Aula 09. DUPLICATA (cont.)
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1 Turma e Ano: Empresarial B (2015) Matéria/Data: Duplicata. Títulos impróprios. Ações cambiária e monitória (29/09/15) Professor: Wagner Moreira Monitora: Márcia Beatriz Aula 09 DUPLICATA (cont.) Modelo vinculado Assim como o cheque, a duplicata é um título de crédito que possui modelo vinculado, ou seja, só pode ser emitida com obediência rigorosa aos padrões de emissão fixados pelo Conselho Monetário Nacional.
2 Causalidade Por não ser um título de crédito abstrato, a duplicata (espelho do documento de vendas) só pode ser emitida se tiver como causas a compra e venda mercantil ou a prestação de serviço 1. Desta feita, qualquer outra operação que resulte na emissão deste título, será considerado como duplicata fria ou duplicata simulada. No primeiro caso, a suposta duplicata nasce sem qualquer causa subjacente, logo o título é inexistente porque se apoia em causa fictícia (não corresponde a uma efetiva venda de mercadoria nem a uma concreta prestação de serviço). Assim, tornou-se muito comum na praxe comercial a emissão de duplicatas frias por um sacador visando ceder o título a um banco para se capitalizar, ou seja, de forma ilegal, é emitida uma duplicata sem suporte fático, sacada apenas para a obtenção do desconto bancário, com o adiantamento do valor respectivo, ou de parcela desse valor em favor do emitente-endossante. Portanto, algumas empresas quando não possuem mais crédito, passam a emitir duplicatas frias e cedem-nas a instituições financeiras ou a empresas de factoring, tentando muitas vezes resgatá-las antes de seu vencimento, a fim de que o sacado/devedor (que nesse caso nada deve) jamais venha a descobrir a operação. Isso normalmente ocorre quando a sociedade empresária necessita de capital de giro com urgência e não possui crédito nem dinheiro em caixa. O sacado, que não é devedor e venha a ter restrição de crédito na praça por conta de um título frio protestado, pode buscar reparação civel contra o sacador e contra a financeira apresentante do título a protesto 2 por meio de Ação Anulatória de duplicata fria cumulada com danos morais e materiais, se houver. O sacado poderá ainda formular pedido liminar de suspensão do protesto desde que deposite em juízo o valor protestado, comprovando assim a inexistência de prejuízos ao adimplemento do título bem como sua boa-fé. Em que pese as reiteradas alegações de ilegitimidade passiva por parte dos sacadores (alegando que não protestou o título, e, portanto não foi o causador do dano), e dos apresentantes (alegando que não emitiu o título, e que fora tão vítima quanto o sacado na operação), nos processos de indenizatórios que possuem como causa de pedir o protesto de duplicatas frias, as condenações 1 Cuidado! Não obstante ser ela um título causal, nem toda compra e venda ou prestação de serviço terá necessariamente o pagamento avençado por meio de duplicata a recíproca não é verdadeira! 2 Normalmente não é o sacador quem protesta a duplicata fria, ele apenas emite-a a fim de negociá-la com um terceiro (financeiras) que procederá à sua cobrança.
3 costumam ser solidárias (do sacador e do apresentante), uma vez que é lançado pelo emitente da duplicata um endosso translatício e não mero endosso mandato 3. Este é o entendimento do STJ, para quem duplicatas protestadas e não aceitas pelo devedor ou sem prova de entrega das mercadorias, tratam-se de genuínas duplicatas sem causa, cujo recebimento por endosso translativo transfere ao endossatário os riscos de intempéries relativas ao título recebido, inclusive o risco de protesto indevido STJ, REsp /RS, julg. em 28/09/11 4. Por outro lado, ocorre o que se denomina de duplicata simulada nos casos em que as partes fazem crer que houve entre elas uma compra e venda mercantil ou prestação de serviços que justifique a emissão do título, quando em realidade, a circulação de riqueza se deu por outra operação, como por exemplo, doação ou empréstimo 5. Desta forma, não obstante alguns doutrinadores tratar como expressões sinônimas, duplicata fria e simulada são institutos diferentes porquanto a primeira se apresenta quando razão originária é inexistente, ao passo que a segunda decorre de causa em que a legislação não permite sua emissão, posto ser a duplicata título de crédito vinculado. Por fim, apesar de abranger situações distintas, tanto a duplicata fria quanto a simulada terão a mesma consequência jurídica: nulidade do título de crédito. 3 Se na prática for constatado endosso-mandato, estará eximida de qualquer responsabilidade a instituição financeira que apenas recebeu poderes para cobrança e não se torna credora do crédito nem extrapola poderes de mandatário STJ, REsp /RS, julg. em 28/09/2011 e Súmula n DIREITO CIVIL E CAMBIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. DUPLICATA DESPROVIDA DE CAUSA RECEBIDA POR ENDOSSO TRANSLATIVO. PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO ENDOSSATÁRIO. 1. Para efeito do art. 543-C do CPC: O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício formal, sendo inexistente a causa para conferir lastro a emissão de duplicata, responde pelos danos causados diante de protesto indevido, ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. (REsp /RS). No mesmo sentido a inteligência do enunciado de súmula n. 475 do STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. 5DIREITO COMERCIAL. DUPLICATA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EMISSÃO IRREGULAR. SIMULAÇÃO. INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS A ENDOSSATÁRIOS DE BOA-FÉ. NÃO- APLICAÇÃO. VÍCIO FORMAL INTRÍNSECO. 1. O que o ordenamento jurídico brasileiro veda - e isso desde o Decreto n.º 2.044/1908, passando-se pelo Código Civil de 1916 e, finalmente, chegando-se à Lei Uniforme de Genebra - é a oposição de exceções de natureza pessoal a terceiros de boa-fé, vedação que não abarca os vícios de forma do título, extrínsecos ou intrínsecos, como a emissão de duplicata simulada, desvinculada de qualquer negócio jurídico e, ademais, sem aceite ou protesto a lhe suprir a falta. 2. Em relação à Duplicata - é até ocioso ressaltar -, a Lei n.º 5.474/68 condiciona a sua emissão à realização de venda mercantil ou prestação de serviços, bem como a aceitação do sacado ou, na ausência, o protesto acompanhado de comprovante da realização do negócio subjacente, sem os quais estará configurado o vício de forma intrínseco, o qual poderá ser oposto pelo sacado a qualquer endossatário, ainda que de boafé. (REsp /MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julg. em 05/10/2010). No mesmo sentido REsp /RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julg. em 19/05/2011, Informativo 473.
4 Aceite A duplicata é um título emitido pelo próprio credor (vendedor ou prestador do serviço). E, diferentemente das outras espécies de título de crédito, uma vez emitida a duplicata, o aceite é imperativo o devedor é obrigado a aceitar e, ainda que não assine a cártula, ele assumirá a obrigação receber as mercadorias sem recusa formal. Nesta ocasião, o aceite se dá por presunção 6. Além dos aceites expresso (ordinário) e presumido, existe ainda outra categoria do aceite da duplicata mercantil, é o aceite por comunicação, no qual o devedor retém o título, mas informa o aceite por escrito ao sacador art. 7º, 1º da Lei n /68. Cuidado! Apesar de obrigatório, não se pode afirmar que o aceite em duplicatas seja irrecusável há hipóteses legais de recusa plausível 7. Protesto Outra particularidade das duplicatas é que o protesto poderá ser obrigatório inclusive contra o sacado/devedor principal (e não apenas contra coobrigados) nos casos de ausência de aceite, posto que somente em título protestado se admite aceite por presunção 8. Desse modo, o sacador poderá optar por protestar o título por falta de aceite ou diretamente protestar o título por falta de pagamento, quando cabível ao caso o protesto presumido. A prática habitual encontrou uma alternativa à não restituição do título entregue para aceite diferente do protesto por falta de devolução: o sacador costuma emitir triplicata sempre que a duplicata é retida pelo sacado. Contudo, sendo a triplicata uma cópia da duplicata, uma segunda via feita com base nos registros constantes da escrituração que obrigatoriamente o comerciante deve manter e emitida no caso de perda ou extravio do título, a rigor, a hipótese acima não se enquadra nas disposições do art Para que se dê o aceite presumido é preciso que o sacador junte/apresente: a duplicata não aceita, o comprovante da prestação do serviço ou da entrega de mercadoria e o protesto do título. 7 Lei n /68, art. 8º: O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de: I- avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados; III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. Art. 21. O sacado poderá deixar de aceitar a duplicata de prestação de serviços por motivo de: I - não correspondência com os serviços efetivamente contratados; II - vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados, devidamente comprovados; III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 8 Continua sendo facultativo o protesto contra devedor principal nas duplicatas com aceite expresso.
5 Entretanto, desde que não importe em prejuízo para as partes, não haverá problemas em se proceder desta maneira: emissão de triplicata e posterior protesto por falta de pagamento configurando o aceite presumido, no lugar de protesto por falta de devolução do título. Existe ainda um quarto tipo de protesto previsto no art. 13 da Lei. O denominado protesto por indicação é uma medida excepcional que se dará quando o sacado, recebendo o título para aceite ou pagamento, não o devolver no prazo de 10 dias. Isto possibilita ao credor, desprovido de instrumento formal representativo de seu crédito, fazer ao cartório de protesto indicações apenas dos termos contidos no livro de registro de duplicatas, onde consta o teor da fatura e todos seus dados. Desta forma, o art. 13, 1º da Lei das Duplicatas excepciona o princípio da cartularidade, já que permite o exercício de direitos cambiários sem a posse do título. O mesmo raciocínio se aplica nos casos de duplicatas virtuais que não são emitidas tradicionalmente em papel, mas extraídas por meios magnéticos e eletrônicos. Neste sentido REsp /PR, 2011 e o enunciado n. 461, CJF 9. Ademais a jurisprudência ordena que o protesto deverá ser tirado na praça de pagamento constante no título, a teor do art. 13, 3º da Lei n /68. Assim, não é no domicílio do devedor da obrigação cambiária que deve ser tirado o protesto, mas sim na praça de pagamento constante no título STJ, REsp /RS, julg. em 09/10/12, Informativo 506. Duplicata rural As duplicatas podem ser tanto comerciais quanto rurais. A diferença entre elas é que a causalidade desta última é uma atividade rural (decorrem de atividades agropecuárias). A nota promissória, da mesma forma, poderá ser comum ou rural. Contudo, em se tratando de nota promissória rural, o título não será mais abstrato. Por este motivo, pode-se afirmar que qualquer título de crédito rural é causal. Ademais, por expressa previsão legal esses títulos não admitem aval (art. 60, 2º do Decreto-Lei n. 167/1967). 9 Enunciado n. 461, CJF: Art As duplicatas eletrônicas podem ser protestadas por indicação e constituirão título executivo extrajudicial mediante a exibição pelo credor do instrumento de protesto, acompanhado do comprovante de entrega das mercadorias ou de prestação dos serviços.
6 TÍTULOS IMPRÓPRIOS A sistemática dos títulos de crédito (celeridade e segurança) proporcionou o surgimento dos denominados títulos de crédito impróprios, isto é, títulos cujo conteúdo não espelha uma verdadeira operação de crédito, mas que, revestidos de certos requisitos e características dos títulos próprios, circulam com as garantias que caracterizam esses papéis. Às vezes, sequer traduzem uma operação creditícia, representando bens, documentando financiamento ou legitimando seu portador ao exercício de determinados direitos. A expressão títulos impróprios é habitualmente utilizada para designar tais documentos. Eles são classificados em: títulos representativos, títulos de financiamento, títulos de legitimação, títulos eletrônicos e títulos de investimento. Títulos de Financiamento São os títulos representativos de crédito oriundo de financiamento concedido por instituições financeiras e com finalidade específica. Podem ser rurais, comerciais ou industriais. Sua característica é a constituição de garantia no próprio título, vale dizer, no próprio documento em que é concedido o financiamento. São exemplos de títulos de financiamento: - Cédula rural pignoratícia, hipotecária, pignoratícia e hipotecária (Decreto-Lei n. 167/67); - Nota de crédito rural (Decreto-Lei n. 167/67); - Cédula de crédito industrial e Nota de crédito industrial (Decreto-Lei n. 413/69) - Cédula de crédito à exportação (Lei n /75); - Cédula de crédito comercial (Lei n /90); - Cédula de produto rural (Lei n /94); - Cédula de debênture (Lei n /76); - Cédula hipotecária (Decreto-Lei n. 70/66). Cédulas e Notas de Crédito São títulos representativos de operações de financiamento, tendo por negócio de base os empréstimos concedidos por instituições financeiras ou entidade a essas equiparadas, a quem se
7 dedique a determinadas áreas econômicas, com atividades rurais, industriais, comerciais, imobiliárias, exportação e/ou importação. Esses títulos surgem de negócio jurídico necessário. Por terem ambiente negocial próprio, são títulos de crédito causais (art. 2º, Decreto-Lei. n. 413/69). Ademais, eles têm por credor, obrigatoriamente, um banco ou instituição assemelhada. (art. 4º, DL 413/69). A diferença entre cédulas e notas de crédito é que nas primeiras há garantia real indicada na própria cédula, enquanto as notas de crédito têm garantia fidejussória (garantia pessoal, ex.: aval). Nas cédulas de crédito, a garantia real pode ser representada por bem móvel ou imóvel, ou mesmo por ambos, o que permite a doutrina classificá-las em: a) cédula hipotecária: quando a garantia é a hipoteca constituída sobre um imóvel; b) cédula pignoratícia: quando a garantia é o penhor sobre determinados bens móveis; c) cédula fiduciária: quando a garantia é a alienação fiduciária de bens adquiridos com o financiamento ou mesmo bens do próprio patrimônio do devedor; A cédula de crédito rural é um título relacionado ao financiamento de atividades econômicas agropecuárias a pessoas físicas ou jurídicas, por instituições financeiras integrantes do sistema nacional de crédito rural. Ela nada mais é que uma promessa de pagamento em dinheiro, caracterizando-se como título civil, líquido, certo e exigível, podendo ser emitida com ou sem garantia real, nas seguintes modalidades: cédula rural pignoratícia; cédula rural hipotecária; cédula rural pignoratícia e hipotecária. No último concurso da PGFN (ESAF, 2015) foi dado como CORRETO o seguinte enunciado: A Cédula de Crédito Rural configura um título de crédito impróprio, destinada ao financiamento do agronegócio, cujo pagamento é garantido por hipoteca ou penhor. E, ao contrário da duplicata e da nota promissória rurais, a jurisprudência entende ser perfeitamente possível o aval prestado por terceiros nas cédulas de crédito rural, constituindo reforço de garantia do próprio produtor rural, sem o qual figuraria sozinho como responsável pelo financiamento perante o credor STJ, REsp MS, julgado em 10/3/ DIREITO EMPRESARIAL. TÍTULOS DE CRÉDITO. CÉDULA DE CRÉDITO RURAL. GARANTIA CAMBIAL. TERCEIRO AVALISTA. VALIDADE. INTERPRETAÇÃO DO ART. 60, 3º, DO DECRETO-LEI N. 167/1967. VEDAÇÃO QUE NÃO ATINGE AS CÉDULAS DE CRÉDITO RURAL. 1. É válido o aval prestado por terceiros em Cédulas de Crédito Rural, uma vez que a proibição contida no 3º do art. 60 do Decreto-Lei n. 167/1967 não se refere ao caput (Cédulas de Crédito), mas apenas ao 2º (Nota Promissória e Duplicata Rurais). REsp /MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2015, Informativo 559.
8 Exigibilidade Vencida a obrigação de pagar, o título torna-se exigível. Por ser decorrente de financiamento, a inadimplência de qualquer parcela, bem como de qualquer outra obrigação legitimamente estabelecida no título ou em lei, importa vencimento antecipado das demais prestações. Ademais, a inadimplência do terceiro prestador de garantia real, também gera como efeito a antecipação do vencimento (Art , Código Civil). As legislações referentes às cédulas e notas de crédito não especificam prazo de prescrição, motivo pelo qual se lhes aplica a regra geral, disposta no art. 206, 3º, VIII, CC (prescrevem em três anos). AÇÃO CAMBIÁRIA Para que se proceda à execução judicial de título de crédito não adimplido, é indispensável que ele apresente os seguintes requisitos (art. 586, CPC): Certeza Liquidez Exigibilidade Na ausência de qualquer destes requisitos, não poderá o credor ter seu crédito satisfeito por meio da ação cambiária. Ele deverá se socorrer de ação monitória ou outra ação civil, não mais amparada pelas normas cambiais. Competência A ação cambiária poderá se dar tanto na vara civil da Justiça Comum quanto nos Juizados Especiais. Neste último caso há duas limitações: Valor do título não superior a 40 salários mínimos (art. 3º, 1º, II e 3º, Lei n /95); Autor beneficiário deve necessariamente ser pessoa física (art. 8º, 1º, Lei n /95) ou se pessoa jurídica, apenas se microempresa (art. 38, Lei n /99) ou empresa de pequeno porte (art. 74, LC n. 123/06).
9 Valor do Pedido A ação cambiária terá seu valor composto pelos seguintes montantes: Valor do título Juros legais 6% ao ano (LU, art. 48, nº 2 LUC, art. 45, nº 2) Correção monetária (INPC/IBGE) Demais despesas (protesto e notificações) Honorários (se a ação tramitar na Justiça Comum) Processamento O autor deve requer a citação do devedor para realizar o pagamento integral da dívida em três dias (art. 652, CPC). Em assim procedendo, o executado será beneficiado com redução pela metade dos honorários advocatícios (art. 652-A, parágrafo único, CPC). Por ouro lado, no prazo de contestação (15 dias), poderá o executado fazer uma proposta de parcelamento. Para tanto deverá proceder ao depósito de 30% do valor da execução (inclusive custas e honorários) e o parcelar o restante em seis prestações, com juros de 1% ao mês e correção monetária (art. 745-A, CPC). Caberá ainda a propositura de embargos à execução no prazo de quinze dias caso entenda indevida a cobrança (art. 738, CPC). Prazo de Prescrição Cheque Letra de Câmbio e Nota Promissória Duplicata PRAZO PARA AÇÃO EXECUTÓRIA DO TÍTULO 6 meses, a contar do fim do prazo de apresentação e protesto (30 ou 60 dias, a depender da praça, se idênticas ou diferentes, respectivamente) Contra devedor principal e seu avalista: 03 anos a contar do vencimento Contra coobrigados e seus avalistas: 01 ano a contar do protesto ou do vencimento, se houver clausula sem despesa Ação de regresso: 6 meses a contar do pagamento Contra devedor principal e seu avalista: 03 anos a contar do vencimento Contra coobrigados e seus avalistas: 01 ano a contar do protesto ou do vencimento, se houver clausula sem despesa Ação de regresso: 01 ano a contar do pagamento
10 Ação Monitória Findo o prazo de prescrição do título sem o ajuizamento da ação cambiária, o credor somente poderá satisfazer o crédito por meio de ação de cobrança ou ação monitória. Esta última é mais útil, pois a parte autora não precisa discutir a causa que deu origem à emissão do título. Isso lhe proporciona maior rapidez e eficiência para recebimento dos valores quando comparado à ação de cobrança, que por ser ação de conhecimento, necessita de fundamentação das situações fáticas e ainda o autor deve comprovar a relação causal (causa debendi) do negócio jurídico. De tal modo, o beneficiário do cheque poderá ajuizar uma ação monitória para cobrar do emitente o valor consignado na cártula (Súmula 299, STJ) 11. Ademais, não é outro o entendimento do Tribunal da Cidadania sobre os elementos de prova para a admissibilidade de ação monitória, consolidado em recurso repetitivo (REsp /SP) 12 e mais recentemente na súmula publicada em maio deste ano (Súmula n. 531) 13. Portanto, na petição inicial da ação monitória fundada em cheque prescrito, dispensa-se que o autor indique a origem da dívida expressa no título de crédito (ex.: uma compra e venda); ele não precisa explicar o motivo pelo qual o réu emitiu aquele cheque. O procedimento da monitória é também diferente da ação cambiária. A começar pelo fato de a monitória dever imprescindivelmente tramitar pela Vara Civil da Justiça Comum a vedação aos Juizados Especiais Cíveis se deve pela incompatibilidade de ritos (ao contrário das ações cambial e de cobrança, que quando respeitadas as duas limitações, podem tranquilamente seguir rito da Lei n /95). Na primeira fase da monitória, estando a inicial devidamente instruída, o juiz deferirá de plano a expedição de mandado de pagamento ou de entrega de coisa no prazo de quinze dias (art B, CPC). 11 Súmula 299, STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito. 12 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. AÇÃO MONITÓRIA APARELHADA EM CHEQUE PRESCRITO. DISPENSA DA MENÇÃO À ORIGEM DA DÍVIDA. 1. Para fins do art. 543-C do CPC: Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada em face do emitente, é dispensável menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula (REsp /SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 04/02/13), Recurso Repetitivo, Informativo Súmula 531, STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
11 Após cognição sumária e ordem judicial, o seguimento da ação dependerá da opção do réu, posto que uma vez citado, a lei faculta-lhe o cumprimento espontâneo do mandado, e, ao proceder ao pagamento, o executado estará isento de custas e honorários advocatícios (art C, 1º, CPC). Contudo, preferindo discutir a demanda e estabelecer o contraditório do art. 333, II, CPC, o réu deverá opor embargos monitórios no prazo de quinze dias que suspenderão a eficácia da ordem de pagamento (sem necessidade de prévia garantia do juízo) e tramitarão no rito ordinário, pois a demanda se convolará em processo de conhecimento (art C, caput e 2º, CPC). Outra vantagem da ação monitória em relação à ação de conhecimento, além do procedimento especial de cognição sumária, é um maior prazo prescricional. Enquanto que a ação de cobrança prescreve em três anos, para a propositura da monitória, o prazo prescricional é de cinco anos (Súmulas 503 e 504, STJ) 14. No último concurso da PGFN (ESAF, 2015) foi dado como INCORRETO o seguinte enunciado: De acordo com a atual jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito, devendo ser ela ajuizada dentro de 5 (cinco) anos, contados a partir do dia seguinte ao vencimento da pretensão executiva. (Com esta aula, encerra-se o tema TÍTULOS DE CRÉDITO, passando a aula 10 e seguintes finalizar o módulo de Direito Empresarial, tratando de FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS). 14 Súmula 503, STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título. Pelas peculiaridades dos títulos de crédito, a súmula 504 é também aplicada, pela doutrina, aos casos de duplicata e letra de câmbio, apesar de tecnicamente estar restrita às notas promissórias. O cheque possui termo a quo distinto dos demais títulos (data de emissão e não de vencimento do título) em virtude da prática de pós-datar que influenciaria no prazo.
12 Observação: Também foi objeto de questão no último concurso da PGFN (ESAF, 2015) o seguinte enunciado dado como INCORRETO: Os títulos de crédito são documentos representativos de obrigações pecuniárias de origem cambial ou extracambial e, como regra, têm natureza pro soluto. Como se sabe, os títulos de crédito são documentos representativos de obrigações pecuniárias, com elas não se confundindo. Sendo mero documento representativo, é indispensável que o valor da obrigação esteja expressamente estampado título. As obrigações representadas em título de crédito poderão ter origem extracambial (ex.: débito decorrente de contrato de compra e venda) ou exclusivamente cambial (ex.: obrigação do avalista). Os títulos de crédito são entregues para serem saldados ou pagos daí a certo tempo. Logo, a sua simples entrega não significa a efetivação do pagamento. Disso resulta que, em regra, o título de crédito é emitido com natureza pro solvendo (para pagamento) e a relação causal só se extingue com o pagamento do título. Por outro lado, o título pro soluto acarreta a extinção da obrigação tão-somente com a sua transferência ao credor que corresponde ao pagamento como se dinheiro fosse, operando a novação do negócio que lhes deu origem. Assim, pro solvendo se diz dos títulos de crédito quando são recebidos em caráter condicional, sendo puramente representativos ou enunciativos da dívida, não operando novação alguma, só valendo como pagamento quando efetivamente resgatados.
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