Como Conduzir o Recém- Nascido com Malformações. Sessão Clínica da Pediatria Angelina Acosta - FAMEB/UFBA

Documentos relacionados
Herança multifatorial

Herança multifatorial

DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL.

Deficiência Intelectual. RCG441 Genética Médica 2016

DEFICIENCIA INTELECTUAL

HERANÇA MULTIFATORIAL

Causas Microcefalia é o resultado do crescimento abaixo do normal do cérebro da criança ainda no útero ou na infância. A microcefalia pode ser

Avaliação em DI - Protocolo Clínico

DIAGÓSTICO E RASTREAMENTO PRÉ- NATAL como se conduzir?

Glossário. Formas alternativas de um gene no mesmo locus (posição no cromossoma). Uma pessoa herda um alelo do pai e outro alelo da mãe

SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO SOBRE TERATÓGENOS. Fernanda Sales Luiz Vianna

Aconselhamento Genético e Diagnóstico Pré-natal

Microcefalia na atenção básica

9. BIOPSIA DE VILO CORIAL

Distúrbios multifatoriais e malformações congênitas

Etiologia e classificação das fissuras labiais e fendas palatinas

TÉCNICAS INVASIVAS DE DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA FETAL

Recém-nascido de termo com baixo peso

Malformações do trato urinário

Vigilância no prénatal, puerpério 2017

Vigilância no prénatal, puerpério 2017

Cobertura e Codificação

AS ANOMALIAS CROMOSSÔMICAS EM HUMANOS

AVALIAÇÃO DO ESTILO PARENTAL DE PAIS DE CRIANÇAS PORTADORAS DE SÍNDROMES GENÉTICAS NA TRÍPLICE FRONTEIRA

Opções Reprodutivas em Genética Clínica

ACONSELHAMENTO GENÉTICO VICTOR E F FERRAZ RCG0117 GENETICA HUMANA 2017 FMRP-USP

Genética Clínica História e Exame Físico

PARALISIA CEREBRAL: COMO PREVENIR?

Teste de Triagem Pré-natal Não Invasivo em sangue materno

Genes e Epilepsia: Epilepsia e Alterações Genéticas

Vigilância no pré-natal, parto e puerpério 2018

BENEFÍCIOS E LIMITAÇÕES DO ULTRASSOM MORFOLÓGICO FETAL

Enfermagem na atenção à saúde materno-fetal: pré-natal

premium Teste de Triagem Pré-natal Não Invasivo em sangue materno

ANEXO I NORMAS PARA O ATENDIMENTO EM SAÚDE AUDITIVA

Isotretinoína Aurovitas

Vigilância e prevenção das Doenças de transmissão vertical 2016/2017

ENSINO DAS MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS: UMA APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA ENTRE EMBRIOLOGIA E GENÉTICA

Resultados altamente precisos e abrangentes que você pode confiar.

EPIDEMIOLOGIA, ESTADIAMENTO E PREVENÇÃO DO CÂNCER

Dia Mundial do Rim 2019

Padrões monogênicos Herança recessiva

Estudo do Campo 34 na Bahia e em Salvador: Impacto na Notificação das Malformações Congênitas

DISTÚRBIOS METABÓLICOS DO RN

A ASSISTÊNCIA IMEDIATA AO RECÉM- NASCIDO. Profa. Dra. Emilia Saito Abril 2018

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA PÓS- GRADUAÇÃO LATO-SENSU EM MEDICINA FETAL

Farmacoterapia aplicada em grupos alvo. Profa. Fernanda Datti

COMISSÃO NACIONAL DE RESIDÊNCIA MÉDICA

Sumário. 1. Visão geral da enfermagem materna Famílias e comunidades Investigação de saúde do paciente recém nascido...

RELATO DE MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DETECTADAS NO PRÉ NATAL DE GESTANTES EM ACOMPANHAMENTO NO HC DE GOIÂNIA

AULA Rede de atenção que garanta acesso, acolhimento e resolutividade

Prevenção. Prevenção primária. Prevenção secundária. Prevenção terciária. pré-concepcional. pré-natal. pós-natal

PALAVRAS-CHAVE Morte Fetal. Indicadores de Saúde. Assistência Perinatal. Epidemiologia.

Dia Data Hora Professor Sala Conteúdo Módulo 07:05 Tiago-GAD Anatomia e Patologia 104 D

Vigilância no pré-natal, parto e puerpério 2018

NÚCLEO CELULAR. Disciplina: Embriologia e Genética Curso Odontologia Profa Ednilse Leme

REGISTO NACIONAL DE AN MALIAS CONGÉNITAS O RENAC Resumo

Opções Reprodutivas para indivíduos afetados e em risco de apresentar Ataxias Hereditárias

Após um episódio de ITU, há uma chance de aproximadamente 19% de aparecimento de cicatriz renal

Rastreio Pré-Natal na Região Norte

DESPISTAGEM PRÉ-NATAL DAS TRISSOMIAS 21, 18 E 13

Técnicas utilizadas para estudo citogenético clínico. Prof. Dr. Bruno Lazzari de Lima

CentoNIPT EXPERTISE YOU CAN TRUST

Exame basal e estendido do coração fetal / Iconográfico

Princípios Básicos da Genética Médica

II SIEPS XX ENFERMAIO I MOSTRA DO INTERNATO EM ENFERMAGEM CUIDADO DE ENFERMAGEM NA DETECÇÃO PRECOCE DE DOENÇAS NEONATAIS POR MEIO DO TESTE DO PEZINHO

Sumário ANEXO I COMUNICADO HERMES PARDINI

ENFERMAGEM DOENÇAS HEPÁTICAS. Profª. Tatiane da Silva Campos

A síndrome do alcoolismo fetal, SAF, é resultado da ingestão de bebida alcoólica pela mãe durante o período de gestação.

Ferramenta para avaliar as necessidades de saúde. em relação aos. Serviços de Saúde

Primeiros passos: planejando sua avaliação das necessidades

FACERES MEDICINA LARISSA GANANÇA BUOSI

PANORAMA ESTADUAL DA TRIAGEM NEONATAL NO PARANÁ

GUIA TÉCNICO TESTES NEONATAIS E COBERTURA NA SAÚDE SUPLEMENTAR

O Programa de Triagem Neonatal no Estado de Minas Gerais. Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG

Vigilância e prevenção das Doenças de transmissão vertical

1 / 6 RECURSOS - EXAME PARA TITULAÇÃO NA ÁREA DE ATUAÇÃO EM NEONATOLOGIA 2018 DECISÃO : (DEFERIDO/INDEFERIDO) JUSTIFICATIVA

PRINCÍPIOS DE GENÉTICA MÉDICA

Disciplina: Específica

SÍNDROME DE EDWARDS. Brasília, fevereiro de SUMÁRIO. 1. Introdução

O papel O papel da Genética da Genética na Medicina Introdução 1953

Cromossômicas Monogênicas Poligênicas ou Multifatoriais Mitocondriais

Vigilância e prevenção das Doenças de transmissão vertical

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

PLANILHA GERAL - BASES BIOLÓGICAS DA PRÁTICA MÉDICA IV 1º Dia Data Hora Professor/GAD Sala Conteúdo Módulo Michele - GAD Anatomia e

PLANILHA GERAL - BASES BIOLÓGICAS DA PRÁTICA MÉDICA IV 1º Dia Data Hora Professor/GAD Sala Conteúdo Módulo Michele - GAD Anatomia e

REDE BRASILEIRA DE PESQUISAS NEONATAIS

Hospital Jayme Santos Neves: (27) /

MARIA DINIZ NUNES PERFIL EPIDEMIOLOGICO DAS MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS EM RECÉM-NASCIDOS NO ESTADO DO TOCANTINS NO PERÍODO DE 2004 A 2008

CURSO DE GRADUAÇÃO DE MEDICINA

CURSO: NUTRIÇÃO EMENTAS º PERÍODO

Guia de Serviços Atualizado em 08/07/2019

objetivos Ações preventivas AULA

Diagnóstico Pré-natal Diagnóstico Genético Pré-implantação. Fabiana Ramos Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra 9 de Março de 2015

HISTÓRIA DAS AMPUTAÇÕES E DAS PRÓTESES APOSTILA 12

24ª Jornada de Obstetrícia e Ginecologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo 10 a 12 de junho de 2010

CONCURSO PÚBLICO ESPECIALISTA DE LABORATÓRIO EDITAL IB ATAD

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO SÍFILIS

Transcrição:

Como Conduzir o Recém- Nascido com Malformações Sessão Clínica da Pediatria Angelina Acosta - FAMEB/UFBA

Dismorfologia Anomalias Dismórficas Qualquer parte do corpo gravidade variável heterogeneidade etiológica heterogeneidade de recorrência

Anomalias Congênitas -Alterações morfológicas ou funcionais, presentes ao nascimento, de causa genética e/ou ambiental, pré ou pós-concepcional -Afetam 5 a 10% dos nascimentos -Mortalidade infantil -países <10/1000: primeira causa -países 20/1000: segunda causa

Anomalias congênitas maiores Conseqüências médicas, sociais ou cosméticas importantes Não são variações normais da população Freqüência recém-nascidos: 2-3% aos 5 anos: 4-5% Origem blastogênese organogênese

Anomalias congênitas menores (dismorfias) Problemas insignificantes à saúde, sem conseqüências médicas, sociais ou cosméticas importantes Erros de morfogênese ou variantes morfogenéticas Raramente há complicação Auxilia o diagnóstico num quadro sindrômico de anomalias múltiplas Freqüência 1 anomalia = 15% da população 3 ou + = 1% da população 90% com MF maiores!!! Investigar anomalias maiores escondidas Origem no período fetal

Etiologia das anomalias congênitas entre nativivos Etiologia Incidência (%) Genética 12-25 Cromossômica 10-15 Gênica 2-10 Multifatorial 20-25 Ambiental 8,5-12 Doenças maternas 6-8 Uterinas/Placentárias 2-3 Drogas/Substâncias Químicas 0,5-1 Gemelaridade 0,5-1 Desconhecida 40-60

As Anomalias Classificação Malformação Deformidade Disrupção Displasia

As Anomalias: Malformação Defeito morfológico de um órgão, parte dele ou parte maior do corpo, resultando de um processo de desenvolvimento intrinsecamente anormal

Polidactilia Sindactilia Fenda oro-facial

As Anomalias: Disrupção Defeito morfológico de um órgão, parte de um órgão ou região maior do corpo resultando de uma ruptura ou interferência com o desenvolvimento originariamente normal

Agentes Teratogênicos Agentes químicos fumo, álcool, medicações, drogas, produtos de limpeza, tinturas cosméticas Agentes biológicos diabetes, epilepsia, infecções congênitas, fenilcetonúria materna Agentes físicos Radiações, hipertermia

Efeitos Fetais da Talidomida Síndrome Alcoólica Fetal

As Anomalias: Deformidade Forma ou posição anormal de parte do corpo causada por forças mecânicas, não disruptivas

Perfil facial achatado alteração orelhas Pé Torto

Mecanismos Patogenéticos: Síndrome Padrão de anomalias múltiplas supostamente relacionadas patogeneticamente

Mecanismos Patogenéticos: Seqüência Padrão de anomalias múltiplas derivadas de uma anomalia ou fatores mecânicos presumivelmente anteriores e causadores

Síndrome X Seqüência Defeito Básico MF Primária 1 MF Secundária 1.1 MF Secundária 1.2 MF Primária 2 MF Secundária 2.1 MF Secundária 2.1 MF Primária 3 MF Secundária 3.1 Defeito Básico MF Primária MF Secundária 1 MF Secundária 1.1 MF Secundária 1.2 MF Secundária 2 MF Secundária 2.1 MF Secundária 2.2 MF Secundária 3.2

Perfil facial achatado Palato fendido Micrognatia Contraturas Agenesia Renal Pé torto POTTER

Abordagem ao Diagnóstico Sindrômico Como se avalia um paciente com anomalia congênita?

Importância do Diagnóstico Prognóstico Opções terapêuticas Anormalidades ocultas Risco de recorrência e aconselhamento genético

História Clínica Heredograma Idade dos pais Consanguinidade História gestacional Casos semelhantes Perdas gestacionais Exposição a teratógenos

Investigação Clínica Anomalias maiores e menores Observação Heterogeneidade do quadro Mudança com tempo Etnia Alterações familiares Evitar avaliações subjetivas antropometria Exame físico detalhado para perfeito registro das anomalias

Campo 34 da DNV

Exames e Consultas Complementares Cariótipo Exames bioquímicos Biologia Molecular Radiografias Avaliação por outros especialistas Outros exames

Abordagem Clínica História e Exame Físico Pré-natal Neonatal Anomalia Única ou Sequência Malformação Deformidade Disrupção Síndrome de Anomalias Múltiplas Cromossômica Monogênica Teratogênico Desconhecida Monogênica Ambiental Desconhecida

Diagnóstico: Definitivo, Provável, Possível ou Desconhecido A B C D E F G H I

Manejo Medidas e orientações para modificar conseqüência (tratamento especializado) Consulta genética Estabelecer diagnóstico Medidas antecipatória de saúde/seguimento/grupos de apoio Riscos de recorrência (decisões reprodutivas) Medidas para evitar recorrência

Prevenção Prevenção primária pré-concepcional Prevenção secundária pré-natal Prevenção terciária pós-natal Primária nas classes baixas, secundária na altas, e terciária em ambas

Prevenção Primária -SIAT (Serviço de Informação sobre Agentes Teratogênicos) Serviço de Genética Médica - HUPES 3245-4241 www.hupes.ufba.br/siat siat@ufba.br - Ações simples, efetivas e econômicas

Diagnóstico Pré-Natal Não Invasivo + Sangue materno Bioquímicos Sexagem + Translucência Nucal

Diagnóstico Pré-Natal Invasivo Punção Transabdominal Vilo Corial Punção Transabdominal L. Amniótico

Triagem Neonatal Fenilcetonúria Hipotiroidismo Congênito Hemoglobinopatias Fibrose Cística

Conclusões e Recomendações Decálogo -Mesmo sem saber, qualquer mulher em idade fértil pode estar grávida; -O ideal é completar a família enquanto se é jovem; -Os controles pré-natais são a melhor garantia para a saúde da gravidez; -É importante vacinar contra rubéola antes de engravidar; -Devem ser evitados os medicamentos, exceto os imprescindíveis; -As bebidas alcoólicas prejudicam a gravidez; -Não fumar e evitar os ambientes em que se fuma -Comer de tudo e bem, preferindo verduras e frutas -Consultar se o tipo de trabalho habitual é prejudicial à gravidez; -Frente a qualquer dúvida, consultar o médico ou um serviço especializado (SIAT)

Os bebês agradecem!