Na ponta dos dedos. Setembro de 2014 n 170, ano XIV. E mais: Entrevista: Carlos Velloso, ex-ministro do STF, fala sobre terceirização Página 24



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Transcrição:

Setembro de 2014 n 170, ano XIV E mais: Entrevista: Carlos Velloso, ex-ministro do STF, fala sobre terceirização Página 24 Na ponta dos dedos Cautela é consenso entre empresários quanto à economia até o fim do ano; vestuário, calçados e hipermercados podem se destacar na contratação temporária no período CNC e entidades do turismo elaboram carta Turismo no Brasil 2015-2019 Página 38 www.cnc.org.br

abra espaço para um aprendiz. Os cursos do Senac estão voltados às necessidades de sua empresa. www.senac.br I facebook.com/senacbrasil I twitter.com/senacbrasil

EDITORIAL Reação no fim A reportagem de capa desta edição da busca auxiliar os leitores a terem um melhor entendimento do atual cenário econômico e seus desdobramentos no comércio de bens, serviços e turismo. Não é uma tarefa fácil. Para entender o que dizem os números e indicadores em seu amplo conjunto de informações, recorremos à ajuda da Divisão Econômica da Confederação, que se tornou uma referência nacional, com estudos e análises que orientam decisões em diversos setores. Também contamos com a avaliação dos presidentes das Fecomércios, habituados a lidar com os desafios empresariais, que nunca são poucos em nosso país. O resultado é que, a despeito de alguns preocupantes pontos de atenção, não se desenha nenhuma catástrofe na economia nos próximos meses, havendo até mesmo uma perspectiva de melhora, por conta das festas de fim de ano. O cenário externo ainda é de incertezas, principalmente quanto ao afrouxamento da política monetária americana, que terá reflexos diretos na economia dos países emergentes. A inflação também preocupa, embora sem risco aparente de descontrole. E a reversão do baixo crescimento do País ainda depende de alguns ajustes na política econômica que inspirem mais confiança e melhorem o clima de negócios, favorecendo os investimentos. No entanto, é possível prever uma melhora até o final do ano, com o comércio contratando mais de 138 mil trabalhadores temporários uma expansão de 0,8% em relação ao Natal passado para atender à demanda dos clientes, que deverão proporcionar um aumento de 3,0% nas vendas de Natal deste ano, na comparação com o de 2013. No ano, a CNC prevê um crescimento de 3,7% no volume de vendas. Não é o cenário exuberante de anos anteriores, mas, ainda que mais modestos, os números apontam para uma evolução positiva no setor. Com cautela nos gastos e atenção aos estoques, será possível aos empresários atravessar este final de ano renovando a expectativa de que a situação melhore em 2015. Boa leitura! Setembro 2014 n 170 1

Presidente: Antonio Oliveira Santos Vice-presidentes: 1º José Roberto Tadros; 2º Darci Piana; 3º José Arteiro da Silva; Abram Szajman, Adelmir Araújo Santana, Bruno Breithaupt, Carlos Fernando Amaral, José Evaristo dos Santos, José Marconi Medeiros de Souza, Laércio José de Oliveira e Leandro Domingos Teixeira Pinto. Capa 08 Vice-presidente Administrativo: Josias Silva de Albuquerque Vice-presidente Financeiro: Luiz Gil Siuffo Pereira Diretores: Alexandre Sampaio de Abreu, Antonio Airton Oliveira Dias, Ari Faria Bittencourt, Carlos Marx Tonini, Daniel Mansano, Edison Ferreira de Araújo, Euclides Carli, Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, Hugo de Carvalho, Hugo Lima França, José Lino Sepulcri, Ladislao Pedroso Monte, Lázaro Luiz Gonzaga, Luiz Gastão Bittencourt da Silva, Marcelo Fernandes de Queiroz, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, Raniery Araújo Coelho, Valdir Pietrobon, Wilton Malta de Almeida, Zildo De Marchi Conselho Fiscal: Arnaldo Soter Braga Cardoso, Lélio Vieira Carneiro e Valdemir Alves do Nascimento CNC NOTÍCIAS Revista mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo Ano XIV, n º 170, 2014 Gabinete da Presidência: Lenoura Schmidt (Chefe) Assessoria de Comunicação (Ascom): ascom@cnc.org.br Edição: Cristina Calmon (editora-chefe) e Celso Chagas (editor Executivo Mtb 30683) Reportagem e redação: Celso Chagas, Edson Chaves, Geraldo Roque, Joanna Marini, Luciana Neto e Marcos Nascimento Design: Programação Visual/Ascom Revisão: Elineth Campos Impressão: WalPrint Gráfica e Editora Colaboradores da de setembro de 2014: Clarisse Ferreira (Fecomércio-SP), Diego Recena (Fecomércio-DF), Camila Barth (Fecomércio-RS), Lucila Nastassia (Fecomércio-PE), Clarisse Ferreira (Fecomércio-SP), Lourdinha Bezerra (Fecomércio- PA). Créditos fotográficos: Divulgação/Senac-SP (página 4), Christina Bocayuva (páginas 7, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 21, 33 e 42), Carolina Braga (páginas 13 e 48), Carlos Terra (página 19), Divulgação/Fecomércio-SP (páginas 14, 23 e 46), Mario Miranda Filho/Agência Foto (página 25), Paulo Rodrigues (página 34), Glauber Queiroz/MTur (páginas 38 e 39), Divulgação/Mercado & Eventos (página 43), Divulgação/Sesc (página 44), Divulgação/ Fecomércio-PE (página 47), Rúbia Salah Ayoub (página 48), Reuters/Brendan Smialowski/Pool (História em Imagem). Ilustrações: Carolina Braga (Capa e páginas 2, 3, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 20, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 35, 36, 37, 40, 41 e 45) Projeto Gráfico: Programação Visual/Ascom-CNC A adota a nova ortografia. Cuidado, às vésperas do fim do ano O empresário do comércio varejista precisa ter cautela na hora de se preparar para as vendas de fim de ano. Setores de vestuário, farmácias, drogarias, perfumarias e artigos de uso pessoal e doméstico devem ser o alívio para o resultado final de 2014. 22 Seminário debate a importância da terceirização Entidades promovem o seminário Terceirização e o STF: O que esperar?, com um amplo debate sobre as implicações econômicas e jurídicas da falta de regulamentação da atividade. A entrevistou o ex-ministro Carlos Velloso sobre a questão. 4 FIQUE POR DENTRO 5 BOA DICA 6 OPINIÃO - Antonio Oliveira Santos: Terceirização: Uma discussão oportuna 8 CAPA - Para sair do sufoco 16 REUNIÃO DE DIRETORIA - Terceirização é necessária para o equilíbrio das empresas CNC - Rio de Janeiro Av. General Justo, 307 CEP.: 20021-130 PABX: (21) 3804-9200 CNC - Brasília SBN Quadra 1 Bl. B - n 14 CEP.: 70041-902 PABX: (61) 3329-9500/3329-9501 2 Setembro 2014 n 170

36 Carta aberta sobre melhorias para os portos brasileiros A Comissão Portos, entidade empresarial que reúne as principais representações de segmentos econômicos ligados à atividade portuária, apresentou aos candidatos à Presidência da República uma carta aberta com temas relevantes para o setor e para o desenvolvimento econômico e social do País. 38 Políticas públicas para o futuro do turismo brasileiro CNC participa da elaboração do Documento Referencial Turismo no Brasil 2015-2019, iniciativa de entidades integrantes do Conselho Nacional do Turismo que apresenta uma proposta de políticas públicas para o setor. É uma referência do atual estágio de desenvolvimento da atividade no País, afirmou Eraldo Alves da Cruz, secretário-geral da CNC. 44 Escola Sesc sedia encontro internacional de educação Promovido pelos jornais O Globo e Extra, com o apoio do Sesc, o Educação 360 - Encontro Internacional foi marcado pelo diálogo e pelo debate de ideias que possam mudar a educação no Brasil, com exemplos bem-sucedidos de novos modelos de ensino nacionais e internacionais. 20 INSTITUCIONAL - Supremo beneficia setor de farmácias e drogarias - Norma da ABNT cria responsabilidade de síndico com obras - Materiais de construção: mais crédito para um setor estratégico - Seminário em São Paulo aborda a importância da terceirização 24 ENTREVISTA - Carlos Velloso, ex-ministro do STF 26 PESQUISAS CNC - ICF: Leve estabilidade após quedas sucessivas - Peic: Mais dívidas, porém com condições de pagar - Icec: Primeiro resultado positivo desde outubro de 2013 32 CONJUNTURA ECONÔMICA - O Brasil vai bem ou mal? SUMÁRIO 34 EM FOCO - CNC capacita representantes em Workshop - Novos paradigmas para as relações de trabalho - Comissão Portos entrega carta aberta a presidenciáveis 38 TURISMO - CNC participa da elaboração do documento Turismo no Brasil 2015-2019 - Faturamento das empresas de turismo subiu no segundo trimestre - Gestão compartilhada pode impulsionar turismo - Em busca da qualidade e da excelência nos serviços 44 SISTEMA COMÉRCIO - Educação pensada em 360 graus na Escola Sesc de Ensino Médio - Senac festeja resultados da Olimpíada do Conhecimento - Inovação dá o tom em Prêmio de Sustentabilidade - Economia é tema de palestra na Fecomércio-PE 48 HOMENAGEM - O paraíso de Karis Kornfield Setembro 2014 n 170 3

FIQUE POR DENTRO WhatsApp tem mais de 600 milhões de usuários no mundo O aplicativo de troca de mensagens WhatsApp, criado em 2009, já ultrapassou o número de 600 milhões de usuários ativos mensais, segundo afirmou o presidente e cofundador do app, Jan Koum, em 24 de agosto. Em fevereiro, quando o aplicativo foi comprado pelo Facebook por US$ 16 bilhões, somavam-se 450 milhões de usuários ativos. A empresa contabiliza apenas os usuários que mandam pelo menos uma mensagem por mês. Esse crescimento consolida o WhatsApp no topo das ferramentas de troca de mensagens. O WeChat revelou, no início de agosto, que tem 438 milhões de usuários ativos. Já o Line tem, segundo analistas, 235 milhões de usuários ativos. I Simpósio IOB de Direito Aduaneiro, Marítimo e Portuário Com o objetivo de debater os gargalos do setor portuário nacional e os inúmeros impostos pagos pelos portos, terminais e empresas portuárias no País, será realizado, pelo Centro de Treinamento IOB, em São Paulo, nos dias 16 e 17 de outubro, o I Simpósio IOB de Direito Aduaneiro, Marítimo e Portuário. Será uma oportunidade para que empresas, por meio de seus diretores, contadores e representantes, participem, a fim de demonstrarem ao poder público e a julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) parte dessa realidade. E advogados do setor tributário nacional também apresentarão seus trabalhos de pesquisa para aprimoramento do setor, afirma Demes Britto, coordenador do evento e representante da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) no Carf. Para mais informações, acesse www.iobstore.com.br Hotéis do Senac ganham certificado de excelência O site TripAdvisor, um dos mais acessados por viajantes em todo o mundo, concedeu aos hotéis-escola do Senac em Águas de São Pedro e Campos do Jordão, ambos em São Paulo, o seu Certificado de Excelência 2014, que atesta a supremacia no atendimento, na alta qualidade de serviços e na infraestrutura. Para certificar os estabelecimentos, o TripAdvisor avalia, além da popularidade, o tempo em atividade e análises recentes postadas pelos usuários. O resultado dessa análise consagrou o hotel-escola de Campos do Jordão (foto), pelo segundo ano consecutivo, com o prêmio Traveller s Choice, como uma das 25 melhores hospedagens do País. Isso ocorre principalmente por sermos, além de empreendimentos de alto padrão, ferramentas pedagógicas que contribuem para o desenvolvimento de profissionais cada vez mais qualificados, afirmou o coordenador-geral dos dois hotéis-escola, Marcelo Van Roey. 4 Setembro 2014 n 170

BOA DICA Evolução do voluntariado nos megaeventos esportivos A obra Renovação do voluntariado: Legado de megaeventos esportivos, escrito em conjunto por Bianca Gama Pena, Lamartine Da Costa, Andrea D aiuto e Ana Paula Mellatti, exibe uma análise sobre a temática do voluntariado e sua evolução, apresentando um modelo para a elaboração e a execução de programas de voluntários de qualquer porte. O livro, lançado pela Editora Multifoco, também apresenta um estudo de caso dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e uma contribuição para o desenvolvimento de programas de preparação para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. B i a n c a G a m a P e n a L a m a r t i n e P e r e i r a D a C o s t a A n d r é a D A i u t o A n a P a u l a M e l l a t t i DO VOLUNTARIADO LEGADO DE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS um brasil Análises e discussões sobre um povo em busca de uma identidade marco antonio Villa paulo FeldmAnn José GoldemberG roberto Damatta renato opice blum laurentino Gomes JorGe duarte denis rosenfield ives GAndrA martins Demétrio magnoli luiz Flávio Gomes luis Felipe pondé roberto macedo cláudio abramo um brasil Análises e discussões sobre um povo em busca de uma identidade Discussões sobre a identidade do Brasil A Fecomércio-SP divulgou o e-book Um Brasil: Análises e discussões sobre um povo em busca de uma identidade. A publicação é um copilado de entrevistas realizadas com especialistas para o canal da Federação paulista no YouTube. A obra busca discutir o Brasil, abrindo espaço para ideias e soluções de profissionais, na tentativa de contribuir com o desenvolvimento da sociedade. Entre os entrevistados estão Roberto DaMatta, José Goldemberg e Ives Gandra Martins. O e-book pode ser acessado gratuitamente pelo link http://bit.ly/umbrasil Vencedores por decisão: Por que alguns prosperam e outros não A Editora Senac Distrito Federal lançou o livro Vencedores por decisão! Por que alguns prosperam e outros não, escrito por Zailton Cardoso de Miranda. A obra tem como objetivo oferecer apoio para o leitor realizar os seus projetos, transformando-os em atitudes empreendedoras. O livro mostra, também, que análises de riscos, tomadas de decisão e planejamentos responsáveis são ações que exigem conhecimento e uso de ferramentas, além de mostrar a utilização de um método de habilidades pessoais e profissionais, ajudando o profissional a vencer e a alcançar os objetivos. Setembro 2014 n 170 5

OPINIÃO Terceirização: Uma discussão oportuna Em artigo, o presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, destaca a importância do tema para uma gestão empresarial moderna, que proporcione ganhos salariais e maior produtividade O processo produtivo se caracteriza por ser um sistema em rede, no qual cada empresa contribui com uma parcela de valor agregado que são os insumos da produção, formando um todo, que é o produto final. Qualquer empresa, por mais simples que seja, consome uma certa quantidade de serviços que são produzidos por outras empresas. É um processo produtivo que valoriza a especialização e propicia o aumento da produtividade. A terceirização no setor produtivo representa um exemplo concreto do real benefício decorrente da especialização. Nessa área, pode-se tomar como caso emblemático de sucesso a prestação dos serviços de limpeza, em que são evidentes os ganhos de produtividade decorrentes da especialização, tant o para a empresa contratante como para a empresa contratada. O mesmo se verifica na área dos serviços de segurança. Merece destaque, nesse particular, o caso dos bancos que contratam, dentro das normas legais de terceirização, os serviços de segurança para suas agências e seus clientes. Os opositores da terceirização de serviços consideram que isso representa uma precarização do trabalho e, em suas propostas de regulação, reivindicam que aos trabalhadores da empresa contratada sejam pagos salários iguais aos da empresa contratante, além da extensão de todos os demais benefícios, tais como gratificações, assistência médica, auxílio-refeição, vale- -transporte, etc. Regida pela Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a terceirização ainda provoca muitas questões e disputas judiciais, que prejudicam tanto trabalhadores quanto empresários. O ponto é que a Súmula reconheceu a legalidade da terceirização na atividade-meio das empresas, para que estas pudessem concentrar seus recursos e energias no exercício de sua atividade-fim. No entanto, os termos atividade-meio e atividade-fim geram conflitos que acabam no Judiciário. A discussão é oportuna quando estamos diante de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a identificação do que representa a atividade-fim de um empreendimento, do ponto de vista da possibilidade da terceirização. A corte vai julgar o Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 713.211, no qual a Celulose Nipo Brasileira S/A (Cenibra) questiona decisão da Justiça do Trabalho em que foi condenada a se abster de contratar terceiros para sua atividade-fim. O STF reconheceu a repercussão geral do tema e entendeu que, do julgamento desse caso, passará a referendar os demais julgamentos no País sobre essa questão. Movidas pelo momento crucial que essa decisão representa, em encontro recente as principais Confederações do País, entre elas a CNC, a CNI e a Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif), reuniram-se para debater as implicações econômicas e jurídicas da terceirização no Brasil, no seminário Terceirização e o STF: O que esperar? Em seu discurso, o ex-ministro do STF, Carlos Velloso, defendeu que, sob o ponto de vista jurídico, a 6 Setembro 2014 n 170

OPINIÃO A terceirização significa uma forma de criar empregos Antonio Oliveira Santos Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo questão não foi versada com o cuidado que o tema exige e que é preciso levar ao conhecimento geral e ao STF a importância da terceirização para as diversas atividades econômicas no Brasil. A terceirização significa uma forma de criar empregos, além de ser um mecanismo moderno de gestão empresarial, com aumento da produtividade e redução dos custos de produção, utilizando serviços e trabalhos especializados, sem significar redução de salários ou menor uso de mão de obra. Pelo contrário, como é fácil perceber, a especialização do trabalho, por meio da prática da terceirização, vai, obviamente, produzir maior criação de empregos e proporcionar melhores níveis de salário para os trabalhadores especializados. Os que fazem forte oposição à regulamentação da terceirização carecem de informação sobre o tema. O Ministério Público do Trabalho (MPT) argumenta que a terceirização precariza as condições de trabalho e viola o princípio da dignidade da pessoa humana. A entidade prega o desaparecimento de uma atividade essencialmente terceirizada, como os call centers. Enfraquecer esse tipo de prestador de serviços, isso sim, é violar o princípio da dignidade da pessoa humana, com a subtração de 1,1 milhão de empregos. Em breve, será votado o Projeto de Lei nº 4.330/2004, de autoria do deputado Sandro Mabel, que deve ser entendido como mais uma forma de defesa e de proteção dos direitos trabalhistas, e não o contrário. O referido PL nº 4.330 visa garantir aos 12 milhões de trabalhadores terceirizados os mesmos direitos previstos na CLT, como 13º salário, férias remuneradas, adicional de férias, descanso semanal remunerado, hora extra com 50% de acréscimo, entre outros. O PL nº 4.330 contém 19 artigos de proteção ao trabalhador e outros dois artigos de proteção ao empresário. Ele determina, por exemplo, que os terceirizados sejam tratados como funcionários regulares, no que se refere ao acesso a refeitório, a eventuais serviços de transporte e a serviço médico interno da empresa que contrata a prestadora de serviços. Sobre a questão da responsabilidade subsidiária, o Projeto de Lei, nos artigos 14 e 15, define que as empresas contratantes precisam fiscalizar, mensalmente, a comprovação do pagamento de obrigações como salários, horas extras, 13º salário, entre outros. Permite, também, à empresa contratante reter o pagamento da contratada no caso de não pagamento das obrigações aos funcionários. O principal motivo de discórdia entre os parlamentares é o artigo 4º do PL nº 4.330, que afirma que o contrato de terceirização pode ser relacionado a qualquer parte da atividade da empresa contratante, mesmo à atividade-fim. A discussão na Câmara dos Deputados visa definir quais atividades exatamente podem ou não ser terceirizadas, com o objetivo de sanar essa questão e aprovar o Projeto de Lei pont o que vai ao encontro da próxima decisão do STF e da segurança jurídica que as partes que contratam a terceirização precisam. Setembro 2014 n 170 7

CAPA 8 Setembro 2014 n 170

CAPA Para sair do sufoco No universo dos indicadores e pesquisas, muitos resultados apontam para um estagnação da atividade econômica, atingindo inevitavelmente o comércio de bens, serviços e turismo. Entretanto, mesmo com a tendência de desaceleração dos negócios, o emprego em áreas como vestuário, calçados e hipermercados pode dar fôlego para chegar a dezembro, com as vendas do período. Nesse quesito, devem se destacar farmácias e perfumarias e artigos de uso pessoal e doméstico, como eletrônicos e brinquedos. Para economistas da CNC e para os representantes do comércio, inflação na meta e controle dos estoques também podem ajudar nos resultados de um ano turbulento para a economia. Setembro 2014 n 170 9

CAPA Prudência até o fim do ano Contratações e vendas de fim de ano, além da inflação na meta, podem estimular a atividade econômica e tranquilizar o mercado De acordo com o Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o mercado de trabalho formal no Brasil registrou o menor saldo na geração de vagas para meses de julho (11,796 mil) desde 1999, quando a diferença entre admissões e desligamentos foi positiva em 8.057. De janeiro a julho, o saldo acumulado foi 30,3% menor que nos sete primeiros meses do ano passado pior resultado no acumulado de janeiro a julho desde 2009. Infelizmente, os dados acima fazem parte de um cabedal de números que preocupam e apontam para um fim de ano ruim para a economia. A indústria, por exemplo, vem se adaptando a perspectivas de menor crescimento o número de pessoas empregadas caiu 0,7% em julho em relação ao mês anterior na série com ajustes sazonais do IBGE. Isso para citar somente dados relativos ao emprego no País. Por outro lado, há fatores que permitem esperança de um fim de ano melhor, como, por exemplo, a demanda sazonal por emprego no comércio varejista, que deverá levar o setor a oferecer 138,7 mil vagas de fim de ano em 2014, número que corresponde a uma expansão de 0,8% em relação às vagas temporárias criadas para o Natal do ano passado, segundo estimativa da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com os dados do Caged, o comércio varejista acumula um saldo de -78,2 mil postos de trabalho de janeiro a julho deste ano. Portanto, assim como no ano passado, caberá ao emprego temporário de final de ano a reversão do déficit de vagas em 2014. A temporada de contratação compreende os meses de setembro, outubro e, principalmente, novembro, mês que costuma concentrar 65% das contratações temporárias de fim de ano, explica Fabio Bentes, economista da CNC. Natal presente para o varejo O Natal é a principal data comemorativ a do varejo, com previsão de movimentação financeira de R$ 32,5 bilhões em 2014 3,0% a mais que no Natal do ano passado em termos reais, segundo estimativas da própria Confederação. Em 2013 as vendas natalinas cresceram 5,1%. Este ano os maiores aumentos de vendas deverão ocorrer nos segmentos de farmácias e perfumarias (+6,9%) e artigos de uso pessoal e doméstico, como eletrônicos, brinquedos e material esportivo (+7,5%). Com previsão de criação de 67,6 mil vagas, o ramo de vestuário e calçados deverá responder por quase metade (48,7% do total) das vagas a serem criadas no varejo no final de ano. Dentre os segmentos do varejo, o ramo de vestuário e calçados é, historicamente, o mais impactado pelas vendas de final de ano. Em dezembro o faturamento do setor costuma crescer 90% em relação ao mês anterior, devido ao fator sazonal. O volume de vendas do comércio varejista costuma crescer 35% no último mês do ano. Em relação ao ano passado, no entanto, o crescimento real das vendas de vestuário deverá ser modesto (+0,7%), e o salário médio de admissão deverá ser de aproximadamente R$ 994. O segmento de hiper e supermercados maior empregador do comércio varejista deverá vir em seguida, respondendo por 18,9% (26,1 mil postos) das vagas temporárias a serem criadas. Esse número corresponde a um aumento de 2,7% em relação às vagas temporárias criadas no mesmo período de 2013 (25,5 mil). A expecta- 10 Setembro 2014 n 170

CAPA tiva é que as vendas de final de ano nesse segmento subam 3,1% e que o salário seja de R$ 996. O maior salário de admissão deverá ocorrer no ramo de farmácias e perfumarias (R$ 1.142). Contudo, esse segmento deverá ofertar apenas 3,8% das vagas totais a serem criadas no varejo. A remuneração média no varejo deverá ser de R$ 1.025 1,4% maior, em termos reais, do que aquela paga no mesmo período do ano passado (R$ 950). Inflação na meta depende do BC Carlos Thadeu de Freitas, chefe da Divisão Econômica da CNC, observa que, apesar da inflação persistentemente elevada, os riscos para a atividade comercial pesam cada vez mais na balança, já que o crescimento econômico fraco está atingindo setores até então com desempenho favorável. A inflação, mesmo que próxima do limite superior da meta, não apresenta riscos de descontrole, mas sim tendência de desaceleração, ainda que lenta. Caso o Banco Central (BC) consiga evitar o aumento das expectativas de inflação, é possível que haja espaço para novos estímulos à atividade, com já foi sinalizado por meio das medidas macroprudenciais direcionadas ao crédito, de caráter expansionista, explica Carlos Thadeu. Segundo o economista, o cenário externo ainda requer atenção. Um cenário mais benigno para a atividade e para a lenta convergência da inflação para o centro da meta, além de estar condicionado às incertezas relacionadas à próxima estratégia de uma nova gestão de política econômica em 2015, é fortemente ligado à trajetória do dólar, enfatiza. É preciso ter cautela, sim, mas com esperança e equilíbrio. Para o Banco Central, a economia brasileira surpreendeu e avançou 1,5% em julho, segundo cálculos da instituição. A expectativa dos analistas do mercado financeiro para o IBC-Br (índice que mede a atividade no Brasil) era de alta de 0,6% até 1,4% para as instituições mais otimistas. Ou seja, o resultado ficou acima até dos mais otimistas. A alta em julho foi a maior desde junho de 2008, quando a economia cresceu 3,32%. Apesar de em julho as vendas do varejo terem registrado queda de 1,1%, na comparação com o primeiro trimestre, segundo o IBGE, o BC usa no cálculo do IBC-Br um índice mais amplo, o varejo ampliado, que cresceu 0,8% no mês e leva em consideração vendas de veículos, peças e material de construção. Outra atividade que ganhou destaque este ano foi o turismo, e os negócios do setor deverão permanecer aquecidos no terceiro trimestre do ano. Depois de registrar o maior aumento de faturamento para o período de abril a junho dos últimos seis anos, 56% das empresas consultadas em pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo apostam em nova expansão no trimestre de julho a setembro. Evolução do trabalho formal e das vendas no varejo +9,5% Trabalho Temporário +6,9% +7,2% +7,6% +8,1% Vendas de Natal +5,0% +4,6% +5,1% +3,2% +3,2% +3,0% +0,8% 2009 2010 2011 2012 2013 2014* *previsões CNC Fonte: Pesquisa direta CNC Setembro 2014 n 170 11

CAPA Atenção aos gastos e estoques Mesmo com certa expectativa otimista para o período pós-eleição, atitude deve ser de planejamento seguro por parte dos empresários em todo o País Inevitavelmente, o recuo de 0,59% do PIB no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano, segundo o IBGE, causou alvoroço foi a maior retração da economia desde o primeiro trimestre de 2009 (-1,6%), quando o mercado ainda se ressentia dos efeitos negativos da crise financeira internacional. O que existe hoje, principalmente, são questões ligadas à execução da política econômica, incompatibilidades relativas a investimentos, contradições entre a política de controle da inflação, o déficit fiscal e a política de crédito, afirma Ernane Galvêas, consultor Econômico da Presidência da CNC. Em um contexto global, os dois maiores problemas do Brasil são o peso da carga tributária a mais alta entre os países emergentes e a burocracia oficial. Os dois juntos são responsáveis pelo clima geral de incerteza e desconfiança, responsáveis pela queda dos investimentos, sem os quais não há crescimento econômico, afirma Galvêas. Em julho, o volume de vendas no comércio varejista brasileiro caiu 1,1% na comparação com o mês anterior, já descontados os efeitos sazonais, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), também do IBGE. Após a divulgação dos resultados de julho, a CNC revisou sua previsão anterior de crescimento do volume de vendas do varejo para este ano de +4,0% para +3,7%. Já o varejo ampliado deverá crescer 0,5% nest e ano. Deverão se destacar positivamente ao final de 2014 os segmentos de farmácias e perfumarias (+7,5% sobre 2013) e artigos de uso pessoal e doméstico (+8,0%). Já a variação dos preços no comércio deverá ficar em 5,8% em 2014. Os preços no varejo seguem em desaceleração e registraram, em julho, a menor variação mensal de 2014 (+0,3%). Apesar disso, o crédito ao consumidor, cuja taxa média se encontra em nível recorde 43,2% ao ano desde 2011, não permitirá que as vendas do setor deslanchem nos restante de 2014, afirma Fabio Bentes, economista da CNC. A baixa confiança na atividade econômica e a elevação no custo do crédito para consumo e investimentos motivaram a revisão. Ao nível baixo de confiança soma-se, atualmente, o encarecimento dos recursos para consumo e investimentos obtidos no mercado de crédito. As taxas de juros cobradas nas operações com recursos livres para as pessoas físicas passaram de 36,2% para 43,2% nos últimos 12 meses. No crédito para pessoas jurídicas houve avanço de 20,0% para 23,1%, enumera Bentes. Hora de observar Tudo isso faz com que os empresários do comércio de bens, serviços e turismo tenham bastante atenção aos próximos meses. A otimização de estoques, por exemplo, deve ganhar destaque no planejamento, em razão das festas de fim de ano e, ao mesmo tempo, do alto custo financeiro demandado para manter estoques elevados. Já em relação ao crédito, hoje as famílias estão mais endividadas e preocupadas com a administração dos seus orçamentos, o que tem gerado um comportamento mais moderado em matéria de consumo. O crédito já foi mais baixo e mais facilitado no País, mas essa situação mudou. Apesar de tudo isso, para o final do ano a nossa expectativa é que as vagas temporárias cresçam 5%, em 12 Setembro 2014 n 170

CAPA Carga tributária e burocracia são responsáveis pelo clima geral de incerteza e desconfiança Ernane Galvêas Consultor Econômico da CNC razão da vocação do Distrito Federal (DF) para os setores de comércio e serviços. A renda per capita elevada dos brasilienses e a grande massa de servidores públicos fazem com que a evolução do mercado de trabalho seja acima da média nacional no DF. Portanto, os setores de comércio e serviços, com certeza, devem crescer mais no Natal do que nos outros meses deste ano. Contudo, a previsão é que o setor cresça menos em 2014 do que em 2013, afirma o presidente da Fecomércio-DF, Adelmir Santana. Reduzir custos não é mais opção Já Abram Szajman, presidente da Fecomércio-SP, com o desempenho do PIB e o declínio constante dos indicadores de confiança do consumidor, prevê uma queda nas vendas do comércio varejista entre 1% e 2% no Estado de São Paulo. O consumidor anda cauteloso, já que se vê diante de um encarecimento do crédito, e acaba transferindo a aplicação de seus recursos de bens duráveis para bens essenciais, impactando o planejamento do empresário na hora de conduzir os seus estoques, analisa Szajman. Para ele, somente a busca pelo nível idea l de estoques não é suficiente. Os comerciantes também devem reduzir seus custos e estar atentos aos movimentos do mercado. Com isso, a avaliação a respeito do desempenho dos próximos meses dependerá, acima de tudo, da capacidade das autoridades econômicas de conseguir atenuar o baixo nível de confiança do consumidor, hoje preocupado com o risco do desemprego, em face de um baixo crescimento econômico, com a inflação, a deterioração da renda e o crédito mais caro, destaca. Carlos Andrade, presidente da Fecomércio-BA, concorda. Os empresários precisam agir com cautela, comprando na dose certa. Não podemos nos comprometer com grandes estoques diante desse cenário de incertezas. O acúmulo de mercadoria é um problema, pois o empresário do comércio vive do giro. Por outro lado, existe uma expectativa de que, após as eleições, ocorra uma injeção de otimismo, estimulando o consumo e também a geração de empregos temporários de fim de ano, frisa. O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, aponta os impactos dos juros altos. Do lado dos comerciantes, por exemplo, a manutenção de estoques torna- -se mais cara, o que, associado ao cenário atual de desaceleração de vendas, certamente exige maior capacidade de otimização das compras por parte dos lojistas. Pelo lado da demanda, a Selic mais alta também torna as compras a prazo mais caras, ao elevar os juros do crédit o à pessoa física, o que tem impacto nas vendas, principalmente de bens duráveis, mais atreladas a financiamentos, explica. Aind a que a atividade econômica esteja fraca, o comércio deverá fazer contratações temporárias para o Natal, finaliza. Josias Albuquerque, presidente da Fecomércio-PE, opina: O crédito impacta o varejo pela dificuldade de acesso, principalmente por parte das micros e pequenas empresas, mas também pela disponibilidade para o consumidor. Os preços no varejo seguem em desaceleração e registraram, em julho, a menor variação mensal, mas o crédito pode segurar as vendas Fabio Bentes Economista da CNC Setembro 2014 n 170 13

CAPA O crédito já foi mais baixo e mais facilitado no País, mas isso mudou. Ainda assim, nossa previsão é de crescimento Adelmir Santana Presidente da Fecomércio-DF Mesmo os setores nos quais as vendas cresceram, baseadas na política econômic a de flexibilização do crédito, estão parados. O elevado nível de endividamento dos consumidores, o comprometimento da renda e a alta das taxas de juros devem influenciar os resultados dos negócios no fim do ano. Entretanto, apesar desse cenário, há sempre aumento da demanda, motivada pelo 13º salário e pela força do Natal, opina Sebastião Campos, presidente da Fecomércio-PA. IPCA O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto variou 0,25%, acima da taxa de 0,01% de julho. Com isso, o acumulado no ano fechou em 4,02% acima dos 3,43% de igual períod o de 2013. Considerando-se os últimos 12 meses, o índice foi para 6,51% próximo dos 6,50% relativos aos 12 meses anteriores. Em agosto de 2013 a taxa foi de 0,24%. Para a Fecomércio-SC, a aceleração do nível de preços verificado em agosto deste ano na comparação com julho se deve, em grande parte, aos reajustes das mensalidades na educação e no transporte. Por outro lado, a baixa atividade econômica do último trimestre já está sendo sentida nos alimentos e, especialmente, nos serviços, que se mantiveram estáveis em agosto. Esse setor vinha apresentando as mais altas taxas de inflação e contribuindo sobremaneira para o IPCA elevado. Portanto, até o fim do ano, no acumulado de 12 meses a inflação deverá recuar e terminar 2014 dentro da meta de 6,5%. Não há risco de descontrole inflacionário. O consumidor anda cauteloso, já que se vê diante de um encarecimento do crédito, e acaba transferindo a aplicação de seus recursos de bens duráveis para bens essenciais A desaceleração impacta diretamente o giro de estoque. A gestão de mercadorias deve ser aprimorada Josias Albuquerque Presidente da Fecomércio-PE Abram Szajman Presidente da Fecomércio-SP 14 Setembro 2014 n 170

CAPA Existe uma expectativa de que, após as eleições, ocorra uma injeção de otimismo, estimulando o consumo e também a geração de empregos Carlos Andrade Presidente da Fecomércio-BA Jeito brasileiro Em entrevista ao jornal O Globo, o economista-chefe da Confederação, Carlos Thadeu de Freitas, explicou que as empresas brasileiras estão muito apertadas e, devido ao juro alto, deixam de cumprir algumas obrigações para manter outras. Numa casa, quando o orçamento estoura, as pessoas fazem o mesmo: não deixam de pagar a conta de luz, porque, senão, ela é cortada. Mas atrasam o IPTU, que pode ser pago depois sem maiores problemas. Com as empresas ocorre o mesmo: não estão aguentando recorrer aos bancos para fazer capital de giro e não podem deixar de pagar, para não perder o crédito nem o fornecedor, porque, senão, a atividade para. Não é maldade do empresário; é dificuldade, declara o economista. A manutenção dos estoques tornou-se mais cara, o que exige mais capacidade de otimização das compras por parte dos lojistas Luiz Carlos Bohn Presidente da Fecomércio-RS Apesar do cenário, sempre há aumento da demanda, motivada pelo 13º salário e pelo Natal Sebastião Campos Presidente da Fecomércio-PA Setembro 2014 n 170 15

REUNIÃO DE DIRETORIA Terceirização é necessária para o equilíbrio das empresas A necessidade de regulamentação da terceirização foi um dos temas debatidos na reunião da Diretoria da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) realizad a no dia 21 de agosto, no Rio de Janeiro. O presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, considerou o assunto como prioritário. A terceirização é absolutamente necessária para o equilíbrio do funcionamento das empresas. Não existe uma linha divisória material que possa dizer o que é e o que não é conveniente. É uma discussão complicada, porque uma legislação que venha a cercear a liberdad e de terceirizar vai atrapalhar muitas empresas, ponderou. Os empresários do comércio de bens, serviços e turismo estarão entre os principais impactados, caso a terceirização seja limitada ou proibida, conforme avaliou o diretor da CNC e presidente da Fecomércio-PI, Valdeci Cavalcante. Em todos os países desenvolvidos do mundo existe a terceirização, a facilitação para o empregador captar pessoas para trabalhar. Essa negativa que está ocorrendo é um retrocesso, afirmou. A realização do seminário Terceirização e o STF: O que esperar?, promovido pela CNC no dia 1º de setembro, mobilizou os empresários presentes à reunião. Esse seminário visa esclarecer, ver quais as providências necessárias para dar conhecimento à sociedade do que está acontecendo. As ameaças são grandes, e há possibilidade de que elas se tornem realidade, disse Antonio Oliveira Santos. É hora de os empresários lutarem por um marco regulatório que dê segurança jurídica, a fim de que o terceirizado e o empregad o da empresa tenham condições dignas de trabalho, para que os contratos firmados sejam respeitados. Esse seminário vai nos proporcionar condições de debate, afirmou o presidente da Fenavist, Odair Conceição (saiba mais sobre o seminário na página 22). Economia atual requer cautela O cenário econômico atual não é o i deal, mas também não é catastrófico. Essa é a avaliação feita pelo chefe da Divisão Econômica da CNC, Carlos Thadeu de Freitas, em apresentação realizada na reunião da Diretoria da entidade. Nós estamos vivendo ainda momentos bastante incertos no cenário internacional, mas tudo leva a crer que o ano que vem vai ser bem mais difícil, pois, à medida que os juros sobem nos Estados Unidos, nosso quadro aqui no Brasil muda, comentou Thadeu. Segundo o economista, até agost o dest e ano US$ 700 milhões de fluxos cambiais entraram no Brasil. No mesmo pe ríodo de 2013 a movimentação foi de US$ 2,2 bilhões. Para ele, o momento at ual vivido no País é uma anomalia. Essa anomalia é única e simples. Para manter o dólar nessa faixa de R$ 2,26 é importante que sejam feitas intervenções cambiais diárias para que o mercado se proteja de uma possível alta do dólar, comentou Thadeu, afirmando, também, que, com as intervenções feitas diariamente pelo Banco Central para manter o câmbio no patamar atual, no futuro os juros serão ainda mais altos, para evitar uma desvalorização mais forte. 16 Setembro 2014 n 170

REUNIÃO DE DIRETORIA Carlos Thadeu disse, ainda, que as medidas de incentivo ao crédito do Banco Central anunciadas em agosto não devem surtir efeito imediato, em um momento em que as famílias estão muito endividadas. Não adianta querer incentivar crédito e consumo se a capacidade de pagamento das famílias está menor. As rendas estão muito comprometidas, ainda mais com crédito imobiliário, que é um crédito longo. Está sobrando pouco espaço para comprar e para se endividar mais, completou o chefe da Divisão Econômica da CNC. Quanto ao cenário interno, Thadeu destacou os limites da atual estratégia de intervenções cambiais do Banco Central do Brasil e os riscos de um possível ajuste no câmbio. O Brasil ainda não está numa situação desfavorável porque acumulamos reserva, a nossa dívida interna ainda não é catastrófica e o governo, recentemente, tomou medidas mais acertadas, como concessões, entre outras coisas que seguraram os preços. Para finalizar, Thadeu recomendou cautela aos empresários, sobretudo na hora de acumular estoques. É hora de colocar o pé no freio, dentro do possível. Sempre haverá vendas que vão acontecer em certos setores, como alimentos e não duráveis, que ainda estão satisfatórios. Já as vendas de bens de consumo duráveis, que dependem de financiamento, este ano devem até cair. Por mais que o governo incentive, não vai ter condições de eliminar o estoque do varejo, explicou Carlos Thadeu. Câmaras Brasileiras do Comércio O vice-presidente Administrativo da CNC, Josias Silva de Albuquerque, registrou sua designação para coordenar e supervisionar o trabalho das Câmaras Brasileiras do Comércio, órgãos consultivos da Presidência da Confederação. Josias Albuquerque informou que, a partir de agora, os nomes indicados para integrar as Câmaras passarão por consulta às federações, como forma de prestigiar e fortalecer a atuação dessas entidades. Com isso, os senhores estão sentido que está sendo dada uma importância maior às Câmaras, que são fundamentais para o funcionamento da Confederação, disse Antonio Oliveira Santos. CERSC Ainda durante a reunião da Diretoria foi realizada a eleição do diretor da entidade Ari Faria Bittencourt para o carg o de 3º Diretor-Secretário da Confederação. O presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, informou que, com a eleição de Ari Bittencourt, fica em abert o uma vaga entre os diretores, que deverá ser ocupada por um dos suplentes da Diretoria. Além disso, também foram apresentados os novos integrantes da Comissão de Enquadramento e Registro Sindical do Comércio (CERSC), cujos efetivos são: Carlos Amaral, Daniel Mansano, Francisco Valdeci Cavalcante, Ivo Dall Acqua Júnior, Joel Carlos Köbe, Lázaro Luiz Gonzaga e Manoel Vieira Colares. Da esq. para a dir., Josias Albuquerque, Luiz Gil Siuffo, Antonio Oliveira Santos e Carlos Thadeu de Freitas durante a reunião: cenário econômico atual também foi tema de debate entre os diretores da CNC Ari Faria Bittencourt foi eleito para o cargo de 3º Diretor- Secretário da CNC Setembro 2014 n 170 17

ECOS DA DIRETORIA Eleições: Chegou a hora de a sociedade se manifestar O presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, comentou a realização das eleições gerais no País para a Presidência da República, que se realizam em 5 de outubro. Segundo Oliveira Santos, as opiniões a respeito da gestão do Brasil têm sido variadas, muitos contra, muitos a favor. Chegou a hora de a sociedade se manifestar sobre o que pretende para os próximos anos. É de uma responsabilidad e que muitas vezes não percebemos; uma decisão muito séria que vamos tomar. Possivelmente, teremos segundo turno, e isso vai envolver as nossas vidas particulares, nossas empresas, nosso país, afirmou o presidente da CNC. Organização patronal sobre a terceirização O presidente da Febrac, Edgar Segato Neto, discursou sobre a importância de o sindicalismo patronal se organizar para aprovar a regulamentação da terceirização. Segundo ele, as centrais sindicais laborais já estão se organizando no Ministério Público. A terceirização por parte da limpeza está assegurada pela Súmula 331 do TST. No caso da vigilância, a atividade está assegurada pela Lei 7.102, mas a grande discussão é que (as centrais sindicais) não sabem o que é atividade-fim. Todas as federações, aqui, vão sofrer, pois isso vai envolver a contabilidade da empresa, a parte de informática, a parte de transporte, que não vão poder ser terceirizadas. 18 Setembro 2014 n 170