ESTADO DE SANTA CATARINA PODER JUDICIÁRIO



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Transcrição:

Autos n Ação: / : : ESTADO DE SANTA CATARINA Vistos etc. ANTONIO LUIZ DOS SANTOS, qualificado nos autos, ajuizou ação ordinária de reconhecimento de direito contra a AGF BRASIL SEGUROS S/A, identificada nos autos, alegando, em síntese, que contratou com a ré seguro de vida em grupo, com as coberturas de morte natural, morte acidental, invalidez permanente por acidente e por doença, em 22/07/1974, quando trabalhava na Fundição Tupy S/A, sendo o prêmio de seguro descontado do Demonstrativo Mensal de Pagamento. Aduz que, quando se desligou da empresa, manteve o plano de seguro de vida, aderindo, em 18/03/1993, ao novo contrato. Em 28/02/1998, passou a perceber o auxílio-doença, em face de complicação de quadro clínico de doença cardíaca e, após passar por constantes perícias no órgão previdenciário oficial, foi concedido em definitivo a aposentadoria por invalidez em 29/03/2000. Ressalte-se que não houve qualquer recomendação pericial para que o autor entrasse em processo de readaptação ou reabilitação profissional. Argumenta que, em 10/05/2000, comunicou a ré de sua aposentadoria por invalidez, através de aviso de sinistro e relatório do médico assistente, que atestou e confirmou a invalidez decretada pelo INSS, o qual declara ser a invalidez definitiva, estando o paciente totalmente incapaz para o trabalho. Em resposta a ré solicitou a remessa de novos exames médicos, bem como, outro relatório do médico assistente informando o início da doença, diagnóstico e período de tratamento. Após a análise dos documentos enviados, informou a negativa da cobertura do seguro. Diante de tal negativo, postula em juízo o reconhecimento de direito a indenização correspondente à R$ 72.426,28 ( setenta e dois mil, quatrocentos e vinte e seis reais e vinte e oito centavos), valor este atribuído à causa. Juntou documentos (fls. 07/26) A ré foi citada e ofertou contestação, em forma de contestação (fls. 40/64), acompanhada de documentos (fls. 65/87), alega, em síntese, que a contratação dos seguro foi celebrada com omissão do segurado, ora autor, por ocasião do seu pedido de seguro, na data de 18/03/1993, de que já encontrava-se acometido de doença cardíaca, da qual já vinha se tratando desde de julho de 1992, sendo preexistente ao seguro, e por ter agido de má-fé, implica na exoneração da seguradora de indenizar o segurado, pelo fato de tê-la induzido ao erro quando preencheu o novo contrato de seguro. No mais, alega que a moléstia da qual o autor é portador o inabilita apenas parcialmente para o trabalho, estando apto, porém, a exercer outras atividades laborativas. Em se tratando de invalidez permanente por doença, particulariza, para fins de cobertura, somente a incapacidade total e não a parcial, pois é imperativo a negação do feito, por estar disciplinado no art. 1.460 do Código Civil que, quando o segurador limitar ou particularizar os riscos, por outros não responderá. Por fim, requereu a improcedência da demanda. Réplica (fls. 90/92), alega que, a questão posta em juízo está prevista no art. 1.432 do Código Civil. Esclarece que não restou evidenciado nos presente autos a má-fé do autor, de modo a autorizar a exoneração do pagamento da verba securitária. No mais, afirma que contratou o seguro de 22/07/1974 à 04/03/1993, portanto, mais de 18 anos e que em momento algum foi requerido pela ré nenhum exame médico ou atestado de saúde, que comprovaria seu real estado. 1 Em manifestação a petição de fls. 90/92 alega a ré

que, em virtude da rescisão contratual de trabalho que o autor realizou com sua ex-empregadora, realizou-se um novo contrato com a seguradora, portanto, as informações prestadas anteriormente ao novo contrato não são válidas. No mais, reafirma que o autor faltou com a verdade ao não informar que possuía problemas de saúde, sendo omisso ao contratar a nova apólice de seguro, não merece respaldo as pretensões do autor (fls. 96/99). Audiência de conciliação (fls. 100), a qual restou infrutífera. É o relatório. D E C I D O. O feito comporta o julgamento antecipado, posto inexistir necessidade de produção de provas em audiência (artigo 330, inciso I, do CPC), diante da matéria tratada nos presentes autos. A propósito: " Presentes aos condições que ensejam o julgamento antecipado da causa, é dever do juiz, e não mera faculdade, assim proceder." (STJ-4ª Turma, Resp. 2.832-RJ, rel. Min. Sálvio de Figueiredo, j. 14.8.90, DJU 17.9.90, p. 9.513). Trata-se de ação ordinária de reconhecimento de direito, postulada por Antônio Luis dos Santos em face de AGF Brasil Seguros S/A, objetivando o recebimento do valor da apólice de seguro, referente a invalidez permanente por doença. Estando presentes os pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo, bem como as condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade de partes), passo a análise do mérito. Do cotejo dos autos restaram cabalmente demonstrados os fatos constitutivos do direito do autor. A ré, a fim de se eximir do pagamento da indenização, sustenta que, em razão da rescisão contratual de trabalhor com sua ex-empregadora, o autor realizou-se um novo contrato com a seguradora, portanto, as informações prestadas anteriormente não são válidas, sustentando a existência de doença preexistente. Depreende-se dos autos que foi realizado um contrato de seguro entre o autor e a ré, iniciado no ano de 1974 e renovado em 1993. O autor após diagnosticado problemas de saúde de natureza cardíaca, passou a perceber ao auxílio-doença em 28/02/1998. Com a realização de perícias, através do órgão previdenciário oficial, constatou-se o agravamento de seu quadro clínico, fato que resultou na sua aposentadoria por invalidez em 29/03/2000 (fls. 12). A seguradora alega que após a realização do novo contrato de seguro, o autor se omitiu de informar que apresentava problemas cardíacos, não tendo esta portanto o dever de lhe indenizar. Porém, o Dr. Sérgio Luiz Sprotte Kormann, em atestado de fls. 19, afirma que, o autor teve de fato um infarto anterior a 07/92, porém o quadro clínico agravou-se progressivamente e somente em 1994 foi operado e afastado de suas atividades. 2 Nota-se que no momento em que o autor renovou o contrato com

a seguradora, ou seja, 18/03/1993 estava apresentando problemas médicos, entretanto, diante da progressividade do agravamento de seu quadro clínico, apenas se tornou inapto ao trabalho em 1994, data posterior ao contrato, nota-se que o autor não agiu de má-fé, pois o fato de ter sofrido um infarto em 1992 não o impede de trabalhar e de se recuperar. Portanto a alegação de que o autor agiu de má-fé, ao realizar novo contrato, sabendo que estava em fase de tratamento não se mantém. Acrescente-se que, ao contrário do sustentado pela ré, o último contrato deve ser entendido como confirmação dos anteriores e, portanto, igualmente, não haveria que se falar em doença preexistente. Consta da declaração de fls. 21: "Declaramos para os devidos fins, que o Sr. ANTONIO LUIZ DOS SANTOS, (...), ex-funcionário, trabalhou no período de (22.07.74 à 04.02.93) e participou da apólice de seguro de vida em grupo atribuída pela empresa a todos seus funcionários com desconto mensal do prêmio em folha de pagamento. Na época do seu desligamento (04.02.93),a empresa tinha como seguradora a BRASIL SEGUROS". Observe-se que, o autor se desligou da empregadora em 04/02/1993 e o contrato individual com a ré foi firmado em 18/03/1993 (fls. 08), ou seja, escolheu a mesma seguradora e em tempo exíguo, pois tinha a expectativa legítima de que estaria dando continuidade ao contrato anterior, firmado em 1974. Acrescente-se que, conforme alegação do autor a ré nunca lhe solicitou a realização de exames, portanto, a expectativa legítima do autor deve ser mantida. "O caso dos tomates 'Contrato. Tratativas. Culpa in contrahendo. Responsabilidade civil. Responsabilidade da empresa alimentícia, industrializadora de tomates, que distribui sementes, no tempo do plantio, e então manifesta a intenção de adquirir o produto, mas depois resolve, por sua conveniência, não mais industrializa-lo, naquele ano, assim causando prejuízo ao agricultor, que sofre a frustração da expectativa de venda da safra, uma vez que o produto ficou sem possibilidade de colocação. Provimento, em parte do apelo, para reduzir a indenização a metade da produção, pois uma parte da colheita foi absorvida por empresa congênere, às instâncias da ré. Vote vencido, julgando improcedente a ação'. (Ap. Civ. 591028295, Canguçu, TJRGS, 5ª Câm. Civ. Rel. Des. Ruy Rosado de Aguiar Jr. J. em 06.06.1991, por maioria, publicado in RJTJRGS 154/378). (...) A questão foi solvida, em segundo grau de jurisdição, mediante a concreção do princípio da boa-fé objetiva consistente na afirmação do dever da pré-contratante de não fraudar as expectativas legitimamente criadas, pelos seus próprios atos. Veja-se excertos da fundamentação do voto do relator: 'Decorre do princípio da boa-fé objetiva, aceito pelo nosso ordenamento (Clóvis do Couto e Silva, Estudos de Direitos Civil Brasileiro e Português, p. 61), o dever de lealdade durante as tratativas e a conseqüente responsabilidade da parte que, depois de suscitar na outra a justa expectativa de celebração de um certo negócio, volta atrás e desiste de consumar a 3 avença'.

A tese exposta no voto também buscou recurso doutrinário em lição de Mario Júlio de Almeida Costa, como segue: 'Entende-se que, durante as fases anteriores à celebração do contrato quer dizer, na fase negociatória e na fase decisória -, o comportamento dos contraentes terá que pautar-se pelos cânones da lealdade e da probidade. De modo mais concreto: apontam-se aos negociadores certos deveres recíprocos, como, por exemplo, o de comunicar à outra parte a causa da invalidade do negócio e, ao lado de tais deveres, ainda, em determinados casos, o de contratar ou prosseguir as negociações iniciadas com vistas à celebração de um acto jurídico. Através da responsabilidade pré-contratual tutela-se diretamente a fundada confiança de cada uma das partes em que a outra conduza as negociações segundo a boa-fé; e, por conseguinte, as expectativas legítimas que a mesma lhe crie, não só quanto à sua validade e eficácia, mas também quanto à sua futura celebração. Convém salientar, porém, que o alcance teleológico desta disciplina ultrapassa a mera consideração dos interesses particulares sem causa. Avulta, com especial evidência, a preocupação de defesa dos valores sociais da segurança e da facilidade do comércio jurídico' (Direito das obrigações, 4. ed., p. 201-202)" (Judith Martins-Costa, A boa-fé no Direito Privado, RT, 1999, pág. 473/475). Segundo Fernando de Noronha (O direito dos contratos e seus princípios fundamentais: autonomia privada, boa-fé, justiça contratual. São Paulo: Saraiva, 1994, pág.17) na sociedade massificada em que vivemos até mesmo os contratos são produzidos em série, sendo que "neste contrato massificado, a autonomia da vontade e a liberdade contratual passam a ser a autonomia e a liberdade de apenas uma das partes o predisponente das cláusulas gerais dos contratos". Os princípios contratuais clássicos determinados no auge do Liberalismo, sob os imperativos da liberdade individual e igualdade formal, sofreram profunda limitação de seu alcance e de seu conteúdo diante da adoção de novos princípios contratuais que pretendem realizar o ideário do Estado social. Nesse sentido, conforme o mencionado doutrinador: "a ordem jurídica refletirá necessariamente os compromissos políticos, as contradições econômicas, os contrastes e as harmonias sociais, as convicções morais e religiosas, e até as ideologias dominantes: o direito espelha a sociedade em que se insere" (obra citada,pág. 21). Deste modo, afirma o autor que "é preciso repensar o contrato", com o que elege como princípios contratuais prioritários a autonomia privada, a justiça contratual e a boa-fé. Segundo ele os princípios fundamentais em matéria de contratos correspondem a três valores apontados pelos 'ingleses de Cambridge' Stein e Sahnd como 'valores jurídicos da civilização ocidental: ordem, justiça e liberdade', e concorda com a tríade como 'o quadro de valores que intentam implantar os sistemas jurídicos ocidentais', vistos não como únicos valores que operam no direito, porém considerados de 'nível mais elevado, 'os três valores de base' ou fundamentais que ' se defrontam e se limitam reciprocamente'. Para Noronha, em matéria de contratos, também há o conflito entre ordem, justiça e liberdade, correspondendo a cada um desses valores consecutivamente; o princípio da autonomia privada, da justiça contratual e da boa-fé, sendo que o princípio da boa-fé representa um verdadeiro cerceamento à autonomia privada, representando uma verdadeira "função de controle", limitando a conduta dos contraentes com intuito de evitar o 4 abuso de direito ou exercício ilegítimo dos mesmos o que ocasionaria a ilicitude ou

antijuricidade (obra citada, pág. 167). Assim, a boa-fé objetiva é o dever das partes de agir conforme certos parâmetros de honestidade e lealdade, a fim de se estabelecer o equilíbrio das posições contratuais, sendo que hoje para os contratos de longa duração aplica-se a Teoria do Contrato Relacional, privilegiando a solidariedade, confiança e cooperação. Para Rogério Zuel Gomes, em sua dissertação para obtenção do título de Mestre - A Importância do Princípio da Boa-Fé Objetiva na Construção da Teoria Contratual Contemporânea, o contrato relacional é resultado da proliferação de fórmulas contratuais de massa, sendo sua principal característica a criação de relações jurídicas complexas de longa duração, as quais passam a ter fundamento em deveres de cooperação mútua e de boa-fé. E continua sua tese demonstrando que a Teoria dos Contratos Relacionais, assim posta, mostra-se como verdadeira limitadora da autonomia privada, onde o contrato deixa de ser algo isolado e descontínuo, como entendia a Teoria Clássica, para alcançar uma sociedade mais justa e solidária (função social), em consonância com os ditames constitucionais. (gn) Valendo transcrever: "A Teoria dos Contratos Relacionais tem como um de seus principais fundadores o norte-americano Ian Macneil e deriva da multiplicidade de alterações em processos produtivos, de fluxos financeiros e se relaciona com elementos constitutivos de produtos e serviços ligados à impossibilidade de redução de incertezas e neutralização de riscos a níveis minimamente aceitáveis. Nota-se que a relação contratual obedece a uma dinâmica exógena, cuja influência torna-se inegável às partes contratantes, à medida que tal relação passa a ter fundamento em deveres de cooperação mútua e de Boa-fé. Fenômeno contratual decorrente da massificação das relações interpessoais, o Contrato Relacional é resultado da proliferação de fórmulas contratuais de massa (Contratos de Adesão), visando ao fornecimento de serviços especiais no mercado. Sua principal característica é a criação de relações jurídicas complexas de longa duração, importando, em função dessa complexidade, em dependência dos clientes Consumidores. (...) É da necessidade recíproca de manutenção do vínculo contratual relacional que surge uma das principais diferenças em relação aos Contratos descontínuos, ressaltando-se que a necessidade não precisar ocorrer de ambos os lados. Nos Contratos descontínuos prepondera o maior interesse na rescisão do vínculo com a devida restituição do que foi eventualmente pago. Nos Contratos Relacionais, em função da característica do objeto contratual, as partes não teriam interesse na ruptura do vínculo contratual. (...) Nesse tipo contratual o conceito de Boa-fé e confiança recíproca torna-se extremamente importante, especialmente porque nessa relação as obrigações que emergem não são conformes à Teoria Contratual Clássica. Sob a ótica dessa teoria, o Contrato é visto como algo isolado e descontínuo. Atualmente, nos Contratos, pactuam-se também procedimentos e regras de atuação correta, que unem as partes e que irão se especificando no decorrer do seu cumprimento. A obrigação de correção e a conduta de Boa-fé, observa, Trabucchi, impõem um espírito de colaboração o qual, atualmente, deve guiar o ordenamento jurídico moderno de forma substancial. 5 A Teoria dos Contratos Relacionais, assim postos, mostra-se

como mais uma forma de limitar a autonomia privada. Como observa Macedo Júnior, é certo que o reconhecimento das relações de poder nos contratos não nega o princípio da liberdade contratual. Por outro lado, não é menos correto que o seu reconhecimento abala sensivelmente os pressupostos clássicos da liberdade contratual e o papel do Estado como agente regulador e disciplinador das relações contratuais. Ora, se há um dever de cooperação recíproca orientado pelo Princípio da Boa-fé Objetiva, por óbvio, a Automonia Privada, com maior intensidade neste modelo contratual, resta ainda mais abalada quanto maior a essencialidade do objeto do Contrato. (...) Nos Contratos Relacionais, as expectativas de continuidade do vínculo são compartilhadas pelos contratantes, de modo que, se tal vínculo é rompido de forma unilateral e abruptamente, a parte prejudicada encontraria muita dificuldade para celebrar um novo Contrato, com o mesmo objeto, com um terceiro parceiro contratual. Esse modelo contratual traz em sua essência a geração de expectativa de parceria mútua, inspirado pela confiança gerada no decorrer de seu cumprimento. Assim, ainda que a ruptura do vínculo encontre respaldo legal ou contratual, ela deverá ser analisada sob a perspectiva contratual relacional e do Princípio da Boa-fé Objetiva. (...)" (pág. 73/76). direito: E passa a mencionar a boa-fé como função limitadora do abuso do "As principais modalidades de abuso de direito manifestam-se de formas distintas e podem classificar-se da seguinte forma: venire contra factum proprium, supressio, surrectio e tu quoque. A venire contra factum proprium consiste na proteção de uma das partes contratuais em relação ao comportamento contraditório ao da outra parte. A parte, pelo seu comportamento, faz com que a outra desenvolva uma expectativa. Bem observa Wieachker que independente de má-fé ou negligência culpável, basta a mera criação de expectativa. Noronha complementa aduzindo que o exercício de um direito é inadmissível quando desa forma a pessoa se põe em contradição com o sentido que razoavelmente, segundo a boa-fé, se podia inferir da sua conduta. A prática de ato contraditório à conduta reiterada e inequívoca do contratante fere a lealdade e confiança ínsita às relações contratuais. A supressio consiste no não exercício de um direito durante um determinado lapso de tempo não poderá mais sê-lo, por contrariar a Boa-fé. (...) A surrectio também está ligada a um comportamento reiterado por uma das partes contratuais, infundindo na outra expectativa de um direito que extrapola o conteúdo do Contrato. Porém, é a criação de uma situação nova, de um direito que extrapola os direitos conferidos pelas cláusulas que compõem o Contrato, não podendo este ser impedido. A tu quoque, atualmente bem mais difundida, consiste na impossibilidade de aquele que descumpriu dispositivo legal ou contratual exigir da outra parte o cumprimento do Contrato. (...)" (pág. 124/125). Continua a dissertação demonstrando a boa-fé como fator de otimização de comportamento contratual, do qual decorrem deveres anexos: "Da otimização do comportamento contratual decorrem deveres denominados anexos que, ao contrário do que ocorria na Teoria Contratual 6 Clássica, se verificam na fase pré-contratual, contratual e pós-contratual.

(...) Os deveres anexos têm relação fundamental com a conduta dos contratantes, a qual deve ter seu comportamento norteado pela Boa-fé e independe de existência de vínculo contratual, podendo, portanto, serem impostos, antes, durante e depois do exaurimento da relação contratual" (pág. 135/136). Os contratos relacionais para Cláudia Lima Marquês são chamados de "contratos cativos de longa duração", pois os serviços possuem indiscutível importância atual e futura (Contratos no Código de Defesa do Consumidor, RT, 4ª ed., 2002, pág. 79). A Teoria dos Contratos Relacionais (relational contracts) "(...)destaca os elementos sociológicos que condicionam o nascimento e a estabilidade destes contratos complexos e longa duração. Assim, desde a fase pré-contratual já nasce para as partes expectativas legítimas, sobrevindo a fase contratual de realização da confiança despertada (execução), prolongando-se no tempo, até sobrevir a extinção do vínculo, sendo que todas as fases contratuais devem se pautadas pelo princípio geral da boa-fé objetiva. "Boa-fé objetiva significa, portanto, uma atuação 'refletida', uma atuação refletindo pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-o seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva, cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses das partes" (Claudia Lima Marques, obra citada, pág. 181/182). A boa-fé objetiva tem seu objetivo na segurança da relação contratual, na tutela das expectativas legítimas de ambas as partes: credor e devedor (Fernando Noronha, obra citada, pág. 132). Aliás, o próprio Clovis Belivaqua, ao comentar o artigo 1.443 do Código Civil de 1916, relativo ao dever de boa-fé nos contratos de seguro, já reconhecia que: "Diz-se que o seguro é um contrato de boa fé. Aliás todos os contratos devem ser de boa fé" (grifamos) (Código dos Estados Unidos do Brasil Comentador por Clóvis Bevilaqua, Obrigações, Tomo 2ª, vol. V. 3ª edição, Francisco Alves, 1934, pág. 203). Para Fernando Noronha (obra citada, pág.83) "muito se tem escrito sobre o princípio da boa-fé, como dever imposto às partes de agirem de acordo com determinados padrões de correção e lealdade, sobretudo depois que dois principais Códigos Civis germânicos, o alemão e o suíço, lhe consagraram preceitos específicos, em época oportuna". parte do autor. Desta forma, não há falar-se em doença preexistente e má-fé por No mais, cinge-se o ponto nevrálgico da lide em uma única indagação: para a configuração da ocorrência do risco coberto pelo contrato de seguro basta a invalidez permanente para o trabalho, considerando-se 7 qualquer espécie de atividade laboral e

ou apenas aquela exercida pelo autor por ocasião da doença. Outrossim, inexiste, pois, qualquer cerceamento de defesa no julgamento antecipado, consoante já se manifestou exaustivamente o Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Assim, é certo que as partes firmaram apólice de seguro com cobertura de doenças que causassem a invalidez total e permanente, todavia, ao contrário do sustentado pela ré, tanto a doutrina como a jurisprudência, dizem que a invalidez deve ser entendida como aquela que incapacita o segurado não para o exercício de todo e qualquer trabalho, mas de continuar exercendo a atividade que tinha até a data do sinistro. E desta forma deve a cláusula 3.4 das condições gerais, que regem o contrato de seguro, ser interpretada. Desta feita, submete-se o caso dos autos às regras de interpretação específicas das relações de consumo. Sobre o assunto, dispõe o Código de Defesa do Consumidor: "Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance". "Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor [grifei]". Destaco, ainda, que no caso em tela não há como se invocar o art. 1460 do Código Civil de 1916 em favor da seguradora, visto que a hipótese sub judice é justamente da falha da apólice ao limitar ou particularizar os riscos do seguro, diante da interpretação a ser dada. Destarte, analisando a documentação trazida aos autos, há subsídios para concluir que o autor está incapacitado total e permanentemente para o trabalho, tanto que o deferimento da aposentadoria por invalidez pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) faz prova suficiente da invalidez para o trabalho, única relevante para o caso em exame, diante do notório excesso de zelo do Instituto em conceder tais benefícios. "APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - SEGURO - SENTENÇA QUE RECONHECEU A PRESCRIÇÃO ÂNUA - INOCORRÊNCIA - APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR AOS CONTRATOS SECURITÁRIOS - 5 ANOS - NEGATIVA DE COBERTURA AO ARGUMENTO DE ESTAR O SEGURADO CAPACITADO PARA O EXERCÍCIO DE OUTRAS ATIVIDADES - DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE INABILITAÇÃO PARA O LABOR - SEGURADO APOSENTADO PELO ÓRGÃO OFICIAL (INSS) - VALOR PAGO A MENOR - DEVER DE INDENIZAR - OBRIGAÇÃO CONTRATUAL - SENTENÇA REFORMADA - RECURSO PROVIDO. É de 5 anos o prazo de prescrição da pretensão indenizatória do segurado contra a seguradora, a teor do art. 27 do CDC, começando a fluir da data do pagamento a menor. Se o despacho que determina a citação é anterior ao quinquênio legal, não prescreveu a pretensão. A aposentadoria pelo INSS, por invalidez, eis que precedida de perícia médica idônea e oficial, é prova suficiente da incapacidade laborativa, para fins de recebimento de seguro. O segurado faz jus à percepção de diferença de valor pago a menor pela 8 seguradora, devidamente contratado, previsto em apólice de seguro de vida

em grupo [grifei]".apelação cível 2005.011276-4, de Forquilhinha. Relator: Des. Wilson Augusto do Nascimento. Julgado em 03 de junho de 005). "DIREITO DO CONSUMIDOR - COBRANÇA - CONTRATO DE SEGURO DE VIDA EM GRUPO E ACIDENTES PESSOAIS [...]- LESÕES NA COLUNA VERTEBRAL QUE OCASIONARAM A SUA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PERMANENTE PELO ÓRGÃO OFICIAL (INSS) - NEGATIVA DE COBERTURA SOB O ARGUMENTO DE QUE A APÓLICE NÃO ABRANGIA OS RISCOS DECORRENTES DE ESFORÇO FÍSICO - ACIDENTE PROVENIENTE DE ALTERAÇÕES FUNCIONAIS DA COLUNA DE ORIGEM TRAUMÁTICA - CLÁUSULA CONTRATUAL QUE EXPRESSAMENTE PREVÊ ESSE TIPO DE RISCO - INTERPRETAÇÃO FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR - EXEGESE DOS ARTS. 46, 47 E 54,  4º, DO CÓDIGO CONSUMERISTA - INDENIZAÇÃO DEVIDA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA DA SEGURADORA ESTIPULANTE - OBRIGAÇÃO DESTA EM EFETUAR O PAGAMENTO DA APÓLICE EM SEU VALOR INTEGRAL - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO 1. O contrato de seguro constitui relação de consumo e, sendo assim, o prazo prescricional da pretensão do segurado contra a seguradora é de cinco anos, ex vi do artigo 27 do Código de Defesa do Consumidor. 2. As cláusulas contratuais oriundas de relação de consumo devem ser interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor, ex vi do disposto nos arts. 46, 47 e 54,  4º, do CDC. 3. "A aposentadoria por invalidez constitui prova hábil ao reconhecimento da incapacidade laborativa do segurado, posto ser consabido que a concessão do benefício é precedida por longo período de acompanhamento e exames" (AC n.⺠2002.004020-7, Des. Wilson Augusto do Nascimento) [grifei]. 4. "Assume a condição de responsável solidário pelo pagamento do seguro o estipulante que, devendo atuar na proteção dos interesses do segurado, promove a captação de clientes, recebendo os bônus e amealha provas no interesse da seguradora, a cujo grupo econômico se integra, visando excluir os ônus correspondentes ao adimplemento da indenização inscrita na apólice" (AC n.⺠51.243 Des. Cesar Abreu)" (Apelação Cível 2004.024607-2, de Joinville. Relator: Des. Marcus Tulio Sartorato. Julgado em 11 de fevereiro de 2005). Aliás, o deferimento do benefício previdenciário não é a única prova da invalidez total e permanente que consta dos autos, existindo o atestado firmado pelo médico particular (fls.19), ao qual também atribui-se valor probatório, conforme a jurisprudência: "Atestado por parecer médico de que o segurado está incapacitado total e definitivamente para exercer qualquer atividade remunerada, sendo-lhe até deferida aposentadoria por invalidez, constitui-se evidente hipótese de incidência estabelecida na apólice de seguro, e por isso deve ser indenizado" (Apelação Cível 2002.014356-7, da Capital, Rel. Des. Carlos Prudêncio). Em razão do exposto, não há como a Seguradora AGF Brasil Seguros S/A se furtar de sua obrigação de honrar o pagamento da quantia pactuada, diante da expectativa legítima do consumidor. Diante da modificação ocorrida no procedimento do cumprimento 9

de sentença, desnecessária a fixação de astreinte, posto que deve incidir a multa prevista no artigo 475-J do CPC. Ante o exposto, resolvo o mérito e JULGO PROCEDENTE o pedido, para condenar a ré ao pagamento do valor da apólice de seguro, de R$ 72.426,28 ( setenta e dois mil, quatrocentos e vinte e seis reais e vinte e oito centavos), corrigido a partir da negativa (10/07/2000 fls. 20). Pelo princípio da sucumbência condeno a ré ao pagamento das custas e eventuais despesas processuais, além de honorários advocatícios à parte adversa que fixo em 10% do valor da condenação. Sobre todas as verbas incidirão juros moratórios legais a partir da citação, de 0,5% ao mês até 10/01/2003 e a partir daí de 1% ao mês. P. R. I. (SC), 14 de agosto de 2007. 10