Aula 44. Duplicata (parte I) Observação: os títulos de crédito podem ser classificados em abstratos ou causais.

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1 Página1 Curso/Disciplina: Direito Empresarial Objetivo Aula: Direito Empresarial Objetivo - 44 Professor (a): Priscila Menezes Monitor (a): Caroline Gama Aula 44 Duplicata (parte I) 1. Conceito É um título de crédito causal. Observação: os títulos de crédito podem ser classificados em abstratos ou causais. Título de crédito abstrato: Pode ser emitido em qualquer situação (não há rol legal) Exemplos: nota promissória (pode ser emitida para pagar débito de condomínio, compra de carro, pagamento de serviço, etc.), cheque, letra de câmbio. Título de crédito causal: Só pode ser metido nas hipóteses previstas em lei. Exemplos: duplicata, conhecimento de transporte (pressupõe um contrato de transporte), conhecimento de depósito e warrant (pressupõe um contrato de depósito). Hipóteses em que a duplicata pode ser emitida: i. Compra e venda; ii. Prestação de serviço. É um titulo executivo extrajudicial. Caso não haja o pagamento devido, será possível o ajuizamento de uma ação de execução.

2 Página2 2. Natureza jurídica Ordem de pagamento. Observação: Somente a nota promissória tem a natureza jurídica de promessa de pagamento. Letra de câmbio, cheque e duplicata são ordens de pagamento. 3. Previsão legal Lei nº 5.474/ Comparação entre os principais títulos de crédito que são ordens de pagamento Letra de Câmbio Cheque Duplicata Sacador Tomador (credor) Sacador (emitente correntista) beneficiário (credor) Sacador = Tomador (vendedor credor) Sacado (aceite) Sacador: SEMPRE será devedor indireto, independe de o aceite existir ou não. Aceite: Converte o sacado em devedor principal. Sacado (Banco) Sacador: devedor principal. Sacado: NÃO é devedor Sacado (devedor) Sacador: credor. Observação: o comum é que o sacador seja o tomador, mas ele pode indicar na duplicata outra pessoa para ser tomadora (princípio da literalidade). Sacado: devedor. Independente de aceite. Questão: Nas ordens de pagamento, o sacador é sempre devedor. (FALSO) Justificativa: o sacador da duplicata é credor.

3 Página3 5. Triplicata (art. 23 da Lei nº 5.474/1968) É a segunda via da duplicata. Por que o legislador autoriza a emissão da segunda via de um título de crédito, tendo em vista que não há essa possibilidade prevista nas outras legislações? Como a duplicata é emitida em uma negociação de compra e venda ou de prestação de serviços, o legislador partiu do princípio de que o emitente (quem vende a mercadoria ou presta o serviço) tem uma margem de segurança muito grande para emitir a segunda via da duplicata, pois ele tem armazenado no sistema dele quem é o cliente, qual é o valor da compra, os bens que foram comprados (qualidade e quantidade), o prazo de entrega, o tipo de serviço contratado, por exemplo. A segunda via (triplicata) poderá ser emitida de forma segura, reproduzindo todos os aspectos da primeira via (duplicata). Hipóteses para emissão de triplicata (art. 23): i. Perda ii. Extravio Art. 23. A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair triplicata, que terá os mesmos efeitos e requisitos e obedecerá às mesmas formalidades daquela. iii. A jurisprudência do STJ tem admitido a emissão de triplicata em caso retenção indevida do título de crédito. Veremos que existe que existe um procedimento específico para de envio da duplicata para o sacado dar o aceite. Se houver retenção indevida da duplicata pelo sacado, o STJ considera isso suficiente para autorizar o vendedor a emitir a triplicata que servirá para instruir uma execução. 6. Emissão de duplicata Prazo: Não inferior a 30 dias (art. 1º, caput da Lei nº 5.474/1968). Não é obrigatória (facultativa). Observação: a emissão da fatura é obrigatória a cada venda (art. 1º, caput da Lei nº 5.474/1968). Art. 1º Em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador.

4 Página4 1º A fatura discriminará as mercadorias vendidas ou, quando convier ao vendedor, indicará sòmente os números e valores das notas parciais expedidas por ocasião das vendas, despachos ou entregas das mercadorias. Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. Se o emitente (credor) da duplicata quiser documentar a venda com um título de crédito só poderá fazer isso por meio da duplicata. Questão do MP-RJ (segunda fase): a fim de negociar a dívida, um devedor de cotas condominiais emite uma duplicata. Isso é adequado? Justificativa da questão: a emissão de duplicata para pagamento de cota condominial não é adequada, pois não corresponde a alguma das hipóteses previstas em lei (compra e venda; prestação de serviço) que admitem a emissão desse título de crédito causal. Além disso, o emitente da duplicata só pode ser o credor. Logo, não é permitido que o devedor seja o emitente da duplicata. Não é obrigatória a emissão da duplicata no momento da venda. A fatura deve ser emitida no momento da venda. 7. Requisitos da duplicata (art. 2º, 1º da Lei nº 5.474/1968). Art. 2º [...] 1º A duplicata conterá: I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem; II - o número da fatura; III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador; V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso; VI - a praça de pagamento; VII - a cláusula à ordem; VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial; IX - a assinatura do emitente. Fraude: duplicata fria. Emitir uma duplicata sem o número da fatura (lastro), ou seja, desvinculada de uma fatura (sem causa). Ela será uma duplicata simulada e corresponderá a uma fraude (crime). Vencimento à vista: é aquele que se implementa mediante a apresentação do título de crédito (princípio da cartularidade).

5 Página5 Praça: é o município. Cláusula à ordem: a duplicata circulará por endosso. A cadeia de endosso gera vinculo de solidariedade cambial. Observação: a duplicata pode circular por endosso, cessão civil, mera tradição. Aceite do comprador. Não é admitido: 1 duplicata para várias faturas (art. 2º, 2º da Lei nº 5.474/1968).. Art. 2º, 2º. Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura É admitido: 1 fatura para várias duplicatas.