CURSO Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará Nº 04 DATA 05/07/2016 DISCIPLINA Empresarial PROFESSOR José Humberto Souto Júnior MONITOR Thaís da Mata AULA 04 - Títulos de Crédito (Cheque, Duplicata e Nota Promissória) Títulos de Crédito Os títulos de crédito são utilizados para pagamento. Princípios Cartularidade Lembre-se das cartas de baralho, em que a carta do jogo fica na mão do jogador. O princípio da cartularidade significa que, quem tem a posse do jogo é quem poderá exercer o direito nele contido. É a posse. A posse é imprescindível para a cobrança do documento. Literalidade Vale o que está escrito. Autonomia Cada parte que comparece em um título de crédito é independente da outra. Exemplo: eu emito o cheque para pagar você, e você o aceita, mas diz eu aceito o seu cheque, mas quero um avalista. O avalista é um garantidor, e assina o cheque garantindo o pagamento, mas, cada envolvido é autônomo e independente. Assim, segundo o princípio da autonomia, cada parte no título possui independência nas relações. Nesse ponto, há um subprincípio que é o da abstração. Abstração Exemplo: indivíduo compra um aparelho celular de outro indivíduo e realiza o pagamento através de um cheque. Posteriormente, esse cheque passa a circular entre outras pessoas.
Enquanto o título está entre as partes que deram origem à relação, se houver algum problema (exemplo: celular adquirido estar com problema), pode-se não pagar o título e utilizar esse argumento. Porém, a partir do momento em que o título começa a circular, ele se desprende do motivo que deu causa/origem ao documento. Assim, ao circular, o título se desvincula do negócio que deu origem ao mesmo, e o emitente não pode opor oposição/exceção pessoal. Legislação a) Cheque - 7353/85 b) Duplicata - 5474/68 c) Letra de Câmbio/ Nota Promissória - Decreto 57663/66 d) Código Civil - 2002 Cada título de crédito tem a sua lei própria, a sua lei especial. Assim, o Código Civil de 2002 tem aplicação subsidiária. O aval é um garantidor, e o Código Civil prevê que o aval parcial é nulo, isso é, não se pode avalizar parcialmente. Porém, as legislações especiais permitem esse mesmo aval parcial. Assim, se o enunciado da questão disser o aval parcial, pelo Código Civil, é nulo, a assertiva está correta. Se a questão não falar nada, exemplo: no cheque pode-se ter o aval parcial, a assertiva também está correta, pois se a questão não falar nada de Código Civil ou de lei especial prevalecerá a lei especial. Assim, de acordo com o art. 903 do CC, é importante lembrarmos que em primeiro lugar devemos consultar a legislação especial, e depois, de forma subsidiária, iremos ao Código Civil. A aplicação do CC é subsidiária. Especificidade O título de crédito pode ser uma promessa de pagamento ou uma ordem de pagamento. Lembre-se do caso: a candidata que está noiva, ao receber o convite, recebe uma promessa de casamento. a) Promessa de Pagamento Há dois sujeitos na promessa de pagamento. 1. Promitente: é quem promete. 2. Beneficiário: recebe o dinheiro.
Exemplo: nota promissória (lembra a palavra promessa ) - é uma promessa de pagamento ao beneficiário. b) Ordem de Pagamento Há três sujeitos na ordem de pagamento. 1. Sacador: dá a ordem. 2. Sacado: recebe e paga. O sacado, no caso do cheque, obrigatoriamente é uma instituição financeira ou equiparada, pois ele recebe a ordem e a paga. Lembre-se do jogo de vôlei: o sacador começa o jogo, dá a ordem. O sacado recebe a bola para cortar, pagar. 3. Beneficiário ou Tomador: é quem vai receber o dinheiro. Exemplo: eu emito o cheque e dou a ordem para que o banco receba e pague. Títulos de Crédito Causais Existem títulos de crédito que têm causa legal. A duplicada é o título de crédito causal mais comum, pois ela só pode ser emitida por dois motivos: I. Compra e venda mercantil; II. Prestação de serviço. c) Circulação do título O título de crédito pode ser ao portador ou nominativo. 1. Nominativo: há o nome de quem será o beneficiário do crédito. Exemplo: pague dez mil reais ao Marcelo. Nesse caso, deve-se identificar se o título é a ordem ou não a ordem. - A ordem: é transferido por endosso. Responde pela existência e pelo pagamento. - Não a ordem: é transferido por cessão civil. Responde pela existência somente. civil. Assim, ou se transfere o título de uma pessoa para a outra por endosso, ou por cessão 2. Ao portador: é o título em que quem detém a titularidade, o crédito, é quem o porta, quem está em sua posse. Assim, o quê interessa no título ao portador é a posse. O título ao portador deve ter previsão legal. Exemplo: o cheque até cem reais pode ser emitido ao
portador. Pode-se preencher o cheque e deixar o espaço à quem pagar em branco, pois a lei permite que o título circule como ao portador, em que o titular será o portador, isso é, quem estiver na posse desse título pode ir ao banco e sacar/depositar o valor sem colocar a sua identificação. E, se quem detém o título é quem tem a posse, ele circula por tradição. Letra de Câmbio Exemplo: Sacador: Humberto Beneficiário: Marcelo Sacado: Pedro Humberto deve cinco mil reais a Marcelo. Mas, Pedro deve cinco mil reais ao Humberto. Então, para que o Humberto não precise receber de Pedro para pagar o Marcelo, ou pagar o Marcelo para depois receber do Pedro, ele pode dizer ao Marcelo para ir até o Pedro e receber o valor dele. Assim, é emitida a letra de câmbio que é entregue ao Marcelo, o qual deverá levá-la até o Pedro que é o sacado, para que ele aceite e pague no vencimento. Na letra de câmbio há a figura do aceite. Na duplicata também há a figura do aceite. O cheque e a promissória não tem o aceite. O aceite pode ser total ou parcial, basta que o sacado diga se aceita tudo ou se aceita somente uma parte. Em regra, o sacado pode transferir por endosso, pois a letra de cambito é um título a ordem. Não é permitido o endosso parcial, pois o endosso parcial é nulo. E, caso não se possa transferir por endosso, deve-se transferir por cessão civil, e a regra é que por cessão civil não responde pelo pagamento quem cedeu. Cheque O cheque é uma ordem de pagamento à vista. Ainda que haja no cheque o aviso bom para o dia..., caso esse cheque seja entregue ao banco e haja saldo, o banco irá pagá-lo. Ademais, quem está como beneficiário do cheque não pode recusar pagamento parcial, segundo o art. 38 da Lei do Cheque. Súmula 503 e 504 do STJ: o prazo de execução do cheque é de 6 (seis) meses. O prazo de execução da nota promissória é de 3 (três) anos. No cheque, são 6 (seis) meses mais 30 (trinta) ou 60 (sessenta) dias, a depender se o cheque é da mesma praça, isso é, se o local de pagamento é a mesma cidade do local da agência (trinta dias) ou se são praças diferentes (sessenta dias). Passado o prazo de execução, pode-se cobrar o título. Ambas as súmulas dizem
que, ultrapassado o prazo de execução do cheque e da promissória cabe Ação Monitória - prazo de 5 ANOS. Pegadinhas sobre ação monitória: I. No caso do cheque e da nota promissória só se pode cobrar o emitente, só quem emitiu o título. II. Contam-se os 5 (cinco) anos do primeiro dia útil seguinte à data do vencimento, se for nota promissória, ou da data de emissão, se for cheque, pois cheque não tem data de vencimento. Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título. Endossos Impróprios Nesse, o banco fará uma cobrança dos títulos, mas o crédito é do credor. O banco só está fazendo um serviço de cobrança. Súmula 475 e 476 do STJ: nos endossos impróprios, o credor é o endossante, e a instituição financeira é a endossatária. Essa endossatária, que é quem recebeu o título, somente terá responsabilidade no caso de um protesto indevido nesses dois casos: I. Vício de forma: existia um vício no título, algum problema nesse título em que a endossatária não poderia tê-lo levado a protesto. Exemplo: título prescrito. II. Se o endossatário extrapolou os poderes. Exemplo: o endossante dá poderes para cobrança, e não dá poderes para protesto, mas a endossatária ainda assim protesta o devedor, de modo que o protesto foi indevido. Súmula 475: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. Súmula 476: O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário.
Duplicata A duplicata tem o aceite, e só serve para compra e venda mercantil ou prestação de serviço. Muitas vezes o produto é entregue ao sacado e o sacado não á o aceite, exemplo: comerciante encomenda pares de sapatos, mas não dá o aceite porque o fará posteriormente quando conferir a mercadoria, e apenas assina a duplicata. Mas, a duplicata sem aceite pode ser executada na justiça? Sim, a duplicata sem aceite poderá ser executada, desde que: I. Vencida e não paga; serviço. II. III. Protestada; Com o comprovante de entrega da mercadoria ou comprovante de prestação do Observação: O professor avisou que irá enviar um material com questões/exercícios que faremos na próxima aula, além de artigos importantes que devem ser lidos para a prova. Contatos do professor: Facebook - José Humberto Souto Júnior Instagram - josehumbertosjr Na véspera da prova o professor solta algumas dicas e pontos importantes que podem ser cobrados na prova. O professor também está no Periscope.