EMENTA: Disponibilidade de vagas em UTI neonatal - Responsabilidade CONSULTA
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1 PARECER Nº 2370/2012 CRM-PR PROCESSO CONSULTA N. º 057/2011 PROTOCOLO N. º18953/2011 ASSUNTO: VAGAS EM UTI NEONATAL PARECERISTA: CONS.º DONIZETTI DIMER GIAMBERARDINO FILHO EMENTA: Disponibilidade de vagas em UTI neonatal - Responsabilidade CONSULTA Em correspondência encaminhada a este Conselho Regional de Medicina, o Dr. XXX, na qualidade de Diretor Técnico do Hospital e Maternidade XX, faz consulta no seguinte teor: Na qualidade de Diretor Técnico do Hospital e Maternidade XX, venho por meio desta formalizar e parecer técnico junto ao Conselho de Classe. A maternidade tem enfrentando dificuldades em atender o aumento da demanda em relação ao número de vagas para a UTI Neonatal. Esse fato ocorre por episódios, ou seja, observamos períodos de pico onde ocorre falta de leitos alternados por períodos de normalidade. Assim, no pico de alta demanda ocorrer grande stress para a instituição, funcionários e médicos. É pratica da Instituição comunicar expressamente aos médicos plantonistas (obstetra e pediatra) e demais médicos do corpo clínico quando não há disponibilidade de vagas na UTI Neonatal. A maioria dos partos realizados na Maternidade são de caráter eletivo (cesárea programada), porém na prática muitos médicos do corpo clínico atendem preferencialmente na instituição e assim, alegam a dificuldade em transferir a paciente para outra instituição. Portanto, envio-lhes os seguintes questionamentos: 1. Em não havendo disponibilidade de vaga na UTI Neonatal - Gestante atendida no Setor de Pronto Atendimento (PA) e se prevê a possibilidade do recém-nato (RN) necessitar de UTI (por exemplo: prematuridade), de quem é a responsabilidade em se transferir a gestante
2 para outra instituição com o suporte necessário do médico assistente, do médico plantonista ou da instituição? 2. Caso eletivo (cesárea eletiva) em que o médico assistente prevê a possível necessidade de UTI Neonatal para o RN: a) É dever do médico assistente antecipadamente verificar a disponibilidade de vaga junto a UTI Neonatal? b) É dever do médico assistente a apresentação e discussão do caso clínico para o médico intensivista? c) É dever do médico assistente solicitar reserva de vaga (quando disponível) na UTI Neonatal para assegurar a assistência necessária ao RN. 3. Gestante atendida no PA e o médico assistente (pré-natalista) não é encontrado ou se declare impedido de prestar o atendimento após a internação, a responsabilidade do atendimento, intercorrências e eventual transferência da gestante passa a ser do médico plantonista? 4. Em não havendo disponibilidade de vaga na UTI Neonatal Caso o RN internado apresente complicação clínica e que necessite de cuidados de terapia intensiva, a responsabilidade do atendimento é do médico pediatra (berçário) e transferência para outra instituição ou é dever do médico intensivista o acolhimento e prestação do atendimento, mesmo na ausência de vaga. 5. Qual a responsabilidade do Diretor Técnico quanto à eventual falta de vaga na UTI Neonatal? 6. Qual a responsabilidade do Diretor Técnico no sentido de buscar vaga em outra instituição para transferência do RN, caso não se disponha de vaga na UTI Neonatal? 7. Os questionamentos aqui formulados não se referem aos casos de emergência, pois nesses é sabido o dever do médico e da Direção Técnica na prestação do atendimento independente de qualquer fator adverso, seja de estrutural física, equipamento ou de pessoal. FUNDAMENTAÇÃO E PARECER O consulente, na qualidade de diretor técnico de Maternidade localizada no município de Curitiba, solicita parecer referente à falta de vagas na sua UTI Neonatal e a assistência obstétrica de sua instituição. Esclarece que a maternidade tem enfrentado dificuldades em atender os episódicos aumentos de demanda em relação ao número de vagas
3 para a UTI Neonatal, principalmente nas situações que envolvem a transferência de pacientes. O consulente esclarece que os questionamentos formulados não se referem aos casos de emergência, pois nestes ocorre à prestação do atendimento independente de qualquer fator adverso, seja de ordem estrutural física, equipamento ou de pessoal. Apresenta os seguintes questionamentos: 1. Em não havendo disponibilidade de vaga na UTI Neonatal Gestante atendida no Setor de Pronto Atendimento e se prevê a possibilidade do recém-nato necessitar de UTI, de quem é a responsabilidade em se transferir a gestante para outra instituição com o suporte necessário do médico assistente, do médico plantonista ou da instituição? Resposta: Inicialmente esclarecemos a importância do regimento interno do corpo médico da instituição, como norteador dos direitos e deveres dos médicos do estabelecimento, onde devem estar estabelecido as obrigações e direitos dos médicos plantonistas, dos médicos internistas de eventual escala e dos médicos internistas de pacientes de sua clínica privada. Quanto às questões específicas: O atendimento inicial realizado pelo médico plantonista do Pronto Atendimento determina através de seu diagnóstico a necessidade de transferência da gestante em questão. Sua postura inicial será a de comunicar-se com o médico de confiança da gestante, dialogo esse que determinará nova decisão, concordantes ou não, nesse momento o médico assistente poderá concordar com o médico plantonista, devendo esse ultimo providenciar a procura de vaga e determinar as condições necessárias ao transporte da gestante entre as maternidades. Caso o médico assistente (de confiança) não concorde com a transferência, esse deve assumir o caso, dirigindo-se a maternidade para sua avaliação médica. Na eventualidade da remoção necessitar da presença de médico, o médico plantonista somente poderá afastar-se do seu plantão havendo médico substituto para suas funções. Com referência a remoção da paciente e a substituição eventual do médico plantonista são atribuições pertinentes ao diretor técnico da instituição. 2. Caso eletivo (cesárea eletiva) em que o médico assistente prevê a possível necessidade de UTI Neonatal para o RN: a. É dever do médico assistente antecipadamente verificar a disponibilidade de vaga junto a UTI Neonatal? b. É dever do médico assistente a apresentação e discussão do caso clínico para o médico intensivista?
4 c. É dever do médico assistente solicitar reserva de vaga (quando disponível) na UTI Neonatal para assegurar a assistência necessária ao RN. Resposta: O médico quando de sua assistência aos pacientes deve proceder com diligência, prudência e capacitação técnica atualizada. Esses fundamentos orientam a postura médica em relação as suas atitudes empenhadas no atendimento de suas pacientes. Nesse sentido, a previsibilidade de intercorrências ou complicações na evolução do tratamento, fazem parte da sua diligência, portanto a três questões apontadas ao médico assistente, devem ser observadas como seus deveres de conduta. 3. Gestante atendida no Pronto Atendimento e o médico assistente (pré-natalista) não é encontrado ou se declara impedido de prestar o atendimento após a internação, a responsabilidade do atendimento, intercorrências e eventual transferência da gestante passa a ser do médico plantonista? Resposta: O médico plantonista no Pronto Atendimento é responsável pela assistência da gestante até a comunicação formalizada ao médico assistente, sendo recomendado à transferência pessoal de médico para médico. Em não havendo possibilidade do médico assistente assumir o atendimento, poderá de acordo com o regimento interno do corpo médico ou norma pactuada complementar, o médico plantonista se consolidar como médico assistente ou de acordo com escalas pré acordadas de médicos do corpo clinico internista um profissional disponível da escala assumir o atendimento. Essa situação é do âmbito do corpo médico e da sua direção técnica. 4. Em não havendo disponibilidade de vaga na UTI Neonatal Caso o RN internado apresente complicação clínica e que necessite de cuidados de terapia intensiva, a responsabilidade do atendimento é do médico pediatra (berçário) e transferência para outra instituição ou é dever do médico intensivista o acolhimento e prestação do atendimento, mesmo na ausência de vaga. Resposta: No exemplo citado de um RN internado necessitar de cuidados de Terapia Intensiva caracteriza uma situação de emergência. Se o diagnóstico da emergência foi realizado pelo pediatra assistente ou pelo pediatra plantonista do berçário, são deles o dever do atendimento e da tentativa de transferência para outra instituição, ressaltamos que se o médico pediatra reconhecer dificuldades para o atendimento do RN pode solicitar o auxílio do médico intensivista, mas essa ajuda não significa isenção de responsabilidades para com o paciente. Caso a situação de emergência tenha sido suspeitada pela enfermagem, a mesma deverá
5 solicitar o atendimento do RN pelo médico plantonista, o qual deverá procede-lo.caso não haja possibilidade de remanejo de vagas deverá ser desencadeada a transferência do RN, o médico plantonista deve comunicar o pediatra assistente, ao qual se recomenda sua vinda ao hospital para esclarecimentos à família,além de comunicar ao diretor técnico a dificuldade da falta de vagas. Esses quatro médicos, o pediatra assistente, o pediatra plantonista do berçário, o intensivista e o diretor técnico são co responsáveis no atendimento do RN e na sua transferência para outra UTI Neonatal. 5. Qual a responsabilidade do Diretor Técnico quanto à eventual falta de vaga na UTI Neonatal? Resposta: O diretor técnico médico de um estabelecimento hospitalar tem por atribuição prover as adequadas condições para o exercício da medicina, de acordo com o perfil de complexidade institucional. Deve estar atento para que os membros do corpo médico estejam em regular situação perante o CRM, possuindo habilitação nas especialidades desenvolvidas no hospital. Com referência a uma UTI Neonatal, a direção técnica deve prover equipamentos e recursos humanos previstos nas normas do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Medicina Intensiva. Salientamos que a responsabilidade médica está vinculada a previsibilidade, portanto somente as situações imprevisíveis ou improváveis escapam do dever da responsabilidade médica. Assim, se ocorrer freqüente falta de leitos passa a ser previsível, mas caso essas situações sejam ocasionais, em picos, podem ser interpretadas como fatos imprevisíveis. Vale citar a importância do empenho do diretor técnico frente à falta de vaga em UTI Neonatal, sendo diligente para tentar proporcionar o melhor atendimento possível ao RN, assim como a sua transferência em condições adequadas. 6. Qual a responsabilidade do Diretor Técnico no sentido de buscar vaga em outra instituição para transferência do RN, caso não se disponha de vaga na UTI Neonatal? Resposta: De acordo com a resposta do quesito de número 4, a responsabilidade do atendimento ao RN pertence aos quatro atores, a dizer: pediatra assistente, plantonista do berçário, intensivista e diretor técnico. Todos devem realizar seus esforços para superar a dificuldade, sendo habitual a primeira iniciativa ser do pediatra assistente ou do plantonista do berçário, quando sob assistência do plantonista houver ausência do pediatra assistente no momento da intercorrência, o mesmo deve ser avisado para compartilhar das decisões. Em seguida, na ausência de possibilidade de vaga na UTI Neonatal, o plantonista pediatra deve tentar a transferência, caso não consiga dar ciência ao diretor técnico e pedir apoio. Essa
6 seqüência pressupõe bom senso, mas poderia ter alteração na ordem, desde que previamente pactuado entre esses atores descritos. É o parecer, s. m. j. Curitiba, 05 de março de Cons.º DONIZETTI DIMER GIAMBERARDINO FILHO Parecerista Aprovado em Sessão Plenária n.º 2370ª de 19/03/2012 CAM I.
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