Síndrome caracterizada por: Urgência miccional (principal sintoma) COM ou SEM incontinência, Também associada a: Polaciúria. Noctúria......

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Transcrição:

27/06/16

Síndrome caracterizada por: Urgência miccional (principal sintoma) COM ou SEM incontinência, Também associada a: Polaciúria. Noctúria...... na ausência de causa infecciosa ou outra doença que cause sintomas similares.

Urgência: sintoma definido como necessidade de urinar, súbita e imperiosa, de difícil adiamento. (não necessariamente associada à incontinência). Portanto: é uma disfunção associada ao armazenamento de urina por contração involuntária do músculo detrusor da bexiga (hiperatividade).

Causas: Neurogênica. Idiopática. Assim: bexiga hiperativa é de diagnóstico clínico e hiperatividade detrusora (HD) é de diagnóstico urodinâmico. HD não é obrigatória para o Dx de bexiga hiperativa (em 40% dos casos de urgência não há contração involuntária do detrusor).

BH no mundo: 50-100 milhões. Prevalência: 7-27% em homens. 9-43% em mulheres. Estudos contraditórios (em alguns há similaridade entre os gêneros). Estudo NOBLE EUA: 16% em homens. 16,9% em mulheres.

... por anormalidades na sinalização aferente. Hipóteses: Neurogênica: lesões cerebrais (AVC, trauma raquimedular) causam supressão da atividade neurológica sobre o detrusor. Miogênica: por hipersensibilidade do detrusor à acetilcolina. Urotelial: alterações uroteliais que interferem no limiar de excitabilidade da contração vesical em reposta à distensão vesical. Fibras do tipo C: estímulo a essas fibras após lesões medulares.

CLÍNICO. Documentar sinais e sintomas que caracterizam a bexiga neurogênica e excluir outras causas que poderiam justificar a presença da síndrome. Itens fundamentais: Hx, EF e PU. Itens complementares: U, resíduo pós-miccional, diário miccional e questionário. Hx: sintomas de armazenamento e esvaziamento, caracterização da urgência, doenças neurológicas, déficits motores, DM, dor pélvica crônica, ITU de repetição, etc.

Avaliação urodinâmica (somente se falha do tratamento conservador e medicamentoso). Apresenta: HD, aumento da sensibilidade vesical e, eventualmente, OIV e hipocontratilidade detrusora. Ausência de HD não exclui o Dx. Cistoscopia (afastar neo vesical). US de aparelho urinário.

Doença sem efeitos na sobrevida. Portanto, cautela na escolha do tratamento para evitar efeitos adversos da terapia que possam causar mais desconforto do que alívio dos sintomas. 1ª linha: terapia comportamental, treinamento vesical e fisioterapia do assoalho pélvico. 2ª linha: antimuscarínicos. 3ªlinha: neuromodulação sacral central ou periférica, toxina botulínica, cirurgia.

Eficaz, não-invasiva, sem efeitos colaterais. Treinamento vesical, retardo das micções, fisioterapia do assoalho e técnicas de supressão de urgência. Também: exercícios de oclusão uretral, redução de cafeína, mudanças alimentares, redução de peso, MEV. Ex: tentativa de urinar antes de atingir o volume vesical que desencadeia o sintoma e aumentar progressivamente o intervalo. Melhora da incontinência em 50-80% Estudo: resultado comparável entre terapia comportamental e uso de medicamento.

Contração vesical é fenômeno parassimpático M2 e M3 os mais frequentes na bexiga. Possíveis efeitos colaterais: boca seca, constipação, secura ocular, visão turva, dispepsia, retenção urinária, taquicardia. A abundância de efeitos adversos justificam o antimuscarínico como 2ª linha. Opções: Oxibutinina, Tolterodina, Fesoterodina, Solifenacina. Opção somente para casos mais graves. Estudos não mostram melhora para urgência e noctúria.

Pode haver associação tríplice: antimuscarínico + ADT + alfa-bloq (não há evidências adequadas para a indicação). Cuidados: glaucoma de ângulo agudo, retenção urinária ou retardo de esvaziamento gástrico.

Se falha da 1ª e 2ª linha e/ou contra-indicação a elas. Neuromodulação sacral central: implantação cirúrgica de dispositivo no forame S3 para aplicação de estímulo elétrico em fibras sacrais aferentes sensitivas. Indicações: casos graves com: 5-11 episódios de incontinência por dia, uso de 4+ absorventes/dia e poliúria >13x/dia. Neuromodulação periférica: estimulação percutânea do nervo tibial posterior, no nível do maléolo medial.

Toxina Botulínica. Toxina tipo A injetada por cistoscopia em múltiplos pontos da parede vesical. Dose de 100-500UI (média de 100-200UI). Bloqueio da liberação da Acho na fenda sináptica, com relaxamento muscular. Efeito não é definitivo (3-6 meses). Complicações: ITU, retenção e hematúria macroscópica.