Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Decisão 291/97 - Primeira Câmara - Ata 40/97 Processo nº TC 002.679/96-5 Interessado: Oscar Sebastião Leão Órgãos: Delegacia de Administração do MF/DF Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaça Representantes do Ministério Público: não atuou Unidade Técnica: não atuou Especificação do "quorum": Ministros presentes: Iram Saraiva (Presidente), Carlos Átila Álvares da Silva e Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça (Relator). Assunto: Embargos de Declaração. Ementa: Aposentadoria. Embargos de declaração contra decisão que negou provimento ao Pedido de reexame de decisão que considerou julgou ilegal a aposentadoria do servidor com as vantagens relativas ao cargo em que se encontrava cumprindo estágio probatório. Alegação de omissão do fundamento legal. Conhecimento. Improcedência. - Titularidade do cargo. Considerações sobre a matéria. - Aposentadoria de servidor em estágio probatório. Entendimento já firmado pelo Tribunal. Data DOU: 21/11/1997 Página DOU: 27312 Data da Sessão: 11/11/1997 Relatório do Ministro Relator: GRUPO I - CLASSE I - 1ª Câmara TC 002.679/96-5 NATUREZA: Embargos de Declaração ÓRGÃO: Delegacia de Administração do Ministério da Fazenda-DF
INTERESSADO: Oscar Sebastião Leão EMENTA: Concessão de Aposentadoria de servidor com as vantagens do cargo em que se encontrava cumprindo estágio probatório. Ilegal. Pedido de Reexame desprovido. Apresentação de Embargos de Declaração contra esta última Decisão, sob a alegação de omissão de fundamento. Embargos conhecidos. Recusar argumentos. Na Sessão de 29 de abril passado, esta 1ª Câmara negou provimento ao Pedido de Reexame apresentado pelo servidor Oscar Sebastião Leão contra decisão deste mesmo Colegiado que considerou ilegal sua aposentadoria com as vantagens relativas ao cargo em que se encontrava cumprindo estágio probatório. 2. O voto condutor da Decisão relativa ao recurso mencionado (n.º 100/97) foi de minha autoria. Na oportunidade fiz referência ao fato de que a Decisão que considerou ilegal a concessão de aposentadoria do recorrente (n.º 134/96) calcava-se em jurisprudência pacífica desta Corte a respeito da matéria ventilada e que o pedido de reexame, bem como os documentos a este juntados, em nada modificava o entendimento desta Casa. 3. Na citada Decisão n.º 134/96, o eminente Relator, Ministro Humberto Guimarães Souto, resumiu, em esclarecedor parágrafo de seu voto, a posição desta Corte quanto ao cerne do presente processo: O entendimento uniforme deste Tribunal é no sentido de que o servidor em estágio probatório não adquiriu ainda a titularidade do cargo efetivo que ocupa, não podendo então aposentar-se, mesmo que estável no serviço público (dentre outras, da Primeira Câmara: Decisão 12/95, Ata 2/95, TC-018.970/94-0; Decisão 115/95, Ata 16/95, TC 004.483/95-2). 4. Agora depreendemo-nos com um Embargo de Declaração ofertado por patrono do Sr. Oscar Sebastião Leão contra a Decisão cujo voto condutor proferi, relativa ao Pedido de Reexame (n.º 100/97), repise-se, sob o argumento de que nessa última Decisão nenhum fundamento de ordem jurídico-constitucional, seja na doutrina, seja de decisões do Judiciário, está consignado. 5. Aduz ainda o Embargante que: 7. A omissão, pois, no caso, está em que a r. Decisão n.º 100/97 teria de trazer explícita a motivação de ordem jurídica pela qual essa E. Corte de Contas vem rejeitando a firmada e reafirmada posição da doutrina e jurisprudência dos Tribunais que ao revés, têm acatado as aposentadorias em casos de estágio probatório e determinado o respectivo registro.
6. O inconformismo do recorrente deve-se ainda ao fato de esta Corte haver determinado o registro de aposentadorias de servidores detentores tão-somente de cargo em comissão, e negado registro às aposentadorias como as que ora se apresenta. Voto do Ministro Relator: Conheço os embargos que ora se apresentam, para recusar os argumentos. É vasta e uniforme a jurisprudência desta Corte no que diz respeito ao objeto destes autos, aposentadoria de servidor com as vantagens do cargo em que cumpre estágio probatório. Parece que tal posição não está sendo compreendida por alguns: qualquer interessado com o tempo de serviço necessário para a aposentadoria voluntária pode requerê-la e, por certo, irá tê-la deferida, e registrada, mas com as vantagens do cargo que a lei autorizar. No caso de o servidor encontrar-se em estágio probatório, em não sendo neste aprovado, será exonerado ou reconduzido ao cargo anteriormente ocupado. Como então carregar para a inatividade vantagens que sequer tem ainda asseguradas na atividade? Penso não haver nesta Corte, como parece sugerir o embargante, qualquer confusão entre estabilidade e efetividade. Esta dá-se no momento em que o servidor aprovado em concurso público for confirmado, após aprovado também em estágio probatório, como titular de um cargo de provimento efetivo. Aquela dá-se no serviço público. A discussão relativa à diferença da estabilidade e da efetividade foi por mim abordada apenas no intuito de deixar claro que a distinção entre aqueles institutos não foge ao nosso conhecimento, visto que a solução do problema concernente à aposentadoria de servidor com as vantagens do cargo em que se encontra cumprindo estágio probatório está na titularidade do cargo. Nesse aspecto, o Ministro Carlos Átila, Relator da mais recente Decisão deste Tribunal sobre o assunto, a de n.º 62/97, da 1ª Câmara, sem deixar de abordar os dispositivos legais aplicáveis à matéria, assim resumiu a questão: Este Tribunal, a teor do disposto nos arts. 20 e 29 da Lei n.º 8.112/90, tem considerado ilegal conceder-se aposentadoria no cargo em que o servidor ainda não cumpriu o estágio probatório, por entender que nessas circunstâncias, ainda não adquiriu ele a
titularidade do cargo para o qual foi nomeado mediante concurso público, não podendo, por isso, nele se aposentar mesmo se estável... (grifei). É importante fixarmos que o aspecto da titularidade do cargo é o ponto central a ser abordado para a solução deste processo, porque o embargante faz um paralelo, quando não um questionamento, entre as aposentadorias de servidores detentores apenas de cargo em comissão registradas por esta Corte e a aposentadoria de servidores com as vantagens do cargo em que se encontra cumprindo estágio probatório. Neste sentido, cabe argüir que o servidor concursado, após o estágio probatório, é confirmado na titularidade do cargo efetivo, enquanto o servidor apenas ocupante de cargo em comissão detém a titularidade deste. Nada se confunde com o aspecto da estabilidade. Aquele servidor precisa ser confirmado na titularidade do cargo efetivo para inativar-se com as vantagens ao cargo inerentes; enquanto este também precisa, como ficou claro na consulta que deu origem a tais aposentadorias, preencher alguns requisitos para inativar-se com as vantagens do cargo em comissão. Para finalizar, cabe apenas esclarecer também ao embargante que o registro das concessões de aposentadorias em toda a administração pública direta, bem como das autarquias e fundações mantidas pelo poder público, compete privativamente ao Tribunal de Contas. Por todo o exposto, Voto por que o Tribunal adote a decisão que ora submeto a sua Primeira Câmara. Decisão: O Tribunal, por sua Primeira Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 1. - conhecer dos presentes embargos de declaração para considerá-los improcedentes uma vez que inexiste obscuridade, omissão ou contradição na Decisão recorrida; e 2. - encaminhar cópia desta Decisão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentaram, ao interessado. Indexação: Aposentadoria; Embargos de Declaração; Estágio Probatório; Pedido de Reexame; Recurso; Cargo; Servidor Público;