FUNDAMENTOS NARRATIVOS E FIGURATIVOS DO MONSTRO

Documentos relacionados
O conto: modalidade narrativa curta, no qual o espaço e o tempo são reduzidos e com poucas personagens.

Sapo-cururu, Na beira do rio, Quando o sapo canta, Oh maninha, É que está com frio.

Era uma vez... A Arte de Contar Histórias

COM DEUS APRENDI A PERDER PARA GANHAR

NOSSO LIVRO DO FOLCLORE

ESCOLA ESTADUAL BUENO BRANDÃO PROJETO INTERDISCIPLINAR - 1 ANO- AGOSTO / 2010 PROFESSORA: NEUSA APARECIDA VIANA BERNARDES

Ruth Rocha conta a Odisseia Adaptação por Ruth Rocha

Seres Mitológicos. Prof. Adolfo Serra Seca Neto Informática 1 25/10/2008

ENTENDENDO A MITOLOGIA GREGA

REDAÇÃO. aula Frases Siamesas

MÔNICA - CENTRO DE ESTUDOS - Seleção de livros. 4º ano. Deu Queimada no Cerrado

LENDAS DO FOLCLORE BRASILEIRO.

HOMILIA CATEQUEÉ TICA PARA A PAÁ SCOA DE 2016

FORMAÇÃO CONTINUADA EM LÍNGUA PORTUGUESA

Manual da Conversa. Nesse ebook você irá aprender algumas estratégias para manter sua conversa rolando e evitar aquele temido "branco".

As Aventuras de Azur e Asmar

LISTA DE TRABALHOS 3º ANO 2019/ 1º BIMESTRE

Tópico I. Procedimentos de Leitura. D6- Identificar o tema de um texto. D14 - Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.

O USO DE FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NA 3ª SÉRIE DE UMA ESCOLA PÚBLICA

Exercício Extra 19 A COISA

Sistema COC de Educação Unidade Portugal

Agrupamento de escolas de Sardoal Escola EB 2,3/S Dra. Maria Judite Serrão de Andrade BIBLIOTECA ESCOLAR

Desenho Conceitual e StoryBoard- David de Oliveira Lemes Linguagem Audiovisual em games - Eliseu de Souza Lopes Filho O Guerreiro

1.º C. 1.º A Os livros

Escola Bíblica Dominical A idéia bíblica do inferno. IPB Angra dos Reis - 27/02/2011 Pr Dusi

PLANIFICAÇÕES 5º Ano

Confraria do Machado. O Reino de Duhan-Castil. Rafael Alves

O livro Apocalipse 27 A visão do grande julgamento ( ) JörgGarbers Ms.deTeologia

Cinema na escola: O Tempo e o Vento. Trecho da série para TV (1985):

Conhece a Ana. // Perfil

Biografia de Vanda Furtado Marques Apresentação da História: Violeta a menina que regava o mundo com

ESTUDO BÍBLICO PROFESSOR

Planejamento LENDAS DO FOLCLORE BRASILEIRO LENDAS DO FOLCLORE BRASILEIRO

Cubo Mortal. Regras Versão 0.1. Autor: Tiago Junges Design: Aline Rebelo

COLÉGIO ARNALDO 2014

Quando contamos, ouvimos ou escrevemos uma história, temos uma narrativa. É o relato de fatos e acontecimentos que ocorrem a determinado(s)

O legado da Filosofia grega para o Ocidente europeu

Poetisa de. Saturno. Amanda Rêgo

6. o ANO FUNDAMENTAL. Prof. a Dinanci Silva Prof. a Rizonilde Araújo

Três Poemas Sobre Pinturas De Christopher Pratt

CADERNO DE EXERCÍCIOS 1F

01- De acordo com o texto 1, escreva os nomes dos bichos que aparecem no texto.

Para aprenderes a escrever textos narrativos primeiro deves compreender como estão organizados.

1 o ano Ensino Fundamental Data: / / Nome: Pinóquio

Prova simulada de CIÊNCIAS Parcial II

ESCATOLOGIA BÍBLICA. Apocalipse

ROSANA RIOS. Três noites de medo

Como o Carnaval é celebrado ao redor do mundo

1. Vive a perambular e a agir de forma estranha e instintiva. 2. Um ser privado de vontade própria. 3. Vivem em bando pois é mais fácil de atacar a

texto narrativo ação espaço tempo personagens narrador. narração descrição diálogo monólogo

Capítulo I. A Estreia do Filme

A dissertação argumentativa exige que você opine e tente convencer o leitor a respeito de algo.

MINISTÉRIO DE GRUPOS PEQUENOS Mas lhes ensinei tudo, publicamente e de casa em casa. Atos 20.20

Ensino Fundamental Nível II

Caminhos da Fé Rafael Alves

Exercício Extra 31. Nome: Turma:

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO

UNIDADE: Diz que.../brasil. SITUAÇÃO DE USO Contação ou leitura de lendas.

O livro Apocalipse 28 A visão da nova criação (21.1-8) JörgGarbers Ms.deTeologia

TOTAL DE PÁGINAS DA EDIÇÃO: 99

LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL

MITO E RAZÃO. A passagem do mito à Filosofia

O mundo doce de Maria

COMO ESTE SALVAR A TUA VIDA OUTRAS COISAS BOAS... continua a ler!

COMO ESCREVER UM ROTEIRO EM SETE DIAS Por AUGUSTO FERREIRA

TRABALHO BIMESTRAL INTERDISCIPLINAR. 3º Bimestre

DESCRITORES: D5 - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso. D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.

ESCOLA BÁSICA FREI JOÃO DE VILA DO CONDE

TODOS CRESCEM, POUCOS AMADURECEM. Anésio Rodrigues

COMO FORMATAR UM ROTEIRO PARA HQ

CARNAVAL. Tâmara Barros

Área: Linguagem oral - Semântica. Faixa etária: 3 aos 5 anos. Objetivo: Evocação de palavras dentro do mesmo campo semântico

Intr odução. mor te do outro. acontecimento. morte. o seu lugar

A CARTA DE TIAGO. Um estudo comparativo das bases da teologia católica e protestante

6. o ANO ENSINO FUNDAMENTAL PROF. FRANCISCA AGUIAR PROF. SUZY PINTO

TRABALHO DO LIVRO DOZE REIS E A MOÇA NO LABIRINTO DO VENTO. Data: 07 / 08 / 2019 Professor (a): Sandra Valor: 7,0 Nota:

Problemas de matemática para o 2 ano

Características gerais

Total. Entre 35 e 59 anos. Entre 25 e 34 anos. Entre 16 e 24 anos

1-INTRODUÇÃO. Aula 2 Mito e filosofia:

A LITERATURA É A ARTE QUE SE MANIFESTA PELA PALAVRA, SEJA ELA FALADA OU ESCRITA

Contagem e Probabilidade Soluções do Exercícios Adicionais. Paulo Cezar Pinto Carvalho

Total. Entre 25 e 34 anos. Entre 16 e 24 anos. Mais de 60 anos. Entre 35 e 59 anos

DIÁRIO DE SALA 6º ANO 1º BIMESTRE 2018

A ATUALIDADE DA ESCATOLOGIA. Aula 1. O interesse humano pela escatologia

HISTÓRIAS DE ENCANTAR E ALGUMAS LENDAS NO UNIVERSO

Introdução à Anatomia

O Sacramento da Ordem - V Seg, 29 de Dezembro de :26 - Pe. Henrique Soares da Costa

Corpo: a fronteira com o mundo VOLUME 1 - CAPÍTULO 2

ESCOLA SECUNDÁRIA/3 RAINHA SANTA ISABEL ESTREMOZ PLANIFICAÇÃO ANUAL

História da Igreja. Prof. Dener I Aula 1 I 19/03/2017

Educação Difusa: a tradição oral

INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

JOGO DA MEMÓRIA DE 10 ESCOLHA UMA DUPLA PARA JOGAR ESTE JOGO. LEIA AS REGRAS E BOM DIVERTIMENTO!

Deus cuida de Elias Por Ana Lúcia e Marina Mantovani de Oliveira

RESENHA. CARDOSO, Francilene do Carmo. O negro na biblioteca: mediação da informação para a construção da identidade negra. Curitiba: CRV, p.

00:09:05,081 --> 00:09:10,571 O Brasil é uma parte do nosso coração.

Transcrição:

FUNDAMENTOS NARRATIVOS E FIGURATIVOS DO MONSTRO SEMIÓTICA PROF. ALEMAR RENA Aula baseada em texto do livro "Semiótica: objetos e práticas", de Ivã Carlos Lopes (org.).

O monstro é velho conhecido da tradição de povos de todos os tempos. Ele aparece com freqüência nas tradições orais, na literatura, nas artes plásticas e dramáticas, nas religiões e nos rituais

Veremos alguns fundamentos narrativos e figurativos que servem comumente para indicar os monstros como tais.

Conhecemos muitos monstros, todos diferentes entre si, mas o que os reúne, o que os caracteriza?

Os formalistas russos definiam monstro como um cruzamento de duas ou mais séries heterogêneas como, digamos, a série humana e a série animal.

Ambroise Paré, primeiro-cirurgião do rei Charles IX, em 1573 publicou um livro sobre monstros terrestres e marinhos. Ele escreve: existem monstros que nascem metade figura de bestas, metade figura humana (...), que são produtos sodomitas e dos ateus, que ferem a natureza e se juntam aos animais (...). Grande é o horror que se abate sobre o homem e a mulher que andam com as bestas sem raciocínio e com elas compulam, porque dessa péssima união nascem os meio-homem e meio-bichos.

Além de cruzamento de séries heterogêneas, há outras maneiras de expressar a monstruosidade: como forma incompleta (por exemplo, os cíclopes) ou como forma excessiva (por exemplo, os seres gigantescos, ou, ainda, aqueles dotados de muitos membros, como o cão cérebro)

Em resumo, em todos esses casos, o monstro aparece como a conjunção de duas formas, uma forma própria e uma forma imprópria

Para que serve um monstro na narrativa? Greimas observa que a presença do oponente já manifesta metonimicamente um antiprograma implícito e evidencia a estrutura polêmica da narrativa. Esse parece ser o caso de todas as histórias onde existe um monstro. Sua simples presença traz consigo um desafio.

A fim de demonstrar melhor o fato, a narrativa apresenta freqüentemente adversários que terminam facilmente vencidos pelo monstro. O que pode haver de especial no herói, aquele que vai vencer o monstro?

Muitas vezes, essa resposta não é revelada pelo herói, mas pelo próprio monstro. O corpo do monstro exibe comumente os principais elementos de sua competência (...) Podemos prever, inclusive, o tipo de combate a ser travado com base nesses elementos.

Cada elemento da competência do monstro é um elemento a ser compensado pela competência do herói. Diríamos que existe, portanto, uma certa simetria entre o herói e o monstro; além desses aspectos da competência de cada um, os dois são sobrehumanos - entre os gregos, inclusive, tanto um quanto o outro são de linhagem divina.

Essa simetria, no entanto, não é completa, já pelo simples fato de que há um vencedor e um vencido no combate final. Ao contrário do destino clássico do herói no conto popular, o monstro nunca morrer de morte natural, e raramente chega a envelhecer. Ele normalmente é assassinado no auge de seus poderes... E, apesar de seus feitos durante a vida, depois de sua morte o monstro nunca é celebrado ou divinizado como o herói.

O lugar dos monstros Em geral, o espaço do monstro é diferente daquele do homem comum: ele está nos céus, no inferno, nas profundezas subaquáticas, nas florestas. Esses elementos contribuem, ao lado da forma imprórpia imprópria de que já falamos, para reforça a idéia de estranheza do monstro.

O espaço do monstro é o outro espaço, distante, misterioso, desconhecido; o espaço do herói é o nosso espaço, palpável, familiar, presente. Um homem simples, de família popular. Muitos monstros não podem ser separados do espaço onde vivem. Formam com seu espaço uma unidade estável, de tal maneira que não se pode conceber um sem o outro.

A MULA SEM CABEÇA FONTE: WIKIPEDIA A versão mais difundida é de que se uma mulher, virgem ou não, que tivesse coito com um padre católico, se transformaria em Mula-sem Cabeça. Outra versão é que, se um padre engravidasse uma mulher e a criança fosse do sexo feminino viraria mula-sem cabeça e se fosse menino seria um lobisomem.

A Mula-sem-cabeça sai pelos campos soltando fogo pelas ventas e relinchando, apesar de não ter cabeça. Seu encanto, segundo a lenda, somente será quebrado se alguém conseguir tirar o freio de ferro que carrega. Em seu lugar, aparecerá uma mulher arrependida.

Também há uma versão mais antiga ainda, que conta que em um certo reino, a rainha tinha a mania de ir certas noites ao cemitério, sem permitir que ninguém a acompanhasse. O rei, então, decidiu seguir sua mulher, secretamente, durante uma dessas saídas, e encontrou-a debruçada sobre uma cova, que abrira com as próprias mãos cheias de anéis,devorando o cadáver de uma criança, enterrada na véspera. O rei, então, soltou um berro horrível, e quando sua mulher viu que fora pega em flagrante, soltou um berro mais terrível ainda, se transformando assim na Mula-Sem-Cabeça.

KING KONG King Kong é um personagem de cinema, um gorila gigante, famoso pelo clássico filme King Kong. O nome do primata é Kong, sendo o prenome King (Rei, em português), dado pelos promotores da desastrosa exibição pública em Nova York, contada no filme.