A LETRA DA MÚSICA AQUARELA EM UMA CONCEPÇÃO ALFABETIZADORA

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Transcrição:

A LETRA DA MÚSICA AQUARELA EM UMA CONCEPÇÃO ALFABETIZADORA Laiz de Almeida Bernardo laiz_lilas@hotmail.com Marizete Pereira Santana mari_sant7@hotmail.com

RESUMO: Este trabalho trata-se de um relato de experiência que se propõe a descrever uma atividade aplicada a partir da perspectiva construtivista de alfabetização, tecendo algumas considerações sobre as implicações deste tipo de proposta. A alfabetização necessita ser um processo prazeroso e significativo. Não priorizamos neste sucinto artigo a aprendizagem da leitura e escrita, mas tivemos um foco na leitura de mundo de Paulo Freire (1995). Alfabetizar e letrar devem possibilitar significado para a aprendizagem e deixar claro sua importância na vida da criança, além de ampliar o repertório de conhecimentos. Acreditamos que a criança pode ir além em suas reflexões, compreensões e contribuições intelectuais. As músicas possibilitam a exploração de conceitos e ideias, sugerem também a busca de idealização e fantasias que podem ir ao encontro do mundo real e da magia das letras, o que favorece maior envolvimento por parte dos alunos. PALAVRAS CHAVE: Alfabetização e Letramento; Música na Alfabetização; Aquarela de Toquinho; Criança e Musicalidade. Introdução Para alfabetizar crianças faz-se necessário que o professor utilize recursos significativos na aprendizagem, que o ensino ocorra do modo global para o específico e que a capacidade intelectual dela não seja subestimada. É preciso criar estratégias de alfabetização que utilizem informações que amadureçam as ideias e organizem pensamentos que favoreçam a uma verdadeira aprendizagem. Uma proposta pautada em diversos gêneros textuais garante que a criança tenha contato com o mundo letrado desde cedo. Tratando-se de músicas, é possível extrair benefícios facilitadores à alfabetização. A música Aquarela, em especial, possui informações de conhecimentos ricos e encanta a criança com inspiração que a leva criar um mundo de ideias. Isso faz com que seja possível tornar a alfabetização mais prazerosa e eficiente. Objetiva-se, com este trabalho, mostrar possibilidades de se alfabetizar utilizando-se letras de músicas em uma concepção construtivista, dando como exemplo uma proposta de trabalho realizada a partir de informações e conteúdos da letra da música Aquarela, além de apresentar a importância de se tornar a alfabetização um processo prazeroso e significativo. O trabalho está sendo desenvolvido na E.M Viver e Aprender, localizada em Itapevi, município do Estado de São Paulo. O grupo atendido é a turma de 1º ano B, alunado da professora Marizete Pereira Santana. Tendo como estratégia trabalhar conceitos abordados na letra da música e envolver os alunos, instigando-os a apresentarem suas dúvidas e opiniões, propor reflexões em torno de sugestões que valorizem seus conhecimentos. Também inclui ampliar o vocabulário, significando o conteúdo explícito na letra de Aquarela. Definitivamente, a alfabetização não pode ser trabalhada de forma fragmentada, como pecinhas que são encaixadas de maneira insignificantes por quem as assimilam. As palavras são ricas em conteúdos, conceitos e sentimentos. As palavras podem transformar e a criança precisa perceber sua força e importância na aprendizagem. Por que e para que servem? Pois,

a aprendizagem se dá a partir do desejo que se realize. Isso só acontece quando fica clara a necessidade de se possuírem determinados conceitos. A aquisição da escrita vai muito além da apresentação de códigos. É o mundo que se apresenta e que se expõe. 1. A música e a alfabetização O público atendido compõe-se de crianças na faixa etária dos seis anos. Grupo esse formado por 30 alunos da rede municipal de ensino. Em 17 de fevereiro de 2011 foi realizada pela Coordenadora Pedagógica, Edjane de Carvalho, a primeira sondagem de leitura e escrita com esses alunos. O gráfico a seguir mostra o resultado dessa sondagem inicial: 30 25 20 15 10 Pré Silábica Silábica sem valor sonoro 5 0 Foi constatado que entre os estudantes apenas um estava na hipótese de escrita silábica sem valor sonoro, um na hipótese com valor sonoro e os demais em hipótese pré-silábica. As estratégias se deram a partir de trabalho com jogos, leitura, escrita, pesquisas e representações artísticas. Sempre com o conteúdo embasado na exploração da letra da música Aquarela. Letra da música: Aquarela (Toquinho) Composição: Toquinho / Vinicius de Moraes / G.Morra / M.Fabrizio Numa folha qualquer Eu desenho um sol amarelo E com cinco ou seis retas É fácil fazer um castelo... Corro o lápis em torno Da mão e me dou uma luva E se faço chover Com dois riscos Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta Cai num pedacinho Azul do papel Num instante imagino Uma linda gaivota A voar no céu... Vai voando Contornando a imensa Curva Norte e Sul Vou com ela Viajando Havaí Pequim ou Istambul Pinto um barco a vela Branco navegando É tanto céu e mar Num beijo azul... Entre as nuvens Vem surgindo um lindo Avião rosa e grená Tudo em volta colorindo Com suas luzes a piscar... Basta imaginar e ele está Partindo, sereno e lindo Se a gente quiser Ele vai pousar... Numa folha qualquer Eu desenho um navio De partida Com alguns bons amigos Bebendo de bem com a vida... De uma América a outra Eu consigo passar num segundo Giro um simples compasso E num círculo eu faço o mundo... Um menino caminha E caminhando chega no muro E ali logo em frente A esperar pela gente O futuro está... E o futuro é uma astronave Que tentamos pilotar Não tem tempo, nem piedade Nem tem hora de chegar Sem pedir licença Muda a nossa vida E depois convida A rir ou chorar... Nessa estrada não nos cabe Conhecer ou ver o que virá O fim dela ninguém sabe Bem ao certo onde vai dar Vamos todos Numa linda passarela De uma aquarela Que um dia enfim Descolorirá... Numa folha qualquer Eu desenho um sol amarelo (Que descolorirá!) E com cinco ou seis retas É fácil fazer um castelo (Que descolorirá!) Giro um simples compasso Num círculo eu faço O mundo (Que descolorirá!)... A ideia de que é necessário primeiro ensinar a ler e escrever para que posteriormente sejam acrescentados os conteúdos do currículo já tem sido desmistificada. O processo de aquisição de escrita ocorre ao mesmo tempo em que a criança compreende os conceitos levantados. Nas estratégias para trabalhar a música Aquarela são abordados os conceitos a partir de: extração da sensibilização artística, por meio de ilustrações, representações e exploração da imaginação; manuseio de jogos pedagógicos convencionais confeccionados pela professora,

que elenquem figuras, letras, palavras, entre outras informações diretamente ligadas a análise de conteúdos e conceitos oferecidos pela proposta; de apropriação da leitura e escrita partindo do todo para as especificações. Consideramos os conteúdos da música, que têm sido explorados de modo interdisciplinar por meio de jogos da memória, atividades de organização de palavras e trechos, textos com lacunas, com letras e palavras móveis, atividades tradicionais como cruzadinhas, caçapalavras, completar e outros diversos recursos visuais, audiovisuais e de manuseio. Incluímos também aulas que favoreciam a iniciação à pesquisa. Por exemplo: Em uma determinada aula da disciplina de ciências foi escolhido o estudo do Sol (Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo). Num dado momento, os alunos foram reunidos na biblioteca da escola onde buscaram, em livros didáticos, informações (identificações por meio de imagens) sobre o sistema solar. Foram levantadas questões em relação aos benefícios e malefícios dos raios solares, os conceitos sobre o dia e a noite com o auxílio do globo terrestre, entre outros. Assim como realizamos a exploração da representação artística e da leitura e escrita da palavra e outras derivadas, propusemos situações de escrita espontânea, e posteriormente, leitura e escrita coletiva com intervenções provocativas, o que gerou reflexão sobre a escrita. Em uma dessas situações, a aluna N comentou que na página sete zero havia uma foto do sol. Sua frase foi reforçada: Que bom! Você encontrou uma imagem do sistema solar! Já tendo ela armazenado a palavra sol na memória, foi instigada a pensar na forma escrita de solar compartilhando a responsabilidade da reflexão com os colegas. No dia seguinte, ao verificar como de rotina, o tempo, os alunos trouxeram questionamentos sobre a relação entre as palavras solar, sol e ensolarado. Em 13 de abril de 2011 foi realizada a segunda sondagem. Os alunos estavam bem seguros e confiantes. Pois percebiam que estavam aprendendo e que seu processo estava sendo valorizado. Constatou-se que o número de alunos com hipótese pré-silábica foi reduzido para 22. Tendo todos os alunos, mesmo que em mesma hipótese anterior, apresentado evolução no quadro. Entre os com hipótese silábica, destacamos dois sem valor sonoro, quatro com valor sonoro e dois na silábica em conflito ou hipótese falsa necessária. Foi perceptível que os alunos passaram a ser mais questionadores, pesquisadores e reflexivos com propostas desse tipo. Sondagem atual: 25 20 15 10 5 Pré-Silábica Silábica sem valor sonoro silábica com valor sonoro Silábica em conflito 0

FERREIRO (2001) observa que o processo de desenvolvimento da escrita ocorre na interação sociocultural que o indivíduo mantém com o objeto de conhecimento e nas relações significantes com as pessoas alfabetizadas. Considerações finais O projeto ainda se mantém e continua sendo trabalhado na escola duas vezes por semana, mas para fins de escrita deste artigo poderíamos afirmar que o projeto teve como proposta predominante a alfabetização e letramento, e como segundo objetivo demonstrou empiricamente a elevação da autoestima com base na valorização do aprendiz, suas experiências e contribuições. Foi um processo que, em um primeiro momento, não enfatizou a questão do registro por parte do aluno individualmente, por terem apenas seis anos de idade, mas a participação oral refletiva foi bastante explorada, além das ações intertextuais e interdisciplinares em relação ao material oferecido. Foi possível verificar que os alunos estão mais interessados, mais maduros e dispostos para a alfabetização, o que viabiliza um possível destaque futuro no quadro evolutivo dos referidos estudantes. Com certeza, na data de publicação deste relato, o quadro das hipóteses em que se encontram já terá sido alterado. Uma característica destacável nesse grupo de alunos é que estão felizes e se dando conta de que estão aprendendo. A autoestima é um fator norteador para os possíveis e futuros avanços desta turma.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS FERREIRO Emilia. Reflexões sobre alfabetização. 24ª edição atualizada, São Paulo: Cortez, 2001. FREIRE, Madalena. A Paixão de conhecer o mundo: relato de uma professora. 14ª edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d'água, 120 p. 1995.