PARECER CONSULTA N 003/2015
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- Pedro Márcio Coimbra Camelo
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1 PARECER CONSULTA N 003/2015 Processo Consulta n /2009 Interessado: SIMML Município X Assunto: Controle de Atestados Médicos Relator: Conselheiro Carlos Magno Pretti Dalapicola CRM-ES: 2483 Ementa: Atestado médico. Documento que justifica ausência e atendimento médico de paciente. Não pode ter condições para surtir seus efeitos. DA CONSULTA 1. O médico do trabalho presente na empresa tem o direito, após a análise e a consulta do empregado, e sem subsídios convincentes, desabonar o atestado médico? Não. Na Resolução nº 1658/2002 do CFM. Em seu artigo 1º - O atestado médico é parte integrante do ato médico, sendo seu fornecimento direito inalienável do paciente, não podendo importar em qualquer majoração de honorários. Em seu artigo 6º - Somente aos médicos e aos odontólogos, estes no âmbito de sua profissão, é facultada a prerrogativa do fornecimento de atestado de afastamento do trabalho. Parágrafo 2º - O médico poderá valer-se, se julgar necessário, de opiniões de outros profissionais afetos à questão para exarar o seu atestado. 1
2 Parágrafo 3º - O atestado médico goza da presunção de veracidade, devendo ser acatado por quem de direito, salvo se houver divergência de entendimento por médico da instituição ou Perito. Parágrafo 4º - Em caso de indicio de falsidade no atestado, detectado por médico em função pericial, este se obriga a representar ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição. 2. Para atestados com dois ou mais dias, pode-se exigir as receitas e os medicamentos prescritos pelo médico, tendo na empresa norma administrativa informando essa exigência? A validade do atestado médico, como citado anteriormente na Resolução 1658/2002 do CFM, independe da apresentação de receita e/ou da medicação. Havendo norma da empresa para apresentação dos documentos (receita da medicação), essa norma não pode ser considerada para validação do atestado médico, ou seja, a empresa não poderá condicionar a aceitação do atestado médico à apresentação de receita de medicações, até porque nem todo atestado gera, necessariamente, uma receita/exame. Assim, no entendimento deste Conselheiro, uma norma interna de uma empresa não pode se sobrepor para validar o atestado médico. O não cumprimento de norma interna da empresa poderá gerar um procedimento administrativo e deverá ser discutido junto à justiça competente (do trabalho). O atestado médico é considerado ato médico, faz parte de uma consulta e goza de veracidade a priori, embora possa ser questionado pelo médico da empresa, por meio de exame e de avaliação do trabalhador que entregou o atestado. 3. Para atestados com dois ou mais dias, pode-se exigir as receitas e os medicamentos, pelo responsável do Departamento de Recursos 2
3 Humanos, tendo na empresa norma administrativa informando essa exigência? Já respondida anteriormente. Vide pergunta nº Pode o responsável pelo Departamento de Pessoal solicitar ao empregado que compareça ao órgão de classe, no qual presto o atendimento, para o atestado ser abonado ou desabonado, conforme o item 1? O atestado médico, como anteriormente citado, goza de veracidade, mas poderá em caso de dúvida de sua idoneidade ser reavaliado por médico. Esse terá arbítrio para validar ou não o atestado médico, desde que, ao examinar o paciente, tenha entendimento de que a limitação diagnosticada não impeça ou se agrave durante seu pacto laboral, ou exponha outros trabalhadores a possíveis contaminações. 5. Como proceder com atestado ilegítimo? Rasurados (tentativa de alterar a data e período de afastamentos), falsos, rasgados, emitidos em postos de saúde sem assinatura do médico ou odontólogo, e sim por atendente ( como curativos etc.) e outros. O atestado médico poderá ser emitido por médico ou odontólogo devidamente identificados, conforme citado anteriormente. Assim, nenhum outro profissional está habilitado para emissão desse documento. Quanto à existência de rasuras ou sem identificação, o atestado não deverá ser aceito e a empresa deverá tomar as medidas administrativas cabíveis contra os atestados falsos que julgar necessárias conforme preconiza o Código Penal Brasileiro, artigo Solicito enviar outros esclarecimentos, normas, resoluções referentes ao assunto. 3
4 Acessar o site do CFM (Conselho Federal de Medicina - no qual há links para Resoluções e Pareceres que permitem realizar pesquisas por assunto. Também existem Resoluções e Pareceres de âmbito do CFM, que devem ser acatadas(os) em toda jurisdição dos CRMs Regionais, e as(os) de âmbito regional, que somente devem ser consideradas(os) dentro da jurisdição do Conselho Regional emissor. Estas(estes), porém, devem respeitar e não contradizer as(os) emitidas(os) pelo CFM. Por exemplo: Resolução CREMERJ nº 208/2005 (anexo) e Resolução do CFM nº 1.658/2002. Eis nosso Parecer, salvo melhor juízo! Vitória, 28 de abril de Dr. Carlos Magno Pretti Dalapicola Conselheiro Relator 4
5 RESOLUÇÃO CFM n.º 1.658/2002 (Publicada no D.O.U. de 20 de dezembro de 2002, Seção I, pg. 422) Normatiza a emissão de atestados médicos e dá outras providências. (Parcialmente alterada pela Resolução CFM nº 1851, de ) O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições conferidas pela Lei n.º 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº , de 19 de julho de 1958, e CONSIDERANDO a necessidade de regulamentação de aspectos relacionados ao atestado médico; CONSIDERANDO que o ser humano deve ser o principal alvo da atenção médica; CONSIDERANDO o que preceitua a Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949, no parágrafo 2º de seu artigo 6º, referindo-se à comprovação de doença; CONSIDERANDO o que determina a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, acerca de licença - para tratamento de saúde, licença à gestante, licença-paternidade, licença por acidente em serviço e licença por motivo de doença em pessoa da família; CONSIDERANDO o definido no Decreto nº 3.048/99, alterado pelos Decretos nºs 3.112/99 e 3.265/99, que aprova o Regulamento da Previdência Social e dá outras providências; CONSIDERANDO os artigos 38, 44, 45 e 142 do Código de Ética Médica; CONSIDERANDO que o artigo 8º do Código de Ética Médica determina que o médico não pode submeter-se a restrições ou imposições que possam prejudicar a eficácia e a correção de seu trabalho; CONSIDERANDO que é vedado ao médico atestar falsamente sanidade ou atestar sem o exame direto do paciente; 5
6 CONSIDERANDO que o profissional que faltar com a verdade nos atos médicos atestados, causando prejuízos às empresas, ao governo ou a terceiros, está sujeito às penas da lei; CONSIDERANDO que as informações oriundas da relação médico-paciente pertencem ao paciente, sendo o médico apenas o seu fiel depositário; CONSIDERANDO que o ordenamento jurídico nacional prevê situações excludentes do segredo profissional; CONSIDERANDO que somente os médicos e odontólogos têm a prerrogativa de diagnosticar enfermidades e emitir os correspondentes atestados; CONSIDERANDO ser indispensável ao médico identificar o paciente ao qual assiste; CONSIDERANDO as Resoluções CFM nºs 982/79, 1.484/97 e 1.548/99 e resoluções dos Conselhos Regionais de Medicina dos estados de Goiás, Amazonas, Alagoas, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal; CONSIDERANDO, finalmente, o decidido na Sessão Plenária de , RESOLVE: Art. 1º O atestado médico é parte integrante do ato médico, sendo seu fornecimento direito inalienável do paciente, não podendo importar em qualquer majoração de honorários. Art. 2º Ao fornecer o atestado, deverá o médico registrar em ficha própria e/ou prontuário médico os dados dos exames e tratamentos realizados, de maneira que possa atender às pesquisas de informações dos médicos peritos das empresas ou dos órgãos públicos da Previdência Social e da Justiça. Art. 3º Na elaboração do atestado médico, o médico assistente observará os seguintes procedimentos: a. especificar o tempo concedido de dispensa à atividade, necessário para a completa recuperação do paciente; b. estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente; c. registrar os dados de maneira legível; d. identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina. Art. 3º Na elaboração do atestado médico, o médico assistente observará os seguintes procedimentos: 6
7 I - especificar o tempo concedido de dispensa à atividade, necessário para a recuperação do paciente; II - estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente; III - registrar os dados de maneira legível; IV - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina. Parágrafo único. Quando o atestado for solicitado pelo paciente ou seu representante legal para fins de perícia médica deverá observar: I - o diagnóstico; II - os resultados dos exames complementares; III - a conduta terapêutica; IV - o prognóstico; V - as consequências à saúde do paciente; VI - o provável tempo de repouso estimado necessário para a sua recuperação, que complementará o parecer fundamentado do médico perito, a quem cabe legalmente a decisão do benefício previdenciário, tais como: aposentadoria, invalidez definitiva, readaptação; VII - registrar os dados de maneira legível; VIII - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina. (Redação dada pela Resolução CFM nº 1851, de ). Art. 4º É obrigatória, aos médicos, a exigência de prova de identidade aos interessados na obtenção de atestados de qualquer natureza envolvendo assuntos de saúde ou doença. 1º Em caso de menor ou interdito, a prova de identidade deverá ser exigida de seu responsável legal. 2º Os principais dados da prova de identidade deverão obrigatoriamente constar dos referidos atestados. 7
8 Art. 5º Os médicos somente podem fornecer atestados com o diagnóstico codificado ou não quando por justa causa, exercício de dever legal, solicitação do próprio paciente ou de seu representante legal. Parágrafo único No caso da solicitação de colocação de diagnóstico, codificado ou não, ser feita pelo próprio paciente ou seu representante legal, esta concordância deverá estar expressa no atestado. Art. 6º Somente aos médicos e aos odontólogos, estes no estrito âmbito de sua profissão, é facultada a prerrogativa do fornecimento de atestado de afastamento do trabalho. 1º Os médicos somente devem aceitar atestados para avaliação de afastamento de atividades quando emitidos por médicos habilitados e inscritos no Conselho Regional de Medicina, ou de odontólogos, nos termos do caput do artigo. 2º O médico poderá valer-se, se julgar necessário, de opiniões de outros profissionais afetos à questão para exarar o seu atestado. 3º O atestado médico goza da presunção de veracidade, devendo ser acatado por quem de direito, salvo se houver divergência de entendimento por médico da instituição ou perito. 4º Em caso de indício de falsidade no atestado, detectado por médico em função pericial, este se obriga a representar ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição. Art. 7º O determinado por esta resolução vale, no que couber, para o fornecimento de atestados de sanidade em suas diversas finalidades. Art. 8º Revogam-se as Resoluções CFM nºs. 982/79, 1.484/97 e 1.548/99, e as demais disposições em contrário. Art. 9º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação Brasília, 13 de dezembro de EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE RUBENS DOS SANTOS SILVA Presidente Secretário-Geral 8
9 RESOLUÇÃO CREMERJ Nº 208/05 (Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro em 28/07/2005) Orienta o atendimento realizado por médicos do trabalho, e dá outras providências. O CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, alterada pela Lei nº , de 15 de dezembro de 2004, regulamentada pelo Decreto nº , de 19 de julho de 1958, e CONSIDERANDO as disposições contidas na Constituição Federal, no Capítulo II (Dos Direitos Sociais) arts. 6º e 7º, incisos XXII, XXVII e XXXIII, sobre os direitos dos trabalhadores, e arts. 196 ao 200 que atribuem ao Sistema Único de Saúde ações que visem à redução do risco de doença e de outros agravos, além de serviços que possam promover, proteger e recuperar a saúde dos trabalhadores; CONSIDERANDO as disposições contidas na Consolidação das Leis do Trabalho, em seu Capítulo V (Da Segurança e da Medicina do Trabalho) e decorrentes Normas Regulamentadoras - NR; CONSIDERANDO a Lei nº 8.080, que dispõe sobre a Lei Orgânica da Saúde; CONSIDERANDO a Portaria GM nº 2.048/2002, do Ministério da Saúde, que dispõe sobre Atendimento de Urgência/Emergência; CONSIDERANDO a Resolução RDC nº 50/2002, da ANVISA, que dispõe sobre Regulamento Técnico para Planejamento, Programação, Elaboração e Avaliação de Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde ; CONSIDERANDO as Leis nº e nº 8.213, que dispõem sobre a Organização da Seguridade Social; CONSIDERANDO as normas emanadas do Código de Ética Médica; CONSIDERANDO a Resolução CFM nº 1.488, de 11/02/1988, que dispõe sobre comportamento ético nas questões de Medicina do Trabalho e Perícias Médicas; CONSIDERANDO a Resolução CFM nº 1.605, de 15/09/2000, que dispõe sobre o sigilo do prontuário médico; 9
10 CONSIDERANDO a Resolução CFM nº 1.617, de 16/05/2001, que aprova o Código do Processo Ético-Profissional; CONSIDERANDO a Resolução CREMERJ nº 114/1997, que Dispõe sobre a obrigatoriedade do médico registrar, no CREMERJ, sua condição de coordenador em qualquer empresa, no Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional ; CONSIDERANDO o disposto no art. 154, do Código Penal, que dispõe sobre violação do segredo profissional; CONSIDERANDO o disposto no art. 406, inciso II, do Código de Processo Civil, que dispõe sobre prova testemunhal; CONSIDERANDO o disposto no art. 207, do Código de Processo Penal, que dispõe sobre o impedimento de pessoas em ser testemunha, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho; CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em Sessão Plenária do Corpo de Conselheiros do CREMERJ, realizada em 25 de julho de 2005, RESOLVE: Art. 1º O médico do trabalho deve exercer sua atividade com plena liberdade de atuação, de modo integral, utilizando métodos criteriosos e aceitos conforme os padrões científicos da Medicina, garantindo a integridade de sua conduta profissional e a imparcialidade na condução de suas decisões. Art. 2º O médico do trabalho, no exercício de suas funções, deve preservar a confiabilidade das informações recebidas durante o ato médico, não pactuando com qualquer tipo de discriminação que impeça o acesso dos examinados ao trabalho. Art. 3º O médico do trabalho deve, obrigatoriamente, inteirar-se sobre os processos produtivos e os diversos materiais que neles são empregados, as condições ambientais dos locais de trabalho e os métodos de organização do trabalho, visando contribuir para o controle e redução dos riscos, principalmente ao estabelecimento de nexo causal. Art. 4º Em sua atividade, deve o médico do trabalho, obrigatoriamente, confeccionar prontuário individual dos trabalhadores atendidos, garantindo sua confidencialidade. Art. 5º O médico do trabalho deve notificar os casos de acidentes de trabalho às autoridades competentes, bem como das doenças relacionadas ao trabalho, 10
11 e as moléstias infectocontagiosas, estabelecidos. por meio dos documentos oficiais Art. 6º O médico coordenador de PCMSO deve, obrigatoriamente, registrar no CREMERJ o início e o término de suas atividades, em cada empresa em que atuar, conforme a Resolução CREMERJ nº 114/97. Art. 7º O médico do trabalho deverá atuar em ambiente próprio, que garanta a privacidade do atendimento e as condições técnicas para suas funções, salvo em situações configuradas como emergenciais ou de calamidade. Art. 8º O médico do trabalho deve propor, sempre que possível, a readaptação ao trabalho dos portadores de alterações que necessitem de condições especiais de trabalho, desde que esta não os agrave ou ponha em risco sua vida. Art. 9º O médico do trabalho deve fornecer ao trabalhador toda a documentação referente ao diagnóstico, prognóstico e tempo previsto de tratamento, dentro dos princípios éticos e legais, pondo à sua disposição tudo o que se refira ao seu atendimento, inclusive cópia dos resultados dos exames complementares e pareceres realizados. Art. 10 No caso de dispensa do empregado ou dissolução da empresa, a cópia do prontuário médico poderá ser entregue ao trabalhador, se formalmente solicitado. Parágrafo único. Visando o cumprimento do estabelecido no caput deste artigo, a empresa manterá o original do prontuário médico, preservando o seu sigilo, em obediência à legislação em vigor. Art. 11 Nas auditorias oficiais, o médico do trabalho deverá entregar, quando solicitado, os prontuários ou as informações ali contidas, em envelope fechado e dirigido ao médico responsável pelo órgão fiscalizador. Art. 12 Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogando as disposições em contrário. Rio de Janeiro, 25 de julho de CONS. PAULO CESAR GERALDES Presidente 11
12 CONS. JOSÉ RAMON VARELA BLANCO Diretor Primeiro Secretário 12
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