1 - Analisar os gráficos da MDDA semanalmente para detecção de picos e possíveis surtos e identificação do período do surto (Impressos I e II);

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Transcrição:

INFORME TÉCNICO: ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO DE SURTOS DE DIARRÉIA A PARTIR DO AUMENTO DE CASOS DE DIARRÉIA REGISTRADOS PELO PROGRAMA DE MDDA (Monitorização de Doença Diarréica Aguda). 1a. ETAPA - ANÁLISE/ESTUDO DESCRITIVO 1 - Analisar os gráficos da MDDA semanalmente para detecção de picos e possíveis surtos e identificação do período do surto (Impressos I e II); 2- Agrupar os dados das SE (semanas epidemiológicas) com aumento de casos, por faixa etária, para análise de possíveis aumentos percentuais nas faixas etárias. Comparar com as SE anteriores, bem como, calcular as taxas de incidência, por faixa etária, por mil habitantes, ou 10 mil ou 100 mil habitantes, dependendo do tamanho do município. Calcular as médias semanais de casos de diarréia registrados nos anos anteriores colocando os resultados em gráfico e comparando com os casos semanais registrados no ano atual. Comparar se os picos excedem as médias anteriores, levantando as possíveis hipóteses para o aumento. Indicador de incidência: Tx. Incidência = no. de casos de diarréia no grupo etário x 1000 no. de habitantes no grupo etário 3 - Agrupar/analisar os dados por endereço, ruas e bairros para detecção de focos de diarréia/possíveis surtos. Providenciar uma listagem de nome e endereço dos casos pertencentes às semanas identificadas como apresentando casos acima das médias e picos. Delimitar quarteirões ou ruas onde serão aplicados os questionários para levantamento de fatores de risco e outros dados epidemiológicos (ver o questionário em anexo - ele representa um resumo do material já existente para facilitar a investigação de casos espalhados pela cidade aparentemente sem elo entre eles). 4 - Levantar prontuários de casos internados e/ou fichas dos atendimentos em PA ou PS para conhecimento da clínica, agente etiológico (verificar se coletaram exames e os resultados). Verificar a relação entre os casos bem como se conhecem outros casos de diarréia ocorridos na semana em que adoeceram, se tiveram contato com outros casos, se moram na mesma rua, se freqüentam a mesma creche/escola, trabalho, etc... Quando a informação vem de hospitais, principalmente com suspeita de rotavírus, é necessário verificar também se não se trata de surto intrahospitalar - muitas vezes a criança dá entrada no hospital com um determinado diagnóstico - por ex. cirurgia de fimose e adquire diarréia no hospital. 1

5 - Rastrear nos laboratórios clínicos da cidade, públicos e particulares os agentes etiológicos identificados em casos de diarréia no período do surto. Se o município implantou a Vigilância Ativa com base em laboratórios, terá dados adicionais para compreender se houve aumento da freqüência de algum tipo de patógeno informado pelos laboratórios. Esses levantamentos/rastreamentos ajudam a construir as hipóteses diagnósticas para explicar o surto. A partir dos endereços dos pacientes verificar se fazem parte das mesmas ruas e quarteirões identificados como focos de diarréia. Aplicar, o questionário também nesses pacientes identificados pelos laboratórios. Orientar todos os laboratórios que ao identificarem Rotavírus, deverão encaminhar o material para o IAL Central (o município deve providenciar esse envio). O mesmo deve ser feito para a Salmonella (identificação do sorotipo) e para as E. coli (identificação do sorotipo e perfil genético) e para outros patógenos emergentes identificados. Coletar outras amostras de fezes dos casos com diarréia, do surto em curso, e encaminha-los ao IAL para exames, detalhando os dados de identificação e clínica, tipo de material e suspeita dos agentes etiológicos. Quando for difícil estabelecer as hipóteses quanto ao agente etiológico, providenciar coleta de amostras para bactéria, vírus e parasitas, em pelo menos 10 doentes pertencentes ao possível surto. 6 - Fazer um croqui/mapa com as ruas onde se concentram os casos com vistas a aplicar os questionários em doentes e não-doentes (controles) nos locais escolhidos (o estudo pode ser de coorte e/ou caso-controle), bem como calcular os coeficientes de incidência por bairro. 7 - Levantar os laudos de água do Pró-Água e da Companhia de Água de Abastecimento Público da cidade nas duas semanas anteriores ao início do surto, bem como, investigar a possível ocorrência de acidentes ambientais, como vazamento de esgoto em ruas, refluxo de esgoto nas casas das pessoas, vendas clandestinas de produtos alimentícios nas ruas ou estabelecimentos clandestinos de alimentos, problemas com o lixo, criação de animais, animais domésticos, etc... 8 - Analisar as AIHs por diarréia no período; verificar se houve óbitos por diarréia no período - investigar. 2a. ETAPA - ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO ANALÍTICO Aplicar os questionários em doentes notificados, nos não-notificados encontrados no domicílio (parentes dos casos) e em não-doentes residentes nos domicílios visitados dos quarteirões e ruas delimitadas, preferentemente 2

naqueles com resultado positivo para o agente etiológico suspeito (caso confirmado laboratorialmente), realizando um estudo de caso-controle. Se por ex., forem encontradas crianças doentes que freqüentam creches, investigar o possível surto em creches aplicando o questionário para doentes e não doentes da creche (esse tipo de estudo é de coorte retrospectiva). Lembrar que é preciso estabelecer uma definição de caso (doentes) padronizada - por exemplo, todos aqueles que tiveram diarréia, causada pelo agente etiológico X, no período de / / a / /. Os que tiveram diarréia fora do período definido não devem ser entrevistados, pois senão não será possível comparar os dados. Definição de Não-doentes (controles): todos aqueles que não tiveram diarréia no período de / / a / / (no mesmo período dos casos). Lembrar que a definição de surto é: a ocorrência de dois casos ou mais devido a uma fonte/via/fator de risco comum de transmissão devidamente estabelecido pela investigação epidemiológica, o que só será possível através da aplicação dos questionários a doentes (casos selecionados da MDDA e outros rastreados) e não-doentes/controles. Outras instruções - acessar o site do CVE: http://www.cve.saude.sp.gov.br - clique em Doenças Transmitidas por Água e Alimentos, depois clique em Documentos e Manuais Técnicos e depois em Manuais e Slides do Curso de Atualização em VE DTA - 2004 - Investigação de surtos. 3a. ETAPA - PROCESSAMENTO DOS DADOS DOS QUESTIONÁRIOS Os dados dos questionários devem ser processados de preferência em Epi Info o que facilita fazer todos os cálculos para os vários fatores de risco levantados - cálculos da RR (risco relativo) em estudo de coorte, ou da OR (Odds ratio) em estudos de caso-controle, taxas de ataque, etc... Caso o município ou a DIR não trabalhe com Epi Info estaremos à disposição para consolidar esses dados bastando a DIR nos remeter os questionários e trabalharemos juntos para as conclusões necessárias. Outra maneira é colocar todos os fatores de risco pesquisados, sinais e sintomas, etc., no Resumo de Casos (Formulário 3 de investigação de surtos) e consolidar no Formulário 4 para o cálculo das taxas de ataque, risco relativo (RR), testes, etc.. - incluindo-se os doentes e não doentes entrevistados. E depois preencher o relatório final (Formulário 5). Todo esse material com as devidas instruções está no site do CVE no endereço já citado. Os fatores de risco/vias de transmissão encontrados/implicados/incriminados no estudo epidemiológico exigem uma pronta ação que poderá envolver outros órgãos/departamentos dependendo do tipo de problema. 3

No site do CVE - em Doenças Transmitidas por Água e Alimentos há orientações para todas as doenças. Na primeira página do site do CVE você também encontra mais algumas orientações para o Rotavírus. As gastroenterites virais costumam apresentar quadros muito semelhantes como vômitos, náusea, dores epigástrica e abdominal, anorexia, diarréia líquida, febre baixa, e podem ser causadas por rotavírus, norovírus, adenovírus e outros vírus. ATENÇÃO: 1) Estudos recentes desenvolvidos pela DDTHA/CVE mostram que somente de 10 a 20% das diarréias são causadas por rotavírus. 2) Uma investigação recente desenvolvida no Curso EPISUS, em conjunto com a FSP/USP, mostra que nos picos de diarréia registrados pela MDDA, ou através da análise de casos com vínculos a outros casos de diarréia (a partir da MDDA) foi possível identificar surtos de Giárdia, Cryptosporidium, Intoxicação alimentar intra-domiciliar, além de rotavírus. 3) Até o presente momento não há qualquer evidência de que adultos estejam sendo mais acometidos por rotavírus, pelo fato de as crianças menores de 1 ano terem sido imunizadas contra a doença. Não foram observados deslocamentos de faixas etárias na análise dos dados de diarréia disponíveis (MDDA). Para dirimir suas dúvidas, basta calcular o número de casos de diarréia, total e por rotavírus (confirmado laboratorialmente ou com vínculo epidemiológico ao caso confirmado laboratorialmente), pela população das respectivas faixas etárias e comparar as incidências, no ano em questão e em relação aos anos anteriores. 4) Ressaltamos que não há qualquer evidência de que pessoas em contato com crianças vacinadas contra o rotavírus possam se infectar e adoecer. Por isso, até o presente momento, contato com criança vacinada contra rotavírus não é fator de risco para as investigações dos surtos. O que é importante identificar é se alguma criança vacinada tenha contraído posteriormente a doença, que somente assim poderá ser classificada se for confirmada laboratorialmente para rotavírus. Na suspeita clínica de rotavírus, em crianças anteriormente imunizadas com a vacina, deve-se coletar uma amostra de fezes, nos primeiros dias da doença e até no máximo o 10º dia, e enviar a amostra para o Instituto Adolfo Lutz para testes diagnósticos e biologia molecular. 5) A DDTHA/CVE registrou, no início de agosto, um caso de um bebê de 7 meses, com suspeita clínica de rotavírus, vacinado com duas doses, sendo que 4

a análise de amostras de fezes foi negativo para rotavírus, e positivo para NOROVÍRUS. Além do bebê, adoeceram com o mesmo quadro clínico, o pai, a mãe e avó, configurando um surto por NOROVÍRUS. 6) Os testes realizados nas amostras enviadas ao IAL permitem identificar, no caso de rotavírus, se há outros genótipos circulando que não estejam sendo atingidos pela vacina. Não há, até o presente momento, nenhum caso de criança vacinada que tenha posteriormente adoecido por rotavírus. Resumindo: 1) Analisar os gráficos de MDDA por SE; 2) Comparar as proporções percentuais e a incidência por faixa etária entre as SE para verificar alteração no padrão da diarréia; 3) Comparar as médias semanais de diarréia com as médias de meses e anos anteriores; 4) Analisar os dados por bairros e ruas; 5) Se a conclusão for que houve aumento de diarréia ou mudança do padrão - investigar; 6) Coletar mais amostras de fezes para melhorar o diagnóstico etiológico dos casos ainda com diarréia, a serem investigados, e para identificar o(s) patógeno(s) responsável(eis); 7) Rastrear e analisar dados de laboratórios, buscando casos para a investigação; 8) Aplicar o questionário (em anexo) aos casos de MDDA para obter os elos epidemiológicos comuns entre eles e resultados de exames realizados, entre outras variáveis; 9) Selecionar os casos do agente etiológico suspeito de provocar o surto (por ex. casos confirmados de rotavírus investigação de possível surto por rotavírus, a partir dos doentes registrados pela MDDA e outras buscas nas SE suspeitas). 10) Selecionar os controles delineando o tipo de estudo; 11) Aplicar o questionário (em anexo) aos controles; 12) Analisar os dados para confirmar se é surto, qual a via de transmissão, etc. 13) Tomar as medidas adequadas; 14) Enviar relatórios aos vários níveis de VE comas conclusões e medidas tomadas. Agosto de 2006 DIVISÃO DE DOENÇAS DE TRANSMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR - CVE 5

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE/MINISTÉRIO DA SAÚDE CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE QUESTIONÁRIO PARA INVESTIGAÇÃO DE POSSÍVEL SURTO DE DIARRÉIA A PARTIR DA MDDA CASO NOTIFICADO [ ] CASO NÃO NOTIFICADO [ ] NÃO-DOENTE/CONTROLE [ ] (Marcar com um X) 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO NOME DATA NASC. / / IDADE NOME DA MÃE LOCAL DE TRABALHO (da MÃE ou PAI ou do entrevistado): ENDEREÇO RESID. TEL. BAIRRO/POVOADO ZONA URBANA [ ] RURAL [ ] MUNICÍPIO RENDA FAMILIAR (em salários mínimos): Até 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 3 a 5 ( ) Mais que 5 ( ) 2. SINAIS E SINTOMAS DATA DO INÍCIO DOS SINTOMAS / / DIARRÉIA: SIM [ ] NÃO [ ] DURAÇÃO DA DIARRÉIA (em dias) ASPECTO DA DIARRÉIA: LÍQUIDA [ ] PASTOSA [ ] N EVACUAÇÕES/DIA PRESENÇA DE: SANGUE [ ] MUCO/CATARRO [ ] GORDURA [ ] OUTRO (descrever) NÁUSEAS[ ] VÔMITOS [ ] Nº. vezes/dia FEBRE [ ] Temperatura máx./referida CÓLICA ABDOMINAL [ ] OUTROS SINTOMAS (descrever) Ordem de aparecimento dos sintomas (1º, 2º, 3º, 4º): FEBRE ( ) DIARRÉIA ( ) VÔMITO ( ) OUTRO ( ) Qual? 3. TRATAMENTO RECEBEU ATENDIMENTO MÉDICO? SIM [ ] NÃO [ ] DATA / / ONDE? FOI INTERNADO? SIM [ ] NÃO [ ] DATA / / ONDE? TRATAMENTO RECEBIDO: Hidratação venosa [ ] Sais para hidratação oral no serviço médico [ ] Sais para hidratação em casa [ ] Soro caseiro [ ] Tomou antibiótico? Qual Não sabe [ ] EXAMES LABORATORIAIS: FEZES [ ] VÔMITOS [ ] SANGUE [ ] OUTROS RESULTADO DO EXAME DE FEZES: DATA / / Realizado pelo Laboratório: (da coleta) Resultado confirmado pelo IAL? [ ] SIM [ ] NÃO Quantas vezes foi aos serviços médicos durante essa doença? Voltou a ter sintomas depois de 5 dias sem diarréia ou vômitos: SIM [ ] NÃO [ ] Quais? 4. FATORES DE RISCO NO DOMICÍLIO 4.1. CONTATOS NA FAMÍLIA: Moradores casa 1 2 3 4 5 6 7 8 Idade Ficou doente? (marcar um X ) Quando? (data) 4.2. OUTROS CONTATOS ANTES DO EPISÓDIO DE DIARRÉIA: O doente teve contato, antes da diarréia, com alguém com diarréia, ou contactante de alguém com diarréia?: Sim [ ] Não [ ] Nome Idade Data Contato de um doente * Doente * Vizinho ou amigo * Parente * Creche * Outro * (*) Marcar com um X quando SIM e em Outro, se SIM, especificar local. 4.3. PESSOAS QUE ADOECERAM APÓS CONTATO COM O CASO: NOME DATA ENDEREÇO OU TELEFONE / / / / / / 6

5. OUTROS FATORES DE RISCO 5.1. LOCAIS FREQUENTADOS NA ÚLTIMA SEMANA/OU MÊS QUE ANTECEDEU A DIARRÉIA (Especificar nome do local, endereço e data): [ ] VIAGEM DATA [ ] ESCOLA/CRECHE DATA [ ] FESTA DATA [ ] CLUBE/PISCINA/PARQUE DATA [ ] TRABALHO DATA [ ] OUTROS (Restaurantes, Padaria, Lagos, Rios, etc.) DATA 5.2. CONSUMO DE VERDURAS E FRUTAS: HORTA/POMAR [ ] SUPERMERCADO/MERCADO/QUITANDA [ ] DESINFECÇÃO COM: [ ] CLORO [ ] VINAGRE [ ] OUTROS [ ] NÃO DESINFETA 5.3. LEITE CONSUMIDO: PASTEURIZADO [ ] UHT/ LONGA VIDA [ ] DA FAZENDA [ ] LEITE EM PÓ [ ] MODO DE CONSUMO: CRU [ ] FERVIDO [ ] ESQUENTA SEM FERVER [ ] MAMA NO PEITO (se criança) [ ] USA MAMADEIRA (se criança) [ ] NÃO TOMA LEITE [ ] 5.4. ÁGUA CONSUMIDA: REDE PÚBLICA [ ] POÇO, MINA OU BICA [ ] RIO, LAGO [ ] MINERAL [ ] OUTRA [ ] MODO DE CONSUMO: TORNEIRA [ ] FILTRADA [ ] FERVIDA [ ] COM CLORO [ ] OUTRO [ ] Especificar tipo do filtro (Carvão, Ozônio, Barro, etc.) 5.5. SISTEMA PÚBLICO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA: CAPTAÇÃO: MANANCIAIS [ ] POÇO ARTESIANO [ ] OUTRO [ ] 5.6. SISTEMA DE ESGOTO DA RESIDÊNCIA/ESTABELECIMENTO: PÚBLICO [ ] FOSSA SÉPTICA [ ] FOSSA SECA [ ] ESGOTO A CÉU ABERTO [ ] DIRETAMENTE NO SOLO [ ] DIRETAMENTE NO RIO [ ] OUTRO [ ] 5.7.CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS (RESIDÊNCIA, CRECHE/ESCOLA, OUTRO LOCAL CONSIDERADO PROVÁVEL FATOR DE RISCO PARA O SURTO): Marcar com um R se os fatores críticos abaixo foram encontrados durante a visita à Residência, e/ou C se à Creche/Escola e/ou O se a outro estabelecimento. Especificar qual estabelecimento: [ ] CONDIÇÕES HIGIÊNICAS PRECÁRIAS NA COZINHA [ ] LIXO E OUTROS RESÍDUOS MAL DISPOSTOS [ ] CONDIÇÕES HIGIÊNICAS PRECÁRIAS NO (S) BANHEIRO (S) [ ] CONDIÇÕES HIGIÊNICAS GERAIS INADEQUADAS [ ] USO COMPARTILHADO DE TALHERES E OUTROS UTENSÍLIOS [ ] USO DE PENICOS PARA AS CRIANÇAS [ ] BEBEDOUROS E ÁREA DE LAVAGEM DE ROUPAS COMPARTILHADAS [ ] A (S) CRIANÇA (S) USA(M) FRALDAS [ ] HIGIENE PRECÁRIA DE MAMADEIRAS E CHUPETAS [ ] A (S) CRIANÇA (S) USA(M) CHUPETAS [ ] LAVAGEM DE MÃOS INADEQUADAS: NA TROCA DE FRALDAS[ ], ÀS REFEIÇÕES [ ], OU NO PREPARO DE ALIMENTOS [ ], OU NO CUIDADO COM AS CRIANÇAS [ ] [ ] OUTROS(Descrever): 5.8. CONTATO COM ANIMAIS: SIM [ ] NÃO [ ] Se SIM especificar espécie, quantidade e se há criação na residência ou proximidades: 5.9. CONSUMO DE ALIMENTOS: (a pergunta deve considerar o tempo antecedente ao início da diarréia compatível com o tempo de incubação do agente etiológico ou hipótese (s) diagnóstica (s). ALIMENTO SIM NÃO ORIGEM/ LOCAL DE COMPRA MARCA ÁGUA LEITE QUEIJO IOGURTE DOCES SUCOS CARNE BOVINA CARNE SUÍNA AVES PEIXES FRUTOS DO MAR LINGÜIÇA SALSICHA PRESUNTO SALAME MORTADELA OVOS ARROZ FEIJÃO VERDURAS: LEGUMES: FRUTAS OUTROS CASO: PRIMÁRIO [ ] OU SECUNDÁRIO [ ] (Concluir após a análise epidemiológica do caso e datas de início de sintomas e contatos - preencher o esse campo só para os casos (não para não-doentes/controle). Data da Investigação / / Nome do entrevistador (legível) Assinatura 7

INSTRUÇÕES PARA O PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO Este questionário foi elaborado para auxiliar a investigação de surtos de diarréia a partir da detecção de aumento de casos de diarréia, aparentemente esporádicos, registrados pelo programa de Monitorização da Doença Diarréica Aguda - MDDA. Trata-se de material complementar ao já utilizado na investigação de Surtos de Doenças Transmitidas por Água e Alimentos, disponível no site do CVE: http://www.cve.sp.gov.br, clique em Doenças Transmitidas por Água e Alimentos, em Documentos e Manuais Técnicos e em Manuais e Slides do Curso de Atualização em VE DTA - 2004. Surtos ocorridos em ambientes fechados e/ou com forte suspeita de transmissão alimentar não dispensam o preenchimento do Formulário 02 (Ficha Individual de Investigação de Surto de Doença Transmitida por Alimentos/Água) com campos mais detalhados para a História de Consumo Alimentar e Fontes Comuns de Transmissão). - Marcar com um X se quem está sendo entrevistado é Caso Notificado (doente que foi notificado através da MDDA) ou Não Notificado (encontrado no domicílio por ocasião da investigação domiciliar ou nos levantamentos feitos junto aos serviços médicos e laboratórios) ou se se trata de Não-Doente/Controle (em investigação epidemiológica de surtos de diarréia/dta é necessário aplicar os questionários também para os não-doentes, para possibilitar a identificação da via/fonte/alimento comum de transmissão - geralmente os tipos de investigação são de coorte retrospectiva ou de caso-controle - maiores instruções sobre o tipo de investigação a ser feita encontram-se disponíveis no endereço do site acima citado). - Em 1. Dados de Identificação: anotar nome do doente ou do não-doente/controle, data de nascimento, idade, nome da mãe, local de trabalho do pai ou da mãe ou do entrevistado, endereço da residência do entrevistado, telefone, bairro/povoado, se zona urbana ou rural, município de residência e renda familiar em salários mínimos. - Em 2. Sinais e Sintomas: preencher, somente para os doentes (notificados e não notificados) - data do início dos sintomas, se teve diarréia (Sim ou Não); a duração da diarréia em dias; o aspecto da diarréia (se líquida ou pastosa); o número de evacuações por dia; se há presença de sangue, ou de muco/catarro, gordura (geralmente observam-se gotas de gordura) ou outro, por exemplo: grumos ou "raios" que parecem de sangue, verme, etc.; se tem ou teve náuseas; vômitos (anotando o número de vezes por dia); se tem ou teve febre e a temperatura máxima atingida ou referida; se tem ou teve cólica abdominal e outros sintomas (por exemplo, coriza, tosse, dor de cabeça, dor muscular, etc.). Anotar a ordem de aparecimento dos principais sintomas (1º, 2º, 3º, 4º): por exemplo - Febre (2º), Diarréia (3º), Vômito (1º), Outro (4º) Qual? Coriza. - Em 3. Tratamento: preencher somente para os doentes (notificados e não notificados): se recebeu atendimento médico, a data e o nome do serviço médico; se foi internado, a data e o nome do hospital; qual o tratamento recebido - hidratação venosa, sais para hidratação oral no serviço, sais para hidratação oral em casa ou soro caseiro, se tomou antibiótico e qual ou não sabe; se realizou exames laboratoriais; de fezes, de vômitos, de sangue e outros; qual o resultado do exame de fezes, a data (perguntar a data da coleta) e qual laboratório que realizou o exame. Se o paciente não sabe o resultado - anotar no campo o resultado fornecido pelo laboratório IAL ou de outro laboratório quando se trata de caso notificado ou rastreado/busca ativa. Perguntar quantas vezes foi aos serviços médicos durante o episódio e se voltou a ter sintomas depois de 5 dias sem diarréia ou vômitos, e quais os sintomas que voltou a ter. - Em 4. Fatores de Risco no Domicílio: Em 4.1. Contatos na família: [preencher os campos tanto para os moradores dos doentes entrevistados (notificados e não notificados) quanto para os não doentes]: identificar a idade dos moradores [em meses (m) para os menores de 1 ano, em anos (a) para 1 ano ou mais], marcar com um X quem ficou doente e data do início dos sintomas; OBS: Não preencher aqui os dados do doente entrevistado mas apenas dos que moram junto com ele. Exemplo: Nesta casa o CASO/doente entrevistado (uma criança com 1 ano e 8 m com início dos sintomas em 17/08/2004) tem mais cinco parentes - pai (morador 1), mãe (morador 2), tia (morador 3), irmão (morador 4) e irmã (morador 5). Moradores casa 1 2 3 4 5 6 7 8 Idade 39 a 34a 25a 12a 6a Ficou doente? (marcar um X ) X Quando? (data) 21/08/2004 Em 4.2. Outros contatos antes do episódio de diarréia: [preencher os campos para os CASOS/doentes (notificados e não notificados)] - anotar o nome de pessoas com diarréia ou contactantes (alguém que teve contato ou cuidou de doentes com diarréia). Exemplo 1: (a criança acima < 2 anos com início dos sintomas em 17/08/2004): O doente teve contato, antes da diarréia, com alguém com diarréia, ou contactante de alguém com diarréia?: Sim [ X ] Não [ ] Contato de Doente * Vizinho ou Parente * Creche * Nome Idade Data um doente * amigo * João Maria da Silva 2a 15/08/2002 X X Outro * (*) Marcar com um X quando SIM e em Outro, se SIM, especificar local. Exemplo 2: (uma criança com 4 anos com início dos sintomas em 27/08/2004): O doente teve contato, antes da diarréia, com alguém com diarréia, ou contactante de alguém com diarréia?: Sim [ X ] Não [ ] Contato de Doente * Vizinho ou Parente * Creche * Nome Idade Data um doente * amigo * Luiza Ferreira 20a 23/08/2002 X X (*) Marcar com um X quando SIM e em Outro, se SIM, especificar local. Outro * 8

Em 4.3. Pessoas que adoeceram após contato com o caso: preencher neste campo o nome das pessoas que adoeceram após o contato com o caso/doente que está sendo entrevistado. Exemplo: (a criança acima < 2 anos com início dos sintomas em 17/08/2004): _Waldirene Silva_(irmã) 21_/_08 /_2004 o mesmo endereço do CASO Cláudia da Silva_(avó) 22_/_08_/_2004 _ Trav. Barro Vermelho, 51 - Tel XX YY ZZ - Em 5. Outros Fatores de Risco preencher para casos/doentes (notificados e não-notificados e para nãodoentes/controles todos os fatores de risco detalhados em 5.1 a 5.9. Atenção especial para o item 5.9. Consumo de Alimentos: a pergunta deve considerar o tempo antecedente ao início da diarréia compatível com o tempo de incubação do agente etiológico ou hipótese (s) diagnóstica (s). Por exemplo, bactérias podem ter um período de incubação que varia de 1 hora a 7 ou 8 dias. Se a população afetada pelo surto ingeriu água suspeita de contaminação com Shigella (talvez veiculada pelo sistema de água pública sem cloro ou por uma mina/bica ou poço comum contaminado, ou por sanduíches vendidos na lanchonete do bairro, deve ser considerado que a Shigella pode ter um período de incubação que varia de 1 a 7 dias, caso seja essa uma das hipóteses diagnósticas levantadas pelo estudo descritivo prévio (clínica, fatores ambientais, inspeções visuais, etc.) ou tenha sido já identificado o agente etiológico de alguns casos - dessa forma perguntamos sobre hábitos alimentares durante a última semana que antecedeu o início dos sintomas e sobre esse mesmo período é que se perguntará sobre os hábitos dos não-doentes/controles; já os parasitas costumam ter um período prolongado de incubação que pode variar geralmente de 1 a 2 semanas, mas, em alguns casos até 4 semanas - assim pode ser necessário indagar sobre hábitos alimentares (inclusive outros hábitos de vida como viagens, freqüência à piscinas, lagos, rio, etc. - ver item 5.1) referentes ao último mês que antecede o início dos sintomas. Os vírus têm um período de incubação que pode variar de algumas horas a 14 dias, mas os Rotavírus costumam variar de 1 a 3 dias. Assim, a coleta de amostras para exames de fezes em suspeita de surtos com casos espalhados pela cidade, para bactéria, parasita e vírus, em um número suficiente de amostras considerando as concentrações de casos por dia, bairro/rua, faixa etária de incidência (pelo menos 10 amostras pelas concentrações de casos identificadas), será de grande utilidade para aplicar os questionários e estabelecer, através da investigação, se há um elo epidemiológico entre eles, isto é, se se trata de um surto mesmo, de um problema de saúde pública, ou apenas de um aumento das notificações de casos esporádicos de diarréia. No item 5.9. detalhar origem/local de compra do alimento (nome, endereço), marca do produto se tiver. A população pode também ter o hábito de adquirir alimentos caseiros como queijo, linguiça, yougurtes, doces, biscoitos, verduras, frutas, etc., vendidos por carrinhos, caminhões que passam nas portas da casas, ou consumir alimentos de rua, o que deve ser devidamente anotado. - Em Caso: Primário ou Secundário: Marcar com um X após as análises epidemiológicas dos casos e contatos. Outras recomendações: Antes de partir para a investigação de campo, os entrevistadores devem estar a par de todas as informações sobre o provável surto, conhecer os resultados do estudo descritivo e dados sobre a área de trabalho, e conscientes da importância de se preencher os questionários com todo o rigor. Devem estar bem treinados, com todas as dúvidas sanadas, buscando-se uniformizar a linguagem a ser utilizada na entrevista, bem como, simplificar a forma de se fazer as perguntas para que os entrevistados compreendam bem o que está sendo perguntado e suas respostas correspondam à verdade. Uma simulação das entrevistas deve ser feita entre eles para se familiarizarem com o questionário. Um telefone do Coordenador da Investigação local deve estar disponível para quaisquer dúvidas dos entrevistadores em campo e para imprevistos que surgirem, os quais devem ser resolvidos no menor tempo possível. Questionários preenchidos incorretamente, com dados dúbios ou sem dados devem ser re submetidos à nova entrevista para as devidas correções. 9