CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MATO GROSSO
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1 PARECER CRM-MT Nº 06/2013 INTERESSADO: Dr. J. F. J. CONSELHEIRO PARECERISTA: Dr. Elton Hugo Maia Teixeira ASSUNTO: Negativa de fornecimento de medicação pela Farmácia de Alto Custo DATA DA APROVAÇÃO: 08 de junho de 2013 RELATÓRIO DO CONSELHEIRO PARECERISTA I. DA CONSULTA O Consulente encaminha ofício a este CRM em 27/11/2012, com os seguintes dizeres: Diante do documento que segue em anexo, por mim recebido, (...), no dia 13/11/2012, vindo da Assistente Social da Farmácia Cidadã, A. de B. C. da SES, venho através desde solicitar a esse Conselho que me oriente sobre qual a conduta a ser tomada, tendo em vista que a medicação indicada pelo nobre perito faz parte da receita que foi prescrita ao paciente. Encaminho em anexo a receita prescrita deste paciente em 22/10/2012, e trabalho publicado pelo Dr. F. F.. Anexos ao ofício: - Formulário da Farmácia Cidadã do SUS (fls. 3), com laudo de rejeição da solicitação do medicamento Atorvastatina 20mg, para o paciente G. D. de B., com a justificativa: paciente com triglicerídios altos, a Portaria recomenda o uso de Fibratos, que tem 80% de eficácia em relação às estatinas. Sugiro fibratos.; - Relatório de orientação do Serviço Social, da Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (fls 5), de
2 /11/2012: Paciente G. D. de B. O médico perito R.B. F.da C. autorizador da medicação Atorvastatina 20mg, indeferiu o medicamento com a seguinte justificativa: Paciente com triglicerídios altos, a portaria (Portaria 1015 de 23/12/2002) recomenda o uso de fibratos que tem 80% de eficácia em relação às estatinas. Sugiro fibratos. Para tanto se o médico solicitante concordar com o indeferimento do médico perito, este deverá prescrever novo LME e receita para a medicação sugerida Fibratos. Entretanto, se o médico solicitante não concordar com a rejeição, este deverá encaminhar um laudo/relatório justificando a continuação do uso do medicamento solicitado Atorvastatina 20mg. Assina a Assistente Social A. de B. C. ; - Formulário de solicitação de medicação do SUS (LME), apenas com o nome do paciente, não especificado o tipo de medicação solicitada nem a indicação clínica (fls. 9); - Relatório médico solicitado por este Conselheiro para esclarecer a indicação da medicação pelo consulente, o mesmo responde que (fls. 15): Paciente G. D. de B., portador de HAS, dislipidemia, lesão vascular carotídea e diabete médio. Faz uso regular de medicações há vários anos, sendo que há mais ou menos 1 ano foi introduzido o uso de insulina, porém não houve adaptação do paciente, sendo que este voltou a fazer uso de hipoglicemiante oral. As medicações prescritas se referem ao tratamento deste quadro. O uso de fibratos são recomendados para triglicerídios elevados foi prescrito, porém se faz necessário a estatina, pois irá combater o LDL colesterol, que no diabético, apesar de manter o mesmo peso molecular, tem o seu tamanho reduzido, sendo mais aterogênico
3 atravessará com maior facilidade a íntima do vaso, provocando um processo imuno-inflamatório ao reagir com os macrófagos dos tecidos. Ao analisarmos os exames de laboratório, percebemos que o LDL apresenta-se baixo, mas devemos lembrar que triglicerídios elevados interferem na leitura desta fração. Observar também que ocorre lesão renal discreta. Existe uma recomendação para que tratemos um paciente diabético como um potencial paciente coronariano e renal crônico. Acompanha os resultados dos exames deste paciente desde 10/2011. Anexa resultados de exames laboratoriais que exibem altos níveis de triglicerídios e de glicemia, com níveis normais de colesterol e frações. II. DOS COMENTÁRIOS O fornecimento de medicamentos de alto custo pelo Sistema Único de Saúde SUS obedece a regras e protocolos específicos, elaborados pelo Ministério da Saúde juntamente com as entidades médicas e representantes das especialidades médicas, os quais definem critérios clínicos e a lista de exames complementares que devem ser apresentados para análise de cada caso. Cabe ao médico assistente o preenchimento correto dos formulários de solicitação, com a indicação clínica e histórico resumido de cada paciente, a fim de subsidiar a análise pelo médico perito autorizador. A participação de outros profissionais não médicos como farmacêuticos e assistentes sociais no processo de dispensação, fica restrita a atividades técnicoadministrativas como recebimento e análise de documentos,
4 mas a análise da pertinência dos pedidos deve ser exclusiva do médico perito. No questionamento apresentado pelo Consulente, aparentemente houve uma negativa por parte do médico perito em fornecer um determinado medicamento, por não estar dentro dos protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. A falta nos autos da cópia do pedido médico inicial que gerou a negativa prejudica uma análise mais aprofundada do caso, pois nos parece tratar-se de falha de comunicação entre o médico assistente e a Farmácia de Alto Custo. Não sabemos quais informações foram dadas para análise do processo, portanto não podemos analisar se a negativa foi pertinente ou não. A justificativa técnica apresentada pelo perito para a negativa está dentro das normas do protocolo de fornecimento daquele medicamento. Ainda, a justificativa apresentada pelo consulente em seu relatório a este CRM para solicitar a medicação, também está perfeitamente condizente com os protocolos clínicos atuais de tratamento de dislipidemias em pacientes diabéticos, como é o caso. Resta-nos, pois a questão: se no documento inicial emitido pelo médico assistente para a solicitação (não anexo aos autos), foram dadas todas as informações técnicas e justificativas para o uso do mesmo, para ser analisado pelo perito médico da farmácia. III. DO PARECER
5 Respondendo então ao questionamento feito pelo consulente: (...) venho através desde solicitar a esse Conselho que me oriente sobre qual a conduta a ser tomada, tendo em vista que a medicação indicada pelo nobre perito faz parte da receita que foi prescrita ao paciente..., a orientação é que ou apresente o pedido inicial da medicação para análise por este CRM, ou que faça novo pedido médico à Farmácia de Alto Custo, com as justificativas que apresentou a este CRM, para análise pelo perito médico, à luz das diretrizes terapêuticas clínicas atuais para o caso. Este é meu parecer, salvo melhor juízo desta plenária. Dr. Elton Hugo Maia Teixeira Conselheiro Parecerista
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