REFLEXÕES SOBRE OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS

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Transcrição:

REFLEXÕES SOBRE OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS Matheus Brito Meira 1 No intuito de colocar limites ao poder de tributar dos entes federados a nossa Carta da República trouxe diversos princípios de destacada importância, como por exemplo: O Princípio da Legalidade está previsto no art. 150, I da CF, que giza: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;. Da leitura do dispositivo infere-se que o instrumento hábil a criar ou majorar um tributo é a lei, aqui entendida em seu sentido estrito, sendo que os elementos submetidos à reserva legal são: Fato gerador, base de cálculo, alíquota e sujeitos. Em regra a lei que cria os tributos é a ordinária, contudo existem exações que para existir precisam ser criadas por meio de lei complementar, que como consabido exige um quorum qualificado para a sua aprovação (art. 69 da CF), exemplo: Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII, da CF), Empréstimos compulsórios (art. 148 da CF), e os impostos de competência residual da União (art. 154 da CF). Existem exceções ao princípio da legalidade, aqui estudado sobre o viés da estrita legalidade tributária, sendo que alguns tributos podem ter suas alíquotas majoradas por meio de ato do poder executivo a exemplo dos II, IE, IPI, IOF, Cide Combustível e ICMS Combustível (art. 153, 1º, Art. 155, 4º, IV e art. 177, 4º, I, b, CF), por conta da característica de extrafiscalidade desses tributos (intervir na economia). O princípio da anterioridade ou da não surpresa cria uma vacatio legis específica para o direito tributário. Essa vacatio visa à preparação do contribuinte quanto à modificação das normas tributárias e pode ser divida em: 1 Advogado. Procurador do Município de Aracaju/SE. Ex-Analista Técnico do Ministério Público do Estado da Bahia. Especialista em Direito Tributário e em Direito do Estado (UFBA). Professor da disciplina de Direito Tributário da Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe- FANESE. Professor convidado da Academia de Polícia Civil do Estado de Sergipe- ACADEPOL e do Cursos de Pós-Graduação em Gestão Fiscal e Planejamento Tributário e Auditoria e Controladoria da FANESE e de Direito Público da Universidade Tiradentes- UNIT.

Anterioridade anual: Pela anterioridade anual, a eficácia da lei ficará postergada para o ano seguinte ao da sua publicação. III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; A anterioridade anual, em virtude da extrafiscalidade de certos tributos e do caráter emergencial de alguns, será afastada nos seguintes tributos: Imposto de Importação, Imposto de exportação, IPI, IOF, Imposto Extraordinário, Empréstimo compulsório (para calamidade pública e para guerra), CIDE combustível e ICMS combustível. As exceções estão previstas no art. 150, 1º, da CF. Anterioridade nonagesimal: Aqui a eficácia da lei fica prorrogada para o 91º dia a contar da publicação daquela lei. III - cobrar tributos: c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;. A emenda constitucional 42/03 previu a regra dos 90 dias e também estipulou os casos de exceção a ela: II, IE, IOF, IR, Imposto Extraordinário, Empréstimo Compulsório (calamidade pública e guerra), alterações na base de cálculo do IPTU e do IPVA. Estão previstos no art. 150, 1º (parte final) da CF. 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. Sendo assim os tributos, salvo as exceções acima enumeradas, devem

respeitar tanto a anterioridade anual como a nonagesimal para começarem a ter eficácia. giza: O Princípio da Isonomia Tributária está disposto no art. 150, II, CF e II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; O princípio da isonomia tributária veda o tratamento desigual aos contribuintes que se encontram em situação de igualdade. Em verdade tal comando reflete a ideia genérica da isonomia, prevista no art. 5º, caput da CF, sendo uma premissa Aristotélica em que todos deverão receber um tratamento isonômico, se iguais forem, e desigual, se diferentes se mostrarem. Em direito tributário, portanto, aqueles tributariamente iguais deverão ser tratados igualmente, enquanto os tributariamente desiguais devem ser tratados desigualmente. 1º, CF: O princípio da capacidade contributiva possui sua previsão no art. 145, Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. O dispositivo faz com que pessoas que tenham uma renda maior sejam mais gravosamente tributadas; bem como produtos considerados essenciais sejam menos gravosamente onerados. Daí a expressão sempre que possível identificando que tal princípio deverá ser realizado de acordo com as possibilidades técnicas de cada imposto. O princípio da capacidade contributiva se concretiza através da: progressividade, proporcionalidade e seletividade. Progressividade: Técnica de incidência de alíquotas variáveis, quanto maior a base de cálculo maior será a alíquota aplicável, objetivando assim a justiça fiscal Ex: IR, IPTU, ITR.

Proporcionalidade: Técnica de incidência de alíquotas fixas pois o que pode variar é a base de cálculo. Ex: ICMS, IPI, ISS, ITBI, etc. Seletividade: Técnica de incidência de alíquotas que variam na razão inversa da essencialidade do bem. Portanto, quanto mais essencial for o bem, menor será a alíquota. Quanto mais supérfluo ou nocivo, maior será a alíquota O princípio do não-confisco está previsto no art. 150, IV, da CF: Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é IV - utilizar tributo com efeito de confisco; A ideia defendida por este princípio é que os tributos não podem ser tão gravosos a ponto de aniquilar o patrimônio do sujeito passivo, ou seja, de expropriar o seu patrimônio. Uma segunda consideração em relação a esse princípio se refere à possibilidade do mesmo ser aplicado às multas. O art. 150, IV fala que é vedado utilizar tributo com efeito de confisco. Sendo que já existe decisão do STF, que aplica este princípio às multas: ADI 1075 MC / DF - MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. CELSO DE MELLO - Julgamento: 17/06/1998 É cabível, em sede de controle normativo abstrato, a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal examinar se determinado tributo ofende, ou não, o princípio constitucional da não-confiscatoriedade consagrado no art. 150, IV, da Constituição da República. Hipótese que versa o exame de diploma legislativo (Lei 8.846/94, art. 3º e seu parágrafo único) que instituiu multa fiscal de 300% (trezentos por cento). - A proibição constitucional do confisco em matéria tributária - ainda que se trate de multa fiscal resultante do inadimplemento, pelo contribuinte, de suas obrigações tributárias - nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais básicas. - O Poder Público, especialmente em sede de tributação (mesmo tratando-se da definição do "quantum" pertinente ao valor das multas fiscais), não pode agir imoderadamente, pois a atividade governamental acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade que se qualifica como verdadeiro parâmetro de aferição da constitucionalidade material dos atos estatais. Para o STF não houve razoabilidade na aplicação dessa penalidade, pois nada justifica uma multa de 300%. CF, que informa que: O princípio da irretroatividade possui sua previsão no art. 150, III, a da

III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Este princípio visa proteger o contribuinte, pois as leis só podem ser aplicadas aos fatos geradores que ocorrerem após a sua vigência, ou seja, as leis mais recentes não podem ser aplicadas aos fatos geradores passados, esta regra, contudo, na se aplica no caso de penalidades, desde que observado o disposto no art. 106 do CTN e desde que seja favorável ao contribuinte. O princípio da imunidade de tráfego de bens e pessoas que diz não poder a lei tributária limitar o tráfego interestadual ou intermunicipal de pessoas ou bens, salvo no caso do pedágio de via conservada pelo poder público (art. 150, V, CF e art. 9º, III, CTN). Dispõe o art. 150, V da CF: V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;. Por óbvio que este pequeno artigo não visa esgotar a matéria sua intenção é apenas instigar os operadores do direito para que voltem sua atenção ao necessário estudo dos princípios constitucionais tributários. REFERÊNCIAS CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. PAULSEN, Leandro. Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. 8. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.

SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2009.