta, o paciente poderá solicitar, por consequência, um documento que informe da sua situação. Tal documento é direito inalienável do paciente e o médico jamais poderá exigir pagamento adicional atrelado ao fornecimento deste, haja vista que o atestado é parte integrante da consulta. Para fins de esclarecimento, laudo, atestado, parecer ou relatório médico são todos documentos equivalentes e que somente podem ser emitidos em razão de um minucioso exame médico (anamnese, exame físico, exames laboratoriais quando necessários), sendo a emissão de qualquer um deles, sujeita ao que rezam as legislações específicas para atestados médicos. O profissional que assim não agir, estará ferindo o Código de Ética Médica. 4

5 Independente do objetivo para o qual o paciente solicita o seu atestado, o médico assistente fornecerá nele todas as informações que permitam ao paciente informar e esclarecer as dúvidas do setor ao qual ele irá se apresentar. Este documento servirá de embasamento para outros profissionais médicos que irão avaliar o paciente. Assim, de acordo com os quesitos da consulta temos especificamente: a) o exame pericial de órgãos de previdência, que será realizado por perito específico do quadro; b) o exame para concurso público, que a critério da entidade irá solicitar um exame admissional, cabendo ao Médico do Trabalho fornecer um ASO (atestado de saúde ocupacional); c) DETRAN, onde um profissional conveniado com tal instituição irá avaliar o paciente (candidato a habilitação); d) local de trabalho, quando um médico do quadro da empresa ou vinculado a ela analisará seu caso; e) curatela do idoso incapaz, quando um Juiz determinará as diligências necessárias, nomeando um perito específico da sua confiança. Por ter tratamento específico no Código de Ética Médica, tratamos em separado o quesito de Perícia encaminhado pela consulente. Resta claro, que é vedado ao médico assistente ser perito do seu paciente e por esse motivo, em hipótese nenhuma ele poderá exercer esta função, atividade que será determinada geralmente pela intervenção judicial. Complementando, nesta situação de perícia também se enquadram os laudos médicos solicitados muitas vezes pelas seguradoras, sendo vedado ao médico assistente o preenchimento de tal documento, que se constitui em verdadeiro ato médico pericial. Este parecerista tomou a iniciativa de citar o caso específico das seguradoras considerando que já existiu Resolução do CFM que autorizava o médico assistente o preenchimento destes laudos com a possibilidade de cobrança de honorários, o que não mais vigora. Em todos os casos acima nomeados, os atestados, laudos, pareceres ou relatórios do médico assistente terão o único objetivo de auxiliar e embasar o trabalho dos outros profissionais médicos que serão os responsáveis pela 5

6 conclusão final a respeito da necessidade em questão do paciente (se tem direito ao benefício, se poderá assumir um trabalho, capacidade plena, perícia, etc). Finalmente e por se tratar de atestado médico, resta claro que o médico assistente nenhum valor adicional à consulta irá majorar para emissão dos documentos médicos citados. Eles são consequência da consulta e o seu fornecimento um direito inalienável do paciente. Este é o parecer, s.m.j. Ponta Porã, 14 de setembro de FAISAL AUGUSTO ALDERETE ESGAIB Conselheiro Relator Parecer aprovado na Sessão Plenária do dia Dra. Rosana Leite de Melo Presidente 6