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Transcrição:

DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 2ª Região Interessado(s) 1: Sigiloso Interessado(s) 2: Saesp Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo Assuntos: Liberdade e Organização Sindical 08.07.02 Procuradora oficiante: Lorena Pessoa Bravo RELATÓRIO RECURSO ADMINISTRATIVO Pausas de descanso. Atividades de Telemarketing e Call Center. Convenção Coletiva de Trabalho em desconformidade com Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego. Pelo conhecimento e provimento do recurso administrativo sub examine. Promoção de arquivamento não homologada. Trata-se de procedimento administrativo instaurado com gênese em denúncia sigilosa formulada em face do Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo (SAESP), noticiando suposta ilegalidade em cláusulas de convenção coletiva de trabalho firmada pela categoria. 1

Narra a denúncia, verbis: O sindicato dos aeroviários de São Paulo, nas convenções coletivas desde 2007 até o momento, nos itens 16 e 17 (em especial o 17 que trata da Lei de Call Center Teleatendimento/telemarketing NR17) se encontram em desacordo com a NR17 Ergonomia. (...) Da forma como o texto da convenção está redigido induz as empresas à erro e com isso centenas de trabalhadores (aeroviários) estão sendo prejudicados. Enviei o email abaixo e também liguei para o sindicato e não me responderam ao meu email e o vicepresidente Sr. Gilmar Bortolletto tentou ainda me dizer que a Convenção sobrepõe a NR, mas como argumentei dizendo nenhuma convenção sobrepõe a legislação, o mesmo ficou de verificar e quando liguei novamente me disse que não tinha como alterar a convenção. (...) Agradeço desde já a atenção, espero uma resposta e que o Ministério Público do Trabalho cobre um posicionamento do Sindicato por induzir em erro e prejudicar muitos trabalhadores. Intimado a prestar esclarecimentos acerca do teor dos fatos noticiados, o sindicato denunciado compareceu em audiência administrativa realizada na Regional de origem e argumentou, verbis: a cláusula 16ª trata do intervalo previsto no Decreto 1232/62; que a cláusula 17ª, quando foi primeiramente inserida na Convenção Coletiva, teve por objetivo regular a profissão de agente de reservas, tendo se tornado obsoleta, já que esta função está sendo substituída pela de agente de telemarketing, que é 2

regulada pela NR17; que as disposições da cláusula 17ª perderam a razão de ser, pois a NR17 traz a disciplina legal específica para a atividade ali regulamentada, de forma que o Sindicato Patronal não teria objeção à retirada desta cláusula do instrumento coletivo; que no entendimento do Sindicato, não há irregularidade na redação da cláusula 16ª, visto que o Ministério do Trabalho determina a aplicação do artigo 74, 2º, da CLT, constando inclusive do site do TEM informação, no que tange à anotação dos intervalos intrajornada, no sentido de que o empregador pode exigir ou não a anotação do intervalo, podendo até ser objeto de negociação coletiva. A i. Procuradora oficiante promoveu o arquivamento do procedimento sob os seguintes fundamentos, verbis: Analisando-se as ponderações do sindicato patronal realizadas durante a audiência de fls. 77/78, vêse que a redação das cláusulas 16ª e 17ª da Convenção Coletiva, por si sós, não fazem exsurgir irregularidade que enfrente a atuação do Parquet. O art. 74, 2º da CLT, com a redação dada pela Lei 7855/89 dispõe que para os estabelecimentos de mais de dez trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, devendo haver pré-assinalação do período de repouso. As instruções do Ministério do Trabalho e Emprego, conforme previsto no citado dispositivo legal, finalmente vieram a ser unificadas mediante a determinação de utilização do Sistema de Registro de Ponto e a utilização do Sistema de Registro Eletrônico SREP previsto no art. 74, parágrafo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho. Nesse sentido, o próprio Ministério do Trabalho e Emprego traz em seu site eletrônico vasta disciplina sobre o novo sistema de marcação de ponto. 3

Há, inclusive, um link de perguntas e respostas, no qual se encontra a informação, em resposta à pergunta sobre a obrigatoriedade de registro do intervalo de repouso no novo equipamento, de que não existe esta obrigatoriedade. (...) Logo, a assinalação dos intervalos no sistema de ponto não é obrigatória, sendo, inclusive, plenamente viável que o empregador deixe previamente anotado, no controle de ponto, quais são os horários de intervalo de cada empregado. As cláusulas 16ª e 17ª da CCT questionada trazem disposições que não conflitam com esta disciplina normativa. Por todo o exposto, conclui-se que não restou comprovada a irregularidade objeto do procedimento. Inconformada com a decisão de arquivamento, o denunciante apresenta recurso administrativo às fls. 12/13 pasta espelho, aduzindo em síntese, verbis: (...) Solicito que seja mantida a cláusula 17, porém ao invés de intervalo para trabalhos de esforço repetitivo, seja substituído por teleatendimento e telemarketing, com a redação 5.4 até a redação 5.4.4.1 da NR17, ou seja, 20 minutos para refeição e duas (2) pausas de descanso de 10 minutos para a carga horária de 6 horas e uma (1) pausa de descanso para carga horária de 4 horas. (...) O sindicato patronal não fez objeção à retirada da cláusula 17 e mantendo a cláusula 16, porque assim estariam beneficiando as empresas aéreas e prejudicando os funcionários do CALL CENTER, pois vale lembrar que a cláusula 16 intervalo para jornadas reduzidas da convenção coletiva difere da NR17, pois a 4

cláusula 16 somente concede 15 minutos de refeição sem as pausas de descanso e como as empresas aéreas se classificam como empresas aéreas e talvez por isso não aplicam a NR17 e fazendo com que os funcionários do Call Center e 6 horas tenham somente 15 minutos para refeição e um (1) pausa de descanso de 10 minutos e para quem faz 4 horas concedem somente 15 minutos para refeição. Sendo que a NR17 diz que deve ser concedido 20 minutos para refeição e duas (2) pausas de descanso de 10 minutos para a carga horária de 6 horas e uma (1) pausa para a carga horária de 4 horas. Caso contrário, as empresas aéreas vão manter somente 15 minutos para refeição e 1 pausa para descanso para quem faz carga horária de 6 horas e nenhuma pausa de descanso para quem faz 4 horas, desobedecendo assim a NR17. Com vistas dos autos, o i. Órgão Ministerial oficiante manteve o arquivamento do procedimento sob os mesmos fundamentos (fl. 89). certidão à fl. 572. Autos distribuídos a esta Relatora, conforme É o relatório. VOTO - FUNDAMENTAÇÃO Apresenta-se hábil e tempestivo o Recurso Administrativo ora em análise (fls. 09-v e 12 pasta espelho). 5

Da leitura da promoção de arquivamento de fls. 82/85, depreende-se ter a i. Procuradora oficiante fundamentado o encerramento do presente expediente com supedâneo na inexistência das irregularidades apontadas na peça vestibular. Narra a denúncia a inadequação das cláusulas nº16 e nº17, previstas na Convenção Coletiva de Trabalho, biênio 2010/2012, firmada entre o Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo e o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (fls. 44/56). No que diz respeito a 16ª cláusula, comunga-se do entendimento esposado pelo i. Órgão Ministerial oficiante, e não vislumbra-se irregularidade trabalhista a justificar qualquer medida a ser tomada pelo Parquet laboral. De fato, a referida cláusula está em consonância com o previsto no art. 71, 1º da Norma Consolidada, bem como com as recentes orientações do Ministério do Trabalho e Emprego, consoante apontado à fl. 86. Todavia, opinião diversa tem-se em relação à Cláusula 17 da supramencionada Convenção Coletiva de Trabalho. Em que pese haver a d. Procuradora oficiante se adstrito, tão somente, a análise acerca da obrigatoriedade do registro dos intervalos 6

intrajornada concedidos pelo empregador, entende-se que o conteúdo da denúncia revela situação mais ampla, que reclama a atenção ministerial. Narra a cláusula 17, verbis: Os Agentes de Reservas, além da previsão legal de que trata o item 16, acima, desfrutarão de um intervalo de 10 (dez) minutos. Os intervalos referidos acima, exceto aquele para alimentação, serão computados como tempo de trabalho, dispensado o seu registro no controle de ponto. Ocorre que, como bem salientado pelo representante do Sindicato Patronal em audiência administrativa realizada na PRT de origem, os agentes de reservas estão sendo substituídos pelos agentes de telemarketing, não havendo motivos que justifiquem a manutenção da cláusula 17 no instrumento normativo, já que claramente obsoleta. Todavia, as atividades de agentes de telemarketing, substitutos dos agentes de reserva, estão, por sua vez, regulamentadas na NR 17 do Ministério do Trabalho e Emprego. Assim, especificamente no que se refere aos intervalos intrajornada, traz a norma regulamentadora: 5.4. Para prevenir sobrecarga psíquica, muscular estática de pescoço, ombros, dorso e membros superiores, as empresas devem permitir a fruição de pausas de 7

descanso e intervalos para repouso e alimentação aos trabalhadores. 5.4.1. As pausas deverão ser concedidas: a) fora do posto de trabalho; b) em 02 (dois) períodos de 10 (dez) minutos contínuos; c) após os primeiros e antes dos últimos 60 (sessenta) minutos de trabalho em atividade de teleatendimento/telemarketing. 5.4.1.1. A instituição de pausas não prejudica o direito ao intervalo obrigatório para repouso e alimentação previsto no 1 do Artigo 71 da CLT. 5.4.2. O intervalo para repouso e alimentação para a atividade de teleatendimento/telemarketing deve ser de 20 (vinte) minutos. 5.4.3. Para tempos de trabalho efetivo de teleatendimento/telemarketing de até 04 (quatro) horas diárias, deve ser observada a concessão de 01 pausa de descanso contínua de 10 (dez) minutos (grifos nossos) Da análise da referida norma verifica-se a garantia de 02 (duas) pausas de 10 minutos cada, destinadas aos trabalhadores que exerçam atividades de telemarketing e call center, sem prejuízo da concessão do intervalo reservado à alimentação e previsto no item 5.4.2 do mesmo diploma. Ora, a combatida cláusula 17 da CCT em exame além de ser destinada aos agentes de reserva, categoria já substituída pelos agentes de telemarketing, apenas prevê a concessão de 01 (um) intervalo de 10 minutos a cada jornada contínua de 6 horas. 8

Depreende-se, portanto, que, mais do que desatualizada, a referida convenção coletiva de trabalho, e especificamente a cláusula 17 do instrumento coletivo, deixa de assegurar aos empregados as duas pausas destinadas ao descanso, conforme previsão da NR17 do MTE. Por outro lado, das informações constantes no presente feito, não há como se afirmar se os intervalos de descanso assegurados na NR17 estão de fato sendo concedidos aos empregados dos setores de telemarketing e call center das empresas aeroviárias, pelo que merece continuar a atividade persecutória ministerial. Ademais, a manutenção e reiteração da mencionada convenção coletiva de trabalho em idênticos termos, desde o ano de 2007, não apenas a tornou obsoleta, como também deu margem a uma atuação omissiva irregular das empresas aeroviárias em desconformidade com os ditames da NR17 do Ministério do Trabalho e Emprego. que se impõe. Dessa forma, o provimento do apelo é medida 9

CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER e PROVER o Recurso administrativo sub examine, para que se apure as irregularidades trabalhistas denunciadas neste feito no intuito de angariar melhores subsídios ao convencimento ministerial, determinando o retorno dos autos à origem para regular processamento. Brasília, 22 de junho de 2012. VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora Geral do Trabalho Coordenadora da CCR RELATORA ffpam 10